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História Intimamente Emma - A proposta


Escrita por: WoundedBeast

Notas do Autor


Olá, lindas leitoras. Sejam bem-vindas.

Este é o quarto capítulo dessa fanfic, cheio de pequenos enigmas para vocês pensarem sobre Emma.
Mais uma vez, muito obrigada pelo retorno e a quem tem comentado, isso é sempre agradável.

Façam uma boa leitura.

Capítulo 4 - A proposta



Emma bateu a porta de sua casa para se encostar na mesma e suspirar pesadamente um ar desapontado. Poderia ter descoberto quem escreveu aquelas coisas, mas suas suspeitas em cima dos Mills estavam erradas, embora não estivesse muito certa de que a mulher tenha lhe dito a verdade. As coisas que ouviu estavam um pouco suspeitas, e pela forma como foram ditas pela sra. Mills, passava a impressão de que ela conhecia quem havia esquecido a folha no quarto do hotel.

Estava pensando em desistir e largar aquela folha de lado, não devia perder seu tempo com uma bobagem tão grande, mas havia uma coisa que a sra. Mills lhe disse e ela começava a se lembrar: “Talvez essa pessoa a deixou no quarto para que você achasse ela.”

Emma estava exausta e também precisava de um banho.

Naquele momento, porém, ela só queria entender quem teria a descrito daquela forma em poucas palavras. Como não teria essa resposta apenas consigo, decidiu subir e relaxar num reconfortante banho de banheira. Seu quarto ficava no final do corredor e até ele, ela tinha um longo caminho pelo andar superior da casa. Foi largando suas roupas pelo chão, peça por peça, displicentemente, formando uma trilha até estar completamente nua para preparar a água morna.

Entrou na banheira, sentindo a água envolver seu corpo num lento calor. Ela começou a boiar, fechou os olhos. Dormiu por alguns minutos suficientes para deixar seus dedos enrugados, e então o telefone a trouxe de volta.

Saiu do banheiro aborrecida, amarrando o robe no corpo, batendo os pés até chegar no telefone que havia ao lado da cama.

 — Alô. — atendeu com a voz ríspida.

— Emma, sou eu, David. Soube que foi demitida do Anita’s. Está precisando de alguma coisa? — disse um homem do outro lado da linha.

— Não, tio, eu estou bem, já me arranjei no Hotel Hopper. Archie me deu um emprego, vou ganhar pouco, mas ainda assim vai ser melhor do que o salário que eu recebia na loja de ferragens. — ela respondeu, se sentando na cama.

— Olha, Emma, se você precisar, venha ficar conosco aqui.

— Não quero, tio, não preciso da sua ajuda, não posso aceitar mais nenhuma ajuda sua nem da Mary.

— Você sabe que fico a disposição sempre. Você é como se fosse minha filha. — a voz do homem embargou, segundos depois ele pigarreou. — Tem notícias de sua mãe?

— Sou a última pessoa que terá notícias dela nessa cidade. Já se foram oito meses, dessa vez eu contei. — Emma estava lutando para não chorar ao falar.

— Ela deve estar ocupada. Bem, você realmente não quer ficar conosco lá em casa?

— Não, tio David, obrigada. Estou bem aqui.

A garota se despediu do tio e desligou o telefone, se jogando sobre a cama quando se lembrou. Oito meses. Tempo demais. Não conseguia imaginar o que se passava na cabeça de Ingrid para demorar tanto a voltar. Mesmo assim, ela voltaria, ficaria um mês e depois deixaria de novo a cidade. A cada dia que passava, ela tinha mais certeza de que sua mãe a odiava e não tinha culpa alguma por isso.

Finalmente começou a chover do lado de fora, Emma apagou com o barulho das gotas grossas desabando sobre a sacada do quarto, mas dessa vez nada a interrompeu.

...

Naquele intervalo de pouco mais de meia hora desde a visita da moça em sua porta, Regina esperou. Olhava fixamente na direção da casa onde a moça tinha entrado, pensando recorrentemente no aperto de mão e uma frase: “Eu me chamo Emma”. Nada dela desde então, ela foi embora, porém, estava a alguns passos dali. Se demorava para sair, significava que vivia ali naquela grande casa perto do fim da rua. Regina imaginou que a garota viria lhe pedir alguma coisa emprestada quando lhe faltasse, ela também poderia vir ali apenas para passar o tempo. Que tempo se elas mal se conheciam e Emma só esteve batendo em sua porta para perguntar da tal folha perdida que deixou no hotel de propósito para ela achar?

Regina saiu de seus devaneios quando uma gota de chuva esbarrou na ponta de seu nariz. Ela fechou a sacada do quarto, e com isso Daniel acordou.

