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História Intimamente Emma - Presente adiantado


Escrita por: WoundedBeast

Notas do Autor


Olá, leitoras. Após um período de pausa para me dedicar um pouco ao penúltimo capítulo da minha outra fanfic, voltei com novidades nessa aqui. Novidades e avanços, acho que posso dizer. Leiam até o fim por mais estranhas que algumas cenas pareçam, mas vocês sabem bem que qualquer crítica o espaço está sempre aberto.

Façam uma boa leitura.

Capítulo 6 - Presente adiantado



Regina seguiu pela avenida, dispersa por uma única sensação de culpa, embora tudo o que tenha delirado fosse um bonito vislumbre dos lábios de Emma nos seus. Tão suaves, tão doces e quentes quanto um beijo numa rosa vermelha. Mas toda vez que se lembrava do beijo imaginário, se lembrava também que aqueles lábios pertenciam a uma garota de dezessete anos. Muito jovem, muito viva, apesar da solidão tão evidente, mas ainda assim era uma moça muito mais jovem que ela. Quem ousaria sentir atração por uma ninfeta? Não, Emma não era uma ninfeta, era atraente e talvez essa não fosse a palavra certa para defini-la em sua imaginação.

Regina segurou o volante, mantendo o caminho da avenida, mas por um triz não se chocou com outro carro que vinha na direção oposta, então a buzina exagerada a trouxe de volta e ela desviou depressa, antes que ocorresse uma tragédia. Ela parou o carro e ofegava assustada. As mãos ainda estavam no volante, mas Regina não sabia pelo o que tinha se espantado mais, se por Emma e ela, ou por ter quase batido seu carro.

. . .

Archie viu quando Emma chegou no carro da sra. Colter, sua hóspede da semana anterior. Ele estava perto da porta do hotel quando o carro estacionou bem perto da calçada e Emma desceu se despedindo da mulher. Achou aquilo estranho, não sabia que elas estavam tão próximas assim. Era claro que ele se lembrara que Emma morava em Blue Hill, e se não estivesse enganado, a sra. Colter Mills tinha alugado uma casa na mesma rua onde Emma vivia. Fazia algum sentido que as duas tivessem contato, mas jamais pensou que os novos moradores da cidade fossem se enturmar logo com a filha de Ingrid, seu amor da juventude.

Justamente quando Emma entrou, ele estava dando uma olhada nas fichas dos hóspedes e não foi difícil de achar a ficha do senhor e senhora Colter. O endereço constava como da rua St. Barbara. Nesse instante Emma deu um susto em Archie de propósito.

— Posso saber o que há de tão interessante nessa ficha de hóspede? — A moça se apoiava nas mãos o olhando da bancada.

— Nada. Eu preciso sempre checar as informações dos hóspedes para fazer um balanço. — ele disse, recolhendo a ficha de volta.

— Você pode ter uma boa desculpa, mas não me engana.

Archie empurrou a caixa com as fichas de volta e olhou para Emma de forma inquisidora.

— O que eu poderia estar escondendo de você?

— Eu sei que era a ficha da sra. Mills, confesse.

Archie ficou sem jeito. Ajeitou os óculos no rosto

— Como pode ter tanta certeza?

— Eu peguei essa mesma há alguns dias, fiz uma marca nela.

— E para que fez isso?

— A sra. Mills esqueceu um objeto no quarto. Eu quis devolver, mas antes precisava saber onde ela morava.

O dono do hotel deu a volta no balcão.

— E descobriu que essa senhora mora na mesma rua que você. O que foi que devolveu a ela?

— Nem devolvi a ela e, se quer saber, não é da sua conta. — Ela deu de ombros.

Ele fez uma cara nada agradável e voltou para dentro buscando balde, vassoura e pano para Emma começar seu trabalho. Colocou tudo aquilo na frente da moça e mostrou.

— Você gosta de se passar por alguém muito esperta, Emma, só espero que no quarto que for arrumar hoje não encontre nada. Se encontrar, devolva a mim que eu mesmo faço questão de encontrar o dono, caso contrário, estará demitida. — Ele empurrou o balde na direção dela.

Sem titubear, a garota fez que sim, porém, ainda fazia aquela cara de soberba insolente.

. . .

Regina entrou na floricultura um tanto exaltada, mas ela conseguiu disfarçar bem. Não houve dúvidas da parte dela de que aquela loja era um lugar bem cuidado e seus donos tinham uma preocupação gigante em manter tudo o mais atrativo possível. Em poucos minutos ali dentro, Regina tinha se perdido no meio dos corredores de rosas que exalavam uma mistura de perfume e pólen. Tanta cor e cheiro faziam ela se lembrar do quanto os quadros que o marido pintava a deixavam nauseada por conta das tintas. Regina ainda não sabia como Daniel não tinha se envenenado por estar diariamente exposto àquele cheiro tão forte. Mas ela ainda não havia andado nem metade da loja quando uma funcionária dobrou o final do corredor vestindo roupas brancas e um avental azul bebê, com um lenço em volta da cabeça de cabelos acobreados.

— Posso ajuda-la? — perguntou a mulher com forte sotaque britânico.

— Ahm, muito bem, eu estou procurando plantas, não bem flores, mas plantas, o que me sugere? — Regina assumiu uma postura séria para a mulher ruiva.

Ela prontamente assentiu e fez um sinal para segui-la.

— Você quer algo voltado para um ambiente interior ou externo? Casa? Apartamento? Jardim? Quintal?

— Ambiente interno, com cheiro forte o suficiente para perfumar um escritório e corredores. — disse Regina, vindo atrás da ruiva.

— Acho que tenho algo perfeito para você. — A funcionária dobrou outros dois corredores curtos até chegar em um canto da loja onde só se via verde. — Begônias. São uma excelente opção para quem quer pouco trabalho com plantas. Cuide delas apenas uma vez a cada dois dias e ela crescerá lentamente. Este tipo de Begônia já está devidamente crescida então seu único trabalho será regá-las.

A mulher entregou um vaso grande e pesado para Regina.

— São pesadas assim?

— Mais por conta do tamanho. O que acha delas? São excelentes na limpeza do ar e agem como purificadoras.

— Acho muito bom. Eu vou levar quatro vasos desses.

— Quer ver mais alguma coisa? — perguntou a ruiva, muito solicita, tirando de dentro do bolso do avental um bloco de notas e caneta.

— Eu acho que não. — Respondeu Regina, tentando arranjar uma forma de pousar o vaso no chão.

— Deixe-me ajuda-la, senhora. — O dono da voz pegou o vazo da mão de Regina e ela pôde vê-lo. — Isso é um pouco pesado.

— Obrigada. — Regina disse, batendo as mãos, então ela notou algo no homem.

Em seu crachá estava escrito David Swan, proprietário.

David era um homem bonito, de meia-idade, com cabelos curtos feito militar e barba bem feita, olhos azuis dignos de um príncipe que passavam uma imagem de alguém generoso e humilde. Quando ele se aproximou, Regina soube que aquele homem era o tio que Emma descreveu com carinho. Ele também estava vestido com um avental da floricultura, mas o seu estava sujo de terra como se estivesse trabalhando há algum tempo com isso.

— Zelena, você anotou o pedido? — ele perguntou, pousando o vaso sobre o balcão finalmente.

— Sim, senhor, são quatro desses. — respondeu a mulher ruiva, andando até o balcão onde uma mulher de cabelos escuros curtinhos fazia o cálculo de alguma conta muito complicada, pois estava sempre reiniciando a calculadora. — Mary, o total é cento e quarenta e sete e cinquenta, confere?

— Quatro vasos, quatro begônias gigantes, perfeitamente. A senhora não deseja ver mais nada? Temos excelentes sugestões para pessoas que moram em casa maiores ou estão começando o cultivo de plantas recentemente. — A mulher do balcão disse a Regina com uma animação fora do comum. Regina também soube de quem se tratava, a esposa do tio de Emma, Mary com quem dividia a floricultura em sociedade.

— Oh, não, eu agradeço muito a oferta, mas hoje estou levando apenas o que preciso com mais urgência. — Regina respondeu, preparando a carteira com o dinheiro.

David trouxe os outros três vasos e rodeou o balcão, parando ao lado da esposa.

— Agradecemos a sua preferência, senhora.

— Eu é quem agradeço.

— A senhora é nova aqui na cidade, não é? — Perguntou Zelena.

— Sim, e eu já estou acostumada com a pergunta. — Regina sorriu.

— É um pouco estranho para nós quando alguém diferente chega na cidade, não é comum pessoas de outros estados aparecerem aqui. — Mary contou e Regina lhe entregou três notas de cinquenta dólares.

— Como a senhora se chama? — David perguntou.

— Regina. — ela respondeu o olhando de volta, pensou em falar sobre Emma como prometera a ela, por um momento achando que não devia, mas a jovem gostava muito do tio. Ela então concordou em comentar o nome da moça. — Foi sua sobrinha Emma que me recomendou esta loja.

— Emma? — David pareceu de repente surpreso. — Você conhece minha sobrinha? De onde?

Regina estava levemente corada só por ter dito o nome da jovem. Não sabia decifrar o arrepio que subia sua espinha e fazia o coração se apertar por se lembrar dela, era muito estranho, como jamais sentiu antes por uma conhecida qualquer.

— Ela e eu moramos na mesma rua em Blue Hill, eu a conheci há alguns dias, é uma moça muito bonita e gentil. — disse Regina, querendo dar mais uma centena de adjetivos para Emma. Novamente teve de se conter.

David e a esposa trocaram olhares que Regina não soube definir.

— Minha sobrinha é uma moça muito doce, é uma pena que as pessoas não percebam isso. — David soou aborrecido.

— Eu também já percebi. E por que as pessoas são tão indiferentes com ela? — Regina deixou sua curiosidade avançar.

— A mãe dela, minha irmã... É uma longa história. — ele baixou os olhos.

Mary fez um barulho de propósito no caixa e entregou o troco à Regina.

— Isso é seu, nós agradecemos muito a sua preferência. — disse ela.

— Volte sempre, senhora. — Zelena, a funcionária ruiva, disse se retirando para um canto da loja.

— Muito obrigada. — respondeu Regina antes de se virar e seguir para a saída.

O dono da loja trouxe os vasos, um por um, com as compras da sra. Mills, colocando-as no banco de trás do Plymouth como ela pedira, cuidadosamente. Ele terminou, batendo as mãos para afastar a terra preta delas e fitou a nova moradora de Mary Way Village com alguma intimidade.

— Se a senhora conhece Emma, é porque ela deve gostar de você. Emma tem passado muitos anos reclusa naquela casa, eu diria que ignorada, como se fosse um estorvo na vida das pessoas daqui.

— Você disse que isso tem a ver com o fato da mãe dela ter feito algo. Eu posso saber o que foi tão grave assim para terem a culpado?

O homem deu um grande suspiro contra o vento gelado que cruzou os dois, ele olhava para uma direção fixa da orla e depois para a mulher a frente dele.

— Minha irmã cometeu muitos erros, um deles foi minha sobrinha, não como você pode imaginar, mas a forma como ela teve a criança, as circunstancias se me entende. As pessoas dessa cidade não gostam da minha irmã por isso. Emma é apenas um detalhe que lembra ela, pois eles acham que Emma vai ser como minha irmã foi, uma destruidora de lares e interesseira.

Regina franziu o cenho.

— Eu não imaginava.

— As pessoas dão as costas para a verdade. Emma não será como a mãe dela, eu sei que não.

— Tenho a mesma impressão. — disse ela.

Regina assentiu ao homem como um cumprimento e voltou para o carro, batendo a porta com alguma violência no movimento. Arrancou dali, rangendo os pneus no asfalto da avenida, enquanto ainda podia ver David pelo retrovisor. Havia muita informação sobre Emma que desejava saber, porém, havia também aquele delírio de uma hora atrás que fez sua cabeça girar por alguns instantes. Regina estava sentindo medo de ouvir o nome de Emma de novo e não resistir de pensar em alguma cena muito sinistra entre as duas. Os olhos dela, os cabelos castanhos esvoaçantes, o cheiro da loção de pera que ela usava, a umidade do beijo dela em sua bochecha, o som da voz dela depois de fazer uma pergunta curiosa – da última vez, isso pode ter feito os finos pelos do seu braço se arrepiarem levemente, mas nunca que Regina assumiria que foi por causa de Emma, no máximo diria a si mesma que tinha se arrepiado porque acabara de sentir como o vento da orla era gelado ali perto do Hotel Hooper onde a deixou.

Então ela sabia que Emma era um estorvo para os moradores de Mary Way Village, por essa razão todos a olhavam de nariz torto. O que David lhe contou devia ser um absurdo, todavia, como a boa escritora que era, sabia que em cidades pequenas, as pessoas tendem a exagerar nas informações e a mãe de Emma deve ter no máximo tido uma noite com alguém importante daquele lugar, engravidado e Emma era sua bastarda. Aí se encaixava mais um grande enredo para um novo livro: A doce bastarda. Tinha até nome. O desejo de pôr algo no papel depois que via aquela moça era, sobretudo, um desejo do qual não estava escapando, era como uma combustão de ideias que abriam sua cabeça e faziam ela sentir a necessidade de terminar seu livro atual; Intimamente.




Naquela tarde, Regina levara Daniel no consultório do doutor Whale. Não houve uma melhora da parte dele, por mais confiante que ele estivesse. O Dr. Whale prescreveu remédios para dor e recomendou que ele tentasse voltar para a fisioterapia. O tratamento para uma doença como aquela era longo e difícil, não havia outra saída a não ser tentar, e toda vez que ele deixava o consultório com Regina, ele lhe dizia que ia melhorar, mas Regina sabia que as palavras do marido não soavam verdadeiras. Era terrível para ele a dor que sentia nos dedos quanto mais fizesse esforço para pintar. Mas lá estava ele na sala com suas pinturas toda tarde, terminando seu painel encomendado por um museu, isso desde que chegou à Mary Way.

Eles voltaram para casa, Regina o levou para dentro com cuidado e o fez sentar na sala de estar (uma das que existiam na imensa casa) para distraí-lo com a TV.

— Querida, traga uma taça de vinho. — ele pediu.

Regina estava de costas para ele, distante pouca coisa para ligar a TV, ela não fez isso. Se virou e fez uma cara desconfiada.

— Você não pode tomar vinho agora, meu amor, a medicação não fez efeito ainda. — ela disse.

— Serve você.

— Eu?

— Quero companhia. Sente-se do meu lado, quero colocar os assuntos em dia. — ele disse a olhando fixamente.

Regina hesitou, com as mãos juntas, assustada.

— Não tenha medo, querida, eu estou apenas querendo consertar o que fiz de errado. — ele fez um grande esforço para se levantar sozinho, mas conseguiu. Andou até o bonito móvel de carvalho sobre a parede da sala e buscou um disco na prateleira para ouvirem a música deles. Colocou o CD no som sem se atrapalhar. A música deles era uma versão da Orquestra Mantovani de As Time Goes By. O gosto mútuo que tinham por essa música era uma das únicas lembranças boas que Regina decidiu guardar para ela nos últimos tempos. Ele veio devagar e a música começou. Ela parecia tensa, desconfiada e Daniel imaginava o porquê. Quando ele chegou perto da esposa, ergueu as mãos em seu rosto e fez um carinho, em especial em seus lábios grossos cheios de batom que mancharam os dedos dele. Por alguma razão, nesse momento, Daniel parecia o homem por quem Regina se apaixonou um dia; bonito, forte, galanteador e doce. Ela fechou os olhos, esperando sua tensão passar, as pernas e os joelhos pararem de tremer e o coração desacelerar de nervosa.

— Por que está fazendo isso, Daniel? — perguntou ela, arfando e virando os olhos.

— Há tanto estou devendo a você o meu amor. Todos os dias tem sido exaustivos, Regina. Você é uma mulher, tem uma vida inteira pela frente e precisou parar por minha causa, como acha que me sinto hoje quase morrendo? Estou cansando do meu corpo, ele está cansado de mim, mas a minha mente é sua, eu não quero desistir de viver, quero viver para você. — Daniel se inclinou sobre ela e a beijou suavemente, como se houvesse uma bala doce em sua boca.

Regina não podia negar que pela primeira vez em anos se excitou com um beijo do marido. Foi automático. O arrepio foi descendo pelo corpo, o pescoço, os seios, o ventre, o sexo. Ela quase se derreteu em seus braços, embora ele jamais pudesse carrega-la como fez na noite de núpcias deles. Mas ela daria um jeito e eles se amariam de novo, nem que fosse ali no tapete persa sobre o chão, ao som da música deles. Quando ele colou o corpo ao dela, ela pôde sentir sua ereção. Há quanto tempo não sabia o que era aquilo? Que milagre estava acontecendo? Justamente hoje que passara uma terrível manhã se culpando por ter beijado uma moça em um delírio particular. Bem, se pensasse um pouco, fazer amor com o marido seria uma bela opção para tirar aquela culpa da mente.

Então, Regina o despiu com urgência e o deitou no tapete sobre suas roupas emaranhadas. