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História Intimamente Emma - Depois da tempestade


Escrita por: WoundedBeast

Notas do Autor


Olá, leitoras e leitores.

Sobre o capítulo dessa semana, eu prefiro não dizer nada, quero que vocês tenham a experiência.

Façam uma boa leitura.

Capítulo 13 - Depois da tempestade



Regina havia levado dias para conseguir um sono profundo à noite. Ela não costumava sonhar, mas certas recordações às vezes retornavam em forma de sonho, como um recurso da mente para que não se esquecesse dos fatos, em meio a um momento em especial.

De repente, estava de volta ao ano anterior, quando decidiu com Daniel partir de Nova York para Mary Way Village atrás da cura definitiva para a doença dele. Não havia gostado da ideia, porém não podia criticar. Foi ela mesma quem dera o veredito em ir para a cidade litorânea no Maine, querendo que esse fosse o último sacrifício de sua vida por Daniel. Era o fim dele, estava acabando uma tormenta de anos. Tinha começado a escrever “Intimamente” uma história que surgia insistentemente em sua cabeça e que só começou a ser escrita porque Regina não tinha com quem desabafar. Duas mulheres sozinhas e uma paixão avassaladora faziam parte do enredo. A vida de Regina conspirava por trás da inspiração que lhe vinha depois antes da meia-noite.

. . .

Acordou com o impacto que a mão de Daniel fez sobre sua barriga quando ele se virou na cama para tentar abraça-la ainda dormindo.

Amanheceu. Ia fazer sol o dia todo ao que parecia, ela conhecia o truque da neblina baixa sobre a janela. O dia começava frio, mas quanto mais orvalho, mais quente ficava. Ela pensou que esse era um bom motivo para se encontrar com Emma no mirante logo mais. Tinha um motivo para se levantar e esperar o fim da tarde.

Abriu a porta para Belle e pediu que a moça lhe preparasse um café da manhã reforçado. Enquanto isso, esperou Daniel acordar, sentada na poltrona de cetim no canto do quarto deles. Não deixou que o ódio a dominasse dessa vez, não o julgou, nem pensou em maltratá-lo para descontar sua frustração com aquele homem. Restou um suspiro longo, uma pena por ele estar tão frágil, tendo que lutar dia após dia por uma recuperação milagrosa. Ela foi humilde o suficiente para ajudá-lo a se levantar quando ele despertou e a viu o olhando.

— Você fica tão bonita quando a luz bate no seu rosto desse jeito. — disse ele completamente rouco de sono, mas Regina desconfiou que ele estivesse fraco.

Ela o colocou sentado e ajeitou o corte masculino em seus cabelos.

— Você é suspeito para me dar qualquer elogio. — disse ela, sem compromisso.

— Sempre fui, mas qualquer pessoa perceberia a mesma coisa.

Regina assentiu para ele.

— Não qualquer pessoa, apenas as que merecem. — ela o colocou de pé e o levou até o banheiro, o resto ele mesmo faria sozinho.

Antes de entrar, ele se apoiou na porta com uma das mãos sustentando o corpo e a fitou.

— Ultimamente você anda cheia de metáforas. Não acha que está trabalhando muito nos seus livros?

— Se é trabalho eu não sei, eu só sei que estou gostando. — Regina deu as costas para ele e fechou a porta do quarto quando saiu. Havia outra metáfora na resposta dela, mas essa, Daniel não foi capaz de entender.


Emma se sentia em apuros ao colocar os pés no mirante. Era mais um encontro marcado com Regina, mais uma chance para se conhecerem e mais uma vez em que morreria de amores pela escritora. Sentia como se estivessem indo longe demais, aprofundando uma relação que só existia para ela. Estava apaixonada por Regina de um jeito arrebatador e tinha escolhido se guardar porque ela não veria aquela paixão com os mesmos olhos. Se ao menos pudesse voltar no tempo e nunca ter achado a folha perdida com coisas escritas sobre si nela, seu coração jamais teria caído na armadilha em que se encontrava agora, ainda mais depois de ler tantas coisas escritas por Regina. Emma tinha certeza de que ela não era feliz em sua vida particular e escrever se tornara um refúgio, assim como o jeito que a mente da mulher criou para fugir da realidade. Como Regina reagiria se vivesse uma de suas histórias pra valer? Emma também queria a resposta ou além disso, queria ser uma das personagens.

