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História Interrompida - Dez


Escrita por: thecolorpurple

Capítulo 10 - Dez


Fanfic / Fanfiction Interrompida - Dez

 O canto de pássaros ao longe e os primeiros raios de sol do dia, me acordaram pela manhã.
     Esfreguei meus olhos com as costas de minhas mãos e me espreguicei. Enquanto bocejava, me virei  e mirei Fred que estava deitado ao meu lado, dormindo tranquilamente.
     Se eu não o tivesse vendo ao meu lado, talvez acharia que a noite passada fora um sonho ou algo similar. Sorri ao lembrar de nossa noite de amor. Me sentei no colchão, coloquei minha roupa e arregalei meus olhos ao descobrir a hora pelo celular. Eram seis horas da manhã e eu tinha dormido fora de casa. Acordei Fred às pressas, para que me levasse até a minha casa.
- Acorde, Fred! – o balancei enquanto ajeitava meu cabelo vermelho.
- O que foi? Volte a dormir... Eu...
- São seis da manhã. Levante logo, seus avós devem estar preocupados com você.
  Ele se esticou e abriu os olhos. Seus cabelos estavam bagunçados e isto o deixava mais lindo ainda. Era incrível como ele era simplesmente encantador, sem fazer nada.
- Bom dia,  principessa!
  Ele me agarrou pela cintura e me encheu de beijinhos pelo rosto.
- Agora ande logo. Temos que ir para casa. Você me deixa em casa? – eu pedi.
- Ora, não vai aceitar tomar café em meu palácio? – ele brincou- Lhe preparei um grande banquete.
  Eu ri da situação.
- Engraçadinho.
- Tudo bem, voltando ao mundo real. Poderíamos tomar café em uma lanchonete, o que acha?
   Não sabia se estava fazendo algo certo, afinal já havia dormido fora sem permissão de meus pais e agora estava indo gastar mais horas na rua com ele. Mas cada célula do meu corpo ansiava por aquilo, então resolvi que iria. Afinal, meus pais não estavam nem aí para mim ou para meu irmão André. Que diferença faria se eu me atrasasse mais? Umas horinhas a mais ou a menos, não fariam diferença alguma.

***

  De mãos dadas, deixamos a moto de Fred estacionava perto da lanchonete que ficava próxima do colégio em que eu estudava. O lugar tinha um toque retro dos anos 50 e era bem aconchegante. Eu pedi um suco de laranja e um sanduíche natural, já ele pediu um hambúrguer, batatas fritas e refrigerante. Arregalei meus olhos pelo pedido dele.
- Você não vai passar mal, comendo besteira de manhã?
 Ele riu de mim.
- Não. Meu corpo já está acostumado.
- Credo. Se eu comesse isto, passaria mal na certa.

 Então, minutos depois a garçonete voltou com nosso pedido.
- Obrigada!
- Obrigado! – ele agradeceu.
  Me embrulhou o estômago apenas em vê-lo espalhar ketchup nas batatas. O cheiro de fritura pela manhã era muito estranho à mim.
- Então, a senhorita ‘’Nojinho’’ aí, tem aula hoje? – ele deu a primeira mordida no hambúrguer.
- Tenho aula sim, mas queria mesmo era ficar em casa. Mas e você Fred, não pretende fazer faculdade? Já tem 22 anos e tal...
  Dei um gole longo na minha  bebida cítrica enquanto esperava pela resposta.
- Faculdade? Acho que essa baboseira de vida acadêmica não é para mim, apesar de meus avós falarem para eu fazer uma.
- Mas não tem nenhum curso que lhe agrade?
- Sinceramente? Não. Já pensei em administração para ajudar nos negócios de família, mas tem muita matemática e eu sempre fui ruim nessa matéria.
- Nem me fale!  Eu não sei como estou no terceiro ano do ensino médio. Eu também não sei qual curso faria, mas a única coisa que quero no momento e me formar logo. Assim me sentirei livre, entende?
 Ele meneou a cabeça concordando.
- Te entendo, gatinha.
  Ele parou de comer e ficou com o olhar vago.
- O que houve, amor? – perguntei.
- Nada. Apenas fiquei pensativo... Mas enfim, vamos terminar isso aqui logo para que eu te leve para casa, não é mesmo?
 Apesar de ter ficado curiosa com seu comportamento, concordei e comecei a comer meu sanduiche.
 Terminamos de comer e Fred me deixou em casa.

***

 Assim que me despedi de Fred e o beijei rapidamente, corri para casa e abri a porta. Sempre havia uma chave comigo, então não tinha problema com isso.
 A casa estava silenciosa como de costume. Papai deveria estar no hospital fazendo plantão ou sabe-se lá aonde, mamãe no quarto dormindo, chorando ou embriagada. Resolvi conferir como meu irmão mais nova estava, mas chegando em seu quarto não havia ninguém. Então fui explorar outros lugares da casa e o encontrei na cozinha.
- Sofia? – ele perguntou alarmada ao me ver.
- Oi... O que está fazendo na cozinha, baixinho?
- Preparando meu café para ir ao colégio. Me ajuda com a cafeteira? Não consigo usá-la.
  Corri para ajudá-la e fiquei impressionada com o que estava vendo. André sempre tinha café pronto pela Maria, que havia sido demitida pela minha mãe ciumenta. Vê-lo se virar sozinho, foi estranho mas reconfortante de algum modo.
- Prontinho – liguei a cafeteira e coloquei água e pó para fazer café- Então, está fazendo a própria refeição desde que Maria se fora?
- Sim. Meu pai deixa dinheiro de noite, para eu poder comprar comida pelo telefone, mas já me cansei de tanta porcaria. Você sabe fazer feijão, Sofia? Faz tempo que não como isso...
  Arregalei meus olhos e me sentei em uma das cadeiras. Onde eu estava a todo esse tempo em que meu irmão estava tentando se virar sozinho?
- Eu nunca fiz feijão, André. Nem sei ao menos como fazer. Mas, me diga, mamãe não quer cozinhar para você?
- Não, Sofia. E ela parece que nunca come. Se a vi mastigando algo, foi no máximo um biscoito cream cracker. Mal a vejo bebendo algo. Está a cada dia mais magra e deprimida. Tudo culpa do nosso pai. Perdi Maria e agora também estou sem mamãe. Por culpa dele! – ele gritou e eu o abracei.
- Calma, André. Não se zangue.
  Me senti culpada por não ajudá-lo.
- Eu ‘tô aqui. Ouviu bem? – eu o abracei e fiz carinho em seu cabeça.
- Promete que sempre estará ao meu lado, mana?
  Seus lindos olhos me prenderam a atenção. Engoli em seco e derramei uma lágrima ao ouvir tal pedido.
- Para todo o sempre.
  Jurei que sempre estaria presente ao lado dele, mas o que nem mesmo eu sabia que esta promessa nunca seria cumprida pois a vida ou destino havia traçado outros caminhos para mim.



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