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História Instinto de Gato - Preso como um humano


Escrita por: kkleves

Notas do Autor


"Refrescância" é uma palavra que não existe no português, ela foi inventada como lance de marketing e coisas assim, porém achei que não existia melhor descrição do que essa, então deixei assim mesmo.

Capítulo 2 - Preso como um humano


Neo estava na frente da escola encostado no muro da entrada olhando para o céu e não sabia o que fazer ou para onde ir agora que havia perdido sua habilidade de se transformar em gato. Ele havia ficado ali por cinco horas, ficou pensando em algum lugar para ir e já estava começando a anoitecer, porém não conseguiu pensar em nenhuma solução, a escola já tinha fechado fazia um tempo e outros lugares iriam começar a fechar em breve e ele teve a brilhante ideia de dormir dentro da escola, para sua própria segurança.

Pular o muro não foi tão difícil quanto imaginou, porém o maior desafio vinha ser escolher um lugar para dormir. Neo se lembrou que dormiu por bastante tempo na enfermaria e tinha várias camas por lá... Ele poderia usar uma delas, entretanto como ia chegar lá?

Talvez o maior desafio seria entrar na escola. A porta da frente estava trancada e parecia não haver um jeito de entrar por ela, porém Neo olhou para cima e viu que havia uma porta de metal na lateral direita onde ficava o relógio e uma escada que levava para essa porta. Decidiu subi-la para ver se era possível entrar na escola.

Deu um certo frio na barriga por causa da altura e do vento forte que estava fazendo naquela noite, a grande lua que estava no céu junto com várias estrelas fazia com que o local ficasse iluminado e ele pudesse ver o que estava fazendo.

Quando chegou no fim da escada onde ficava a "plataforma" que dava acesso a porta onde ele queria investigar, ele tentou abri-la girando levemente a maçaneta e colocando o peso contra a porta. Neo conseguiu ouvir um estalo vindo da maçaneta quando a girou até o final e para sua surpresa estava aberta, foi cauteloso e a empurrou com cuidado, a porta rangeu de leve e podia se ver lá dentro as engrenagens do relógio quando estava totalmente aberta, não havia ninguém, então ele entrou e se surpreendeu com algo quando olhou para atrás para fechar a porta. Na maçaneta havia uma carta com o nome inteiro dele e uma chave na fechadura com várias outras conectadas por um chaveiro não muito chamativo.

Neo fechou a porta e pegou o molho de chaves e também a carta e abriu para lê-la, nela estava escrita as seguintes palavras:

"Parece que você foi bastante esperto em encontrar uma maneira de passar a noite, pois bem como gosto de você, vou te dar uma ajudinha básica, apesar de que me proibiram de fazer isso, mas, regras foram feitas para serem quebradas.

As chaves que estavam na porta, eu peguei elas na sala da diretoria no segundo andar, trate de devolve-las ao devido lugar depois, arrume tudo pela manhã, tente não deixar vestígios de sua presença.

Acho que isso já é de grande ajuda para você, se cuide Neo. -Leo Landcaster”

A carta inteira acabou mexendo com Neo e deixando o incomodado, quem era Leo e por que tinha o mesmo sobrenome que ele? Por que estava ajudando? Como invadiu a escola? Todas essas perguntas faziam a cabeça dele "explodir" por ele não ter as respostas.

Como ele não tinha paciência achou melhor deixar para o tempo respondê-las e continuou a caminho da enfermaria, abrindo a porta que dava acesso ao corredor da escola.

Demorou um tempo para que ele pudesse achar a enfermaria que ficava no térreo perto da entrada, mas, conseguiu se situar bem melhor no local do que a primeira e a segunda vez que esteve naquela escola. Chegando lá, viu que a porta estava trancada e no molho de chaves que tinha pegado, viu que havia pequenas etiquetas nas chaves indicando para qual sala cada chave pertencia, deu uma rápida olhada em todas e achou a chave correta usando ela para abrir a porta.

A sala estava exatamente como Neo havia visto mais cedo naquele dia. Ele estava com muito sono e não conseguiu pensar em mais nada além de dormir, então escolheu a mesma cama que havia usado mais cedo e dormiu.

