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História Intimamente Emma - O quadro obscuro


Escrita por: WoundedBeast

Notas do Autor


Alô, amigas leitoras! É bom estar de volta com mais um capítulo.

Bem, vejo vocês suspeitando de Belle, se realmente Regina pode confiar nela. Acho que a pergunta vai ficar ainda mais recorrente depois desse capítulo.

Façam uma boa leitura.

Capítulo 17 - O quadro obscuro



Ao que parecia, seria mais uma manhã pacata na Floricultura de David e Mary Swan. Zelena, a funcionária que trabalhava na loja há mais tempo, tentava com todo o zelo feminino podar uma muda de Rosa do Deserto quando ouviu o sino na porta anunciando a entrada de algum cliente. De forma tranquila, deixou a tesoura de poda sobre o balcão e se levantou, indo na direção do homem que estava enxergando.

— Bom dia, senhor. Posso ajudá-lo? — Perguntou, tentando se livrar discretamente das farpas de galho que ficaram em suas mãos, colocando-as para trás do corpo.

O homem que entrara na loja carregava consigo uma bengala e estava vestido de forma elegante, tirando o fato de estar com um suéter por cima de uma camisa social, numa forma de destoar o visual um pouco intimidador. Ele parou e sentiu-se visivelmente aliviado por isso, se apoiando com ambas as mãos na bengala. Era a primeira vez naquela manhã que se sentia indisposto. Conseguiu dirigir, andar pelas ruas de Mary Way Village e procurou pela esposa na biblioteca da cidade, mas ela não esteve lá, coisa estranha para ele, pois tinha certeza de que Regina estava fazendo uma grande pesquisa sobre o novo romance que escrevia. Quando deixou a biblioteca, pensou em fazer um lanche. Estava no meio da manhã, talvez fosse mais justo esperar por Regina em casa e mostrar o quanto se sentia bem de outra forma, por essa razão procurou a floricultura mais próxima de onde estava, ou a única da cidade se ele fosse parar para pensar bem. Regina com certeza ia gostar do presente que ele levaria para ela.

— Bom dia. Estou procurando uma flor, uma rosa talvez, que eu pudesse dar de presente. Pode me recomendar algo, moça? — Disse ele, olhando diretamente para a atendente.

Zelena assentiu muito solicita e soube leva-lo exatamente onde ficavam as rosas mais bonitas da loja.

— Eu tenho este corredor com uma grande variedade de rosas, mas se o senhor quiser dar de presente algo mais delicado, sugiro flores do campo, posso fazer um arranjo com flores da sua escolha.

Daniel chegou devagar com a ajuda da bengala, mas andava infinitas vezes melhor do que nos dias anteriores. Ficou perdido com a grande variedade que tinha a disposição. Pensou numa Rosa vermelha, mas era muito comum dar uma dessas de presente. Então, pensou em algo diferente de tudo o que Regina pudesse gostar. Acontece que ele mal se lembrava do que a esposa realmente gostava. Fez muito esforço para se lembrar, ou ao menos tentar recordar de uma vez em que viu Regina se interessando por coisas delicadas, ele sabia que ela era feminina, que amava principalmente o cheiro das coisas e a suavidade. Pensou no quanto a esposa era sensível, já que era uma escritora.

Ele apontou para uma rosa cor de lavanda e a escolheu.

— O que me diz dessa?

— Se o senhor estiver presenteando uma mulher muito bonita, é a rosa ideal. — Zelena respondeu. Já ia tirando o bloquinho de anotações do bolso do avental quando ouviu o sino da entrada tocar ligeiro.

— Daniel!

Ele virou o rosto e viu a mulher se aproximando.

— Querida, eu procurei por você. Onde estava? — Ficou surpreso ao vê-la ali.

Daniel abriu um sorriso para ela, mas não teve outro em retribuição da parte da esposa.