— A vista é bonita daí? — perguntou ele, sentado na lateral da cama quando ela se virou.

— É linda. — ela se aproximou.

— Quanto tempo dormi?

— Duas horas.

— Tenho a impressão de ter dormido uns duzentos anos. — brincou ele. — Por isso estou com uma fome incrível.

— Farei algo para você, querido. Tome um banho e desça. Acha que pode fazer isso sozinho? — ela andou pelo quarto de forma tensa e desconcertada.

— Ainda consigo bem devagar.

— Está certo, não temos muito desde a mudança, então acho melhor pedir qualquer coisa para entregarem. Eu vou fazer isso e logo subo para ajuda-lo.

Ele assentiu e se levantou para selar profundamente a bochecha da esposa.

Regina recebeu o beijo com um sorriso insosso nos lábios e o viu entrar no banheiro.

Se sentia péssima por não sentir tudo o que queria por Daniel, nem tocá-lo parecia bom. Tudo entre eles estava morrendo e Regina não sabia o que fazer para parar.

Ela esqueceu de Emma por alguns minutos, pediu o jantar deles e se trancou no escritório ainda bagunçado quando terminaram a refeição e Daniel decidiu arrumar seus quadros no outro cômodo. Depois que tirou o notebook da mala, tudo o que queria era escrever, desesperadamente. Abriu o aparelho e o carregou, ansiosa, pensando nas primeiras palavras que iria escrever na sua “Intimamente”, de repente as ideias surgiram claras em sua cabeça. Os olhos corriam pelos parágrafos pré-escritos, tinha muita coisa embolada que precisava ser colocada no lugar naqueles textos. Em um certo momento, ela encontrou um parágrafo peculiar:

Minha vida se resume em solidão. Estou perdida, não tenho nada, nem ninguém para desabafar. Estou infeliz, desejo fugir para longe onde eu encontre alguém que me cure de todas as angustias.

Era um trecho sobre sua personagem principal, Suzana. Continuou lendo, se recordando de toda a história que havia montado para aquela mulher:

Ontem conheci uma pessoa, uma mulher, seu nome é Cath, ela trabalha como secretária em uma repartição inferior da empresa. Eu nunca havia prestado atenção nela, embora ela sempre estivesse circulando pelo prédio, inclusive na sessão onde eu trabalho. Tivemos uma conversa atoa sobre o tempo, e quando notamos falávamos sobre o sabor do café. É a primeira vez que me sinto tão bem ao conversar com uma mulher. Combinamos de nos encontrar amanhã novamente...

Regina avançou dez páginas com pressa e leu o primeiro parágrafo que viu:

Minha vida está dividida entre Cath e Benjamin. Eu a amo com absoluta certeza, mas não tenho direito de deixar meu marido para trás nessa brincadeira que tem se tornado séria a cada dia. Aconteceu um amor que não devia na minha vida, não era hora de amar, não sei o que vou fazer.

A partir dali, havia mais uma centena de cenas avulsas que precisavam ser colocadas no lugar, mas Regina levaria uma noite inteira as lendo. Procurou uma semelhança entre Suzana e sua vida, encontrou a infelicidade, mas ela sabia que havia mais coisas de sua personagem em si do que queria admitir. Escreveu mais dez páginas adiante, e quando sua ideia inicial acabou, ela desistiu. Olhou para o relógio no canto da tela no notebook e viu, era quase meia noite e meia.

Encontrou Daniel no outro cômodo que ele havia escolhido para ser seu atelier. Ele, com muito esforço rabiscava alguma paisagem numa tela. Estava conseguindo. Assim que Regina entrou no recinto, ele sorriu com um ar de vitória, de alguém que havia conseguido algo que não tentava há muito tempo.

— O que está fazendo? Está conseguindo pintar?

— Aos poucos, desde que me sentei aqui aquela hora, só consegui fazer isso.

Regina deu a volta e parou atrás dele, vendo a tela pintada.

— Um esboço bonito, querido. Você está pintando a cidade.

— Aquela rua principal. De dia é muito bonita, não parece tão assustadora quanto no dia em que chegamos. Da janela deste cômodo é possível ver.

Ela olhou para o lado e viu as cortinas balançando. Andou em meio a algumas caixas desarrumadas e viu a janela, mas não olhou para a rua principal que tinha na vista. Olhou para outra direção, a casa onde viu Emma entrar. Também podia vê-la dali.

— Bem, você não deve se esforçar muito, temos que descansar porque amanhã cedo iremos ao consultório do Dr. Whale e temos muita coisa para fazer nessa casa ainda.

