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História Intenso como Café - Parte 1 - Filosofia de Xícara.


Escrita por: _ProzacNation

Notas do Autor


Olá pessoal, eu de volta!!! (Ainda bem)
Bom uma nova fic a caminho, será feita em duas partes e eu espero que você gostem! Deixem nos comentários o que vocês acham sobre o meu surto filosófico de café hahaha

Quero agradecer a página "Charles Bukowski Brasil" pelas frases e inspirações da fic!

Boa Leitura e até mais!!!
♡♡♡

Capítulo 1 - Parte 1 - Filosofia de Xícara.


Fanfic / Fanfiction Intenso como Café - Parte 1 - Filosofia de Xícara.

       O café mal descia por sua garganta naquela manhã. O líquido havia se tornado estranho após algo tão intenso e corpulento como havia sido aquele homem. De tudo que poderia tirar o gosto de sua vida miserável e monótono, justo o café havia perdido o gosto por causa da alma frígida que havia conhecido. Se soubesse deixaria aquela xícara de café para outra pessoa, a bagunça para seus cabelos e a respiração pesada para uma corrida até a faculdade, mas a beleza tomou conta de seus olhos como uma bela xícara de café do pequeno café na esquina, que se mantinha aberto todos os dias e por todos eles, lá estava ele. Depois daquilo, tentou todos os tipos de café, fraco, descafeinado, gelado, forte e sem açúcar, todo doce ou até mesmo com leite - forma que detestava beber -, mas não era o café, era seu paladar, o paladar de sua consciência pesada e ainda mais cheia do que já era. Sua xícara de uma hora transbordada fora para vazia em instantes. Assim é a vida? Se perguntava. Transbordam-te para depois esvaziarsem de ti?            Parecia que sim.
        Das poucas coisas que lhe agradavam ainda, o café lhe proporcionava uma sensação que nem um vinho da Itália do século XIX traria para sua boca calejada de promessas e culpas. Agora essa sensação não existia mais. O café perdeu o gosto, o açúcar não adocicava mais nada, a colher parecia não mexer em sentido horário naquela xícara mais. Virava e virava ela, mas ela só respingava o líquido para fora, dentro não havia mais nada. Até a xícara parecia medíocre, como ele é próprio. Quem a de dizer que uma xícara de café não faz estragos não conheceu o dono da safra de grãos mentirosos que Derek conhecera.
     Como a maioria das paqueras, começa-se sempre com o convite para um café. Derek era diferente com esse quesito, o café vinha por último. Era seu prazer, não poderia dividir com alguém desconhecido. Muito menos levá-lo a seu lugar preferido tomar a xícara mais perfeita de café que Melissa fazia para ele desde suas manhãs mais difíceis. Então convidava sempre a pessoa para uma simples massa a bolonhesa. Era algo que gostava, mas também não apreciava a primeiro momento. Com ele foi diferente, ele aparecera justo em seu lugar preferido e sentou-se perto dele pedindo um enigmático capuccino com canela.
  - Já está saindo, querido. - Melissa disse ao garoto magro e de nariz arrebitado que pedira o capuccino. Logo foi atrás de Scott, para este fazer o pedido, enquanto ela fazia o tão especial café de Derek.
Era o que ela fazia todas as manhãs, sabia que ele viria. Ele sempre vinha. Sempre pedia a mesma coisa. Batizou até uma xícara azul para ele como homenagem ao seu pedido diário.
    E lá estava ele como sempre as oito da manhã, já indo sentar nos bancos vermelhos da cafeteira, a esperar por sua xícara.
  - Como sempre pontual, não? - Melissa sorriu e deu-lhe a xícara azul. Isso atraiu a curiosidade do moço do capuccino, que também esperava seu pedido.
    Derek fez como o usual, cheirou o vapor do café de olhos fechados e deixou que o cheiro inebriante tirasse seus sentidos por alguns segundos e então deu um pequeno gole, para depois engolir com cautela.
  - Você gosta mesmo do café daqui, não? - O menino pediu após dar uma bebericada em seu capuccino de canela.
  - É uma tradição que mantenho, mas gosto. - Derek se manteve fechado ao ver o conteúdo da xícara púrpura do outro. Detestava capuccino. Tirava roda a graça do café. O chocolate, o leite, ainda mais a canela cobriam o gosto intenso do café. Para ele era uma bebida de pessoas que não se importaria se tem ou não café na composição.
   - Nunca vim aqui, me mudei para cá a dois meses e não tive tempo, mas deve se ter tempo de um café de vez em quando. - O menino riu e pediu uma tortinha para acompanhar.
    - Exato, café faz vem ao coração e a alma. - Ele bebericou mais um pouco o de sua xícara azul. - Porém puro.
   - Não posso tomar puro logo pela manhã, mas a noite, é um néctar dos Deuses. - Derek ficou intrigado. Como alguém tem hora para beber café?
     - Por que só dé noite? - Pediu.
    - Tenho hiperatividade, para mim seria um balde de energia logo pela manhã, me sentiria subindo pelas paredes. Mas a noite, quando já estou indo dormir e meu corpo está calmo, gosto de tomar.
     - Entendo, eu tomo várias vezes ao dia, mas da manhã é garantido pela Melissa. - Ao mencionar a mulher, sorriu e relembrou das tantas xícaras de café que já havia tomado pelas mãos dela.
     - Podemos tomar um aqui de noite qualquer dia, ou na minha cada, o que acha? - O menino perguntou aqui o mordeu sua tortinha.
   - Seu nome mesmo?
   - Ah! Claro! - Limpou aqui o boca em um guardanapo e estendeu a mão para Derek. - Stiles Stilinski.
    - Derek Hale.  - O homem barbado pegou em sua mão cheia de veias aparentes e de dedos compridos.
    - Bom, acho que de noite estarei aqui, podemos conversar mais.
   - Claro, por que não?
   - Vejo- te então. Até. - Deu um sorriso e desapareceu pela porta de vidro, rua acima.
   - Ele parece interessante, querido. - Melissa se pronunciou depois de tirar a xícara de Stiles do balcão e limpá-lo.
   - Parece que sim, mas não sei se estou pronto para outra.
   - Pare de viver em xícaras vazias, Derek, há xícaras novas para se encher!
   - Talvez já estejam cheias.
   - Dado o fato de eu encher sua xícara todas as manhãs, ainda, ela não está. A sua pelo menos não.
    Derek nada respondeu, sabia que era verdade, é como o silêncio é o consentimento de uma verdade, não precisaria nem proferir nada. Levantou-se e apenas murmurou um "até mais tarde" para Melissa e Scott e foi-se.
   