Andou até as pedras de onde conseguia ver toda a cidade, apertava os dedos no apoio e suspirava, ouvindo o som do vento soprando baixinho no ouvido dela e o tic-tac do relógio que andava no pulso por baixo da roupa. Ela ouviu quando Regina chegou, contou os passos da mulher subindo os degraus que antecediam o mirante, a aproximação. Tinha estudado bem quanto tempo normalmente levava para Regina se aproximar. Onze segundos. Então o som de seus passos cessou.

— Posso oferecer uma boa quantia de dinheiro para saber o que está se passando na sua cabeça enquanto olha a cidade daqui de cima.

A jovem custou para se virar e quando fez isso se imaginou correndo para os braços de Regina, apertando o corpo dela com todas as forças desse mundo, como se pedisse para ela jamais ir embora dali. Na realidade, isso não aconteceu.

— Será que você não seria capaz de adivinhar o que eu estava pensando? É mais simples do que imagina.

Regina deu uma olhada na moça e abriu um sorriso saudável.

— Tenho medo de errar na adivinhação, talvez você esteja pensando em outra coisa.

— Tente.

— Está bem. Vejamos... Intimamente.

Emma fez um bico e meneou a cabeça.

— Algo próximo a isso. Se bem que Intimamente e você são a mesma coisa.

— Não entendi.

Emma chegou mais perto, cruzou os braços e encarou a mulher de igual para igual.

— Você e a sua história são a mesma coisa. Nós conversamos sobre isso. Tudo o que está escrevendo desde que está casada são coisas que você previu. Eu me dei conta de uma coisa que não sei se posso falar para você ainda, acho que devo ser cautelosa se bem conheço o seu jeito.

Regina não compreendia.

— O que descobriu?

— Ainda é cedo nessa conversa para falarmos disso. — A jovem assumiu uma expressão séria, a propósito estava muito séria hoje, de um jeito que Regina não esperava encontrar.

Ficaram olhando uma para a outra por um momento. A tensão se foi quando Regina segurou a mão de esquerda de Emma e comprovou o que estava acontecendo com a moça.

— Está nervosa, Emma. O que aconteceu?

Emma recolheu a mão bruscamente e partilhou um olhar severo com a mulher. Estava fazendo de tudo para que tivessem uma discussão e de repente começasse a odiar Regina. Não era uma forma inteligente de se resolver com os sentimentos.

— Muita coisa aconteceu. — dizia ela, decidindo se afastar um pouco.

— Pode me dizer o quê? Há uma possibilidade de eu te ajudar? — perguntou Regina, delicada.

— Não! — Emma parou de andar. — Não tem. — O nó na garganta dela estava começando a incomodar, ela se virou e olhou para o alto como se isso fosse ajudar a secar suas lágrimas intrusas. — Por que estamos fazendo isso, por que, hein? Me diz.

— Do que está falando?

— Desses encontros entre você e eu. O que você quer de mim? — Emma não aguentou.

— Achei que... Fôssemos amigas, não somos? É por isso que estamos nos encontrando. — as ideias de Regina ficaram embaraçadas.

— Somos amigas, mas... — Emma estava prestes a dizer coisas que não queria para Regina, porém se olhasse para a mulher tinha certeza de que acabaria confessando seus sentimentos. Ela tremia ainda, indecisa. — Estou vendo coisas demais nesse relacionamento. Você nunca vai entender ou pior, você vai dizer que sou uma maluca e que não posso pensar em uma coisa dessas.

