1. Spirit Fanfics >
  2. Interrompida >
  3. Oito

História Interrompida - Oito


Escrita por: thecolorpurple

Capítulo 8 - Oito


Fanfic / Fanfiction Interrompida - Oito


 O toque das mãos de Fred por toda a extensão do meu corpo, não saía de minha cabeça. Aquela noite fora mágica. Inesquecível. Apesar de estar sob o efeito da droga, eu ainda me recordava do momento. Talvez, ter fumado maconha tenha deixado a lembrança mais marcante. Era como se eu estivesse flutuando pela atmosfera enquanto estava conectada à ele. Nossos corpos se entrelaçarem na órbita do espaço enquanto minha mente entrava em delírios psicodélicos. Minha primeira vez fora sido especial, apesar de não ter sido planejada. Naquela noite a certeza de que eu estava amando aquele menino estava disposta aos meus olhos e à qualquer um que pudesse ver. Era uma pena que eu não pudesse compartilhar este segredo com alguém. Não podia contar pra minha mãe, pois no fundo nunca fomos amigas, ainda mais neste momento em que ela está dopada de medicamentos. Contar ao meu pai estava fora de cogitação, além do mais ele não iria me dar a mínima atenção para ao menos tentar lhe contar tal fato. Compartilhar este segredo com meu irmão estava fora de meus planos, pois ele era bem mais novo que eu creio que não seria certo e nem agradável fazê-lo de meu confidente. E contar para meus amigos? Bom, primeiro a pergunta deveria ser: quais amigos? É claro que eu sempre estava cercada por pessoas descoladas no colégio, mas eles não eram de fato meus amigos. Lola, a menina dos cabelos cor de púrpura era uma pessoa que eu poderia chamar de amiga, porém eu sabia que ela estava cheia de problemas com o pai em casa então preferi não lhe contar nada. Com isso, guardei as deliciosas lembranças para mim mesma. Afinal, aquela noite só interessaria à mim e a mais ninguém. Voltei para casa com as famigeradas borboletas no estômago. Meu corpo estava envolto ao êxtase. Como se eu estivesse em uma bolha particular em que nada e ninguém me afetava. Entrei em casa e nem prestei atenção se minha mãe estava dormindo o dia inteiro trancada no quarto, se meu irmão estava jogando vídeo game ou meu pai ainda não tinha chegado do trabalho. Corri para o meu quarto, me joguei na cama e fechei os olhos recordando o que havíamos feito. Estava perdidamente apaixonada por aquele homem. Mais que apaixonada; eu estava amando-o. Naquele instante não queria saber se aquilo seria minha sina no fim. O amor era como um vírus, infectava seu corpo e dominava todas as suas células. Deixa a pessoa cega de desejo. Eu só não queria saber o que aconteceria caso tal vírus deixasse meu organismo. Não queria nem imaginar tal mal.
***
  Meu macaquinho branco com mangas estilo morcego me deixava parecida com uma hippie dos anos 60. Borrifei um perfume com essência de lavanda e peguei minha bolsa para ir à festa mais esperada por todos na escola onde eu estudava: o aniversário de Roberta.
   Ela era a rainha das populares, todos à conheciam e a adoravam. Por onde passava deixava seu brilho. A maioria dos alunos foram convidados para a tal festa, até mesmo os excluídos. Ela completaria 18 anos e queria mostrar para todos a grande mansão que morava e eu resolvi ir.
 