Os primeiros raios de sol daquele dia entraram pela janela da enfermaria e incomodaram os olhos de Neo, fazendo ele acordar lentamente. Ficou sentado na cama e bocejou levemente, demorou um tempo para que se lembrasse "quem era", "onde estava" e "o que havia acontecido no dia anterior".

Quando ele se lembrou, Saya e os pequenos momentos que passou com ela acabou tomando parte de sua mente, isso o deixou ansioso e animado. Ele queria muito ver ela.

Levantou da cama, arrumou rapidamente os lençóis e saiu da enfermaria. Trancou a porta e foi para a diretoria levar as chaves, entretanto não sabia onde iria deixa-las.

Chegando na diretoria, a porta estava aberta e a visão que ele teve foi de vinte escrivaninhas organizadas em duas fileiras de dez no meio da sala, uma virada para ele e a outra virada para o outro lado encostadas na primeira fileira, a maioria delas tinham anotações, livros, papeis, planilhas e entre outras coisas que provavelmente os professores usavam para auxiliar suas aulas e para não se perderem nas datas ou coisas parecidas, com tudo aquilo a sala ficava parecendo um escritório de contabilidade.

Ele deu uma volta entre as escrivaninhas e não achou nenhum lugar para deixar a chave foi quando ele viu um grande quadro de avisos cheio de notas e alfinetes que estava do lado esquerdo da entrada, além de um relógio encima do quadro marcando 6:30. Um aviso em especial com uma grande seta apontando para um porta-chaves e com uma frase encima: “Deixe a chave aqui" chamou a atenção dele, parecia o que ele estava procurando. Sem muita opção pegou o papel e colocou no bolso, deixou a chave no lugar marcado e saiu da sala.

Agora ele estava com problemas para pensar no que fazer em seguida, eram 6:30, portanto faltavam trinta minutos para "alguém" abrir a escola e como não restava muito tempo e ele não podia ser visto, decidiu se esconder e fingir que entrou junto com os outros alunos e faria isso perto da entrada para que pudesse ver quem chegava.

A entrada na escola da visão de quem entrava por ela, primeiro passava por uma das quatro portas duplas e depois um corredor grande que se dividia em dois, um para esquerda que levava a enfermaria e um para direita que levava ao refeitório, e lá estava Neo escondido atrás da parede do corredor da esquerda, parecia ser uma boa ideia, só parecia. Ele se agachou e ficou de vigia, esperando e olhando pelo canto da parede a entrada, atento com seus olhos de gato.

Não demorou muito para que "alguém" abrisse todas as quatro portas duplas e entrasse pela última da direita e de acordo com os olhos de Neo era Karine. Ela foi em direção ao corredor direito, virou-se, andou um pouco por ele, deu uma parada e pensou em olhar para trás, mas, continuou com o seu caminho. Neo se assustou muito a ponto de todo o seu corpo ficar gelado e paralisado, ele tinha sido ingênuo e se sentiu mal em pensar que não poderia ser visto naquele lugar e prometeu a si mesmo que caso tivesse que se esconder de novo, jamais repetiria esse erro.

Ficou ali por alguns segundos parado, olhando para entrada e além dela, viu que ninguém tinha chegado ainda, isso fez com que ele lembrasse que a maioria dos alunos (senão, todos), chegavam na escola a pé. Talvez eles morassem ali perto ou viessem de ônibus, ele não sabia, mas, não conseguiu evitar de pensar sobre isso. Com o pequeno tempo que Neo perdeu pensando sobre isso, ele avistou uma pessoa bem lá longe e com isso decidiu ir para outro lugar.

Neo estava começando a guardar melhor onde ficava cada local na escola, como a enfermaria, o refeitório, as salas de artes e música e também o pátio no térreo, as salas do primeiro ano no primeiro andar, as do segundo no segundo junto com a diretoria e as do terceiro no terceiro. Pensando nisso ele lembrou que nunca tinha ido no pátio e como parecia faltar dez minutos para começar a aula, não viu problema em ir ver como era o local.

