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História Intimamente Emma - Um erro


Escrita por: WoundedBeast

Notas do Autor


Olá, leitoras.

Estamos de volta com Intimamente Emma, e primeiro, antes de tudo eu quero pedir desculpas pela demora com esse capítulo. Vou explicar: estive fora de casa alguns dias, viajando, e metade do que escrevi aqui foi a mão. Quem me acompanha no twitter, inclusive, pôde constatar isso, mas para resumir as coisas esse capítulo só demorou porque seria dividido, mas diante das manifestações de vocês eu vou lançá-lo completo agora. Tudo o que eu planejava para essa etapa da fanfic está concluído, mas continuarei no mesmo ritmo de antes.

Quando terminarem, por gentileza, aguardo uma opinião sincera, pois recentemente soube que algumas leitoras estão achando o conteúdo pesado. Eu não sei se é o tema da fanfic, se o enredo que está ficando cada dia mais denso até para escrever ou a forma como escrevo. Então seria maravilhoso receber as críticas de vocês, sejam elas boas ou ruins.

Sem mais delongas, eu espero que aproveitem o capítulo.

Façam uma boa leitura.

Capítulo 14 - Um erro



A fuga de Regina foi algo inesperado até mesmo para ela. Seu corpo inteiro tremia de uma emoção indescritível que ela jamais saberia colocar em suas palavras complicadas dos livros que escrevia. Ela não conseguia compreender o que acabara de fazer. Havia um grito desejando se expulsar do peito, uma lagrima escorrer, um ódio explodindo internamente. Não era por Emma, era por ela mesma. E se a morte fosse uma sensação como essa, Regina estava morrendo da forma mais bonita, pensando em Emma.

Um beijo aconteceu entre ela e a moça, mas além dele seus desejos ocultos de “Suzana” desabrocharam dentro das falas de Emma. “Quero ser a primeira... quero ser a sua primeira”. Talvez ela estivesse certa, estava escrevendo o próprio futuro. Mas talvez fosse tarde para voltar a casa da esquina e dizer que a entendia. Fugiu com medo de uma coisa que nunca sentiu, nem mesmo com Daniel, fugiu porque não sabia se estava certa em beijar a moça. O que restava era a consciência pesada, pois ainda restava Daniel em sua vida, mas nada com ele fazia o menor sentido, não depois das cartas escondidas e secretas. Regina estava dividida entre a pena e o medo.

Estava na porta, parada já meia hora raciocinando suas questões internas quando ele surgiu, andando sozinho vagarosamente como um fantasma carregando uma bola de ferro nas pernas. Ele estava preocupado, talvez imaginando que a demora dela para voltar naquela noite fosse algo grave, o pior que se passava na cabeça dele. Ela torcia para ele não se aproximar, não questionar, mas ele chegava devagar, cada segundo mais, como a vida dele se acabando com a doença que tinha.

— Meu amor, onde esteve? O que aconteceu?

Regina levou segundos longos até achar a resposta.

— Emma... A moça que mora no fim da rua. Eu a encontrei no centro da cidade e trouxe ela para casa. Eu estava esperando a chuva passar com ela. — disse a verdade. Foi seca, direta, mas disse a verdade.

— Eu fiquei preocupado.

— Eu estou bem, não tem com o que se preocupar. — Regina não alterou seu timbre, era nesse momento uma mulher cautelosa, daquelas que aprendiam a guardar o pior e o maior dos segredos.

Daniel se esforçava para manter o equilíbrio das pernas sem ajuda, e a esposa o olhava com desprezo, apesar de pena. Ele se apoiou a um móvel desses que existem na porta de casa. Olhou Regina e não soube compreender o olhar gélido que recebia dela. Sentiu frio no estômago, sensação ruim. “Não, Regina não está bem”.

— Os empregados já foram, vamos jantar? — Perguntou ele.

