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História Intimamente Emma - Pensamentos cruzados


Escrita por: WoundedBeast

Capítulo 11 - Pensamentos cruzados



Algumas horas após o aniversário de Emma, Regina estava sentada em seu escritório, ainda sem se lembrar de como conseguiu andar até a mansão depois de sair da casa da moça. Deve ter cambaleado no escuro da rua, batido na porta de casa, mas tinha a impressão de não ter feito coisas tão torpes. Estava viajando na lembrança da conversa com Emma, as coisas que a moça contou sobre Ingrid e as coisas que ela contou sobre Daniel. Por que mesmo que a conversa parou? Ah, sim, ela se lembrou. Emma foi até a janela, de onde vinha uma brisa gelada e fechou, indo em seguida à estante para desligar o som, foi aí que Regina se levantou e tentou conter a jovem para que ela não fizesse aquilo. Mas por que queria continuar escutando música se o assunto entre elas estava tão bom ao ponto de terem se esquecido do detalhe do som? Boa pergunta. Regina colocou um os dedos na boca para começar a roer a pelinha que a cutícula da unha fez cair, e pensava em Emma, se tinha se levantado para atrapalhar ela de propósito ou se tinha levantado mesmo para manter a música ligada. Pôde reviver em mente a coisa com Emma, a atração física dos segundos em que quase caiu em cima dela, sentir que ela ficou nervosa com tão singelo contato. Tomara que a moça não tenha pensado coisas estranhas entre elas, pensava Regina. Só que talvez fosse tarde para não querer que Emma estranhasse a aproximação delas, a própria Regina estava intrigada com o contato sobre o móvel do som e só conseguia atribuir isso ao fato de estar bêbada.

Ela passou o resto da madrugada no conforto que a cadeira de escritório proporcionava e pensando em como saiu da casa de Emma, Regina adormeceu com o rosto da vizinha em mente.

Pela manhã, acordou com o som de alguém batendo na porta do escritório. Era Belle que deu mais duas batidas leves e entrou verificando se Regina estava de volta.

— Senhora?

Regina virou o rosto para ela e bocejou.

— Sim?

— Vim verificar se chegou. Está tudo bem?

— Sim, está tudo ótimo, Belle. Tire uma folga hoje, deixa que eu me resolvo com meu marido, obrigada por ter ficado essa noite. — Não era verdade que estava tudo ótimo, pois sentia uma dor de cabeça insistente, resultado das taças cheias de vinho que tomou.

— Sim, senhora. — disse a empregada, fechando a porta do recinto.

Ainda levaria algum tempo até Daniel acordar, mas Regina não arriscou tirar outro cochilo até ele vir procura-la. Então, se levantou, saiu do escritório foi até a cozinha e preparou um café da manhã digno dos Deuses. Subiu, levando uma bandeja para ele não ter a necessidade de se levantar. Regina estava com um nó na garganta, mais pesado do que o incomodo que sentia no peito desde a hora em que saiu da casa de Emma Swan no fim da rua, por isso pensou se não seria o momento de confrontar o marido, colocar as cartas na mesa e perguntar o que significavam aquelas cartas de uma mulher com codinome Beija-Flor endereçadas para ele com dizeres tão íntimos relacionado aos dois. As cartas pareciam muito convincentes para alguém tê-las mantido por tanto tempo guardadas, e quase que Regina não as buscou no escritório do andar de cima da mansão, colocando elas juntas do café da manhã do marido para ver a reação daquele homem e comprovar que ele escondia dela um caso que teve há muitos anos. Mas Regina não buscou as cartas, nem confrontou o marido, porque tinha medo e, ainda pior, pena.

Ela o viu dormindo na cama deles, olhando o semblante sereno e de forma que enganava quem não o conhecesse, saudável. Ficou de pé, dizendo milhares de coisas para ele só em mente, até que o café começou a esfriar e era hora de acordar Daniel. Regina se sentou ao lado dele na cama, pousando a bandeja sobre o colo do marido, sabendo que ele acordaria naquele instante.