— Em casa. — respondeu Regina imediatamente, mudando de ideia depois de perceber que não era convincente. — Quero dizer, eu fui para casa, tinha passado algumas horas na biblioteca da cidade, mas alguns alunos dessa escola que há aqui não estavam me deixando concentrar.

O pintor franziu o rosto.

— Estranho.

— Por que estranho?

— Eu estive na biblioteca. Não vi você por lá.

Regina em fim retribuiu o sorriso dele de antes, mas de longe era um sorriso falso e mentiroso.

— Nos desencontramos, foi isso. Eu fui fazer uma pesquisa muito cedo, não dormi a noite inteira, então esse novo livro está tomando todo o meu tempo, eu não queria deixar para depois. — Ela fez muitos trejeitos, motivo o suficiente para Daniel desconfiar de algo incomum.

Ele sabia interpretar Regina, porém jamais pensaria que ela estava mentindo descaradamente. Acreditou que seu embaraço na fala e explicação se devia ao fato de estar acordada há muitas horas sem descanso.

— Tenho percebido que está há alguns dias dormindo mal. Não faça mais isso, querida, você vai acabar doente. — Daniel se aproximou e Regina viu a estranha recuperação dele mesmo caminhando com o apoio da bengala. Ele tocou o rosto dela no queixo e lhe ofereceu um beijo nos lábios. — Temo que você acabou de estragar a minha surpresa. — continuou.

— Como é?!

— Eu estava pedindo a ajuda dessa moça para comprar uma rosa. — ele mirou Zelena logo atrás deles e depois se voltou para Regina. — Queria te levar de presente. A propósito, como soube que eu estava aqui na Floricultura?

Outro sorriso falso e comedido por parte dela.

— Ah, querido, você é um homem romântico, e para ser sincera o primeiro lugar que pensei em vir foi aqui quando Belle me contou que havia saído. Eu sabia que você tinha resolvido me dar um presente. — disse Regina, rindo. Viu a fila de rosas e pensou rápido. — Por que não me deixa escolher uma? Vai acabar me presenteando da mesma forma.

Ele achou a ideia boa, então fez um sinal para Zelena se aproximar.

— A senhorita pode acompanhar minha esposa, ela vai escolher uma.

— Perfeitamente. — respondeu a funcionária. Zelena a reconheceu. — A senhora já esteve aqui, não esteve? Foi para quem vendi as begônias maiores, sim?

Regina levantou as sobrancelhas.

— Sim, sim! Eu as levei. Estão lindas, a propósito.

Regina pensou na cara de Daniel, estava com medo de olhar para ele de novo, embora não representasse um risco, ou tivesse tanta força para apertar seu pescoço quando chegassem em casa. Tinha ido a floricultura como disse, exatamente por saber como ele era, só restava saber se ele tinha acreditado nas coisas que ela disse.

— Seu marido agora mesmo tinha visto esse exemplar, não é uma graça? — a ruiva apontou para a rosa cor de lavanda.

— É muito bonita. — Regina quis tocá-la, mas tudo isso era para desviar a atenção de Daniel para ela um pouco. — Certo, eu acho que escolhi.

— Tem certeza de que não quer dar uma olhada na variedade? — Zelena segurou o embrulho com a rosa para ela.

— Não, obrigada, eu tenho certeza de que é essa. Meu marido já escolheu por mim, ele está certo.

Zelena assentiu e fez o embrulho para Regina. Daniel se aproximou da mulher e tocou em sua mão, notando o quão gélida estava.

— Regina, está nervosa?

— Não. — respondeu ela, recolhendo a mão bruscamente, mas se arrependeu e voltou a tocá-lo. — Estou sem o café da manhã, acho que preciso comer alguma coisa.

— Isso não é problema, minha querida, posso resolvê-lo. — ele deitou a ela um olhar carinhoso, e sem pretextos, apertou a mão dela entre as dele.