— Não tenho fome, Dani. — Regina se desfez do sobretudo negro ainda encharcado da chuva, o largando sobre o cabideiro — Se você não se importa, eu prefiro deitar. —Passou por ele, mas parou, tendo o mínimo de piedade no peito para não deixa-lo a própria sorte ali.

Regina ajudou Daniel a andar. Ela o serviu depois de ouvir que ele a esperou a noite toda para conversarem as mesmas coisas de todos os dias. Quando foram se deitar ela o cobriu e se deitou do lado dele, apagando as luzes dos abajures antes do “Boa noite, querida”, mas além disso, ela quis saber se ainda existia qualquer vestígio de sentimento por ele. Não os sentimentos de alguém com obrigação de ter pena, mas de um ser humano capaz de perdoar. Se tocasse a mão dele e entrelaçassem os dedos, talvez seu coração disparasse e ela saberia se ele era digno de um perdão que ele nunca pediria. Foi o que ela decidiu, tocou na mão dele no silêncio, quando os ouvidos zumbiam, foi uma grande decepção, pois ele apertou os dedos dele nos dela, mas não houve reação. A decepção havia corroído a parte boa de ser esposa de Daniel Colter. Regina fechou os olhos e imaginou a moça ali do seu lado. Emma tinha o calor que procurava, inclusive em um beijo. Imaginar pareceu mais confortável do que a realidade, de tal forma tão grande que a mulher caiu no sono.

. . .

A noite foi um tanto agitada. Regina sonhou com Emma, com o abraço, com o beijo.

— Eu quero ser a primeira — disse a voz da moça ecoando nas cenas misturadas do sonho.

— Você é a primeira — respondeu Regina. — Desde o primeiro olhar você era ela.

O sonho seguiu até esse instante, se desvanecendo da mente, trazendo a escritora de volta. Já era cedo, o dia clareou depressa e a mulher pulou da cama com pressa. Abriu a varanda do quarto e mirou na direção da casa de Emma. A sacada no quarto do segundo andar. Fechada.

A vizinhança em silêncio não era mais tão sombria quando olhava para a casa dela.

Teve a sensação de perda, ilusão. Pensou que fez mal em ter fugido dela, mas não sabia como voltar. Ela achava que Emma não ia perdoar tão fácil seu jeito de ter acabado com o beijo.




Regina acordou na manhã de uma quinta-feira com um grito, a testa empapada de suor e Daniel ao seu lado, com os olhos arregalados de susto. Um mês após o beijo vivido por ela e Emma se passou, mas nada em absoluto mudara desde então. Todas as noites eram exatamente as mesmas de sonhos mal resolvidos e sussurros apaixonados, e a escritora nenhuma notícia teve da vizinha.

Olhar para a sacada da casa no fim da rua virou rotina, mas não havia um sinal da moça, nem a própria Regina tinha coragem para procurá-la onde sabia que poderia encontra-la, mesmo que em alguns momentos ela tenha pensado em ir ao mirante ou no bistrô. Quem havia fugido dessa vez era ela mesma, porém sabia que a moça não teria a mesma coragem para procurá-la. Durou muito mais que uma semana e conforme o tempo passava, parecia doer mais. Não de culpa, mas de falta que Emma fazia.

Diante do susto que o sonho provocou em Regina, ela não suportaria muito mais tempo se alimentando da doce e perturbadora lembrança. Ela decidiu que aquela seria a última noite em que sonharia com Emma. De duas opções ela pensava no mais correto, esquecer a jovem. Por isso mesmo, entrou no escritório atrás do que havia escrito de seu romance mais novo, só que quando teve a chance de deletar toda a história dos arquivos do computador, ela desistiu, se arrependendo de matar tão brevemente um livro quase completo que era Intimamente. Abanou a cabeça e se apoiou sobre as mãos, refletindo. Não era dessa forma que esqueceria a moça ou nem esqueceria como estava achando.