Daniel abriu os olhos com dificuldade, quase como se estivessem grudados. Ele viu a bandeja, imediatamente a esposa ao lado e fez um esforço para se sentar, Regina não o ajudou. Ela o deixou se torturar para encontrar a posição certa na cama, jamais faria isso direito sozinho, mas ela não o ajudou de propósito, dessa vez ela não teve pena, e ele demorou até ficar cansado demais e desistir. O pobre homem esticou uma das mãos e pegou o mais firme possível uma torrada banhada em geleia de uva de cima da bandeja, tentando acertar a boca da mulher. Regina mordeu a torrada, espalhando os farelos pelo lençol depois que a torrada se quebrou em pedaços e Daniel a derrubou.

— Eu sinto muito. — ele falou.

— Era só uma torrada, querido. — Regina limpou a sujeira, deixando um sorriso maldoso escapar pelos lábios, se divertindo com a fraqueza de Daniel, esperando exatamente que ele derrubasse qualquer coisa da bandeja, a prova de que ele piorava da doença ao invés de melhorar. Qualquer sinal de que sua esperança estava falhando seria o triunfo de Regina a partir de então — Não se decepcione só porque derrubou uma torrada.

Era pouco para ela, mas o suficiente para entender que Daniel se sentiria envergonhado.

— Me pergunto às vezes, o que eu fiz para merecer essa doença? Eu mal consigo segurar o meu café da manhã. — disse ele, desapontado consigo mesmo.

Foi quando Regina levantou os olhos para ele.

— Ah, querido, são ironias da vida. — Ela tratou de falar logo. — Talvez você tenha feito algo que nem se lembre, coisa que considera pequena, já esqueceu ou está querendo esquecer.

— Não estou entendendo. — Daniel ficou confuso, olhando para a esposa.

Regina deu um suspiro. Ela o olhou nos olhos, eles nunca estiveram tão escuros de rancor.

— Às vezes fazemos coisas sérias, tão sérias que afeta quem nos ama. — Regina intercalava qual olho dele mirar. — E por fazer alguém sofrer sem merecer, você é culpado, digno de um castigo.

Daniel pensou ter visto essa frase dita pela esposa em algum dos livros dela, uma espécie de lição que ele não deduzia de onde ela aprendeu. Ele achava que sabia muito dela, de tudo o que ela viveu e que estava falando com ele daquele jeito porque se sentia cansada dele, com razão, pois ele era um homem doente e ela uma mulher muito viva e bela para desperdiçar a vida cuidando dele. Sim, ele se lembrava da Beija-Flor, da mulher com quem teve um relacionamento intenso na juventude e até depois de ter se casado. Foram dez anos, ele e a mulher que precisou apelidar para que ninguém soubesse desse envolvimento. Quando ele a conheceu, tinha quase vinte anos de idade, o auge da juventude e beleza, em um dia em que pintava um quadro com uma figura de um Beija-Flor, o pássaro mais icônico para ele, o favorito. Daniel acabou dando o quadro para ela e depois desse dia eles voltaram a se encontrar todos os dias naquele mesmo lugar onde ele começara a pintar o quadro do pássaro num dia ensolarado. Se apaixonou por ela, pela pessoa intensa que conheceu, mesmo ele sempre estando de passagem pela cidade dela, e isso não foi barreira para o romance deles. Um dia Daniel conheceu Regina em São Francisco e a paixão por ela foi bem mais que atração física, não era mais uma conquista barata, ele sentiu que ela não era como outra, ele precisava se casar com ela. Daniel deixou a amante aos poucos, perdeu seus sentimentos por ela para ficar com Regina, mas ainda não admitia que estava enganando quem realmente amava, então ele prometeu para si mesmo ficar com Regina e esquecer a Beija-Flor, que com o ódio que sentiu dele por ter sido abandonada se matou. Pelo menos, foi a última coisa que ele soube dela, depois que enviou uma carta pedindo que ela parasse de enviar as dela. Ele guardou a correspondência que o pai da amante mandou para ele anunciando sua morte, ela estava perdida entre suas coisas do atelier e de vez em quando achava ela atrás do forro falso de um dos quadros pendurados lá dentro. Embora Regina tenha se tornado seu verdadeiro amor, ele não se esqueceu da primeira mulher que fez sua cabeça, mas tudo não se passava de uma excitação momentânea, saudades do tipo de sexo que faziam e a luxuria interminável entre os dois.

— Sim, eu posso ter feito algo do qual eu me arrependa um dia e hoje estou recebendo o castigo divino. Vou voltar a me conformar, eu não tenho o direito de reclamar.

— Reclamar é uma atitude natural dos mentirosos, e você não é um mentiroso, não é querido? — perguntou Regina, colocando a questão no ar para criar teorias na mente do marido.

Sua válvula de escape estava ali, ironizando em perguntas. No dia em que estivesse pronta para confrontar Daniel, ela não seria tão piedosa e ele finalmente entenderia aquela conversa que estavam tendo.

. . .

Emma não tinha certeza do que acontecera com Regina na sala. Lembrar de como havia se arrepiado ao sentir a proximidade da mulher se tornou um ciclo vicioso até pegar no sono quando ela foi embora. Na verdade, sabia que Regina tinha bebido além da conta e que parte disso era sua culpa por ter oferecido vinho e que provavelmente agora, Regina não se lembraria dos segundos que esteve tão perto dos lábios de Emma. Estava morrendo de uma vontade por dentro, um desejo antes inconsciente que decidiu se revelar, aquela sensação que fez a intimidade latejar e os seios enrijecerem, atração pela sra. Mills. Bem, agora devia chama-la somente de Regina, era uma ordem da escritora, e ficou feliz por isso, mas esse era um mero detalhe dentro de toda a situação, um detalhe que apimentou o pensamento da jovem quando acordou e ficou refletindo sobre Regina. De repente, tudo ganhava forma, de novo ela sentiu o hálito de vinho da mulher rente a sua boca, o perfume importado se misturar a ele e a sensação de embriaguez momentânea que a fez fechar os olhos e ansiar um beijo. Mas Regina era uma mulher, ela não podia estar interessada em uma mulher, até porque a sra. Mills era mais velha uma boa quantidade de anos da moça e para piorar tudo ainda era casada, com um marido que a traiu, mas ainda assim era.

Na verdade, todos os detalhes que descobriu sobre a vida da escritora só fizeram com que Emma sentisse aquele beliscão mais forte entre as coxas e começou a ver uma história semelhante ao que a própria vizinha escrevera e mostrara a ela.

Emma estava olhando para seu corpo, deitada na cama quando começou a descer as alças da camisola. Os dedos, antes tímidos, foram ousados o suficiente para circularem no bico do seio direito e tudo o que ela conseguia enxergar era Regina e sua boca carnuda. Ela podia estar ali sobre o corpo de Emma, beijando os seios dela, rodeando os mamilos com a língua e os lábios, então desceria aos poucos, chegando entre as coxas da moça e as abrindo a fim de encontrar um tesouro. A moça não precisava fechar os olhos para ver isso acontecendo, tão doce e real ilusão. Ela segurou na armação da cama e a mão direita escorregou até as coxas. Os dedos invadiram a calcinha e Emma mordeu o lábio inferior com força. Era a primeira vez que se tocava. Ia descobrindo seus pontos fracos desse jeito, e conforme os dedos ficavam molhados com a viscosidade que ela sabia que era sua, precisava ir mais rápido. Emma podia ver Regina dentro dela com um par de dedos e a língua trabalhando juntas. A cama rangia conforme a moça se contorcia, força inconsciente. Nos segundos seguintes, Emma fechou os olhos e só os abriu de novo quando gritou porque o fogo entre suas coxas a fez tremer e perder o controle. Ela cansou, perdeu o fôlego, mas não foi Regina que fez ela gozar a não ser uma lembrança muito bem guardada.