     Derek sabia que sua xícara estava sempre vazia. Ele entendia que a xícara, a vida das pessoas, eram sempre cheias de líquidos, como: animação, expectativa, vontades, esperança. Mas a dele sempre esvaziava, e ela nunca estava completa antes de se tornar vazia, sempre tinha apenas um quarto dela ou menos. Ou tinha expectativas ou era animados, meia xícara não enchia. Havia dias em que ela até enchia, mas parecia que algo a fazia tremer e virar até que todo o líquido fosse derramado. Esse algo se chamava descrença.  Esperava que um dia essa descrença não virasse sua xícara. Que ela se enchesse e alguém a transbordasse com seus líquidos espessos. Mas das tentativas, falhas, de tentar transbordá-la, esta acabava mais vazia e assim virava apenas um sólido que se serve apenas para se despejar algo uma vez. Já tentara quebrar sua xícara, muitas pessoas já tentaram, mas é como dizem: xícara ruim não quebra. Seria vaso, mas vasos são muito grandes para a personalidade pequena que Derek achava ter.  E agora, Derek não se permitia que outros líquidos invadissem sua xícara, afinal certas misturas não dão um gosto bom. Como capuccino.
    Naquela tarde, Derek entrou em uma batalha mental sobre ir ou não tomar o café noturno com Stiles. Depois de horas andando de um lado para outro decidiu que uma xícara a mais não faria diferença, que infelizmente o problema não era o café, era a pessoa com quem beberia. Não sabia se daria o benefício da dúvida a Stiles, tentaria a primeiro momento manter sua xícara longe da dele, cada um com seu líquido. Como se a mistura não pudesse acontecer. Iria para mostrar educação, mas o medo de gostar da conversa - como já havia feito de manhã - tomava conta de seu espírito, se fraquejasse, sua xícara poderia parar em mãos erradas.
     Andou sua rua toda com uma dúvida tremenda, não sabia se achava melhor parcerer indiferente ou se tentava parecer agradável. Dado aos encontros que seus amigos tinham, diziam que a gentileza criava esperança e Derek não queria isso, mas também não o queria tratar mal. Esperaria para ver como o garoto o trataria.
    Melissa não ficava a noite, apenas Scott e seu namorado Isaac, que estudava com o filho da mulher e aceitou dar uma mão nos negócios com um salário bem baixo, pelo simples fato de gostar estar na companhia de Scott. Derek nunca entendeu isso. Como os dois pareciam ser uma xícara só. Achava-se tão sem par. Como se a estampa de sua xícara não combinasse com a de ninguém, como se as estampas só chegassem a ter um desenho parecido, mas nunca igual. Até invejava a relação deles, mas nunca falaria nada, não queria passar por inconveniente.
   Numa mesa afastada de todos estava Stiles, lendo um livro que parecia até interessante. Na capa havia um senhor, cheio de rugas e com cara de safado-sabe-tudo. Foi ao encontro do mesmo e se preparou para cumprimentá-lo.
     - Boa noite. - O menino tirou os olhos do livro - que agora Derek pode ver que era de Charles Bukowski - e abriu um sorriso cheio de dentes e olhos brilhantes.
       - Boa noite, estava te esperando para pedir. - Ele colocou o livro no estofado ao seu lado, mas o barbado pode ver que ele estava lendo Notas de um velho safado.
      - O que tem em mente? - Derek sentou, mas ainda estava um pouco desconfortável.
     - Pensei em um café e algo que goste de comer.
     - Tudo bem.
    Stiles fez sinal para Scott, que largou do abraço de Isaac detrás do garçom e pegou um bloquinho de papel para anotar os pedidos.
