História Intermediária- Entre o bem e o mal - Prólogo

A mulher se aproximou, sua fama era de poder ver sua vida com um simples toque, porém ela parecia ser capaz de fazer isso somente com um olhar. Ela esticou sua mão esperando que eu colocasse a minha sobre a dela. Eu podia sentir todos os olhares curiosos das garotas em volta, sabia que todos aqueles olhos cinzas hipnóticos estariam me fitando, duvidando de que eu fosse a garota da professia, o que de fato, eu também duvidava.
Coloquei minha mão, ainda insegura sobre a mão áspera e nodosa do oráculo. Um choque instantâneo percorreu meu corpo quando a mulher me tocou, porém minha atenção logo se voltou a ela, os olhos profundos se reviravam e a boca ficava entreaberta, parecia que ela teria uma convulsão bem na minha frente, no entanto, todas as garotas ao meu redor não pareceram tão surpresas quanto eu, como se já a tivessem visto fazer isto mais de uma vez.
A mulher puxou sua mão do meu toque, como se anciasse por se livrar de mim. Seus olhos negros e fundos me encaravam como se eu fosse um animal de zoológico, como se eu fosse uma criatura estranha e distinta de todas ao meu redor-  o que até onde eu sabia Não era mentira, porém, com tantas descobertas sobre mim eu percebi que eu não sabia mais  muito bem quem eu era.
- Em toda a minha vida, nunca toquei em uma pessoa que me trouxeram tantas questões quanto esta jovem. - A mulher disse em voz alta para todas as garotas que assistiam, um silêncio inquietante se prosseguiu com a pausa dramática da mulher. - Nela há trevas e luz, há vida e morte, há desgraça e prosperidade. Esta Jovem pode e não pode ser a garota da profecia, porém há algo que diverge dos nossos conceitos irmãs, ela tem parte do inimigo dentro dela, está entre dois termos e a nossa Vitória ou perda depende somente de qual lado ela escolherá.
Todas as garotas soltaram suspiros de surpresa e um crescente cochicho se ergueu, a mulher saiu em meio a nós e eu fiquei sozinha na multidão que falava e duvidava de mim. "Está dentre dois termos" - foi o que ela havia dito. "Nela há trevas e luz, vida e morte...", fechei os olhos, eu não entendia como uma pessoa como eu, que só sabia ficar lendo livros no silêncio de uma biblioteca dia e noite poderia ser a culpada da desgraça de uma rebelião. Era uma intermediária, sabia disso, porém me perguntava como eu poderia dizer que lado eu seguiria se eu não sabia quem eu era e todas aquelas" irmãs" me faziam cada vez mais confusas com a minha identidade.
  Os dias de chuva costumavam me lembrar o quão pequena eu era e que nem todos os problemas do mundo eram meus, porém, naquela noite chuvosa específica, parecia que cada gota do seu caia pra me lembrar de que eu tinha que resolver o problema daquelas pessoas.