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História Instituto Mayfroyd para garotos especiais. - The Chance We Get


Escrita por: Victims

Capítulo 27 - The Chance We Get


Úrsula esmigalhava o pão entre os dedos e deixava os farelos caírem na grama úmida. O tempo estava nublado, a lã do suéter era de um tom escuro de marrom terroso , um pouco diferente das cores que Úrsula costumava usar, Patrick pensou. Sentada em um dos bancos de pedra do jardim, com a cabeça apoiada em um dos joelhos, não parecia diferente de qualquer garotinha desamparada que procurava resposta para seus problemas alimentando pequenas andorinhas. Suspirou, não tinha dormido bem, não sabia se alguém naquela casa tinha conseguido. Passou pela soleira da porta e seguiu pelo ar frio deixando o vento levantar algumas mechas. Úrsula o olhou e fez questão de expressar seu descontentamento em uma bufada.

- Nunca pensei em você como o tipo que brinca com passarinhos. – Patrick pôs as mãos nos bolsos.

 

 

- Engraçado, nunca pensei em você como cúmplice de um assassino. Acho que temos hobbies bem diferentes, não?

 

 

- Patrick revirou os olhos.

 

 

- Você sabe que isso não é verdade. Por mais grosso que William tenha sido, tenho certeza que abriu seus olhos para alguma coisa.

 

 

- Se você acha que acusar a minha mãe de alguma coisa é um bom argumento, está louco, Patrick. Não deveria nem perder seu tempo. – Os olhos estavam frios e fingia concentração nas migalhas.

 

 

- Ok, se não quer ouvir acusações sobre a sua mãe, não deveria fazer acusações sobre Will. – Patrick suspirou. – Vamos lá, Úrsula, você sabe que ele nunca faria isso. Mesmo não estando no mesmo lado que nós, sabe que são afirmações absurdas. Talvez seja seu mecanismo de defesa, talvez seja muita informação... Nem a polícia parece estar engolindo a história direito, mas quem sabe?

 

 

-Edna transava com Marcus, ganhava extra por isso, mas não tinha motivos para matá-lo. Além disso era burra, não ia conseguir elaborar nada do tipo. – Úrsula balançou a cabeça, sentindo como havia desviado do ponto principal. – Mas isso só mostra como esse esquema todo foi armado por alguém que nem sequer sabia como as coisas funcionam aqui dentro dessa casa.

 

 

- Ou alguém que estava desesperado demais para desviar as atenções. – Patrick arriscou sentar-se do lado da loira. – Olha, independente disso, não acho que deva se meter no meio.

 

 

-Ótimo conselho de alguém que está no meio do fogo cruzado. – Disse com tom sarcástico.

 

Patrick encarou suas mãos e deu um sorriso sem graça.

 

- Não mais. Will quer que eu volte para o instituto. É isso que vou fazer. Vamos a um baile estúpido de reabertura e depois ficarei por lá.

 

 

Úrsula o olhou, confusa.

 

 

- Agora você vai pular fora do barco? Meu Deus, é pior do que eu imaginei.

 

 

- O que?

 

 

A garota limpou a garganta botando alguns fios que soltaram do rabo de cavalo atrás da orelha.

 

 

- Se William está disposto a te mandar de volta, alguma coisa feia vai acontecer. Quer dizer, olha a quantidade de coisa que está acontecendo desde que você chegou e nada fez com que ele tomasse essa decisão.

 

 

- Úrsula, ele está tentando me despachar de volta desde quando você me convenceu a vir.

 

 

-É diferente, balançou os ombros. – Will é um idiota persuasivo. Se ele quisesse que você fosse embora, acredite em mim, você teria ido. Eu posso ser boa, mas ele é bem melhor nisso.

 

 

Patrick apertou os punhos, não sabia se ficava feliz ou atordoado.

 

 