Chegando lá, havia uma fonte no centro do pátio e alguns pequenos jardins com lindas flores das quais Neo não sabia o nome e um gramado verde rodeado por pequenas cercas de ferro brancas com desenhos circulares, além de um caminho com pisos de pedra pelo chão para que as pessoas não pisassem na grama e nas plantas que rodeavam o local, além de quatro bancos com as costas viradas para a fonte, rodeando-a e quatro rodeando o pátio.

O dia estava um pouco quente, porém não muito e o céu com seu azul-celeste estava com poucas nuvens, além da brisa refrescante fazendo com que o ambiente ficasse agradável e ele reconhecia isso, por isso como ele não havia ouvido ainda o sinal bater, resolveu apreciar aquele silencioso momento que parecia como se tivesse parado o tempo.

Ele se sentou em um banco que ficava atrás da fonte e de costas para a entrada, abriu os braços, colocando-os encima do banco, olhou para cima, fechou os olhos e começou a respirar fundo, apreciando o pequeno calor que o sol lhe fornecia junto com a "refrescância" da brisa quando ela batia em seu rosto. Tudo isso fez com ele lembrasse de Saya, o calor que o sorriso dela passava para ele era diferente, porém bom do mesmo jeito ou até melhor, ele sorriu pensando em como seria bom ver aquele sorriso novamente.

O que interrompeu os pensamentos de Neo foi uma repentina sombra que cobriu o sol, fazendo ele achar que fosse apenas uma nuvem, porém ele ouviu uma respiração vindo de bem próximo a ele e uma voz conhecida que chamou pelo seu nome suavemente:

–Neoo...

Ele não acreditou no que ouviu e abriu seus olhos lentamente, vendo Saya sorrindo, o anjo que antes tinha o salvo de se machucar quando desmaiou e cuidado dele depois quando estava inconsciente na enfermaria. Agora estava na sua frente como um sonho, assim como ele estava querendo, instantaneamente ele ficou vermelho e ela percebendo que estava muito perto do rosto dele, também, automaticamente dando uma pequena afastada para trás e ficando sem graça. Houve um silêncio entre os dois por pelo menos três segundos até que Saya retomou a coragem e quebrou o silêncio, perguntando:

–Como se sente Neo? Está melhor?

Ele se surpreendeu e ficou extremamente feliz por ela estar preocupada com o seu bem-estar, tanto que ele acabou se perdendo no que responder, entretanto quando se acalmou um pouco, respondeu:

–Melhor agora por você estar aqui.

Neo havia falado o que sentia de uma maneira muito inocente e só percebeu depois que ouviu ele mesmo falando. Tinha exposto o mais profundo sentimento do seu coração, querer estar com ela, pois aquilo o deixava muito bem.

Houve um silêncio por um tempo com os dois ficando extremamente vermelhos e sem palavras, pensando no que o outro estava pensando ou o que responder devido aquela situação. O sinal bateu e aquela atmosfera foi quebrada com os dois levando um pequeno susto, então Saya disse:

–Já bateu o sinal, vamos para a aula? -Disse Saya sorrindo e estendendo a mão esquerda para ajudá-lo a se levantar.

Neo ficou um pouco nervoso por pegar na mão dela, mas, estranhou pelo fato de que ela estendeu para ele a mão esquerda, tanto que teve que "trocar" de mão para segurar a dela, senão não conseguiria a sustentação necessária para levantar.

A sensação de segurar na mão macia dela, era muito boa, tanto que ele não conseguia solta-la e ela parecia não querer soltar também, mas, aos poucos eles foram soltando e seguiram para a sala deles.

Subiram os três andares juntos sem falar nada, mas muito próximos um do outro. Quando chegaram na sala, acabaram se separando, cada um sentou em seu devido lugar e esperaram pela chegada do professor ou professora.

Demorou um pouco, mas uma mulher com a aparência de trinta anos, cabelos loiros encaracolados, com mais ou menos 1,70m de altura e um sorriso simpático no rosto que transmitia energia para todo o ambiente, entrou na sala. A presença dela chamou a atenção de todos no local, alguns que estavam conversando pararam para olhar para ela.

