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História Instinto de Gato - Dia ensolarado


Escrita por: kkleves

Capítulo 5 - Dia ensolarado


Neo entrou no quarto e fechou a porta.

–Precisamos conversar sobre o que? –Neo perguntou.

Leo olhou para o lado com uma cara triste e respondeu:

–Sobre a sua situação.

Neo ficou surpreso e perguntou:

–O que quer dizer com isso? –Perguntou surpreso.

–Estou dizendo que assim como você, nós da sua família não gostamos de te ver desse jeito e queremos encontrar uma solução para o seu “problema”. –Leo respondeu sério e direto, colocou a mão no ombro do irmão e continuou:

 –Estamos te esperando.

–Você está dizendo que vai achar uma forma de eu voltar a ser gato? –Perguntou esperançoso.

–É, praticamente isso. –Respondeu Leo simplificando tudo.

–E como vai fazer isso? –Perguntou Neo curioso.

–Não sei, mas, acredito que temos que começar conhecendo o motivo de você ter ficado assim. –Respondeu Leo determinado em achar a solução.

–E qual você acha que é o motivo? –Perguntou Neo achando que deixou Leo sem saída.

Foi quando o irmão mais novo sugeriu algo e fez uma pergunta que acabou surpreendendo ele:

–Sente-se que acredito que a conversa será um pouco longa, preciso fazer algumas perguntas.

Neo sentou ao lado dele e quando viu que ele estava acomodado, disse:

– Vou começar por: Quando foi a última vez que você pode se transformar?

O irmão mais velho olhou para o canto pensativo e respondeu:

–Foi no domingo passado, faz 6 dias. –Respondeu feliz por lembrar da informação.

–E o que aconteceu nesse dia? Algo de diferente? –Perguntou Leo com uma sobrancelha levantada.

–Não, foi o dia que eu quis me matricular na escola e a Karine disse que já estava tudo pronto. –Respondeu com toda sinceridade provando que não teve nada de errado e Leo voltou a ficar pensativo por um momento antes de fazer a próxima pergunta:

–E o que aconteceu no dia seguinte? –Leo fez uma cara de que sabia que essa resposta era vital para a “investigação” dele.

–Foi quando eu tive meu “primeiro” dia de aula e conheci Erick que fez com que eu desmaiasse e principalmente Saya. Como ela era incrível, seus cabelos, sorriso e tudo aquilo que faz com que eu me perdesse –Enquanto falava teve que respirar fundo antes de continuar. –Logo depois disso eu conheci várias outras pessoas que não fizeram tanta diferença e descobri que não podia mais me transformar.

–E voltamos de novo nesse ponto, onde você perde seus poderes. –Concluiu Leo.

–Em qual conclusão chegou? –Perguntou Neo.

–Não sei se você se lembra da primeira vez que nós vimos pessoalmente, mas, eu disse que era a garota. –Neo olhou para ele com uma cara feia, mas ele concluiu. –E agora tenho mais certeza do que nunca.

Antes que Neo pudesse responder, o irmão se levantou e foi em direção a porta.

–Bem, preciso ir, já está mais que na hora. –Ele disse um tanto quanto chateado.

–Espera! Mas, por que acha que é ela? –Perguntou Neo fazendo com que Leo parasse antes de relar na maçaneta.

–Ué, vou te contar um pequeno segredo, seus “poderes” reagem as suas emoções e se você estiver emocionalmente abalado por qualquer coisa, eles não vão funcionar direito ou talvez até mesmo ter uma “sobrecarga” caso algo desse tipo aconteça. –Respondeu de uma forma sombria.

–E o que está me causando isso? –Perguntou Neo

–Por isso digo que a garota é o problema. Por mim é só você desistir dela, ela é só uma garota qualquer, existem várias como ela no mundo pode achar outra, mas, como você não quer fazer isso, vou deixar nas suas mãos para que você resolva. –Respondendo isso ele abriu a porta e se preparava para sair.

–Ela não é só uma garota qualquer! Ela é única para mim! Eu prefiro continuar desse jeito do que desistir dela.  –Disse irritado e sério como nunca antes.

–Eu esperava que você me respondesse isso. –Respondeu em um tom mais chateado do que antes e continuou –Bem.... Então, vou deixar que você resolva seu problema do seu jeito. Como sempre...