- Olha, quando eu te trouxe aqui Patrick, confesso que queria mexer com William, aliás, nós brigamos nesse cabo de guerra há muito tempo, não é mesmo?- Os olhos dela pareciam mais relaxados, mas suas mãos estavam esbranquiçadas e entrelaçadas uma na outra. – Se analisarmos toda a minha participação até aqui, tudo que fiz foi para incomodar William, e não estou dizendo que queria machucá-lo, mas isso pode ter acontecido em mais de uma ocasião. No início, no colégio, achei que era algum tipo de jogo entre nós, não sabia que ele tinha algo tão... Secreto. – Ela parecia procurar palavras, mas não fazia questão de se explicar tanto. - De qualquer forma, ele me machucou e desde então o que era pra ser apenas uma rivalidade boba, se tornou algo sério. E então veio o surto de Marcus, e ele foi para o instituto... Eu sei que tenho culpa nisso, mas sinceramente? Se não fosse o instituto ia ser a escola militar. E eu sei que a minha mãe... Talvez... Talvez tenha sido uma sugestão proposital, talvez a gente tenha sentido sim um pouco de alívio quando ele se foi, mas Patrick, eu estava realmente puta. - Úrsula o olhou sem hesitação e Patrick pode ver que a garota de roupas simples e cabelo preso era uma forma tão natural de Úrsula que o pouco que ele havia descoberto até ali parecia irrelevante. – Ele nunca tentou ajudar, desde o início sempre foi fechado, soberbo, se sentia superior a tudo e a todos! Sabe, esse Will que você conhece agora? Não é nada comparado a quem ele era antes. O Instituto pode ser um caos e ele pode me odiar e odiar a minha mãe, mas pelo menos fez com que ele descesse um pouco daquele pedestal de ouro que ele mesmo se botava. Por algum tempo ele conseguiu me fazer odiá-lo de verdade, e eu sei que fiz o mesmo com ele, não gosto de sair perdendo nessas coisas.

 

 

Patrick quase riu.

 

 

-É, eu pude notar isso.

 

 

Úrsula encarava o jardim com a testa retesada.

 

 

- Não era pra ser assim. Quando eu pensava nessa imagem, não era assim que eu esperava a minha vida. Não sou nenhuma madre Tereza, ainda sou uma megera com as pessoas da escola, prefiro meu status que minhas notas, e sim , me acho melhor que a maioria... Mas com Will, era para sermos assim juntos! Era para sermos uma dupla, um par – Revirou os olhos, um pouco envergonhada. – Um casal.

 

 

Patrick bufou arregalando um pouco os olhos. Podia imaginar a sensação de ter os sonhos esmagados, ainda mais por algo tão inesperado como o alvo de seu afeto ser gay.

 

 

- De qualquer forma, eu esperar as coisas de um jeito diferente, não essa constante competição. E mesmo nessa situação, não esperava que chegássemos tão longe. Quer dizer, tentativa de assassinato? Deus, acho que não estava prestando tanta atenção quanto pensei que estava.

 

 

- Úrsula, eu sei que não nos conhecemos direito, e a maior parte do tempo estamos tentando nos alfinetar...

 

 

- Não Patrick. Não estamos. Eu sei que você é o namorado de Will. Eu sei que ele me odeia e que você toma as dores dele, mas quer saber? Eu realmente gosto de você. Você é um cara legal, e mesmo não tendo nos conhecido na melhor circunstância, eu considero você alguém que não preciso manter a pose o tempo todo. Mesmo que pelos motivos errados, a gente teve que conviver e isso me fez ver o quanto você não se parece nada com o meu irmão.

 

 

Patrick a encarou agora sem resposta. Uma parte dele gritava para que mantivesse cuidado, sabia o quão manipuladora Úrsula podia ser, já havia caído nas suas armadilhas antes. Assim mesmo como ela ressaltara, não haviam se conhecido na melhor das circunstâncias. Queria poder dizer algo legal, mas não pensava em nada. Na verdade até agora pensava em Úrsula como uma mercenária no meio de uma guerra, onde jogava para o lado que a pagasse melhor, mas no fundo, nem dentro da guerra ela parecia estar. Tinha um mundo próprio e isso Patrick já havia percebido. Era o tipo de garota que fazia sua bolha e vivia de acordo com as regras expostas nela. Tinha seus defeitos e muitos, Patrick já vira de perto os extremos que sua personalidade volátil havia chegado, mas ao mesmo tempo não negava sentir certa graça perto dela, como se de uma hora para outra se envolvesse em seus próprios interesses e não passasse de uma adolescente empolgada. Era forte, poderosa, ardilosa e perigosa, mas de alguma forma Patrick já podia distinguir seu comportamento, e como não se abalava, talvez tenha se feito alguém com que ela pudesse se sentir mais tranquila.

 

 

- Você é bobo, ingênuo. Não deveria se sentir mal tão facilmente pelos outros.

 

 

Patrick parecia desconcertado.

 

 

- Não estou me sentindo mal.

 

 

Úrsula bufou.

 

 

- Está estampado na sua cara. Você é transparente, e por mais que seja fofo, é uma fraqueza fácil. Sem ofensas, mas está aí todo cuidadoso por alguém que já te fez de idiota algumas muitas vezes nesse pouco tempo em que nos conhecemos.