Depois de colocar as coisas que ela carregava na mesa, ela disse:

–Bom dia, alunos. Sou a professora de geografia de vocês, me chamo Diana, prazer em conhecê-los

Houve um silêncio e todos estavam extremamente surpresos em vê-la por isso demorou um pouco para que pudessem acreditar no que estavam ouvindo e vendo, então ela continuou:

–Bem, antes que eu possa começar a aula, tenho um recado da diretora para um aluno chamado Neo. –Neo ficou um pouco surpreso, mas, não demostrou interesse. Como se aquilo não fizesse nenhuma diferença para ele –Ela pediu para que no intervalo fosse conversar com ela, apenas isso.

–Obrigado –Neo respondeu

Neo era muito curioso, principalmente com algo que envolvia ele e apesar de demonstrar que não estava nem ai para o que a diretora tinha para falar, por dentro a curiosidade estava o matando para saber o que era, mas, acabou se acalmando e deixando para lá.

A professora após dizer aquilo que precisava, continuou com a aula.

Para Neo era a primeira vez que aprendia qualquer coisa que aquela escola ensinava para ele, porém não sentia como se fosse a primeira vez e havia vezes que entendia completamente o assunto, algumas coisas ficavam vagas, mas, a maioria ele não demorava muito para entender e isso ele achava estranho, porque nunca havia antes visto aquilo, como poderia entender tão rapidamente?

Depois de duas aulas de geografia, a professora saiu da classe e no lugar dela entrou um homem alto, pele bastante branca, muito magro, chegando a parecer anêmico, olhos da cor preta puxados, cabelos escuros, grandes assim como de Neo, nariz fino e queixo fino e roupas pretas e largas. Neo não pôde deixar de comparar o professor com um corvo pela maneira sombria que a aparência dele passava.

Ele entrou na sala, colocou a pequena maleta dele encima da mesa, ficou parado um tempo olhando para frente e depois deu uma analisada da direita até a esquerda na sala inteira. Quando fez isso, vários alunos sentiram calafrios, pois parecia como se um predador estivesse procurando algo para caçar. Então, finalmente disse:

–Bom dia classe... Ou nem tanto, meu nome é Marcelo sou professor de física.

Ele tinha uma voz realmente depressiva e deprimente que desanimava qualquer um. A atmosfera da sala havia mudado, diferente da outra professora que trazia energia para a sala, parecia como se ele sumisse com toda energia que existia, mas Neo, diferente de toda a sala, não sentia essas mudanças.

O professor continuou e ao contrário da aula de geografia, ela passou lentamente e de uma forma triste, mas, quando acabou todos de certa forma festejaram internamente, menos Neo.

O intervalo havia chegado e Neo rapidamente foi para a diretoria para saber o que Karine queria. Do jeito como a professora havia falado parecia ser algo sério ou pelo menos para ele.

Karine estava sentada em uma das mesas que ele tinha visto mais cedo quando foi deixar a chave no lugar onde deveria estar, quando viu que Neo chegou, ela virou e sorriu dizendo:

–Eu estava te esperando Neo, tenho umas coisas para te perguntar e uma proposta para fazer, dependendo das suas respostas.

–Continue... –Respondeu Neo sério.

–Pode parecer estranho, mas, você tem dormido aonde? –Perguntou um tanto quanto indignada.

–Ah, por ai, não tenho lugar fixo. –Respondeu como se não se importasse, mas, na verdade se importava.

Karine olhou de uma forma extremamente assustada com a resposta dele, pensando nos diversos perigos que aquilo representava e como “mãe-protetora” que ela era disse:

–Neo, isso é perigoso, você pode acabar se dando muito mal.

–Eu não tenho outra escolha.

–Na verdade, você tem.

–Tenho? –Pensou Neo.

–Eu, como sua diretora, não posso deixar você desse jeito, por isso peço para que você venha morar com os outros alunos nos dormitórios que o colégio disponibiliza.