— Minha nossa, Emma, você está me assustando. O que é tão grave que eu não posso saber? — Regina sentiu medo do que Emma falava, temia que a moça tivesse descoberto mais alguma informação obscura em suas histórias fictícias.

A moça tomou uma decisão precipitada. Se virou para Regina e esbravejou.

— Você não percebe que está criando a sua própria história? Você quer viver tudo o que escreve, você quer ser suas personagens e nesse momento você está inserindo outras pessoas no seu livro. Eu nada mais sou do que uma parte dele, você não consegue enxergar que é Suzana e eu Catherine?

A pergunta veio como uma bala de revolver no peito da escritora. Regina quase perdeu as estruturas, aquela era uma acusação grave.

— Como é que...? — Regina sequer sabia o que perguntar para a moça nesse momento.

Emma, vendo sua reação, teve certeza de que fez a escolha errada. Se culpou por ser tão impulsiva e precisar contar o que sabia sobre Regina. A sra. Mills olhava incrédula para ela, bastante assustada e certamente tentando processar a informação que Emma trouxe à tona. A jovem não ia suportar esperar que Regina lhe dissesse que era louca, porque tinha certeza de que ela diria isso, então, ainda mais impulsiva ela correu dali, descendo o caminho do mirante aos prantos.

Correu muito, desceu toda a escadaria com pressa esquecendo-se que deixara sua bolsa no alto do mirante.

Regina pegou as coisas que Emma deixou sobre o banco e se sentou, apertando a bolsa da moça, levando ao nariz para sentir o perfume que ficava nas alças. Sofreu como uma condenada, percebendo que ela a amava e isso tinha acontecido da maneira mais espontânea possível, mas era um fardo para a moça. De alguma maneira, se sentia estranha por Emma, mas ainda não tinha certeza se tudo não passava de curiosidade. Ela Acreditou que Emma estivesse presa na história, na fantasia que estava longe da realidade, porém em “Intimamente”, de fato Catherine se parecia com Emma e Suzana era uma mulher idêntica a Regina.

“Talvez Emma esteja certa.” Pensou Regina, voltando a sofrer.



Debruçada sobre a bancada do bistrô vazio, Emma vivia um debate em mente sobre sua atitude no último encontro com Regina na semana anterior. Uma música tocava repetidamente na rádio e tudo o que Emma conseguia sentir era tristeza. Era óbvio que Regina estava a odiando e jamais iriam se encontrar novamente, mas o ciclo vicioso em que sua mente se encontrava, não permitia que ela esquecesse do rosto de Regina quando lhe disse a verdade.

— Algum problema, moça? — perguntou o garçom.

— Não, por quê? — ela respondeu com a voz embargada, erguendo os olhos para ele e mostrando seus olhos vermelhos. Estava pálida como papel por não comer direito há alguns dias. Não tinha apetite, nem razão para ter.

— Porque está chorando. — o homem parecia preocupado.

Ela não respondeu. Estava sentada ali há horas e não tinha rumo. Se levantou da banqueta muito devagar pondo os pés no chão, um de cada vez.

— Vai sair nessa chuva? — perguntou o garçom que segurava um pano para limpar a bancada, ele a olhava com incerteza.

Emma deu-lhe um sorriso fraco, nada convincente.

— Eu adoro a chuva... — disse ela, vislumbrando a porta do bistrô.

Uma frente fria havia estacionado na cidade há cinco dias e o centro da cidade parecia um caos debaixo d’água. As lojas fechavam mais cedo, as pessoas corriam para casa e quase sempre algum acidente acontecia na rua principal quando chovia. Ela iria andando para casa sem pensar na consequência que isso traria. Andou até a porta sem hesitar em sair, mas uma pessoa abriu a porta antes dela, fazendo o sino tocar e ela erguer os olhos para ver quem estava entrando. Emma viu a sombra de uma mulher, não podia ser quem estava pensando. Os olhares se encontraram e nesse instante, a moça não acreditou.

— O que está fazendo aqui? — perguntou Emma, sem crer na visão que estava tendo, uma visão muito perfeita por sinal. Sentiu o rosto ferver e corar abruptamente.