 

 

Por um segundo Patrick se perguntou se Úrsula falava dela mesma ou de Patrick. Depois se preocupou por ter chegado ao ponto de ter dúvida sobre aquilo. Realmente, era um idiota.

 

 

- Acho que está certa, mas não sou de guardar rancor. – Ele riu coçando a cabeça. – Tento fazer o melhor pelos outros.

 

 

- Bom, cada um tem a sua jogada, não é mesmo? – Ela se permitiu sorrir, encolhendo os ombros. – Talvez você seja melhor para o meu irmão idiota do que eu pensei.

 

 

-E talvez você goste mais dele do que imagina, quer dizer, mesmo depois de todo esse caos na vida de vocês, você ainda o chama de irmão. Ainda mais levando em conta, você sabe, aqueles sentimentos…

 

 

Úrsula deu de ombros.

 

 

- A ferida no coração é passageira, a do orgulho que demora mais pra cicatrizar. Acho que eu e William nunca demos chance para isso.

 

 

- E se continuarem nessa briga idiota, isso nunca vai acontecer. Você mesmo disse, Úrsula, já foram longe demais. No meio disso tudo seria bom uma trégua, não acha? Ainda mais agora que eu vou estar fora da jogada, Will vai precisar de alguém, quem sabe não corra para a irmãzinha?

 

 

Úrsula ponderou.

 

 

- Não é a sua melhor ideia, mas também não está fora de cogitação. Se William se desculpar, posso pensar no seu caso.

 

 

E então as esperanças de Patrick murcharam. Ele sabia que William nunca pediria desculpas, na verdade, sabia que Úrsula sabia disso, portanto seu pedido era, no mínimo, impossível.

 

 

- Achei que quisesse acertar as coisas.

 

 

- E quero. Começando com o meu irmão egocêntrico, machista e soberbo. Ele tem que admitir que sou tão boa quanto ele e que ele me subestimou desde o início. Isso seria perfeito.

 

 

Patrick esfregou a palma no rosto.

 

 

- Bom, porque vocês não se matam de uma vez? Assim gastamos menos tempo.

 

 

Mas Úrsula riu.

 

 

-Bem, se eu tenho que mudar, ele também.

 

 

Patrick suspirou, ainda desacreditado.

 

 

- Bom, preciso ir. Temos um viagem exaustiva e eu tenho que fingir que estou afim de um baile.

 

 

-Pelo menos já tem as roupas. Por favor, não envergonhe a minha família aparecendo com aquelas roupas de loja de departamento. Use o terno que eu te dei.

 

 

- Eu aprecio a sua generosidade. – Respondeu comprimindo os lábios e se levantando.

 

 

-E falta mais uma coisa.

 

 

- O que foi agora?

 

 

E Patrick reconheceu a expressão maliciosa nos olhos felinos dela.

 

 

- Algo que eu não vou deixar você sair daqui sem.

 

 

 

 

Will terminava de arrumar a gravata. Estava triste pela conversa da noite anterior com Patrick, e vê-lo arrumando suas coisas era de apertar o coração. Mas se tinha algo que deveria fazer agora era se manter firme. Manteve-se distante durante quase todo o dia, teriam a noite toda para se despedir na festa, e por mais que a ideia ainda atormentasse sua cabeça, era o certo. Olhou o reflexo, seu traços finos e bem desenhados, mas não estava com humor para narcisismo. Ainda tinha muito o que fazer, pessoas para conversar, algumas ordens para deixar de prontidão. Sabia que na sua ligeira ausência Marysa tentaria bisbilhotar em coisas que não pertenciam a ela. O terno era bonito, mas estava acostumado. Um corte que realçava seus ombros, deixava seu corpo mais esguio, porém atlético. Estava tão distraído que as batidas na porta aberta o pegaram de surpresa.

 

 

- Está bonito. - Patrick disse encostando no batente da porta. Will o viu a primeira vez pelo espelho, depois se virou para ter certeza que seus olhos não estavam o enganando.

 

 

-O que? Não me encare assim. - Ele disse consternado com as bochechas vermelhas.

 

 

-Seu... Cabelo. - Will se contentou a dizer. Mas o que estava realmente o impressionando era o conjunto da obra. Patrick estava lindo, os olhos castanhos acanhados, a roupa que alongava seu corpo e o deixava com um ar muito mais elegante, o cabelo que antes ia até o ombro e agora estava curto e bem penteado para trás. Will estava ligeiramente sem fôlego, ainda mais quando chegava no rosto anguloso onde o sorriso tímido de Patrick dava um toque especial ao conjunto da obra.