–O que eu preciso dar em troca para ir morar nesse lugar? –Perguntou já esperando que o preço fosse alto.

–Nada, é algo que a escola disponibiliza para os alunos ficarem mais perto da escola. Existem aqueles que não aceitam esse recurso por morarem perto ou serem apegados a família ou outro motivo.

Neo lembrou-se do que pensou mais cedo naquele dia, sobre a maioria dos alunos virem para a escola a pé do mesmo lugar e chegarem quase no mesmo horário e ficou feliz por resolver uma “questão” que não fazia ideia da “resposta”.

Como ele não tinha escolha, acabou respondendo:

–Tudo bem, eu aceito.

–Então, no final da aula venha pegar seus devidos documentos e outras coisas assim, vou resolver tudo para que você possa hoje se mudar para lá, você se importa em ter um colega de quarto?

–Não –Ele disse que não, mas, na verdade queria dizer sim.

–Então, vou arrumar um quarto para você.

–Obrigado –Neo forçou um sorriso, sem motivo.

–Você já pode ir, aproveite o pouco tempo de intervalo que você tem.

Então, Neo virou de costas e foi embora. Uma voz misteriosa surgiu logo após dele ir embora, dizendo:

–Como você acha que ele está? –Perguntou a voz misteriosa.

–Ele parece estar bem, nenhum problema físico, tirando a amnesia e a personalidade dele que parece estar mais fria. –Respondeu Karine enquanto sentava na mesa e continuava a organizar horários e outras coisas para o começo de ano.

–Entendi, você acha que ele vai ficar bem? –Perguntou novamente a voz com um tom de preocupação.

–Ele tem melhorado. A interação dele com as outras pessoas parece estar melhor, assim como a reação ao ambiente e situações adversas. –Respondeu Karine concentrada no que estava fazendo.

Erick que estava na mesa do lado decidiu dar sua opinião dizendo:

–Devíamos fazer algo para aproximar Neo dos outros alunos. –Houve um ar de seriedade pela interrupção que Erick havia feito e isso o deixou meio sem jeito -Desculpa interromper vocês dois, mas, eu não pude deixar de dar minha opinião. –Tentou contornar a situação se desculpando.

Karine parou de fazer o que estava fazendo e disse nervosa:

–Erick, eu já disse para deixar isso comig... –Karine ia dar uma bronca em Erick quando a voz a interrompeu.

–Eu acho interessante a sua ideia, prossiga Erick, o que você acha sobre Neo?

–Eu acho que ele está muito solitário e precisamos aumentar a sua interação com os outros alunos para a sua recuperação.

–E qual sua ideia para que isso aconteça? –Perguntou Karine Suspirando e com um olhar de decepção.

–Vamos dar uma festa de boas-vindas. –Respondeu Erick com um olhar confiante até demais

–Uma festa?? Você não acha que ele por estar recluso, não vai ficar mais recluso ainda? –Perguntou Karine achando a ideia arriscada demais.

–Não, eu tenho certeza de que isso vai ajudá-lo a se soltar. –Respondeu novamente com o mesmo olhar que estava anteriormente.

–Mas, isso... –Karine ia dar novamente outra bronca em Erick quando de novo foi interrompida.

–Karine, eu acho interessante, vamos tentar, não temos nada a perder mesmo. –Disse a voz com a mesma entonação que Erick.

Karine suspirou já que viu que não ia convencer os dois a mudar de ideia, então perguntou:

–Como vai ser? –Perguntou Karine praticamente derrotada

–Podemos fazer como se fosse um evento especial para o terceiro ano ou a escola inteira, mas, não algo muito extravagante, apenas algo para beber, talvez sucos e outras coisas assim, com uma música leve para que as pessoas possam conversar e se conhecer e no final um tipo de baile ou dança que reunissem um garoto e uma garota para dançar e o melhor “casal” ganharia alguma coisa ou algo assim.

–Você falou de uma forma confusa, mas, eu entendi, pode ser que dê certo, vamos fazer uma festa de boas-vindas para toda a escola, envie convites para todo mundo, vamos preparar tudo para esse sábado.