Daniel tinha colocado um disco antigo no som para pintar seus quadros ouvindo músicas. Já era a quinta vez que o CD chegara a versão de Natalie Cole de “Unforgettable” quando Regina saiu do escritório atordoada. Ela olhou na direção da entrada, alcançando com os olhos o porta chaves e encontrando nele o chaveiro do carro pendurado. Tudo o que conseguia sentir era uma imensa falta de alguém inesquecível como a letra da música sugeria para ela em dados segundos. Se encostou na parede, fechou os olhos e deixou a canção entrar na mente, imaginando uma cena de seu livro mais recente. Estava na hora de falar com Emma de qualquer maneira, mesmo que isso se parecesse com uma separação, um fim.

Regina não esperou a música terminar para sair de casa sem avisar, mas ela a conhecia e ouviu tocar na mente todo o caminho que fez de carro até o centro da cidade.

Passava das quatro quando ela chegou ao Hotel Hopper. Sabia que aquele era o único lugar onde Emma poderia estar naquele horário. Não custou muito para ela aparecer, exausta de um dia cheio de serviço nos quartos e ordens de Archie.

Emma surpresa, engasgou quando ergueu os olhos de cima da tela do celular.

— Vo...você?

A mulher assentiu, tirando de cima dos olhos os óculos escuros tão característicos.

— Eu.

Passou-se um longo período de silêncio, um silêncio que ambas viviam em todas as oportunidades, chegava a ser perturbador e angustiante. No entanto, ao contrário da situação embaraçosa, elas teriam muitas coisas a dizer uma para a outra, o medo seria talvez o maior inimigo de ambas e permanecia latente dos dois lados.

— Há dias venho me perguntando se tornaria a te ver. — disse a moça, séria.

— Seria isso bom ou ruim?

— Não sei. — Emma deu de ombros.

Emma se lembrou da última vez em que esteve com Regina. Sabia do dia, do mês, da semana, a mesma em que a mesma vez em que acreditou ter ido longe demais ao demonstrar o sentimento pela escritora. Mas que culpa teria se aquilo era algo puro da parte dela? Era um desejo profundo que a princípio fora correspondido, no entanto, Regina pareceu não se permitir.

Na calçada, elas dividiam espaço com quem passava, mas depois de algum tempo, aquela região de Mary Way Village ficava deserta. Entre ficar se olhando e conversarem logo o que deviam e concordavam, elas sentiam a mesma obrigação.

A postura de Regina fazia a moça sentir o frio correr a espinha. Seus planos de passar na floricultura do tio no fim da tarde já não eram mais os mesmos.

— Temos que ter uma conversa, Emma. — Regina estava com as emoções explodindo por dentro, era difícil se conter.

— Também acho. No bistrô?

— Está bem, no bistrô.

Enquanto entardecia as duas concordaram em ir conversar um pouco longe da calçada do hotel. Chegaram a pedir um café para cada uma, mas nem uma das duas tocou na bebida enquanto não começaram a falar.

— Eu sei o que você quer conversar comigo. — Emma disse finalmente. — Desculpa. Eu comecei isso, eu fui até a sua porta atrás da pessoa que escreveu coisas sobre mim e isso desencadeou em um momento embaraçoso no fim, mas se você quer saber o que eu sinto, não me arrependo de nada do que fiz.

Regina não disse nada. Ficou olhando para a jovem, querendo que ela chegasse no momento certo para lhe dar um fora digno de cena de cinema.

— Além disso, você e eu somos parecidas. Foi impossível eu não me sentir assim. Não me pergunte como, porque eu sei que você conhece a sensação, mesmo que tenha apenas escrito.

A mulher baixou a cabeça, tocou um gole do café e sorriu meio descrente.

— Você passou um bom tempo me avisando sobre meus livros, especialmente Intimamente e o que venho vivendo além dele. Está certo que demorei para me dar conta, mas foi uma pena que tenha acontecido em um momento como aquele, tão particular, tão intenso. — olhou nos olhos dela.