— Procurei por você em todos os cantos dessa cidade. Graças a Deus está bem. — Regina disse com alívio, tocando nos ombros da jovem. Viu no rosto de Emma a expressão triste, o rosto carregado, olhos inchados, olheiras pesadas e o nariz vermelho contrastando com a pele muito clara. — Por que não me atendeu quando fui até sua casa? Todos esses dias por onde andou? Fala comigo, por favor, Emma. — estava esperando ansiosa pela resposta.

— Eu... Andei por aí... Não podia te encontrar de novo. — a garganta de Emma voltou a apertar.

Longe dali uma trovoada roncou e o som interrompeu o silêncio que começava entre elas. Ao fundo, o garçom não entendia o que estava se passando entre as duas mulheres paradas frente à porta. A chuva chegou naquele segundo ainda mais violenta. Foi quando Emma decidiu fugir de novo, encarando a chuva furiosa que caía sem dó sobre seu corpo depois que avançou sobre a porta do bistrô e se foi. Ela correu a viela, a calçada, olhando para trás vez ou outra no medo de ver Regina correndo atrás dela. Estava gelado, os lábios tremiam e a roupa começava a colar no corpo.

— Emma! — ouviu o grito de Regina, que tentou alcançá-la, mas estava quase impossível. Andou mais um pouco, completamente encharcada vendo os carros passando ao seu lado na rua, espalhando mais água pelo asfalto e a chuva só parecia piorar.

Regina encontrou Emma a frente, encolhida, batendo o queixo de frio e fraqueza.

A moça olhou para ela, mas estava perdendo a consciência. Regina a segurou firme e chamou seu nome algumas vezes, sem resposta. Emma desmaiou diante dela. Tudo ficou negro e a última visão que a moça teve foi o rosto molhado da escritora pingando na tempestade, dizendo seu nome sem som.

. . .

Emma voltou a si quando ouviu passos rangerem no chão emadeirado de seu quarto. Era tarde, anoiteceu enquanto dormia e o sono havia se estendido tanto que até a chuva havia ido embora. A sacada estava aberta e ela conseguia enxergar o céu cheio de nuvens que não conseguiu distinguir se estavam carregadas de mais tempestade àquela altura. Mas seus olhos procuraram a dona dos passos que ouvira antes e ela logo surgiu, com uma de suas xícaras na mão.

— Como está se sentindo? — foi se sentando ao lado da jovem na cama, entregando a xícara em seus dedos. Emma tinha se sentado, coçado os olhos e visto Regina. Se acomodou sobre a almofada de forma que as costas ficassem confortáveis. Estava descansada e mais calma ao fitar a mulher. Tomou o líquido doce e quente vagarosamente enquanto notava a roupa dela, ligeiramente molhada de chuva. Tudo aquilo tinha acontecido e não era um sonho como estava imaginando. — Vai se sentir melhor depois de tomar isto.

— Desculpa por ter fugido. — disse baixo, com a voz velada. Ela encostou a cabeça no apoio da cama.

— Por que fugiu?

— Se lembra do que houve há uma semana? — Emma desabafou. — Deve estar pensando que eu sou uma louca.

As palavras pesaram nos ouvidos de Regina, não soube o que dizer para Emma. Baixou o olhar e o rosto.

— Eu sinto muito ter agido daquela forma. Não pude controlar. — houve um breve suspiro da parte de Emma. — Todos esses dias eu me odiei e não tive coragem de te encontrar de novo.

— Eu não entendo por que você está se odiando tanto por ter me dito a verdade. — Regina voltou a olhá-la. — Eu procurei por você para te devolver a mochila, mas também procurei no dia seguinte para dizer que eu havia refletido durante toda a noite que se estendeu sobre Intimamente. — Ela fez uma pausa estratégica e pensou antes de voltar a falar. — Uma vez um escritor amigo meu que mora na Florida me disse que nunca saíamos de um livro sem que parte de nós esteja nele. Definitivamente eu tenho escrito sobre mim esses anos todos. Lembrei dessa frase do meu amigo, das coisas que você me falava no bistrô e do que eu venho escrevendo pra você, porque é exatamente isso que tem ocorrido, estou escrevendo sobre mim para você.