A moça olhou os próprios dedos completamente úmidos. Então era daquele jeito que ficava depois, pensava ela. Se lembrou que Regina descrevera algumas vezes aquele momento nas folhas de Intimamente, o ato sexual entre duas mulheres, só restava saber se na realidade seria tão bom quanto imaginar Regina.

Emma se levantou, lavou as mãos e desceu, vestida para tomar o café e ir trabalhar. Levou o livro que Regina lhe deu de presente consigo e saiu em seguida, ia ler aquilo o mais rápido possível, entre um intervalo e outro na arrumação dos quartos do hotel, para achar alguma cena que pudesse suprir seu desejo intenso pela escritora, porque não podia dar outro nome que não fosse desejo o que estava brotando nela.

 Parou na frente da mansão dos Colter quando descia a rua para ir ao trabalho, mas ficou ali só por um minuto, sabendo que a escritora não estava tendo um começo de dia fácil.



Quatro dias mais tarde, Emma encontrou um momento entre a hora do almoço e do descanso no meio da tarde para ler o final do livro que ganhou de presente da sra. Mills, Redenção. Tinha o devorado em pouco mais que três dias e sequer parava para comer direito enquanto tinha o exemplar nas mãos. Mas o que fazia ela se envolver com o conto escrito por Regina não era a boa escrita, nem o fato de se parecer um pouco com as folhas que tinha de Intimamente, mas sim a personagem principal e toda a luta dela por uma redenção da vida que levava antes de se descobrir traída. História parecida demais com a que a mulher contou para ela na noite do seu aniversário, como se estivesse narrando um resumo daquele livro. Emma terminou o livro e lamentou a morte da personagem principal. Seria esse o fim que a autora queria para ela mesma? Ou essa era a forma que encontrara de finalizar uma crítica a si mesma, matando alguém muito importante no livro para se satisfazer internamente por ser tão infeliz quanto a mulher da história. Na época em que Regina escreveu Redenção, ela não fazia ideia de que mudaria de cidade, estado e que havia sido traída como a protagonista, pode ser que a escritora tenha feito uma premonição muito forte do que aconteceria com ela nos anos seguintes, e isso mexia muito com Emma.

Precisava se encontrar com Regina, ter uma conversa séria com ela sobre o que ela escreveu e dizer algumas coisas que talvez não agradassem a mulher mais velha, porém, a moça tinha um plano para abrir os olhos da escritora. Foi voltar para o hotel, na verdade ia embora para casa depois que organizasse o escritório de Archie, então não teria mais nada para fazer depois.

E como se soubesse disso, Regina estacionou em uma vaga dois metros à frente do Hotel, esperando que Emma aparecesse e lá estava a moça, voltando com o livro que deu de presente em baixo do braço. Regina Mills saiu do carro e seguiu a moça depois que a mesma passara sem perceber pelo veículo. Os saltos de seus sapatos faziam um barulho oco na calçada, seguindo os passos inseguros da moça. De repente, Emma parou, prestando a atenção em como o som das pegadas do par de saltos se aproximava, pensou que talvez pudesse ser quem esperava até que Regina falou:

— Estou vendo que alguém gostou do meu presente.

A moça se virou imediatamente para ela e sorriu como se o mundo estivesse bem em sua frente, lindo, trajando as roupas escuras de sempre e hoje ainda mais belo em forma de mulher.

— Não só gostei como já terminei e exijo que você me presenteie com todos os seus livros. Ora, sendo sincera eu prefiro que termine Intimamente e me mostre como ficou. Mas ainda quero conversar com você sobre esse livro aqui. — falou ela.

— Bem, se você quiser que eu espere, depois do seu trabalho podemos conversar em algum outro lugar. — Regina cruzou os braços, numa pose altiva.