–Tudo bem, eu vou embora agora, só volto na próxima semana, cuide de tudo e de Neo para mim, Karine. –Disse a voz.

–Sério mesmo? Uma semana? Achei que quisesse ficar perto de Neo. –Disse Karine.

–Eu quero, mas, como dizem: “Querer não é poder”, eu tenho uma reunião e preciso estar presente, nós vemos semana que vem, até. –Se despediu o dono da voz misteriosa e foi embora.

–Passe bem.

Neo não conseguiu aproveitar o intervalo como a Karine queria, mas, aproveitou da forma dele, sentando no mesmo lugar e olhando as nuvens passar até que o sinal bateu e ele teve que voltar para a aula.

As duas últimas aulas eram de história e o professor que entrou na sala era de altura mediana uns 1,72, magro, tinha cabelos lisos escuros e longos, usava óculos com lentes retangulares, nariz fino e olhos verdes e tinha uma aparência jovem como se ele tivesse uns vinte anos. Ele se apresentou como Márcio e logo começou sua aula que parecia mais uma mistura dos últimos dois professores, era calma e também animada, Neo via como se toda a sala estivesse reunida em volta de uma fogueira ouvindo as histórias que o professor contava e isso facilitava que o conteúdo entrasse na cabeça dele.

Finalmente, após um longo dia trabalhoso, estudando e conhecendo os novos professores, o sinal bateu e anunciou o termino das aulas daquele dia, os alunos arrumavam as suas coisas e iam embora, enquanto Neo, muito cansado ficou um tempo na sala sentado na sua cadeira, deitado na mesa e com o rosto virado para a janela observando a árvore que ficava mais próxima e os dois pássaros em um ninho que estavam cuidando dos seus dois ovos enquanto pensava que tudo aquilo que havia passado no dia era entediante e desnecessário, como se os seres humanos estivessem desperdiçando o tempo deles com coisas chatas e cansativas, poderiam estar fazendo qualquer outra coisa melhor.

Pensou em desistir da escola, só que lembrou que se parasse de ir naquele lugar, não poderia mais ver aquele anjo chamado de Saya que o fazia tão bem, sem escolhas decidiu deixar as coisas como estavam e seguir com o seu objetivo que era voltar a ser um gato.

Neo havia ficado deitado na mesa por um tempo e esquecido que precisava falar com Karine sobre os dormitórios escolares que ela havia comentado, então pegou suas coisas e foi rapidamente a diretoria.

Chegando lá, viu que todos os professores estavam na sala, cada um em sua respectiva mesa, não deu para ver todos, mas, conseguiu ver aqueles que já conhecia antes. Karine estava na mesa mais da frente e realmente ocupada com organizações de começo de ano, tanto que ela apressadamente pegou um pequeno mapa que havia desenhado em um bilhete, com uma pasta e uma chave com um pequeno chaveiro escrito cento e trinta e seis nele e disse:

–Esse é o seu quarto Neo. Seu colega de quarto não voltou ainda da viagem que ele está fazendo com o pai, mas, quando ele voltar trate de dividir o quarto, preciso voltar ao trabalho, deixei tudo escrito ai no papel com horários e regras do dormitório e nessa pasta seus documentos e outras coisas suas, lembre-se que você tem que arrumar um emprego de meio período para poder suprir as suas necessidades.

–O que é um emprego?

–Não sabe o que é um emprego, Neo? –Perguntou Karine surpresa

Neo olhou para ela com uma cara de desentendido que já respondeu por si só, então Karine explicou:

–Você também não deve saber o que é dinheiro, certo? –Perguntou Karine surpresa

–É, também não. – respondeu Neo

–Olha, para se ganhar dinheiro, você trabalha. O dinheiro é como se fosse uma gratificação por você ter contribuído um tanto com a sociedade, quanto mais você contribuir, maior será a sua gratificação/dinheiro, existem vários tipos de trabalhos, todos são importantes dentro de uma sociedade, porém existem aqueles que são mais importantes que outros. Com o dinheiro você compra coisas que você precisa ou quer. Só que trabalhos normalmente ocupam muito tempo da sua semana, por você ser um estudante é melhor que faça um trabalho de meio período que ocupa menos tempo, mas, já serve para pagar suas despesas, entendeu tudo?