Emma a olhava com espanto, porém tinha sido tomada por um imenso alívio quando Regina revelou o que fazia.

— Quando cheguei aqui nessa cidade, eu ainda não sabia ao certo porque estava escrevendo a história dessas duas mulheres. Houve um momento em que me perdi no começo, logo quando me mudei e vi você no Hotel Hooper. De repente eu estava de frente para Catherine e não me dei conta. Por isso esse tempo todo quando nos encontrávamos, minha inspiração parecia surgir feito mágica. Você encontrou a folha que deixei no hotel pra você. Foi proposital. — a jovem a mirava sem piscar. — Se prestar a atenção nos momentos entre Suzana e Catherine, vai perceber que as descrições entre elas não foge muito do que coloquei sobre você no papel.

Ficaram em silêncio. Regina se levantou e andou pelo quarto, se aproximando da sacada. Emma observou tudo, inclusive suas roupas colocadas sobre a cadeira da penteadeira. Notou que estava vestida com uma toalha por baixo do cobertor.

Não se lembrava de nada que ocorreu depois que desmaiou, então teve que perguntar para a mulher.

— O que houve depois que me encontrou no bistrô?

— Você desmaiou e te trouxe para cá. — Regina respondeu de onde estava.

— Então foi você que tirou a minha roupa e me secou?

— Sim, fui eu. Eu não saí daqui até ir fazer esse chá e trazer o pedaço de bolo que está ao seu lado. Coma. Você não faz isso há alguns dias, por isso desmaiou.

Emma se sentiu envergonhada outra vez, mas olhou para o pires com o pedaço de bolo na cômoda ao lado e ouviu seu estômago roncar de súbito. Comeu rapidamente, olhando Regina de costas para ela na sacada, então entendeu porque Regina não tinha se molhado tanto quanto ela no temporal. O sobretudo não estava no corpo dela.

Emma terminou o bolo e o chá, gostando de saber que Regina tinha buscado coisas em sua cozinha para alimentá-la.

— Obrigada. — disse a moça. — Não sei como vou agradecer por ter me tirado da chuva.

— Não fiz mais do que o devido. Jamais deixaria você sozinha naquela situação.

— Sei que agi tola com você, fugi do mirante como uma garota assustada, com medo de levar uma bronca de alguém mais velho. Nem parece que tenho dezoito anos.

— Eu diria isso se tivéssemos nos encontrado no dia seguinte.

Emma se levantou seguiu até o armário e tirou uma roupa de dentro dele, a primeira que viu, era uma camisola antiga que de tão surrada parecia que iria se desmanchar quando ela a colocou sobre o corpo. A toalha caiu no chão e Regina a observou se trocar por cima do ombro. Tinha visto o corpo dela antes, um bonito conjunto de curvas e as montanhas dos seios e nádegas. A junção perfeita entre suas descrições que escrevia nas histórias e a realidade.

A moça fechou a porta do armário e andou até a escritora. Observou a lua aparecendo tímida por baixo das nuvens turvas. Parou ao lado dela.

— Posso perguntar uma coisa?

— Deve.

Emma segurou os próprios braços quando sentiu a brisa fria da sacada.

— Você já esteve com uma mulher? Sabe, em um relacionamento, uma transa, o que quiser chamar.

Regina demorou pelo menos um minuto para responder.

— Nunca. — foi assim, direta, objetiva.

— Então como consegue descrever tão bem cenas de amor entre duas mulheres? Só alguém que viveu ou viu algo parecido saberia explicar. — permanecia ao lado da mulher.

Houve mais um minuto de silêncio e Regina saiu de perto da moça, voltando para o quarto. Emma a seguiu.