Daniel concordou, a casa era uma bagunça só, o dia seguinte seria cheio para os dois. Precisavam ver o médico, depois tinham planejado ir até uma loja de carros perto da entrada da cidade para encontrarem algum modelo que servisse para eles, e não era apenas isso. Precisavam também de uma empregada para cuidar daquela casa imensa, mas não sabiam se alguém estaria disposta a tomar conta da mansão sozinha, pois Regina não levava jeito algum com prendas domésticas.



O consultório do Dr. Whale ficava em um prédio poucos metros distante do hospital de Mary Way Village. Regina e o marido chegaram cedo, perto das oito da manhã, antes mesmo da hora marcada. Ele, o doutor, era um homem simpático, de rosto marcante e uma percepção discreta de seus pacientes, mas quando examinou Daniel não fez uma cara muito agradável, pareceu preocupado. Não era a primeira vez que alguém o procurava para dizer o que seriam aqueles sintomas peculiares. O doutor tentava ser honesto sem ferir.

— O que disseram ao senhor não deixa de ser verdade, Sr. Colter, essa é uma doença degenerativa, ela consome seus músculos, seus movimentos, mas não temos um nome melhor do que Paralisia Progressiva. Tenho um grupo de colegas que estudam sobre demências degenerativas,  e em nossas estatísticas, chegamos a uma conclusão de que doenças desse porte são mais propensas em idosos. O senhor está incluído em uma parcela muito pequena.

Daniel o olhava sério, entendendo o que o médico dizia.

— Isso quer dizer que eu fui sorteado.

— Pode-se dizer que sim. Mas não se sinta desanimado, Sr. Colter. A considerar pela sua idade, a doença pode ter algum retardo e eu pretendo agir nesse intervalo.

— Não estou entendo, doutor.

— O que quis dizer foi que existe uma grande possibilidade de inibir o avanço da doença. Vou fazer algumas recomendações e se o senhor responder bem a esses estímulos, vou avançar com um tratamento.

Daniel virou e olhou para a mulher, aguardando no canto da sala.

De repente houve um fio de esperança em seus olhos, mas ela não sabia se gostou de vê-lo ou não. Ela lhe retribuiu um sorriso discreto. Há pouco jurava que escutaria do médico um veredito de poucos meses para o marido, se sentia frustrada, ao mesmo tempo, contente por haver uma chance que fosse de vida para Daniel. Ficou no canto, de braços cruzados escutando os dois conversando, ouvindo as recomendações, e então descobriu que além de uma empregada, ela teria de contratar uma enfermeira para ajuda-la.

...

 Emma tinha usado sua hora de almoço para ir até a loja de carros usados do Sr. Gold. Para quem vivessem naquela cidade não era difícil escutar com frequência o nome de Gold, sendo pela fama como político, pelo comércio, ou pela má fama em escolher moças muito mais jovens para sair e pagar muito por isso. Emma não se intimidava com o tipo de pessoa que Gold era, pelo menos ela achava que não cairia em sua conversa como todas as atendentes do Anita’s haviam caído, e até sua mãe um dia, como algumas línguas diziam pela cidade. A moça só queria um carro e foi até a loja para saber o quanto precisava para ter o modelo mais simples possível.

Ficou espiando pela vidraça um espaço grande abastado de carros velhos restaurados, sem coragem de entrar e perguntar depois de ver o preço e perceber claramente que não tinha nem metade do dinheiro para comprar um lindo fusca amarelo que ficava em destaque perto da entrada.

Emma fez um bico, chateada e resolveu ir embora, mas quando se virou, trombou com alguém, era ele, o Sr. Gold que estava parado a observando.

— A que devo a honra de tal visita, srta. Swan? — perguntou ele com voz sussurrante.

— Ahm, o senhor quer mesmo saber? — Emma ficou quase presa no pequeno espaço que Gold oferecia entre ele e a entrada da loja. — Eu só estava olhando alguns modelos. Adoro carros antigos. — ela ficou ligeiramente corada.

— Especialmente aquele ali, não é? — ele apontou para o fusca amarelo que ela mirava um minuto antes.

— Sim. É. Mas como o senhor sabe? — Ela franziu as sobrancelhas.

— Você parecia bem interessada nele um minuto atrás. — Gold passou para dentro da loja sendo seguido por Emma, ele abriu as portas do carro para a garota. — Esse fusca foi restaurado recentemente, chegou na loja há poucos dias, mandei trazer de Boston. Gostou mesmo dele?

Os olhos de Emma estavam encantados com o carro, mas ela logo desanimava quando se lembrava do preço.