— Tão importante, não é?

Regina revirou os olhos e os fechou.

— Não posso dizer o que me vem a mente às vezes.

— Devia dizer, devia parar de ser medrosa e parar de ter medo de ferir as pessoas com palavras. Você quer saber o que as pessoas pensam de você? Nada, Regina. Ninguém sabe quem é você na verdade. Eu nunca conheci alguém tão introvertida e medrosa.

Como um leão furioso a mulher indagou a moça com o olhar.

— Introvertida eu até posso ser, mas medrosa eu já fui pior.

— Está vendo? Tem até medo de assumir a sua personalidade. Você é medrosa sim. Por que está vivendo com seu marido até agora se não é feliz com ele, hein? Tá na cara, porque tem medo de deixa-lo. Você tem medo de como a sua vida vai se transformar depois dele. Tem medo de ficar sozinha. Tem medo de viver.

A escritora percebia que a jovem não estava para brincar na conversa.

— É, e foi por isso mesmo que eu corri de você. Medo. — Regina disse, levemente decepcionada pela própria atitude. Notava algo estranho dentro de si. Foram poucos segundos dos quais desfrutou em sua memória do beijo caloroso que gerou noites de sonhos agitados, as palavras ditas pela moça que ecoavam nos delírios por longas semanas. Tinha medo de se entregar, mas a vontade era tentadora. Talvez por essa razão, tenha procurado pela jovem. O motivo de tanta angústia estava ali na frente dela. — Você não sabe, mas... Eu venho sonhando com você. — o discurso mudara de repente. Regina disse isso, se agarrando na mão de Emma. O rosto se ergueu sem receio para olhar finalmente nos olhos verdes de Emma.

Emma , sem hesitar, apertou os dedos nos dela ansiando as próximas palavras.

— Isso vem acontecendo comigo todos os dias desde que te conheci. — replicou Emma.

As coisas que diria a Emma escaparam ali. Não se sentia justa em mandar a moça embora de sua vida sem poder aproveitar a sensação que ela lhe proporcionava. Perdia o controle com ela, perdia a razão. Isso estava novamente ocorrendo, mas não teve vontade de se reprimir como da primeira vez.

“Meu Deus, o que estou fazendo?” Pensava, porém, era tarde demais para medir limite.

— Se eu pudesse voltar no tempo, eu lhe diria tantas coisas.

Um sorriso se abriu no rosto da jovem, iluminando seus traços de anjo.

— Há muita coisa a se dizer, Regina.

— Muita? — Regina tentou desviar o olhar. Tremia inquieta na cadeira.

— Inúmeras.

Regina se levantou bruscamente do lugar e deu as costas para Emma. Estava muito afetada, corada e sem ar, contudo tinha uma decisão.

— Me espere na sua casa amanhã às cinco. Deixe a porta encostada, você saberá quando eu chegar. — disse, firme, andando na direção da saída do bistrô.

Emma ficou boquiaberta e confusa, embora não tivesse dúvidas de que ia obedecer as ordens dela.

 

 

 


Um pressentimento surgiu em Emma antes de deixar a casa no começo da manhã do dia seguinte. Deixou a porta sem tranca, partindo com a própria sorte de ninguém além da escritora entrar ali. Foi para o trabalho pensando se era aquilo mesmo que queria, envolver a mulher com seus desejos por ela e seduzi-la até o fim. Seria egoísta para conseguir o amor de Regina se agisse dessa forma, completamente sem alternativas, como se só a mulher fosse sua chance de ser feliz pelo menos uma vez na vida. Era Regina, tinha de ser ela e também seria a primeira mulher da escritora.