— Eu nunca estive com uma mulher em um relacionamento amoroso, pelo menos não fisicamente, porém, mentalmente. A imaginação tem um poder imenso. É com ela que crio o que você leu, inclusive as cenas de amor. Se quer saber, ainda acho que minha imaginação me dá mais prazer do que Daniel me deu a vida inteira. — isso soou forte. Regina foi atrás de um espelho, encontrou o da cabeceira e ajeitou os cabelos bagunçados depois de secarem da chuva. — Você devia se deitar, ainda parece fraca. Eu posso fazer mais alguma coisa para comer, o que acha?

Ela se virou depois de falar e encontrou Emma ao seu lado, com o olhar esverdeado brilhando. Observou o rosto da moça. Sem maldade, pegou o primeiro lenço de papel que viu sobre a cômoda e limpou um resquício de bolo do canto da boca de Emma.

— Não se mexa, há um farelo... — estava limpando cautelosamente o canto da boca da jovem quando teve o movimento do pulso interrompido ao ser segurada. Emma estava centímetros dela, rosto com rosto, olho no olho.

— Eu quero ser a primeira. — sussurrou Emma. — Eu preciso de você comigo. — a voz saiu quase falha quando Emma encostou seu rosto na bochecha de Regina e roçou para sentir a maciez da pele da sra. Mills. — Suas palavras... seu nome... seu cheiro... Você... Preciso... — Tomou fôlego. Os olhos estavam cerrados. — Quero ser sua primeira mulher de verdade... — Despejou as palavras com coragem brotando de dentro de si.

Regina sentiu o coração se doer por dentro, a respiração se tornou difícil. Começou a perder o controle das mãos, estava tremendo. Parecia Emma no mirante na semana anterior.

A moça perdeu o medo e a vergonha sumiu. Suas duas mãos subiram o corpo de Regina com vagarosa propriedade, se emaranhando na nuca dela. Virou o rosto na direção dos lábios dela, se chocando contra eles e tomando-os para si, ousada. A mulher respondeu ao carinho lentamente, fechando os olhos e envolvendo seus braços no corpo de Emma. As línguas roçaram finalmente trocando carícias, intensificando o beijo. As mãos de Emma desceram pelos braços da mulher e Regina a apertou contra si, sentindo perfeitamente como era desejar uma mulher e seu corpo. Os pequenos bicos dos seios de Emma sobre a camisola colidiram com a blusa de cetim da escritora, parecia o inevitável. Um delírio maravilhoso para ambas se entregando na mais bonita prova de amor entre elas.

E isso só findou-se quando Emma puxou o lábio inferior de Regina entre os dentes, ameaçando caminhar para trás quando a mulher despertou.

— Não! — se soltou dos braços da jovem. — Não! — quase sem fôlego.

— Regina — disse Emma, tentando se aproximar.

— Não! — Ela olhava a moça, assustada, o que estava fazendo?

Deu passos para trás, limpando a boca com a ponta dos dedos.

— O que houve, Regina? O que está acontecendo? — perguntou Emma, indo na direção dela. — Por favor, não vá. — o pânico começava a tomar conta de sua voz. — Por favor, não faça isso!

Andou de costas se afastando o máximo que podia. Esbarrou na cabeceira, olhando-a tristemente, parecia que havia cometido um pecado.

Se virou e dessa vez quem fugiu foi ela.

Emma correu atrás dela, mas quando chegou no andar de baixo só restava a porta aberta.


Notas Finais


Eu disse que logo chegaríamos nessa parte. O primeiro passo foi dado por Emma, agora veremos como isso se transformará em uma relação mais intensa. Regina fugiu, mas não significa que ela também não queira.

Obrigada todas pelos comentários, vocês todos foram incrivelmente pacientes comigo. Há mais coisa por vir, obrigada antecipadamente. Qualquer coisa, dúvida ou se precisar simplesmente deixar uma palavra, o espaço está sempre aberto.

Um ótimo fim de semana. Fiquem bem.


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