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História Interrompida - Quatorze


Escrita por: thecolorpurple

Capítulo 14 - Quatorze


Fanfic / Fanfiction Interrompida - Quatorze

- Então é assim? Você iria me esconder isto até quando?
   Eu o olhei enfurecida enquanto ele me olhava confuso e surpreso. Com toda a certeza não estava nos planos dele me contar tal notícia daquela maneira.
- Eu iria te contar, só não sabia como fazer.

 Soltei uma risada abafada. Meu peito arfava de ódio.

- Então é assim, Fred? Você iria me iludir até quando? 

- Principessa, calma! Eu posso explicar...
 Senti as mãos dele me segurarem pelo braço, mas eu fui mais rápida e me soltei dele.
- Não me chame de princesa! - eu gritei.
 Todos à minha volta me olharam e eu não escondi a minha fúria.
- A festa acabou pessoal. Podem ir embora.
 Os convidados que ficaram até o momento de partir o bolo se entreolharam e foram embora. Enquanto os funcionários que eu havia contratado, começaram a arrumar seus equipamentos e afins. Eles entenderam o meu recado.
- Sofia, me escute! Eu iria te contar, mas estava esperando a hora certa.
 Fred me seguiu para o outro lado da piscina, pois eu queria me asfatar das pessoas presentes.
- Estava esperando o momento certo para acabar de me iludir? Você acha isso bonito? Acha justo o que fez comigo?
  Tentei segurar o meu choro mas foi em vão.
- Não diga isso. Jamais quis te iludir, Sofia. Só escondi de você até o último momento pois eu sabia que você não iria entender.
- Então porquê você vai embora para Itália com os seus avôs? Porquê vai me abandonar?
 Ele pegou uma de minhas mãos e me olhou nos olhos.
- Meu nonno e minha nonna acham que não faz mais sentido continuarem morando aqui no Brasil. Eles sentem falta dos parentes na Itália e acham que o nosso país não vai se reestabelecer da crisa financeira tão cedo.
 Engoli em seco e retirei minha mão do toque quente de Fred.

- E quanto à você? Não acha que já está grande demais e pode tomar as próprias decisões?
- É por isso mesmo, Sofi. Pretendo fazer uma faculdade fora do nosso país.
  As palavras dele me atingiram como um soco.
- Pois então faça bom aproveito de suas escolhas. Mas saiba que isso não é justo! Eu me entreguei de corpo e alma à você. E o que você me deu em troca? Apenas isso... Indiferença e ingratidão.
 - Sofia, não fale isso. Podemos continuar nos vendo. Claro que não todos os dias como fazemos, mas eu posso voltar aqui todos os anos para lhe ver.
  Samira e Paulo estavam nos olhando de longe. Estavam apreensivos.
- E claro, também voltaria sempre para rever meus amigos. Nossos amigos - ele indicou com a mão em direção à eles.
- E você realmente acha que não encontrará outra pessoa? Acredita mesmo que conseguirá ser fiel à mim?

- Claro que sim, Sofia. Eu te amo mais que tudo nessa vida. Como nunca amei alguém antes.
 - Isto não é um conto de fadas, Fred. E eu não acredito em finais felizes.
   Corri para longe dele aos prantos e fui para o meu quarto. Tranquei a porta e observei de longe Samira e Paulo apararem Fred. Uma lágrima caiu dos meus olhos e foi neste momento que eu soube que não seria mais feliz. Não sem o meu cavaleiro de cabelos negros.

***
 

    DIA SEGUINTE

O raios de sol não me deixaram dormir por mais tempo. Porém permaneci deitada em minha cama tentando esquecer da noite anterior. Desejei que tudo que havia acontecido fosse obra da minha imaginação. Mas logo me olhei e dei por mim que ainda estava vestindo a mesma roupa do meu aniversário de dezoito anos. Uma lágrima quente desceu pela minha face. Estava perdida em pensamentos quando levei um susto com a chegada de supetão do meu pai. 
- Sofia! – ele gritou – O que aconteceu nesta casa? – ele estava enfurecido.
Suspirei fundo e me ergui da cama e me sentei no colchão.
- Eu sei... A casa está uma bagunça por causa da festa...
- Uma bagunça? ''Bagunça'' é um eufemismo a ser usado. Tudo está revirado. Há copos, pratos, talheres de plásticos por todos os cantos. Há garrafas de bebidas vazias pela grama e pelo chão. A piscina estava completamente suja. Isto é inadmissível! 
- Eu sei, pai... Mas você me deixou dar a festa, se lembra? – levei a mão à minha cabeça pois ela estava martelando de dor.
- Estou ciente que deixei dar a sua festa, porém tudo deveria estar em ordem. 
- Desculpa, pai. Vou começar a arrumar agora mesmo – me levantei e fui em direção ao banheiro escovar meus dentes e trocar de roupa.
Seu Alberto estava boquiaberto e estupefato com o meu comportamento. Fazia tempos que eu não obedecia e muito menos lhe pedia desculpas.
- Você tem razão. Dar essa festa foi um erro – prendi meu cabelo em um coque após trocar de roupa e ir em direção a porta do meu quarto – Mas como eu saberia que seria um caos, não é mesmo?
Os olhos de meu pai transpareciam confusão e eu o deixei sozinho.
Descendo as escadas, senti algo em minhas costas.
- Que merda, é essa? – eu gritei.
André surgiu com as mãos para o alto. Estava brincando dentro de casa com uma bola suja de lama.
- Foi mal, mana – ele se desculpou.
- Esquece... – eu bufei e dei de ombros.
- E como foi a festa? – ele me perguntou enquanto me seguia em direção a cozinha.
- Um desastre. Um grande desastre.
- Porquê? O que houve?
Só de pensar no que havia acontecido meu estômago doía de raiva.
- Onde você passou à noite, moleque? – eu o questionei.
- Depois que brigamos eu fui pra casa do meu amigo Pedro. A mãe dele fez uma noite de pizzas e eu me acabei de comer.
''Pelo menos a noite de alguém foi boa'' eu pensei alto.
- Mas me conte, o que houve com você ontem? 
A faca em minha mão estava cheia de manteiga e eu estava prestes a passá-la em meu pão, mas hesitei e congelei ao ouvir a pergunta de meu irmão. Ele era insistente.
- Ouça, André – larguei o pão e a faca ao lado e me abaixei para ficar olho a olho com ele – Prometa para mim que quando conhecer alguém que ama, jamais esconderá algo dessa pessoa?
André franziu o cenho.
- Como assim? Quando eu me apaixonar? É isto que você está dizendo?
Meu pequeno menino estava me entendendo.
- Sim – eu sorri tristemente – Prometa que jamais mentirá ou esconderá algo importante de alguém que você ama. Promete para mim? – ergui meu dedo mindinho para ele. Era assim que fazíamos promessas quando éramos menores.
- Prometo, irmã – senti o dedinho pequeno encaixando-se ao meu dedo mindinho. 
Nos abraçamos ao fim e eu o beijei na testa.
- Só não entendo porquê alguém mentiria para alguém que diz amar.
- Eu também não compreendo... 
Ele pôde ouvir as batidas aceleradas do meu coração que estava partido.
Uma outra lágrima caiu do meu rosto e colidiu com os fios de cabelo castanho do meu irmão. Desejei que meu irmão se tornasse um homem justo e honesto com as pessoas. Almejei que ele jamais iludisse alguém como eu fui iludida. Agora dói saber que não tive oportunidade de ver meu irmão se tornar o grande homem que desejei que ele fosse. Pois agora eu estou morta e sou apenas uma memória para aqueles que ficaram.

 



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