— Eu adorei. Espero que ele ainda esteja aqui quando eu conseguir o dinheiro para compra-lo.

— Bem, srta. Swan, dinheiro não é um problema nesta loja. Posso fazer uma oferta a você?

Emma deu de ombros.

— Tente.

— Deixo você levar o fusca, e como pagamento a srta. aceitaria ter um jantar comigo na sexta-feira, o que me diz?

Emma sabia que ele faria alguma proposta do tipo, pensou em recusar de certo, mas estava precisando do carro. Se fosse apenas um jantar, o que estava temendo? Ela não estava muito certa do que dizer ao homem.

— Bem, eu preciso pensar. Não sou como as moças com quem você está acostumado a sair, sr. Gold. — ela soou mais segura.

— Emma, você deve ter uma visão muito errada ao meu respeito. Já pensou que um homem solitário como eu, de vez em quando, merece uma companhia agradável para conversar. As jovens que levo para jantar são companhias escolhidas a dedo. Sempre vi você andando pela cidade, sozinha, sem amigos, sem parentes por perto, de alguma forma nos parecemos. Não irei querer nada além da sua amizade sincera, sem contar que há um outro motivo para eu dar o carro para você. — o homem tentava seduzir.

— E qual seria o outro motivo?

— Sei que seu aniversário está próximo. Pense que o carro é uma cortesia em nome do seu aniversário e da nossa amizade.

Ele não ia enganar Emma tão fácil. A moça deu meia volta para sair dali, ofendida com a oferta, mas quando foi cruzar a porta, esbarrou com uma pessoa.

— Me desculpe, eu não tinha visto você... — Regina parou, dando de cara com ela. — Você?

Emma deu dois passos para trás, olhando a mulher de cima a baixo.

— Eu é quem peço desculpas, senhora.

Ficaram sem reação, uma olhando para a outra de olhos grandes.

Gold veio na direção das duas e perguntou:

— Posso ajudar?

As duas estavam caladas se olhando, tentando pensar em alguma coisa para dizer. Então Regina fitou Gold, percebendo a tensão que havia entre os dois antes de chegar, mas também notava que era ele o mesmo homem que viu entregando dinheiro a uma moça quando chegou na cidade, há dois dias.

— Sim. Eu vim comprar um veículo, me recomendaram essa loja.

— Ora, sim, sinta-se à vontade, temos os melhores modelos se a senhora gostar de carros antigos. — disse ele, mas continuava olhando para Emma de vez em quando e Regina notou.

— Não me preocupo com o modelo, estou atrás de um carro que sirva para meu marido dirigir.

— Eu posso recomendar o modelo perfeito para os dois. — ele disse, soando agradável.

Emma continuava fitando Regina, e quando ela decidiu responder Gold, a moça saiu apressada.

— Não se esqueça da proposta, srta. Swan. — alertou Gold antes dela cruzar a porta e sumir pela calçada.

Regina quase fez esforço para ir atrás dela, mas acabou ficando na loja.

Intrigada com a garota, ela perguntou ao homem:

— O senhor conhece essa moça?

— Emma? Mas é claro, quem não a conhece nessa cidade? Oh, me perdoe a pergunta, nunca a vi por aqui, se mudou para cá recentemente?

— Já faz dois dias. Meu marido e eu somos de Nova York. Bom, podemos ver o carro logo? — Regina perguntou, querendo resolver o problema do carro por duas razões: Daniel havia pedido para ficar em casa após se sentir mal no fim da manhã, e agora tinha Emma, que viu sair dali parecendo assustada.

...

A jovem ia esbarrando pelas pessoas na calçada, estava ofendida com a proposta do Sr. Gold, mas pior ainda se sentia por ter encontrado com a sra. Mills, o que era uma sensação esquisita. A forma como a mulher olhou para ela pareceu intimidadora, embora não fosse aquele o caso. Ela pensava no olhar que Regina pousou sobre ela quando se esbarraram, era como se encontra-la naquele lugar fosse a situação mais improvável possível, ainda mais falando com aquele homem que gostava de moças muito jovens como ela. A sra. Mills pode ter escutado alguma coisa antes de entrar na loja, ela pensava. Se escutou de fato, essa podia ser uma razão para ter ficado chocada ao ver Emma. Mas Emma não queria que ninguém pensasse dela o que sempre pensavam, que era como sua mãe. Ao que sabia, Regina Mills e o marido eram novos na cidade, para ter uma má impressão de si custava um piscar de olhos do jeito que a cidade conspirava contra sua mãe e ela.