       - Bom, vou querer um café médio com um pouco de leite e um croissant  daqueles, e você?
       - Um café puro e um croissant também.
        - Ok. Já trago para vocês. - Scott anotou e sumiu de sua frente bem rápido.
        Derek se sentiu um pouco mal, ele não pareceu tão gentil com Scott como ele gostaria, mas deixou de lado, estava mais preocupado com o que fazer diante da gentileza com que o menino o estava tratando.
        - Adoro croissant, quando fui a França comi um monte deles. - Derek foi tirado de suas indecisões pelo comentário de Stiles.
        - França?
        - Sim, ano passado, passei seis meses lá trabalhando para um amigo de uma empresa local.
      - Parece um trabalho bom.
      - Design de interiores é mais ou menos, depende de onde você faz o serviço. - Stiles estava achando estranho Derek não falar nada de si, mas não pressionou.
      - França parece um lugar bom para serviço. - Derek olhava para a mesa e para os lados, suas mãos suavam e eles as esfregava na calça.
     - E o que faz? - Stiles o encarava com interessante e desconfiança.
     - Pesquisador e geógrafo.
     - Viajou muito então? - Derek se livrou da resposta por um momento já que Scott trouxe seu pedidos e ele pode ocupar a boca com o café. Talvez o acalmasse. 
      - Só dou aulas, mas faço pesquisas locais. - Derek se concentrou na asa da xícara e deixou os olhos verdes vaga sobre os penetrantes âmbar de Stiles.
    - Deveria sair um pouco de Beacon Hills. Cidade pequena funde a cabeça.
    - Talvez.
   - Sempre a mesma coisa faz a mente ficar lenta e rodar sempre nas mesmas coisas.
   - Talvez. - Derek se sentia pressionado a contar as coisas, talvez tenha sido uma péssima ideia, mas tentaria falar mais, quando o café fizesse suas mãos pararem de suar. - Gosto de filmes franceses.
   - Eles falam muito rápido, prefiro os europeus.
   - Eles são muito frios, não acha?
  - E os franceses são iludidos.
  - Por que diz isso? - O café de Stiles já devia estar frio de tanto que se ocupava olhando a beleza bruta porém frágil de Derek, já o do mesmo já estar tava quase no fim, de tanto bebê-lo de nervoso.
    - Eles acham que tudo são croissants. - Derek levantou as sobrancelhas em sinal de dúvida. - Molhinhos e frágeis.
  - A vida é frágil.
  - A vida é um café, mas não um croissant.
   - Café? - Derek se surpreendeu. Será que o menino tinha a mesma filosofia de xícara que a sua?
   - Sim, intenso, quente e às vezes sem açúcar e outras vezes doce de mais. - O menino riu e deu uma golada grande em deu café que devia estar menos que morno. Derek se sentiu melhor, parecia que açúcar hora eles estavam estavam sintonia.
   - No momento, como sentiu seu café está? - Foi uma metáfora e Stiles entendeu.
   - Doce e quente e eu adoro coisas quentes e doces. - Stiles deu-lhe uma piscadela e um sorriso maroto.
     A insegurança de Derek se esvaía. Tomaram mais duas xícaras de café. Stiles até tomou uma pequena xícara só líquido puro, mas só aquela, disse que perderia o sono se tomasse mais. Comeram pedaços da torta de amora que Isaac fazia toda quinta-feira para a loja e conversaram mais. Sobre livros, espanhóis e britânicos, sobre músicas, clássica  e blues. Os gostos eram até parecidos, mas Derek sabia que a estampa da xícara de Stiles, por mais parecida com a sua que fosse, não seria o par da dele. Se despediram com um beijo no rosto e cada um seguiu seu caminho.



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