–Acho que sim.

Neo conseguiu ouvir um professor chamar Karine, então ela disse:

–Tomara mesmo, preciso ir, precisam de mim.

A explicação foi um pouco complicada e Karine falou rapidamente, pois precisava voltar ao trabalho e não podia perder tempo, mas Neo conseguiu entender boa parte e vendo toda a correria que estava acontecendo na diretoria achava até engraçado, nunca tinha visto tanta afobação e correria, mas, ele estava curioso sobre como era os dormitórios do colégio e foi direto para eles usando o mapa que Karine havia lhe dado.

Os dormitórios ficavam a poucos metros da escola, por isso foi fácil para ele chegar até lá, principalmente com a ajuda do mapa que a Karine tinha feito. Quando Neo chegou ao lugar, viu que havia um complexo consistindo de quatro andares, com várias entradas de portas-duplas pela frente, quando entrou por uma delas viu que havia um grande salão onde no fim dele ficava duas escadas, enquanto uma virava para a esquerda a outra virava para direta. Do lado esquerdo, o refeitório onde os estudantes eram servidos cinco vezes ao dia e do lado direito um pequeno shopping onde vendiam uniformes, material escolar e outras necessidades extras aos estudantes.

Neo subiu a escada da esquerda e percebeu que havia vários quartos na direita e esquerda da visão dele, além de na frente ter outra escada que ficava no meio do corredor, não atrapalhando a entrada para os quartos, e no fim, um corredor que levava ao outro lado que era exatamente igual aquele em que ele estava.

Neo subiu até o último andar onde ficava o seu quarto e todos os andares que ele tinha subido eram iguais ao primeiro, um pouco cansado ele verificou o número de seu quarto novamente, junto com a chave, pasta e o papel que ela tinha-lhe dado e viu que havia chegado ao quarto certo.

Número cento e trinta e seis e embaixo do número escrito Neo Landcaster e embaixo Len Fullmoon, com isso ele pensou:

–Que tipo de pessoa seria Len Fullmoon?

Estava cansado demais para pensar, então abriu o quarto e logo foi analisando o que tinha dentro dele.

Um beliche que Neo já sabia que iria dormir na cama de cima, pois ele tinha que ficar acima dos outros e nunca abaixo de alguém, além disso, duas escrivaninhas que ficavam do lado esquerdo e encima delas na parede duas janelas, um banheiro com o mínimo para as necessidades básicas, um sofá do lado direito, uma pequena mesa no centro e unidades de armazenamento adequadas.

Depois de analisar todo o local, Neo sentiu o cansaço que havia passado no dia pesar sobre seus ombros e suspirou, sentou-se no sofá e olhou fixamente para frente sem pensar em nada.

Não demorou muito para perceber, mas, encima de cada escrivaninha havia um envelope que acabou chamando atenção dele, o que fez com que ele levantasse na hora e fosse ver o que era. Um envelope com o nome de Neo e outro com o de Len, ele abriu o dele e se impressionou com o conteúdo.

Era um convite que por sinal era muito bonito de ser visto e dizia:

“A diretoria do colégio tem o prazer em convidar os alunos do colégio Kamisekai para uma festa de boas-vindas. Apenas um evento divertido para estimular novas amizades entre os novos alunos.
Venham participar da dança dos casais, os vencedores ganharão um prêmio especial.

Sábado das 19:00 até as 22:00

Traje: Formal

Contamos com a presença de todos, Atenciosamente Coordenação”

–Uma festa? É nesse sábado... Traje formal? O que seriam essas coisas? –Pensou Neo.

Ele não fazia a mínima ideia de como era uma festa, porém ele sentiu necessidade de ir já que a curiosidade o estava matando. Só que ele nunca tinha ido a uma e nem sabia o que era um traje formal, como iria se “sair” indo lá? Ele se daria bem com as pessoas? E com Saya?



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