Emma não pôde deixar de gostar da sugestão e nem perderia a oportunidade. Fez que sim sem deixar de observar a mulher que hoje tinha uma aparência infinitas vezes melhor do que no dia do seu aniversário.

— Não é preciso esperar, eu não preciso voltar para o Hotel, me entendo com o Archie amanhã. — A jovem riu travessa e deu dois passos até Regina. — Conheço um lugar muito discreto, fica na rua principal, em um dos becos, só quem é da cidade conhece. É um bistrô.

— Ótimo, podemos tomar um café. — concordou Regina.

Elas foram para o bistrô da rua principal, uma porta indicada por uma placa em um beco sem saída entre a sorveteria e uma loja de sapatos. Ninguém tinha visto elas entrarem. Emma escolheu uma mesa no canto, bem ao fundo. Regina puxou um lugar para Emma se sentar e ali elas trocaram um rápido olhar. A mulher se sentou na frente da moça enquanto ela sorria sem qualquer esforço, e ela sentia que já tinha visto um sorriso como aquele em algum lugar que não se lembrava no momento. Pediram os cafés e ficaram se encarando até Emma ter coragem suficiente para pôr o livro sobre a mesa e indagar Regina.

— Você tem noção do que escreveu nesse livro, Regina? — Dessa vez, Emma se lembrou bem de chama-la pelo nome.

A mulher ficou quieta por um tempo, as bochechas coraram de um jeito incomum, não era muito disso, mas talvez estando com Emma ela não se privou de reagir.

— Você não gostou?

— Não é isso. — Emma abriu em uma página marcada no topo com uma dobra. Apontou para o segundo parágrafo e narrou: — “Ontem descobri que fui traída pelo homem que amei a vida toda. Não devia me sentir a pessoa mais infeliz que existe, porém essa é a única palavra que consigo definir em mente. Eu estou jogada às traças, perdida em uma rua escura que meus devaneios se tornaram, não sei como sair.” — Emma parou e fitou Regina. — Está vendo isso? Quer que eu continue a ler?

Em um minuto Regina estava mais vermelha que um tomate, mas ainda não percebera onde Emma queria chegar confrontando o livro e ela.

— Ora, é uma leitura mais pesada, sem romances, talvez você não tenha se adaptado ainda. Eu devo ter escolhido o livro errado para você...

— Não! — Emma falou alto e de repente quem estava no bistrô tinha parado para olhar a mesa onde estavam sentadas. Ela deu uma olhada nisso e voltou a atenção a Regina com mais calma. — Não estou reclamando da leitura, eu entendi perfeitamente tudo o que aconteceu nesse livro. Há muito mais do que essa frase que narrei para você agora. Você não percebe que se trata de você em todos os parágrafos? Tudo, absolutamente tudo o que disse nesse livro não se trata da protagonista, se trata da Regina. Agora eu preciso entender uma coisa. Desde quando está fazendo previsões sobre o que vai acontecer com a sua vida? Eu acho que esse não é o único livro que está escrevendo sobre esse assunto.

Regina engoliu em seco, mas manteve a pose de alguém muito séria. Então era aquilo, Emma achava que ela estava escrevendo sobre si mesma e suas tragédias pessoais, coisas que acabaram se concretizando depois de alguns anos. Estava assustada com a inquisição da jovem, aquele olhar rebelde, e a voz extremamente decidida, disposta a ouvir sua resposta.

— Eu não poderia prever o que aconteceria comigo, muito menos que seria algo tão parecido com o começo desse livro. — respondeu Regina, se recolhendo dentro das roupas escuras.

Emma fechou o livro, os olhos acompanhavam a escritora se mexendo inquieta na cadeira.

— Aquela noite na minha casa foi diferente de tudo o que eu senti até hoje na minha vida. — ela disse, não conseguindo conter o sentimento, mas deixou as coisas entre aspas, pequenas metáforas para testar Regina e a imaginação fértil. — Quando li o livro, pensei que estava vendo você e não essa mulher da qual você fala aqui. Entende como é muita coincidência seu livro e você? O que vem acontecendo? A única diferença, é que seu marido está doente e o marido da mulher aqui de dentro não. Um detalhe muito pequeno perto do que você escreveu.