Daniel e Regina deixaram a floricultura, ela carregando a rosa cor de lavanda escura que ganhou dele, e na hora em que ele decidiu leva-la a um restaurante, ela se assustou ainda mais com a recuperação do marido. O pintor caminhava com a ajuda da bengala, porém estava muito mais ágil, sem qualquer sinal de fadiga. Parecia uma pessoa normal, que machucara uma das pernas e tinha de andar com um apoio, apenas isso. Ela parou para olhar como ele caminhava até o carro, como ele abriu a porta da direita, do carona para ela se sentar.

— Vamos, querida, entre. — Parou, segurando-se na porta de carro aberta e na bengala ao mesmo tempo. Até o rosto dele parecia mais corado, menos cinza e bem afeiçoado. O Daniel de outros tempos. — Regina? Está se sentindo bem? Por que está parada, meu amor?

Ela acordou do pensamento que lhe ocorreu, de novo aquele pavor que sentiu antes de sair de casa para procurar Dani. Mas também pensava que se ele estava melhorando, talvez fosse mais fácil para contar a verdade que estava guardando. Regina abanou a cabeça a fim de espantar o devaneio, andou até ele e se sentou no banco do carona. Quando Daniel fechou a porta ao seu lado, deu a ela um sorriso familiar que ela não soube retribuir. Daniel se sentou ao seu lado, se ajeitou calmamente e fechou a porta. Deu a partida no carro e saiu com extrema facilidade da vaga na calçada, era sem sombra de dúvidas um homem recuperado.

. . .

No Anita’s eles decidiam o que pedir, observando o cardápio, mas a cabeça de Regina voou até o passado, lembrando do vulto de Emma correndo para a porta do restaurante após, a primeira vez em que viu a moça. O menu deslizou entre seus dedos e ela baixou o olhar para as próprias mãos suadas e novamente geladas. Quando se voltou para Daniel, ele tentava decifrar o nervosismo aparente dela, achando que sabia o que estava acontecendo. Ele deixou o cardápio sobre a mesa e pigarreou.

— Sei o que está pensando, estou me sentindo muito bem de repente, é isso?

Regina pareceu ficar aflita com a pergunta.

— Um pouco, Daniel. — o chamou pelo nome de propósito.

— É um pouco assustados para mim também, fazia tempo que não me sentia tão bem. Eu estava começando a pensar que os remédios do dr. Whale jamais funcionariam, mas de ontem para hoje eu senti uma imensa disposição, tentei me levantar, deixar a cadeira de rodas e procurar andar pelas minhas próprias pernas. Veja, eu estou me sentindo incrível. — Ele parecia acreditar no que estava dizendo. Assentiu com a cabeça para si mesmo, mantinha um olhar fascinado conforme contava. — Demorou, isso foi muito demorado, e agora que estou sentindo a melhora, não quero perder mais tempo. Entendo o que quero dizer?

Regina franziu os lábios e inclinou a cabeça.

— Sim, Dani, eu entendo. Estou um pouco preocupada, essa é a verdade.

Ele estendeu uma mão sobre a mesa, pedindo a dela com um gesto.

— Não desejo que se preocupe, justamente por você ser a única a acreditar na minha recuperação. Vou seguir o tratamento e irei me recuperar ainda mais, para enfim voltar a ser o homem saudável de antes. — Ele apertou seus dedos novamente quando ela trouxe a mão sobre a mesa. — Por isso mesmo estou planejando uma viagem, quero visitar outro país quando tiver terminado o painel que estou pintando. Você iria comigo?

Uma flecha imaginária atingiu o coração de Regina.

— Daniel, é uma ideia maravilhosa, mas vamos esperar. Você está finalmente se recuperando, minha preocupação é que você tenha uma recaída e acabe frustrado. Não vamos pensar em nada além da sua recuperação por enquanto.

Ele acreditava na seriedade da esposa, então acatou o pedido dela, entendendo que não podia estar tão afoito, mas sim esperançoso por mais resultados.