***
   Quando cheguei na casa de Roberta, já haviam alguns rostos conhecidos. Anna, a filha esnobe do diretor incorporava a própria boneca Barbie com sua vestimenta. Carlos, um menino que se destacava pelo seu porte físico e aptidão ao esporte, estava bebendo a terceira cerveja. Roberta, a aniversariante, estava magnífica com o cabelo preto e longo preso em um rabo de cavalo alto no topo da cabeça e vestida com uma blusa cropped e saia nas cores vermelha.
  - Sofia, que bom que você veio! Sinta-se em casa! – ela me cumprimentou.
  Lhe dei dois beijos no rosto e fui para cozinha em busca de algo para beber. Voltei para a sala com vodcka em um copo vermelho de plástico e sentei no sofá. Estava sozinha, apesar dos novos convidados que chegavam me cumprimentavam sempre. Me animei quando vi Erick entrando e vindo em minha direção.
- Sofia!
- Erick. Que milagre vê-lo em uma festa. Que bicho te mordeu? – brinquei com ele.
- Resolvi me divertir um pouco. Às vezes precisamos, não é mesmo? Você viu a Lola?
- Sempre precisamos! – levantei o copo como se estivesse brindando – Eu não a vi, não.
- Caso veja, pode avisar que eu estou aqui? 
- Claro! Mas só dou o recado se o senhor resolver beber algo.
- Então está bem. Vou pegar alguma bebida para brindarmos então – ele riu.
- Vai lá. Está na cozinha. Caso Lola chegue lhe avisarei – pisquei para ele.
  Então ele assim o fez e fiquei novamente sozinha.
Não demorou muito para Lola chegasse à festa.
– Lola! – fui de encontro à ela e a abracei.
– Sofia! Tudo bom? E como está a festa? – ela me perguntou enquanto olhava a sua volta.
– Tudo ótimo! Melhor agora que você chegou. A festa começou há meia hora e a propósito, seu amigo Erick estava à sua procura. 
– Ele chegou? Onde ele está? – ela me questionou.
– Acho que está na cozinha com uns amigos. 
– Valeu! Vou atrás dele. 
 