 

 

-Você não gostou?

 

 

Will engasgou.

 

 

-Sim goste, adorei. Você ficou ótimo assim.

 

 

- Eu tenho que dizer, Úrsula sabe o que faz.

 

 

Will deu de ombros desviando o olhar de Patrick.

 

 

-Pelo menos ela sabe fazer alguma coisa, mesmo que seja brincar de bonecas.

 

 

-Eu sei que isso é estranho, mas eu até estou um pouco empolgado. Não estou acostumado com isso, e finalmente não estou me sentindo fora do lugar.

 

 

-Se tudo der certo, teremos festas muito melhores para irmos e para você se sentir adequado.

 

 

-Sim, eu sei, mas pelo menos vamos fingir que não estamos andando em uma corda bamba e curtir hoje a noite, não é mesmo? Donavan e Franz vão gostar de ver você, mesmo evitando eles esse tempo todo.

 

 

Will contemplou a sala.

 

 

-Franz vai socar a minha cara.

 

 

-Não seja dramático…

 

 

-Sério, ele disse isso. Por mensagem para ser mais exato.

 

 

-Então você manteve contato?

 

 

-Só o necessário. - William passou os dedos pelo cabelo arrumado. - Vamos andando? Não vai ser uma viagem muito agradável.

 

 

Desceram pelas escadas e Patrick pode ver o motorista guardando suas coisas no carro. Não viu Úrsula ou Marysa pelo hall, acho que nenhumas das duas faziam muita questão de se despedir. Alguns dos empregados esperavam em fila pela passagem de William e Patrick, por mais que o loiro não parecesse se importar, Patrick estava com pena de ir embora. Já tinha se acostumado com o local, com as pessoas e as loucuras que tinham de enfrentar. Sem saber o que o esperava de volta no instituto, não ficava feliz com a ideia de uma rotina sem William.

 

 

-Eu deveria me sentir culpado de não sentir falta dos meus pais? - patrick se pegou perguntando para Will em voz alta.

 

 

Will ficou surpreso, até aquele ponto da viagem estavam estranhamente em silêncio, mas provavelmente porque não queriam prolongar o sofrimento de uma despedida não muito planejada.

 

 

- Não sei se sou a melhor pessoa pra responder isso.

 

 

-Não é que eu não pense neles. Mas acho que estou tão absorto na minha própria vida agora que não parei para pensar que não temos nos falado muito.

 

 

-Não acho que deva se sentir culpado por isso. Quando nos conhecemos tudo que você fazia era pensar no que eles queriam e ser infeliz. - William olhavas as árvores passarem como borrões na janela. - Agora você está se encontrando, parece alegre, e isso é um bom sinal na minha opinião. Talvez pensar menos neles seja pensar mais em você num ponto de vista saudável.

 

 

-Sim, mas sem Drew eu sou o único filho que restou e, bem ou mal, a atenção deles ficou direcionada toda para mim.

 

 

-Patrick você precisou do seu tempo para se curar, tenho certeza que seus pais também. Se desfazer das coisas não é fácil, talvez o distanciamento de você ajude para que eles consigam se distanciar de Drew também. Já pensou nisso?

 

 

-Não. Na verdade não penso nem em Drew e nem neles. E isso me deixa mal.

 

 

-Fica tranquilo, se eles não despencaram até Londres para te buscar é porque sabem que você precisa disso.

 

 

Patrick ponderou.

 

 

-Realmente, minha mãe nunca me deixaria passar tanto tempo longe de casa em uma situação normal.

 

 

-Mas essa não é uma situação normal, e mesmo não me conhecendo, o que até deve ser melhor, eles pelo menos sabem que seu filho está seguindo em frente e se recuperando.

 

 

Patrick encarou Will querendo se aproximar, mas mantendo sua cabeça perto da janela oposta.

 

 

-Por que você parece sempre ter as respostas pra tudo?

 

 

Will riu.

 

 

-Não tenho, mas assim como você consegue ver a minha situação melhor estando de fora, eu posso fazer o mesmo por você. Eu sei que não falo muito, mas a sua presença aqui tem sido fundamental para mim, Patrick. Se tomei decisões certas, foi porque você me ajudou com isso.

 

 

Patrick sabia que aquilo seria o mais próximo que chegariam de uma despedida formal. William estava se contendo, e Patrick deveria fazer o mesmo, assim pensava. Pensou em rever os amigos, mas a empolgação passava assim que se lembrava do motivo do Instituto estar fechado. Vince e Edward não estariam lá, e parte de Patrick ainda estava com raiva de as coisas estarem voltando ao normal quando não deveriam. A viagem foi longa e cansativa agora que não existia mais a empolgação do reencontro.