— Você está certa. — outra vez o sorriso familiar, e Regina o pavor.




Horas mais tarde, Regina sentada em seu escritório, começava um esboço de capítulo ao ouvir Belle bater na porta e chama-la. A mulher parou, ergueu os olhos do computador e mirou a porta.

— É você, Belle?

— Sim, senhora. Posso entrar?

— Por favor.

A empregada entrou, fechando atrás de si rapidamente.

— Estou de saída, precisa de mais alguma coisa da minha parte hoje? — perguntou com a voz baixa.

— Não, Belle, pode ir. Ah, espere... — chamou Regina. — Disse ao meu marido que ficarei no escritório esta noite?

— Sim, senhora. Ele acabou de subir, preferiu ir se deitar mais cedo depois do jantar. Me disse que o remédio dá muito sono.

— Parece que sim, por isso ele tem acordado tão bem disposto nos últimos dias.

Belle fez um gesto positivo com a cabeça, mas tinha algo para contar à patroa que não sabia ao certo se devia fazer. Ela olhou para a porta atrás de si, a janela do escritório fechada e depois para Regina de novo, então torceu a borda do avental com os dedos em um gesto nervoso.

— Regina, eu não sei se devo falar sobre esse assunto com você, é uma coisa que estou há dias pensando e me sinto entalada se não contar. — a empregada voltou a falar baixo.

A escritora estreitou os olhos enquanto via a jovem empregada se aproximar da mesa onde se sentava.

— Eu ficaria agradecida se me dissesse. O que houve?

— Não é nada comigo, antes de tudo. O que eu preciso falar é sobre o seu marido. — Belle tomou coragem. — Bem, há muito tempo, quando meu pai ainda era vivo e trabalhava entregando mercadorias pela cidade, ele foi contratado para levar algumas caixas grandes até uma casa nessa rua. Por um acaso nesse dia em que meu pai fez essa entrega, eu estava com ele na caminhonete que ele tinha para transportação. Eu era uma criança muito pequena, porém me lembro de muitas coisas das quais ninguém acredita se eu contar hoje. — A moça fez uma pausa para Regina tentar entender a história. — Naquele dia, eu me lembro que meu pai foi entregar as caixas na casa da Emma e quem as recebeu foi a avó dela. Quando meu pai desceu uma das caixas da caminhonete, uma delas cedeu e dentro havia um quadro de pintura muito, mas muito bonito mesmo com um pássaro desenhado. Esses dias, no atelier do sr. Colter, eu fui arrumar tudo como ele havia me pedido, então inevitavelmente tive de trocar algumas molduras de lugar e foi aí que encontrei exatamente o mesmo quadro de pássaro. Mas antes eu já havia olhado todas as molduras do sr. Daniel e aquele quadro era novo ali entre os outros.

Regina coçou a nuca, ficou intrigada com a história e naquele instante pensativa.

— Está querendo me dizer que a avó de Emma tinha um quadro do meu marido na casa dela?

A moça assentiu muito depressa.

— Ao que parece sim. Eu tenho muito boa memória, jamais me enganaria, é aquele quadro. Procure-o amanhã no atelier quando o sr. Colter estiver fora com o Graham, posso ajuda-la. É que isso vem me incomodando há semanas, eu precisava contar.

A cabeça de Regina deu um giro repentino a deixar a mulher tonta mesmo sentada. Algo absurdo a ocorreu e sua reação foi imediata. Começou a tremer.

— Fez muito bem em ter me contado, Belle. Vou verificar. Não precisa se preocupar em me ajudar, eu posso resolver isso sozinha. — A escritora coçou a nuca com as unhas marcando incisivamente, deixando os vergões sobre a pele.

— Está bem. Acho que agora eu deva ir, não é? — Belle sentiu medo da expressão perturbada de Regina.