 Leo continuou saindo do quarto e Neo ficou arrependido de como tratou o irmão dele que só o estava tentando ajudar do jeito dele.

–Desculpa Leo não queria ter dito dessa forma, sei que você só quis me ajudar, mas, preciso saber de uma coisa. Como você sabe tanto sobre meus “poderes”? –Perguntou todo curioso esperando uma resposta sincera vindo do irmão. Porque parecia que ele sabia de tudo e podia ser a salvação para seus problemas. Foi quando Leo sorriu sarcasticamente e disse simplesmente:

–Antes de eu ir tenho que te dizer que se você não resolver logo seu problema, não vou ser eu que virei aqui a próxima vez.

E antes que Neo pudesse falar qualquer coisa, Leo se transformou em gato na sua frente e suas roupas foram para uma pequena mochila nas coisas dele e ele foi embora o mais rápido possível, como se nunca tivesse estado ali, deixando ele surpreendido.

Sem reação, Neo ficou um tempo olhando para o corredor e depois fechou a porta, enquanto pensava no que tinha visto e ouvido se arrumou e foi-se deitar, porque já era bem tarde e toda a conversa tinha deixado ele cansado.

As principais coisas que incomodaram a cabeça dele foi:

Como ele iria esquecer a Saya? Ele não podia. Como ia achar uma solução para o problema dele? Não sabia. E o que principalmente incomodava a cabeça dele era Leo, seu irmão, ter virado gato na sua frente, mostrando que ele não era o único com poderes.

Apesar de todas as perguntas na cabeça do garoto, nenhuma resposta aparecia para elas e o cansaço acabou vencendo fazendo o dormir em poucos instantes.

Era domingo e Neo por ter ficado acordado até mais tarde acabou dormindo mais naquele dia, olhou no relógio e viu que era 13:00, realmente algo tarde para alguém que acorda mais cedo, porém a culpa não era dele se ele tinha dormido bem mais.

O problema é que ele não tinha planejado nada para fazer no domingo e simplesmente não poderia ficar ali deitado olhando para cima e por isso decidiu levantar, se arrumar, almoçar e dar uma volta por aí, mesmo que isso não fosse o levar a lugar nenhum.

Estava ele andando pelas ruas quando ele passou na frente da mesma floricultura que havia passado na sexta-feira, e viu dois garotos lá e pôde reconhece-los, Shike e Maeda que pareciam estar carregando grandes caixas e logo avistaram Neo que acabaram acenando e chamando ele:

–Neo!! Vem aqui.

Sem opção, ele acabou indo e disse:

–Olá caras, o que estão fazendo?

–Ah! Que bom que está aqui Neo, está livre hoje?

Neo olhou os garotos com as caixas nas mãos.

–Estou, por que? –Perguntou um tanto quanto desconfiado.

E eles pediram o que ele já imaginava:

–Pode nos ajudar?

Se fosse em outra ocasião Neo recusaria, mas, como ele não tinha nada para fazer, então respondeu:

–O que precisam?

–A floricultura recebeu um pedido de entrega na escola e então Nagoya pediu nossa ajuda para entrega-las. –Respondeu Shike

–Tudo bem, estou sem nada para fazer mesmo. Acho que posso ajuda-los. –Disse Neo

Atrás deles apareceu um garoto bem alto e com ombros largos, com cabelo preto curto segurando quatro caixas mostrando como ele era bem forte.

–Ah, Neo deixe-me te apresentar, esse aqui é um dos integrantes do time de Baseball, seu nome é Nagoya. –Maeda disse.

–Prazer em conhece-lo –Disse Nagoya sorridente.

–Prazer. –Acenou Neo já que cumprimentá-lo era impossível com as caixas nas mãos dele.

–Bem, não vamos perder tempo, faltam muitas caixas ainda e se ficar aqui conversando não vamos acabar nunca. –Disse Shike um tanto quanto impaciente

Todos concordaram e Neo pegou uma caixa e percebeu que era um pouco pesada, porém ele conseguia levar mais uma.

A escola não era muito longe dali e os garotos ficaram praticamente quase o dia inteiro levando caixas de um lado para o outro, quando estavam quase acabando de levar o restante das caixas, perceberam que faltaria uma para que o trabalho deles acabasse, porém ninguém conseguia levar mais caixas e Neo já cansado de ficar fazendo aquilo o dia todo resolveu se esforçar bastante para levar a última que restava.

Neo estava carregando muito peso e por consequência mal conseguia andar direito e ver o caminho a sua frente, por sorte dele os outros foram o ajudando a seguir enquanto ia carregando. Conforme iam se aproximando da escola, ele iria ficando cada vez mais cansado, a força para terminar logo aquilo, era o que estava o motivando a continuar.

Quando estavam já na rua do portão da escola, uma garota toda delicada dos cabelos alaranjados como se estivessem em chamas, levando uma mala de viagem com rodinha ia vindo na direção inversa a deles e Neo por estar carregando muitas caixas acabou não vendo o que estava na frente dele.

A garota estava distraída mexendo no celular e não viu o que estava na sua frente, o que acabou causando um acidente.

Neo acabou derrubando todas as caixas encima da garota distraída, ele ficou preocupado por ter derrubado a importante entrega e não percebeu a garota embaixo das caixas.

Ela se levantou toda irritada e gritou com ele:

–O que você pensa que está fazendo, seu idiota?

Foi aí que Neo ligou os fatos e percebeu o que tinha acontecido, porém não se importava muito.

–Foi mal, acabei derrubando as caixas em você. –Disse de uma forma que mostrasse sua falta de interesse e voltou a levanta-las e colocar no lugar especifico onde tinha que levar, junto com o resto que já tinha levado e com aquelas que os outros dois estavam carregando, quando a garota se estressou pelo ocorrido, levantou e gritou com ele:

–O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?

Neo ficou surpreso por ela estar gritando e respondeu da forma como ele estava se sentindo:

–Ué, estou terminando de entregar essas caixas na escola.

A resposta dele acabou fazendo ela ficar com mais raiva ainda e então ela levantou a mão para bater nele, porém Nagoya pegou Neo e correu junto com Shike e Maeda para o mais longe possível, deixando a garota sem reação por alguns segundos até que ela percebesse que o garoto que a tinha deixado com raiva tinha sumido e com isso aumentando mais ainda a raiva da garota.

Neo foi carregado até uma distância que a garota não pudesse mais vê-los e então, Nagoya o colocou no chão, ele estava com uma expressão séria e sem entender o que tinha acontecido, perguntou:

–E então? Para que isso?

Os dois se olharam e então decidiram contar para Neo:

–Aquela garota só traz problemas, melhor se afastar dela. –Disse Maeda.

Shike vendo que Neo não havia entendido direito, resolveu completar o que Maeda tinha dito:

–Ela é como um vulcão em erupção. –Disse Shike, fazendo gestos com a mão que lembrassem um vulcão.

Neo não havia entendido tão bem e olhou para Nagoya esperando que fosse a luz para situação, ele percebendo que o garoto estava esperando que falasse algo disse:

–Ela é bem quente...  –Fez gestos parecidos com o de Shike.

Com essa resposta, Neo ficou desapontado e desistiu de tentar entender.

Os garotos estavam cansados por terem trabalhado o dia inteiro e estavam ficando com fome.

–Gente, estou morrendo de fome, por que não vamos comer um Lamen? –Sugeriu Maeda.

–Eu pago um prato para vocês por terem me ajudado. –Ofereceu Nagoya generosamente.

–Sério? Obrigadão cara. –Agradeceu Maeda todo feliz.

–Obrigado vocês por terem me ajudado e gastado o dia inteiro com isso. Minha vez de retribuir. –Justificou Nagoya.

–Relaxa, a gente não tinha nada para fazer mesmo, quando precisar estamos aí para ajudar – Respondeu Shike meio sem jeito.

–Vamos logo comer que eu já estou morrendo de fome. –Disse Maeda impaciente.

–Você está sempre morrendo fome –Disse Neo rindo.

–Claro. Comer é importante, você não acha isso?

E a conversa continuou, enquanto eles iam andando até que chegaram ao Shibuya’s Lamen que para a surpresa, Takeshi e Tadashi estavam sentados lá, Takeshi se surpreendeu com a presença de Neo e disse:

–Wow! Que surpresa vê-los por aqui! Trouxeram até o Neo!

Takeshi olhou para Neo de relance, mas em questão de segundos ele conseguiu ver a figura dele e se surpreendeu mais ainda com o que estava carregando.

–Caramba, você está carregando o “Raio Azul”! –Takeshi sorriu e completou –Fico feliz que esteja cuidando bem dele.

Neo estranhou que estava carregando ele, pois não lembrava de o tê-lo pego antes de sair do dormitório, mas ignorou esse detalhe e procurou um lugar para se sentar.

Tadashi estava do lado de Takeshi e só foi perceber a chegada dos amigos um pouco depois, ele era distraído e então cumprimentou eles:

–Yo!

Levantou a mão e depois voltou a comer.

Com todos sentados não demorou muito para que o tio dos dois amigos aparecesse e anotasse o pedido de todos.

Quando os lamêns tinham chegado, Neo viu Nagoya comendo três tigelas do mesmo, não acreditou como conseguia comer todas, ele mal aguentava uma, pensou que provavelmente pelo tamanho do corpo do amigo, precisasse comer mais.

Os garotos conversaram por bastante tempo, principalmente sobre como seria a temporada de baseball, os times que estavam fortes e sobre como estavam se saindo nos treinos, enfim estava ficando tarde, eles se despediram e cada um foi para um lado e Neo foi dormir.

Ele havia dormido muito bem e não estava cansado, o que mais deixava-o feliz e animado era que ia ver Saya, porém achava que seria um dia normal como foram os outros, o que não sabia é que estava totalmente enganado.

O garoto subiu as escadas, foi em direção a sua sala e quando entrou na sala se deparou com alguém que fez com que ele se assustasse um pouco. Pode ver sua amada e mais uma garota que estava conversando com ela, porém aquela garota tinha algo de especial que chamou a atenção de Neo, não demorou muito para descobrir o que era.

Ao mesmo tempo em que ele tentava descobrir o que era, a garota parecia fazer a mesma coisa e em questão de segundos, os dois ao mesmo tempo descobriram que eles já tinham se visto.

Só teve a certeza quando a garota apontou o dedo para ele e disse:

–Você!

Houve uma pequena pausa para a garota respirar e ela continuou:

–É o idiota que derrubou as caixas em mim!!

Neo não acreditava no que estava vendo, a garota barulhenta que ele tinha encontrado no dia anterior estava na sua frente e pior do que antes, como Neo não queria discutir, então tentou fugir dizendo:

–Não acredito que você está na mesma sala que eu. Já pedi desculpas pelo o que eu fiz, foi um acidente, garota tonta.

E em vez de apagar as chamas da garota, aquilo só fez com que ela ficasse mais irritada com ele, retrucando:

–Você nem se importou com o que você fez, suas desculpas não são sinceras, não tem como eu aceita-las, você é um idiota!

–Blé! Me deixe em paz, garota chata!

Eles continuaram discutindo por um bom tempo, enquanto isso Saya que observava os dois, começou a rir de leve, o riso dela chamou a atenção dos dois.

–Vocês dois são bobos –Disse Saya enquanto continuava rindo.

Os dois ficaram sem palavras, a risada dela era tão meiga que deixou Neo corado e sem jeito, a garota olhou para ele e percebeu como Saya o afetava. Depois disso a garota voltou sua atenção para Neo que olhou para ela com curiosidade.

–Prazer! Meu nome é Sunny e o seu? –Disse Sunny se apresentando.

Neo estranhou aquela atitude, pois alguns segundos atrás, ela estava brigando com ele e agora estava sendo simpática, tinha alguma coisa estranha, mas ainda assim resolveu responder:

–Prazer, o meu é Neo –Respondeu desconfiado.

Sunny sorriu e deu um soco de leve no braço do garoto e disse:

–Ainda estou brava com você, mas vou te perdoar por causa dessa doçura de garota.

Neo ouviu aquilo e deixou para lá, se sentou no lugar dele e os outros se sentaram em seus devidos lugares, logo o professor chegou e a aula começou e o que tinha acontecido ali tinha sido esquecido, porém uma preocupação veio à cabeça dele: “Que tipo de mudança aquela amiga traria? ”.

Não demorou muito para que ele conseguisse ver o que iria mudar e naquele intervalo, Saya estava praticamente inalcançável, Neo queria muito falar com ela, porém ela passou maior parte do tempo com Sunny.

Naquela tarde ele iria experimentar como seria o primeiro dia de trabalho, portanto foi para os dormitórios se arrumou, trocou de roupa e foi para a cafeteria.

Não ficava tão longe dali, tanto que chegou quinze minutos mais cedo do que deveria, o lugar ainda não estava aberto para os clientes, mas as portas da frente estavam abertas. Sem hesitar Neo entrou e com isso fez barulho de sino.

Marcos que estava arrumando umas coisas na bancada, olhou para as portas para ver quem tinha chegado, pôde observar o jovem ansioso que tinha entrado e logo falou:

–Neo! Chegou cedo! Não abri ainda, mas pode colocar as coisas lá atrás no armário, colocar seu uniforme e me ajudar a arrumar as coisas para abrirmos.

Neo assentiu e ficou surpreso por ter um uniforme, sua curiosidade fez com que ele fosse rapidamente ver o seu armário.

Lá dentro estava o seu uniforme: um sapato social preto, uma calça social preta, uma camiseta social branca, gravata preta e por fim um colete preto. Um uniforme bem bonito e elegante.

Usou o colar para ficar apenas com a roupa intima, vestiu o uniforme e logo apareceu a opção de salvar aquele conjunto de roupas e assim foi feito.

Havia um espelho no armário, tinha gostado tanto do uniforme que ficou olhando para ele por algum tempo e também fazendo caretas, quando por fim lembrou que Marcos precisava da ajuda dele, respirou fundo, fechou o armário e foi para onde tinha o visto pela última vez.

Marcos estava arrumando as cadeiras e quando Neo apareceu, logo disse todo animado e empolgado:

–Woah! Você fica muito bem nesse uniforme! Como um verdadeiro cavalheiro.

–Acha mesmo? –Perguntou Neo olhando para baixo para ver se estava tudo certo.

–Sim, os clientes vão adorar, principalmente as garotas –Disse Marcos dando uma leve piscada e continuou. –Logo seus colegas de trabalho chegarão.

Colegas de trabalho? Neo não havia pensado que poderiam ter outras pessoas trabalhando junto com ele, mas não via isso como problema, desde que elas não ficassem em seu caminho.

–Me ajude a arrumar as mesas enquanto isso –Pediu Marcos.

Não demorou muito para colocar as coisas no lugar, cada cadeira encostada em uma mesa, os cardápios e assim por diante.

Enfim, enquanto ia chegando o horário para abrir, logo iam chegando seus colegas de trabalho, começando por um garoto de cabelo loiro todo bagunçado, ele não falou nada, simplesmente olhou para Neo e depois continuou seu caminho para trocar de roupa.

Depois, um rosto conhecido, Pietro do time de baseball que logo que viu Neo o cumprimentou feliz pela nova companhia, ele parecia ser bem atencioso com o trabalho, pois assim que entrou no lugar já foi verificando se tudo estava em seu devido lugar e só depois disso foi se trocar.

Por último chegando cinco minutos atrasado, outro rosto familiar, seu nome? Richard. A aura que ele trazia consigo era sempre motivadora, cumprimentou Neo e pediu desculpas ao Marcos pelo o atraso, por causa dos trabalhos do conselho.

Marcos nem ligou para o atraso dele, reconhecendo o quanto aquele garoto era esforçado, apenas disse para se trocar depressa.

Enquanto Richard ia se trocando, Marcos chamou todos ali presentes, para que pudesse abrir enfim a cafeteria e dar as instruções a Neo.

–Então, agora que está tudo arrumado, vamos abrir enfim a cafeteria. Mas, antes pelo o que pude ver, Pietro e Richard já conhecem Neo, bem ele é novo aqui por isso vou pedir para Ryu que não conhece ele ainda para ajudá-lo com as coisas, assim vocês podem se conhecer.

Neo ficou surpreso porque justamente o cara que menos ligava para ele naquele lugar, era aquele que iria orienta-lo. Parecia ser azar pra caramba, mas Marcos estava tão feliz segurando o ombro dos dois que parecia realmente uma grande ideia, até que Ryu suspirou fundo e disse com desprezo:

–Vou fazer o possível...

Fazendo com que Neo perdesse as esperanças, porém não quis falar nada, apenas ficou observando Ryu enquanto ele se preparava para começar a trabalhar.

O que parecia que ia ser muito complicado, acabou fluindo muito bem, não foi tão difícil quanto imaginou que seria, os clientes pareciam muito felizes com a presença dele ali, e a felicidade deles ajudava Neo a entender como funcionava as coisas e o motivava a trabalhar e Ryu que parecia que não ligava para ele quando via algo que achava que não estava bom, logo o corrigia. Neo ficou feliz por tudo ter saído bem e assim o trabalho acabou, se despediu do pessoal e foi para o dormitório descansar.

No dia seguinte teve esperanças de que iria conseguir a atenção de Saya, porém Sunny a roubou novamente.  Com isso ele ficou chateado quando percebeu que não teria a atenção dela e piorou mais ainda no próximo dia em que nada mudou e vendo isso Neo começou a ficar cada vez mais triste, até que no intervalo ficou sentado em um dos bancos que havia ficado na semana passada, simplesmente olhando para o nada e incrivelmente Sunny apareceu na frente dele.

–Precisamos conversar –Disse seriamente.

Ele estranhou ela querer falar com ele, porém mesmo assim respondeu:

–Diga.

–Não, idiota, agora não. Me encontre aqui no final da aula que vamos conversar. –Disse Sunny irritada e com pressa.

Ela foi embora tão rápida quanto apareceu, deixando a dúvida no coração de Neo enquanto o garoto permanecia sentado refletindo sobre o ocorrido.

Não demorou muito para o intervalo acabar e Neo voltar para a realidade, quando entrou na sala de aula, pode ver Sunny conversando com Saya, ficou um tempo olhando fixamente para ela esperando decifrar o que ela tinha para lhe falar e ela simplesmente continuou o que estava fazendo, sem sucesso Neo foi se sentar em seu lugar e assim assistir a aula.

Enquanto a aula ia passando, Neo ia ficando cada vez mais ansioso para saber o que Sunny ia dizer, ele ficava olhando para o relógio sem parar e ainda era só 11:32. O tempo passou como sempre, mas, na cabeça de quem está ansioso, preocupado ou apenas entediado, o tempo passa mais lento e isso destrói a pessoa por dentro, o que seria umas duas horas esperando se transforma em um dia esperando ou até mais.

Quando o garoto já não estava mais aguentando esperar, o sinal bateu, anunciando o final da aula, com isso ele saiu apressado e foi direto ao pátio, o local combinado. Sunny não havia chegado ainda, Neo não estava tão ansioso quanto durante a aula, só que se ela demorasse mais, ele teria um ataque.

Ela não demorou tanto quanto ele imaginou que demoraria.

–Desculpa a demora, estava despistando a Saya. –Disse se explicando.

–E então? O que queria falar comigo? –Perguntou Neo enfim.

Sunny olhou para os lados para ver se não havia ninguém por perto e disse com uma cara cheia de maldades:

–O que você acha da Saya?

A pergunta dela fez ele ficar constrangido por pensar na perfeição de Saya para ele, ficando levemente corado.

–Acho ela legal, gentil, inteligente, carinhosa, uma boa pessoa...–Neo achou que ia falar demais, então resolveu resumir dizendo –...acho que a melhor palavra que descreve ela seria uma anja da guarda, sempre me salvando quando estou em apuros.

Enquanto ele ia falando, Sunny foi ficando cada vez mais encantada com os sentimentos do garoto pela sua amiga e sua sinceridade, foi então que decidiu ter certeza do que ele sentia:

–Então, você gosta dela, certo?

O garoto ficou muito vermelho e constrangido, não conseguindo falar direito e gaguejando.

–G-g-g-gostar? E-e-eeeuu? Eu gosto?

Percebendo que o garoto estava se “matando” para responder a sua pergunta, quis dar um fim ao seu sofrimento, dizendo:

–Tudo bem, tudo bem, eu já entendi, não precisa responder –Disse Sunny compreensiva, acalmando o garoto.

Vendo as oportunidades, Sunny continuou com a sua intenção principal ao iniciar aquela conversa.

–Você ultimamente não tem passado muito tempo com ela, não é mesmo?

–Sim –Confirmou Neo com um olhar distante.

–Não quer passar um tempo a sós com ela? –Perguntou Sunny.

–Quero, mas ela sempre está ocupada conversando contigo. –Neo respondeu em tom acusador.

–Isso não é problema, tem outras formas de passar tempo com ela –Respondeu tirando a acusação dela.

–De que outra forma? –Perguntou interessado.

–Você poderia chamar ela para um encontro. –Propôs enfim a garota.

–Um encontro? Aquele tipo de coisa que namorados fazem? –Perguntou Neo constrangido.

–Sim, ué. Chame ela para ver um filme ou comer alguma coisa. –Respondeu Sunny na maior simplicidade.

–Mas... –Disse Neo, olhando para baixo.

–Mas, o que? –Perguntou ela em um tom sério.

–Como vou fazer isso? –Perguntou inocentemente.

Sunny olhou para ele e notou a ingenuidade do garoto, sorriu e disse:

–Dê um jeito.

Ela virou de costas e foi embora, deixando o garoto um pouco bravo por ela não responder e acima de tudo inseguro e pensativo sobre o que ia fazer e como. Queria continuar sentado ali pensando, porém lembrou que tinha que trabalhar, se apressou e foi até a cafeteria.

Conseguiu chegar a tempo, foi para o vestiário, se trocou e se juntou aos outros, Marcos os chamou como fez no outro dia e assim iniciou o trabalho.

Aquilo que tinha acontecido mais cedo acabou mexendo com ele o deixando distraído e pensativo.

Marcos reparou nisso e chamou Neo para conversar quando acabasse.

E quando todos foram embora, Marcos e Neo se sentaram em uma mesa.

–Neo, está tudo bem? –Perguntou Marcos preocupado.

–Está sim. Por quê? –Perguntou Neo sem saber o motivo dele estar perguntando aquilo.

–Percebi que você estava distraído hoje em comparação com a última vez que veio, se precisar de qualquer coisa, só falar comigo. –Respondeu pensando que o garoto não queria falar sobre o assunto.

–Marcos, na verdade há algo. –Disse Neo inseguro.

–Diga. –Pediu um tanto quanto com receio de que o garoto estivesse passando por apuros bem grandes.

–É que na escola tem uma garota que eu gosto muito dela e uma pessoa sugeriu que eu a chamasse para sair, mas não sei como fazer isso. –Explicou Neo

Marcos riu, contente de que era algo comum entre garotos da idade dele, principalmente porque ele já foi jovem como Neo, porém um pouco diferente.

–Hahaha! É só isso? Olha Neo o que você deve fazer é ter atitude e força. É só chegar e falar o que você quer dizer, é muito simples. –Disse convicto enquanto mostrava o braço direito musculoso.

–Mas, eu não sei se consigo. –Disse mostrando o braço pouco musculoso.

–Haha! Confie em você rapaz! –Disse apertando o ombro dele com um olhar confiante.

Neo se sentiu mais confiante vendo a confiança que Marcos tinha, como já estava ficando tarde se despediu de seu chefe e foi para o dormitório dormir, confiante de que tudo daria certo no outro dia, porém foi surpreendido novamente com o fracasso.

Por mais que ele tentasse falar com ela, quando estava próximo de conseguir, ela o deixava com medo e vergonha, a ponto dele não conseguir olhar para ela. Aquilo era um desafio e tanto para Neo.

O problema não estava no psicológico dele, porque se ela soubesse ler pensamentos, já conseguiria saber o que ele queria. O problema mesmo estava no seu corpo: nas pernas que não se mexiam, no frio que sentia na barriga, no calor que sentia nas bochechas, na boca que não falava o que ele queria e assim por diante.

Como enfrentar esse problema que parecia tão fácil, mas na prática tão difícil?

Parecia impossível e Neo havia perdido as esperanças novamente. Diante daquela situação se viu sem caminho e por isso em vez de tentar, resolveu observar ela de longe.

No intervalo enquanto estava sentado do outro lado do pátio podia ver ela conversando com sua amiga Sunny. Essa observação fez ele perceber como ele era fraco, era só uma garota, não um monstro para temer tanto, se sentia fraco e um covarde e por isso quis se isolar.

Erick percebendo como o garoto estava chateado resolveu ir conversar com ele, para saber o que estava acontecendo.

–Olá Neo, está tudo bem? –Perguntou ele curioso.

–Erick... –Respondeu Neo chateado.

–Aconteceu algo, né? –Perguntou Erick sabendo que ele estava mal.

Neo assentiu e Erick continuou.

–Quer me contar? –Perguntou ele na dúvida se o garoto queria lutar contra aquilo sozinho.

Neo pensou por um tempo antes de responder.

–Eu quero chamar uma garota para sair, mas não consigo, meu corpo não se mexe. –Disse Neo olhando para as mãos.

Erick teve quase a mesma reação que Marcos, porém era mais sútil.

–Se do jeito que você está tentando não está funcionando, tente outro. –Explicou Erick.

–Como assim? –Perguntou Neo curioso.

–Às vezes você consegue falar se estiver sem saída e ter que falar, bem diferente de você tentar conseguir a atenção dela, para depois conseguir o que quer. –Explicou Erick dando um exemplo.

Neo ainda assim não tinha entendido direito e Erick percebeu isso, por causa disso deu mais um exemplo:

–Eu era assim como você, não conseguia tomar atitude. Isso acabava me fazendo perder as oportunidades que me apareciam, o problema é que eu não conseguia ser como os outros até porque eu não era como eles, por isso inventei formas que eu sendo eu conseguia executa-las, pois no fim o resultado será o mesmo e é isso que importa nesses casos.

Com isso caiu uma luz sobre Neo e fez ele ter uma ideia, a cara dele mostrava isso.

–Tive uma ideia. –Disse ele todo animado.

Saiu tão desesperado que quase estava esquecendo:

–Obrigado Erick, me ajudou muito. –Agradeceu Neo.

E foi executar seu plano.

–Sempre que precisar venha me procurar –Ofereceu Erick.

Erick continuou seu caminho e encontrou Karine que estava vendo eles conversarem, ele sorriu e ela disse:

–Você sempre está ajudando ele.... Tão fofo.

–E você não está velha demais para bisbilhotar os outros? –Perguntou Erick em um tom zombeteiro enquanto levantava umas das sobrancelhas.

–Me chamou de velha?! –Perguntou Karine Furiosa.

–É que eu acho que eu precisava de alguém como eu estou sendo para ele quando tinha a idade dele. –Explicou com o olhar distante como se estivesse tentando alcançar seu eu do passado.

Karine ouviu aquilo e logo passou sua raiva, ela então em vez de responder simplesmente deu um soco de leve no braço dele.

O intervalo já estava quase acabando, porém Neo conseguiu achar Sunny, com isso “discretamente” chamou a atenção dela para que eles pudessem conversar à sós.

–Preciso da sua ajuda. –Pediu Neo sério.

–Já vou avisando que eu não posso fazer tudo por você. –Disse Sunny não querendo que ele jogasse tudo nos ombros dela.

–Relaxa, só quero um favorzinho. –Disse ele com um tom de que seria pequeno o favor.

–Qual? –Perguntou Sunny desconfiada.

–Quero que diga a Saya que eu quero falar com ela no final da aula, diga para que ela me encontre na saída. –Pediu Neo confiante de que seu plano funcionaria.

–Se for assim é aceitável, mas ficar me devendo uma. –Disse Sunny piscando um olho.

Então terminou o intervalo, Neo e Sunny se separaram e os dois subiram para a sala e ele novamente teve que esperar acabar as duas aulas, porém dessa vez apesar dele querer chama-la para sair, o medo fazia com que ele não quisesse com que a aula acabasse e conforme o tempo foi acabando, o nervosismo ia aumentando e o coração dele batendo mais forte.

No fim o sinal tocou e Neo estava mais nervoso do que nunca, foi até a saída da escola e lá esperou o anjo da sua vida, Saya.

Não demorou muito para que ela aparecesse, com seus cabelos brilhando na luz do sol e seus olhos da cor dos céus e sua pele branca e macia.

Então, ele foi se aproximando dele deixando-o mais nervoso do que já estava, algo que achava impossível no estado em que estava, suas pernas começaram a tremer e suas mãos ficaram geladas.

Com ela na frente dele, Neo já estava ofegante e com o coração quase saindo da boca, sua cabeça estava quente enquanto o resto do corpo frio, além de tudo a sua volta estar girando como se ele fosse desmaiar a qualquer momento.

–Sunny me disse que você queria falar comigo. –Disse Saya então.

–Sim. –Disse ele olhando para baixo.

Houve um silêncio, enquanto Neo ficou paralisado, ele conseguia ouvir as suas batidas do coração,

Saya vendo que ele não falava nada, abaixou levemente a cabeça para olhar nos olhos dele.

–Eii! Está tudo bem? –Perguntou Saya tentando chamar a atenção dele.

Foi quando subitamente Neo voltou de onde quer que ele esteja e disse com convicção e força:

–Por favor saia comigo!

A garota se assustou um pouco com a ação dele e principalmente se surpreendeu com a proposta ficando vermelha. Ela olhou para os lados, mas logo sorriu e disse:

–Sim...



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