 

 

A figura imponente do instituto se destacava por feixes de luz que saíam das janelas e do gramado. O céu estava negro e sem estrelas, como quem também protestava pelo absurdo que se comemorava naquela noite. Patrick revirou os olhos. Saíram do carro e o ar familiar fez o estômago de Patrick embrulhar, queria saber se Will se sentia da mesma forma, mas não conseguiu enxergar nenhuma expressão no olhar dele. Estava lindo, misterioso com o rosto sério que só encarava o caminho a sua frente. No pouco tempo em que se conheciam, considerava pouco pela agilidade em que a relação deles se desenvolvera, era como se William tivesse virado um homem diferente, mais maduro.

 

 

A entrada estava minimamente enfeitada, arranjos majestosos, o tipo de coisa que provavelmente custara uma fortuna, dinheiro que o Instituto não deveria desperdiçar com tanta irresponsabilidade, pensou a mente inocente de Patrick. Mas tudo fazia parte do show, não era? A aglomeração de pessoas já estava formada, dentro do salão, Patrick se viu mais uma vez encantado pela arquitetura do local, o teto abobadado com vitrais coloridos coroava o centro do salão que borbulhava do jovens estudantes e familiares mais velhos. Pelo canto do olho reconheceu um figurão ou dois, mas de resto não passavam de engravatados com taças caras. William não estava mais tão perto dele, mas não o perdia de vista. Quando chegou, foi logo recebido por homens de diferentes idades que pareciam mais interessados nele agora que havia tomado a frente dos negócios do pai do que quando era só um garoto encrenqueiro.

 

Sentindo-se deslocado, Patrick resolveu que encontraria as pessoas por conta própria.

Fascinado pela mesa enorme de aperitivos, e tudo o que continha nela, não percebeu a aproximação de Franz.

 

- Você ainda está aqui? Pensei que tinha desistido desse hospício. - Por mais que a voz parecesse brava, o sorriso no rosto do alemão o denunciava.

 

 

-Achei que fosse levar uma eternidade para encontrar alguém conhecido. - Patrick suspirou. aliviado.

 

 

-Você parece diferente. - Franz o encarou de cima abaixo. Ele tinha as madeixas loiras presas em um coque na cabeça. O estilo meio desleixado, porém encantador o suficiente, fazia com que Franz fosse um holofote para o sexo feminino.

 

 

Patrick coçou a cabeça um tanto envergonhado, mas Franz estava satisfeito.

 

 

-Deve ser a postura, ou são essas roupas decentes?

 

 

Patrick riu e bateu no ombro dele camaradamente. Franz coçou o nariz e deu uma olhada em volta.

 

 

-Então, está aqui com ele?

 

 

Patrick fez que sim.

 

 

-Fico feliz por você, por mais que o ache um pouco louco por conseguir aturar todo o drama daquele desgraçado. - Patrick não sabia exatamente sobre até onde Franz poderia saber, preferiu não arriscar e apenas acenou a cabeça.

 

 

-Seja esperto, tá bem? Você não era muito quando saiu daqui.

 

 

-Acho que não mudei nada nesse aspecto.

 

 

Michael Buble tocava no fundo enquanto o salão continuava a ganhar vida, cada vez ficando mais difícil visualizá-lo em sua totalidade. Patrick não era fã de lugares lotados, ainda mais aqueles que o deixavam desconfortável. Por dentro censurava a si mesmo por estar se deixando vencer pelo frio no estômago. Era como seu primeiro dia todo outra vez, mas sabia que dessa vez não teria um rapaz bonito e misterioso esperando-o na aula de física. De certo modo queria que a noite não acabasse para que não tivesse que ver William partindo. Quando pensava em voltar para seu velho dormitório, sentia as feições embranquecerem e o coração bater mais triste. Não tinha nada contra seus colegas de quarto, mas  não eram a companhia que queria. Pensou em pedir transferência para o quarto de Franz e Donavan, tinha certeza que lá sentiria-se menos solitário, e mais perto de amizades que considerava verdadeiramente.

 

 

Discretamente, uma figura alta e corpulenta se aproximou dele com uma bandeja em mãos. Patrick virou para encarar o garçom que estendia a ele um papel dobrado em cima da bandeja.

 

 

“Chafariz da entrada. Esteja lá às 23:30 - WM”

 



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