  Os cabelos longos e púrpuras deixaram seu rastro ao vento quando Lola foi em direção à cozinha, onde estava seu amigo Erick.
  Eles não se desgrudavam. Era como unha e carne, pão com manteiga e Pipiu e Frajola.  Eu achava a amizade dos dois uma gracinha, confesso. Suspirei lembrando de Fred e queria que ele estivesse comigo na festa. Eu havia o convidado, mas ele disse que estava velho para essas coisas, apesar de ter apenas vinte e dois anos. Quando Roberta sugeriu a brincadeira de ‘’verdade ou desafio’’ eu tive que concordar com o pensamento dele. Mas no fim, resolvi participar também. Como no ditado ‘’quem está na chuva é para se molhar’’. Então resolvi me divertir.
***
 Lola, Erick, Anna e Roberta enrolaram para começar a tal brincadeira pois de início o par de amigos inseparáveis não queriam jogar. Mas pela insistência de Roberta e implicância de Anna eles se submeteram ao jogo.
  Um menino da minha classe resolveu ser o primeiro a girar a garrafa e para meu azar, eu fui a primeira.
– Verdade ou desafio, Sofia? – ele me questionou.
  Pensei por um momento e então escolhi verdade. Não estava disposta a encarar desafios.
– É verdade que a senhorita já usou cocaína, êxtase e fumou maconha? 
  Aquela pergunta me atingiu como um soco no estômago. Como ele desconfiava disso? Enquanto uns riam eu corei de vergonha.
– Qual foi, mano? Isso é a mesma coisa que perguntar se macaco gosta de banana! É claro que é verdade!  - disse algum idiota presente.
– Shiu! - interviu Roberta- Deixa a própria Sofia responder! 
  O ambiente era claustrofóbico. Minha cabeça girava. Minha garganta estava seca.
 - Então Sofia, você já usou drogas? – o tal menino novamente me perguntou.
 Pensei em negar e descartar o fato de ter fumado um cigarro de maconha seria considerado como uma droga. Mas pensei comigo mesma: ‘’Que se dane essa merda!’’. Eles então pensavam que eu era uma drogada? Ou apenas tinham jogava ‘’verde’’? Tinham jogado a isca esperando que eu a pescasse? Resolvi então responder a pergunta, mais como uma resposta à mim mesma sobre o futuro. Mal sabia eu que a desconfiança de todos se tornariam uma verdade no futuro.
 – Sim. Já usei – respondi.
– Eu sabia! Eu disse! - riu o menino que tinha se intrometido antes- Sofia, se tiver alguns comprimidos do ‘’bom’’ com você agora, me passa depois que acabar esse jogo - piscou para a mim.
  Esbravejei de raiva e o mandei calar a boca.
– Chega gente! Agora eu vou girar a garrafa! - disse Roberta para cortar a discussão. 
 Então o jogo seguiu, Anna se exibiu dando encima de Carlos, Roberta beijou um cara e eu resolvi girar a maldita garrafa.
 O objeto girou, girou e parou em direção à Lola. A olhei com maldade nos olhos e perguntei:
– Verdade ou desafio, Lolinha? 
  Antes de me responder ela deu um gole em sua bebida e se encheu de coragem.
 Ela escolheu desafio e eu a desafiei a beijar o Carlos.
Todos arregalaram o olho. Um burburinho de vozes tomou conta da sala. Alguns diziam entre si que ela não seria capaz de fazer aquilo, afinal, a poucos minutos, Anna havia se declarado abertamente dizendo que estava afim de Carlos. A apreensão tomou conta do lugar até que Lola ao invés de responder resolveu agir. 
  Lola beijou Carlos e deixou Anna furiosa. Anna acabou derramando cerveja no Carlos por tentar se intrometer no meio do desafio. A confusão foi geral. As duas se odiavam e eu não sabia o tal motivo. Anna resolveu ir embora após levar um fora de Carlos. Eu tentei fazer com que ela permanecesse na festa mas ela foi rude e resolveu partir.
***
  Depois de toda a confusão a festa continuo e eu resolvi encher a cara. Ri ao lembrar que todos me achavam drogada. Agora poderia me chamar de alcoólatra, pois pouco me importava.
   Na cozinha, Erick estava encostado num balcão. Conversávamos quando ouvimos um grito vindo da sala. Era Lola que suplicava por ajuda. Então corremos em direção à ela.
***
 Carlos estava assediando Lola que insistia em deixá-la em paz. Mas o babaca não entendia. Então Erick se intrometeu e Roberta tentou apartar a confusão. Erick queria levar sua amiga para casa, mas Roberta resolveu expulsar Carlos de sua festa. O garoto nojento disse que não iria embora e que iria bater em Erick, então Lola agiu de uma forma que ninguém esperava. Quando pegou o vaso de plantas e acertou a cabeça do menino eu levei as mãos à boca tampando um grito agudo. Se eu era louca, Lola era a rainha chefe do manicômio.
  Alguns alunos foram embora e deixaram Roberta desesperada com a mão na cabeça sem saber o que fazer. Como ela mesma havia dito: haviam arruinado a sua festa. E Carlos estava desmaiado ao chão. Corri de encontro à ele e conferi os pulsos, sabia fazer isto pois meu pai era médico.
- Ele está vivo! Relaxem! – anunciei.
– Meu Deus! Se meus pais souberem disso eu estou ferrada. - Roberta levou as mãos à cabeça. 
A sala de estar era um verdadeiro caos. Havia cacos do jarro espalhados pelo tapete, garrafas vazias no chão, restos de comida e cheiro de álcool no ar. Carlos jazia jogado no chão com a cabeça cortada de leve mas ainda assim um rastro de sangue percorria sua cabeça e pingava em seu ombro.
  Com a mão, bati no rosto do menino desacordado, mas usamos álcool molhado em um pano para acordá-lo.
 Lola e Erick foram embora e deixaram o rastro de todo o alvoroço.
  A festa de aniversário da menina mais popular havia sido um desastre.
 Porém a única palavra que martelava em minha cabeça era o que aquele menino havia falado no jogo. Se ele achava que eu era uma drogada antes, então ele iria achar com total certeza agora. Liguei para Frederico e resolvi que apesar da festa ter acabado, a minha estava prestes a começar.
 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...