— Sim, vá. Até amanhã, Belle. Obrigada. — a voz da mulher estremeceu junto.

Belle se virou para se retirar, e Regina a viu ir embora.

Ao ouvir o som da porta batendo, ela pôs as mãos sobre o rosto, estupefata. Elas caíram sobre sua testa, olhos, nariz e boca completando a sensação de desconfiança, embora não pudesse ter certeza. E se Belle estivesse mentindo? Mas a moça foi clara, “não se enganaria”. Entre pensar que Belle era uma aliada em seu romance com Emma, ou uma espécie de espiã de Daniel, ela preferia acreditar na história da empregada.

Regina se levantou bruscamente da cadeira e saiu do escritório o mais depressa que pôde. No atelier, encontrou molduras e quadros além do infestado cheiro de tinta. Olhou ao redor, tudo muito bem organizado, e o painel que Daniel pintava no centro como o trabalho pelo qual dava mais atenção no momento. Ela caminhou vagarosa até o grande quadro, fez novamente o percurso entre todas as telas, atrás de alguma pista do que Belle lhe contou. Começou a vasculhar as pilhas, quadro por quadro, em busca do pássaro, de uma pista ou qualquer coisa semelhante. Mas não via nada, nem algo próximo a um animal. Nada ali se parecia com o que Belle tinha dito. No entanto, Regina não podia negar que quis acreditar na empregada, ela parecia tão convincente, não podia estar mentindo sobre algo tão grave. Tinha motivos de sobra para desconfiar de Daniel, mas agora alguns detalhes da traição dele começavam a se confirmar e podia ser algo mais sério do que imaginava, além de estar muito perto dela naquele instante.

Largou tudo, desistiu de procurar o quadro do pássaro, então saiu depois de recolocar os quadros no lugar onde estavam antes.

Segura de que tinha trancado o escritório e Daniel dormia pesado, ela foi até a casa de Emma.

— Achei que não fosse aparecer mais. — disse a jovem, apalpando o corpo da mulher, com força.

— Eu não viria hoje. Daniel está dormindo agora, porém me deu um grande susto hoje mais cedo. — Regina se afastou pouco do abraço, mas continuou a tocar nos ombros da moça.

— O que aconteceu? — Emma questionou.

— Quando cheguei em casa ele tinha saído. Belle me disse que ele acordou muito bem disposto e decidiu sair atrás de mim. Achou que eu estivesse na biblioteca da cidade. Eu fui procurá-lo e o encontrei na floricultura do seu tio. Não me pergunte por que pensei em ir direto para lá, e eu fui, ele estava querendo me fazer uma surpresa.

— Você pensou nisso porque sabe que tipo de homem ele é. Meu tio viu você?

— Seu tio e tia não estavam lá na hora em que eu cheguei, apenas aquela funcionária ruiva.

— Zelena. — Emma disse o nome, refletindo que a escritora não passara por nenhum risco, afinal, a mulher que trabalhava para os Swan na floricultura era muito discreta. — Bom, menos mal, então. E seu marido? O que aconteceu depois?

— Fomos almoçar no Anita’s, só que antes ele me fez uma proposta de sairmos da cidade por algum tempo depois que ele se recuperar totalmente. — A mulher respirou fundo, erguendo a cabeça para menear. — Disse que quer conhecer outro país, quer viajar comigo. — Voltou a fitar Emma. — É estranho, porque ele me parecia excelente, quase recuperado.

— Regina, abra os olhos, desse homem você pode esperar tudo. Sei que é cruel dizer isso para você, mas já pensou que existe a possibilidade dele ter forjado essa doença o tempo inteiro?

Isso quase feriu o peito de Regina outra vez.

— Pensei, pensei logo que descobri as cartas escondidas.

— Só tenho medo de que ele te faça alguma coisa. — disse a moça, pensando que provavelmente não devia ter sido tão sincera com ela.

Regina ficou pálida, fria e em silêncio.

— Está bem? Regina? Que foi isso? — Emma encostou no rosto dela com as costas da mão esquerda.

— Preciso me sentar.

Emma deu a ela o que tinha, uma bela caneca com bebida quente. Pensou em uma aspirina, mas achou mais prudente oferecer algo que fazia efeito mais depressa quando ela mesma precisava.

— Sei que parece infantil, mas eu sempre bebo chocolate quente quando me sinto tensa. Você ficou branca, péssima, agora sua cor voltou e algo me diz que não tem a ver com o que aconteceu com o Daniel hoje, ou é? — a moça se sentou com ela, oferecendo os braços onde a mulher encostou o corpo.

— Não exatamente. Acho que estou descobrindo mais coisas sobre ele do que imaginava. — Regina não ia entrar em detalhes com Emma antes que ficasse comprovado que Dani deu o quadro do pássaro para a avó dela. — Ele me escondeu muita coisa, é um pouco desconfortável me ver diante de tanta descoberta.

— Do que você soube? — Emma encostou seu queixo sobre o ombro da mulher, transmitia calma.

— Os quadros, tem algo que ele escondeu no atelier dele, estou desconfiada.

— De tudo o que você encontrar, as cartas ainda são a maior prova.

Regina bebeu um grande gole da caneca.

— Com certeza são.

— É muito se eu pedir para passar a noite comigo? — sussurrou Emma.

Regina fez que não e sussurrou de volta:

— Não, eu fico, preciso ficar, não quero me desesperar, e aquele casa está me deixando louca. — Regina a olhou por cima do ombro, trocou um beijo com ela.

— Se aquele homem fizer alguma coisa a você, eu nunca vou perdoá-lo. — Emma disse, com raiva.

— Vamos esquecer Daniel por agora, tá bem? Por que não me mostra outra vez aquelas fotos de família que você tem?

— Hum... Gostou de ver aquela velharia?

— Gosto de observar e conhecer mais afundo a vida das pessoas. — Regina no fim terminou sua caneca de chocolate.

Emma deu de ombros.

— Tudo bem.

Foi pegar no armário os álbuns  e os trouxe para o sofá.

Regina os pegou da mão de Emma, repetindo o que fez com os quadros no atelier do marido. Vasculhou as fotos que podiam corresponder a data da qual Belle tinha dito. Algumas fotografias tiradas dentro daquela casa onde estava sentada, dava para reconhecer os móveis e coisas pela parede, mas nenhum quadro de pássaro pendurado ou ao fundo. Regina demorou-se olhando cada foto, e novamente nenhuma pista, data ou qualquer coisa escrita que denunciasse o marido.

A mulher fechou os álbuns e os devolveu para as mãos da moça.

— Estava procurando alguma coisa? — Emma não perdia tempo.

— Sim. — disse Regina Mills, vendo Emma questionar mais, sem palavras. — Você. Essas últimas fotos com você brincando nessa casa, eram elas que queria ver de novo.

Ela mentiu para Emma. Não queria estragar uma coisa que tinha apenas começado com a moça, e tinha certeza de que em algum momento poderia contar para ela sem feri-la tanto, logo que tivesse a certeza.

Swan se aproximou mais e parou diante do rosto da mulher.

— Que medo. Pensei que estivesse procurando algo ou alguém, como se fosse uma detetive do meu passado.

Regina não respondeu. Calou Emma com um beijo solene nos lábios finos dela. Se abraçaram. Mas Emma podia jurar ter visto algo diferente em seus olhos.


Notas Finais


Vocês acreditam na história de Belle e na culpa de Daniel? Eu sei que vocês gostam de criar teorias, mas a verdade é apenas uma e é sempre a parte mais dolorosa de qualquer história, meus anjos.

Nos veremos no próximo capítulo. Um abraço grande para todo mundo que está acompanhando, gostando ou não.

Beijo enorme e fiquem bem.


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