Quando foi embora para casa no fim do dia, suas esperanças estava a flor da pele, o pressentimento voltara e Emma morria por dentro enquanto se aproximava da própria casa. Chegou, encontrando a porta da sala encostada como deixou antes. Sem sinais da passagem de Regina por ali, mas entrou em casa como rotineiramente fazia, largando a mochila sobre o sofá. Nisso, pisou no primeiro degrau da escada e o ouviu ranger, mas não foi isso que a fez parar. Um cheiro. Estava sentindo um cheiro familiar, então correu para o andar de cima. A porta de seu quarto estava entreaberta, havia algo de estranho no fim do corredor.

Emma teve medo de não ser Regina, mas o perfume era o dela, com certeza era aquele odor de perfume importado que ela só via nas lojas mais caras e raramente. A moça parou entre a porta e a abertura para o quarto, por alguns segundos sem coragem para avançar. Fechou os olhos e sussurrou consigo mesma que não podia estar enganada. O coração vinha na boca, até doeu um pouco quando finalmente ela entrou no recinto. Emma viu o quarto inteiro tomado por uma névoa imaginária de perfume, com Regina parada de frente para as portas da sacada. Esfregou seus olhos para ter certeza de que não estava tendo uma ilusão, então restava apenas Regina olhando para a janela. Ao avistar a mulher seu peito se apertou por dentro. Uma reação de felicidade era muito mais bem vinda se não fosse o fato de temer uma possível fuga como na primeira vez em que estiveram sozinhas ali. Estava disposta a arriscar tudo para ter no mínimo um pingo de carinho trocado com ela.

Quando viu, Emma já estava perto demais de Regina, atrás dela, sentindo seu perfume, sem condição alguma de se controlar.

— Pensei em ir embora, deixar tudo para trás, fugir, fingir minha morte... No entanto, antes que eu fizesse isso, eu jamais ia me perdoar se não viesse aqui para continuarmos a conversa de ontem. — sussurrou Regina.

Emma a abraçou por trás com desespero, não dava mais para suportar.

— Me perdoa pelas coisas horríveis que te disse ontem. — apertou os olhos, se permitiu chorar.

Regina sentiu a inquietude de Emma e se virou, encarando o rosto corado da moça. Era uma pena que ela estivesse chorando, ela odiava ver alguém chorando. Tocou no rosto de Emma e limpou as lágrimas com o polegar, e, assim, já achava que estava indo longe demais. Desejou experimentar o gosto da boca dela novamente. “Eu não posso fazer isso”. Pensou, logo notando sua cintura ser envolvida pelo apalpar e colar na de Emma de uma vez. Deu por si ofegante, tentada em fitar aqueles lábios. Emma deslizou as palmas das mãos no contorno do corpo de Regina, fazendo a mesma estremecer e suspirar. Ela não podia mais resistir a tentação de ser dominada e foi assim que por fim se entregou num beijo caloroso. O corpo se acomodava ao da jovem e seus braços envolviam o pescoço e as mãos se enfurnaram no cabelo escurecido conforme o beijo recomeçava.

— Eu preciso de você, Regina... Não deixe isso escapar de nós... — dizia Emma, entre as mordidas e puxões que sofria nos lábios.

— Não posso. — Regina desfez o beijo, virou o rosto. — Eu não posso, Emma, isso não é certo. — Prendeu os lábios e cerrou as pálpebras, mas não foi capaz de prender qualquer emoção. — Chega, não podemos fazer isso, não está certo.

Emma segurou o rosto dela e o virou para si.

— Fica calma, Regina, fica calma por favor. Eu não vou fazer nada que você não queira — encostou a testa na dela, estavam respirando o mesmo ar, ofegantes e ansiosas. — , nada que eu não espere. Eu quero ser sua, mas não apenas uma vez, eu quero muitas e sem você não posso fazer isso.

— Me deixa, por favor...

— Não sem que antes me diga se você também quer.

— Emma, eu não sabia o que estava fazendo. — Regina olhou para o alto, os olhos estavam ardendo.

— Sabia sim, você sempre soube o que você queria, só não entendia. Eu vou entender se não quiser tanto quanto eu quero. Vai doer, vai doer muito, mas eu vou entender, só preciso que me diga que não quer agora me olhando nos olhos.

Ambas ficaram em silêncio por algum tempo. A jovem havia notado que a mulher parecia apavorada com aquelas palavras.

— Eu escrevi, não foi? Eu escrevi coisas que não posso apagar mais, eu sequer consigo destruir as provas do que andei escrevendo pra você.

— Você me amou desde o primeiro momento. — disse Emma. — Está na hora de libertar a sua história do papel. Chega de medo. — tocou numa das mãos dela e a trouxe mais uma vez para o abraço.

— Estamos indo longe demais.

— Se você acha que fomos longe demais, por que está aqui? Nós não falamos sobre o beijo que trocamos ainda, não pelo menos da forma como você queria. Agora é tarde para voltar no tempo e desfazer o que aconteceu. No fundo eu sei que você quer se entregar, mas tem tanto medo que não sabe se fica ou se vai. — Emma roçou os dedos da outra mão sobre a boca de Regina, sujando as pontas de batom. Aquele era um carinho tão simples, mas tão peculiar que deixava Regina de pernas bambas.

Era como se ela estivesse ferida, como se estivesse fraquejando. Respirava pela boca, sofrendo de uma dor que nem existia.

— Não, Emma, não posso.

— Nos meus olhos. — Emma parou de conduzir Regina pelo quarto. — Fala olhando nos meus olhos.

Ela demorou vários segundos para decidir olhar a moça, mas uma pontada de tristeza veio quando ficou lembrando das cartas de Daniel, e a dor voltou a apertar de novo; era agora ou nunca, precisava tomar uma decisão. Abriu os olhos em chamas. A resposta estava feita, não ia voltar atrás. Olhou para Emma, apertando a outra mão dela.

— Eu sei que eu te amo, eu sei que preciso de você também. Ouço sua voz, sinto seu cheiro, ouço músicas e tudo o que me vem a mente é você. Mesmo que isso seja errado, eu não quero deixar de correr o risco e amar, porque eu nunca amei alguém como estou te amando. Eu quero, Emma, eu quero que seja a primeira.

Emma abriu um sorriso com os olhos e só sentiu o impacto que seu corpo deu no da mulher.

Começou naquele instante, se apertando, roçando os rostos, se arranhando, se olhando e se encostando. Elas partilhavam do mesmo desejo.

Regina apanhou a moça num novo beijo que agora fazia todo o sentido. Segurou seus cabelos compridos, a cintura rente a dela própria, permitindo que o desejo ardente explodisse dela e reunisse forças para ficar com Emma o tempo que precisasse para provar o amor.

Sem permissão (como se realmente não precisasse), Emma abriu cada botão do grande casaco de Regina. Abriu, livrando ele do corpo dela e pôde partir para o que tinha embaixo, uma blusa de tecido grosso que logo estava no chão. Enquanto Emma se livrava do que Regina vestia, trocavam um beijo ainda e, na verdade, a mulher descobriu que estava com pressa do que viria depois. Então fizeram uma pausa e foi natural para a escritora, fazendo igual costumava escrever em suas histórias.

Emma nunca viu uma mulher se despir, embora Regina também jamais tenha feito isso na frente de outra pessoa que não fosse Daniel. Tinha alguma noção de como fariam aquilo ou melhor, não pensava muito, apenas deixava acontecer.

Regina tirou as botas a calça jogando-a no chão. Não estava tensa como parecia antes. Por isso, Emma preferiu que fosse despida pela mulher. Foi delicada, abaixando os lados da blusa da moça enquanto era olhada nos olhos, depois a parte de baixo, os sapatos. O resto era simples: desabotoar o sutiã de algodão que dava volume aos seios levemente menores que os seus. O corpo dela era pequeno, mas musculoso. Parecia que tinha sido feita a mão e muito mais excitante que os corpos das mulheres de quem escreveu, porque era de verdade.