— Eu devo ter criado meu futuro ao escrever esse livro. Não é isso que dizem? Que nós criamos aquilo que damos mais atenção? — Os olhos de Regina estavam bem abertos para Emma.

— É, eu vi uma vez em um programa de televisão sobre física quântica que dizia exatamente isso. Só falta você procurar a sua redenção, não acha? Eu acho que você tem escrito sobre mulheres que querem ser livres desde quando se casou ou não é verdade que seus livros anteriores não eram sobre esse assunto?

— Sim, grande parte deles fala sobre mulheres que precisam mudar de vida. — Ela disse com algum desconforto, Emma percebeu.

— Isso está no seu inconsciente, por isso queria ler todos e eu entraria de vez na sua cabeça, poderia compreender você e te ajudar.

Regina franziu a testa para ela.

— Por que quer me ajudar?

— Você me ajudou me fazendo me sentir importante, por que eu não posso retribuir? — A moça piscou num gesto espontâneo.

Regina estava sem reação para a jovem, sem saber como responde-la dali em diante. Era uma surpresa atrás da outra com Emma. Tinha uma amiga agora, isso era inegável. Emma não era apenas uma fonte de inspiração, era uma amizade que ela procurava há anos em alguém que procurasse compreende-la sem exigir qualquer coisa em troca.

O café delas chegou e ficaram quietas bebendo. Não tinha uma janela para a rua para Regina escapar com seus olhos dos de Emma, isso se tornou impossível no bistrô, mas ao mesmo tempo ela não queria escapar da moça. Emma era extremamente encantadora para ela. Nunca viu uma pessoa tão bonita, cheia de audácia e contraditoriamente tímida de vez em quando, como podia existir alguém assim? Então, Regina estava começando a acreditar que fora agraciada com a presença da moça, que merecia e que não foi atoa escrever palavras para ela em uma folha que se perdeu para ser encontrada justamente pela jovem.

— Quer saber de uma coisa? Você foi a primeira pessoa a saber o que realmente se passou na minha vida com Daniel e que não o amo.

— Obrigada por ter confiado em mim. — Emma terminou o café. — Se quer que eu te ajude, não pode me esconder nada.

—  Acho que não vou querer esconder mais nada de você. — Regina deixou o mínimo que sobrara de seu café no fim da xícara e se levantou. — O café sempre será por minha conta.

— Mas isso não é justo, fui eu quem deu a sugestão de vir aqui, é o único lugar onde não iriam nos incomodar. — Emma também ficou de pé.

— É a minha forma de agradecer a sua companhia. — Regina se permitiu sorrir, foi algo pouco, mas suficiente para ganhar Emma. Ela se virou, foi até o balcão e pagou a conta das duas, então, pronta para sair, deu mais uma olhada em Emma por cima do ombro. — Te vejo aqui amanhã, nesse mesmo horário. — disse, finalmente dando as costas e saindo do bistrô, fazendo barulho quando o sino da porta tocou ao abri-la.

Emma sentiu a esperança desabrochando dentro do peito, uma emoção desenfreada, estava tremendo. Começou a contar os minutos para ver Regina no dia seguinte.


Notas Finais


Okay, esse foi um capítulo intenso como o anterior, então vamos pensar no lado positivo das coisas. Regina não vai confrontar Daniel, mas sua frustração vai ser esquecida por algum tempo, e a responsável sobre isso será Emma. Ingrid não vai aparecer por enquanto, ela pôde ter se sentido assustada com a reação da filha ao saber da volta dela, então o demônio não deve perturbar por enquanto.

Obrigada pelo retorno do último capítulo, confiem em mim, as coisas estão para acontecer. Espero vocês de novo.

Nos vemos no próximo capítulo, um grande beijo e fiquem bem.


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