Emma parou depois que esbarrou em um poste, estava a cerca de uma quadra do Hotel, se sentia mal, muito chateada, imaginando que ninguém pudesse entende-la. Foi quando ela sentiu um toque em seu ombro, firme, ao mesmo tempo calmo.

— A senhora? O quê? — Emma se virou e viu a mulher, a sra. Mills de pé a sua frente.

— Você está se sentindo bem?

— Não, eu... Como saiu da loja do Gold tão rápido? Onde está o carro? — Emma olhou ao redor.

— O que eu ia comprar? Deixei para outro dia, fui apenas dar uma checada nos modelos que estão disponíveis, quero que meu marido escolha comigo. Você não parecia bem quando nos encontramos na loja, aconteceu alguma coisa?

A moça olhou para Regina de baixo para cima, viu uma preocupação estampada no rosto da mulher e concordou em responder, perdendo a timidez.

— Antes de você aparecer eu também estava dando uma olhada nos carros. Pretendo comprar um. Mas não tenho todo o dinheiro ainda.

Regina meneou a cabeça.

— Ah, então por isso saiu tão perturbada?

— Na verdade não foi por isso. Aquele homem, o Gold, ele me fez uma proposta para pagar o carro e eu não gostei.

Regina tentou entender.

— Que tipo de proposta?

— Me pediu para sair com ele, um jantar, coisa desse tipo, mas eu sei bem o que ele quer. Velho sem vergonha. — Emma se lembrou, cruzando os braços com raiva.

— Entendo. Você não quis aceitar.

Ela olhou para Regina franzindo o cenho, balançou a cabeça, tentando desviar daquele assunto.

— Como me achou tão rápido? Por que veio atrás de mim?

As perguntas pegaram a mulher de surpresa. Enquanto procurava a resposta, sentiu um calafrio subir pela espinha. Engoliu em seco, desviou o olhar para uma direção qualquer e então disse:

— Quer mesmo saber? Eu não faço a mínima ideia. Senti que precisava de ajuda, apenas por isso que larguei o carro que ia comprar para vir procurá-la.

Certamente esse foi um momento constrangedor para ambas, embora Emma tenha gostado da resposta. Ela então fitou a mulher, vendo novamente roupas bonitas, cabelo bem penteado, perfume importado e angústia bem no fundo de seu olhar, isso lhe deu pena.

— Obrigada pela preocupação, sra. Mills. — falou a menina.

Não havia mais um assunto entre elas, e, conforme o tempo ia passando, só restavam trocas de olhares desconfiados, mais da parte de Regina do que de Emma.

Regina ajeitou o cabelo que batia no canto do rosto com o vento e acabou falando por impulso:

— Vi você entrando em uma casa ontem no final da rua onde eu moro com meu marido.

Emma ergueu o olhar com surpresa.

— Eu moro naquela casa. Somos vizinhas.

— Suspeitei. — Regina disfarçou, mas estremeceu com a informação. — E você já encontrou o dono da folha perdida?

Algo levava a crer que Regina sabia exatamente quem era o autor das coisas escritas na folha que Emma encontrou, porém naquele momento, a garota teve um motivo a mais para acreditar que estava na pista certa do dono da folha, ou melhor, tinha encontrado a pessoa. Ela teve um estalo.

— Ah, você se lembrou? — fingiu. — Não, eu não encontrei esse homem... ou mulher. — disse a última palavra insinuante.

A ironia na resposta da moça fez o peito de Regina se apertar por dentro.

— Espero sinceramente que encontre o dono da folha.

Emma empinou o nariz.

— Não vou cansar até acha-lo.

O tempo passou depressa enquanto conversavam, Emma se deu conta de que devia voltar para o hotel. Regina entendeu quando a garota olhou no relógio de pulso, por baixo da blusa de frio.

— Precisa voltar ao trabalho, não é?

— Sim. Bem, agradeço a preocupação comigo, mas não perca seu tempo, com certeza tem algo melhor para fazer. Ninguém perde tempo comigo. Até qualquer hora, sra. Mills. — Emma se virou devagar, se despedindo lentamente de Regina, deixando-a.

Regina ficou observando a jovem andar na direção da esquina, e Emma continuava a vê-la vez ou outra por cima do ombro quando se virava um pouco com a intenção de saber se a mulher iria embora como ela, mas Regina não foi. Ficou até Emma subir na calçada do hotel e vê-la desaparecer por trás de um carro que cruzava a esquina e sua visão.


Notas Finais


Algumas de vocês já devem ter notado que Regina e sua personagem de livro são parecidas. Talvez ela tenha escrito a própria história, cheia de indiretas e não está se dando conta disso.


Um beijo grande, bom final de semana e fiquem bem.


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