A moça caminhou de costas para a cama, trazendo Regina consigo pela mão se sentando e depois deitando, esperando que a mulher fizesse o mesmo. Foram juntas, ela por baixo, abraçando o corpo da sra. Mills contra o seu. Apalpou o quadril dela, sentindo o calor da pele, depois a macies, a pele outra vez. Ela estava pronta, sempre esteve.

Regina desceu os lábios pelo desenho dos ombros da jovem, alcançando os seios logo mais, descobrindo a forma firme e as pontas dos dedos encontraram os mamilos, aprendendo do que eles gostavam. O corpo deslizou sobre o da moça, Regina não teve rédeas para tirar de Emma a calcinha. Via a respiração irregular da moça, tensa, talvez por aquela ser a primeira vez. Mas Emma se abriu para ela, tendo uma visão privilegiada do que acontecia entre suas coxas, porém sentiu o corpo vibrar com a descoberta que a sra. Mills acabara de fazer, sua marca de nascença na virilha, bem perto do sexo. A mulher inclinou a cabeça e começou beijando ali, sua língua saboreando a umidade.

Emma finalmente fechou os olhos e gemeu, se entregando ao prazer. A tensão desapareceu. Suas mãos seguraram os ferros da cama acima de sua cabeça, mas o quadril se ergueu para ela. Regina explorou as dobras do sexo dela com lento deleite. Os movimentos de Emma se tornaram mais urgentes. Então, empurrou a cabeça da mulher mais para baixo. Estava corada e respirando forte, não ia demorar para acontecer o que as duas queriam demais. Foi questão de um tempo para Regina encontrar o ápice da jovem e enfim sentiu a umidade cobrir sua boca muito além do que esperava. Foi uma delícia ver como Emma se contorcia, sofrendo de olhos fechados e gritando seu nome.

Quando terminou, Regina voltou para cima de Emma e tudo o que a moça pensava era que sempre esteve certa sobre ela.

Trocaram outro beijo, cheio de vigor. Estavam repletas de sentimentos uma pela outra. Com tão pouco tempo se sentiam mais íntimas do que jamais se sentiram com qualquer outra pessoa. Queriam continuar a fazer amor, queriam fazer amor todos os dias, pelo resto da vida. Mas ainda havia um problema. Regina ainda era casada mesmo seu casamento estando acabado. Ela ainda teria de dizer para Daniel. Não podia simplesmente viver outra vida, não cabia em sua ideia.

Daniel foi o primeiro e único homem na vida de Regina, e por mais que fosse digno do respeito dela, não havia mais amor ou talvez nunca existiu um amor verdadeiro da parte dela. Ela encontraria um momento para dizer o que aconteceu com Emma. Essa foi a ideia que se passou brevemente por sua cabeça enquanto olhava o belo par de esmeraldas da jovem. Era um grande alívio ter expulsado seu medo, ter se permitido e por fim ter sentido como se sentiu tendo Emma para ela. Os empecilhos pareciam muito pequenos perto de um momento tão sublime como aquele.

Emma a beijou no queixo, subiu as mãos pelas costas de Regina e puxou os cabelos curtos dela para trás a fim de fazer uma grande pergunta.

— Você ainda acha que estamos fazendo uma coisa errada, Regina?

Regina refletiu.

— Na verdade, não sei. E se isso é errado, eu nunca vi um erro que faça tão bem. — disse com a voz suave. Emma sorriu e as duas rolaram para começar tudo de novo.


Notas Finais


Acredito que chegamos onde grande parte de vocês queriam, inclusive eu. Essa é a nova etapa dessa história, tem muita água para rolar, meninas.

Muito obrigada pela atenção de sempre.

Um beijo enorme e fiquem bem.


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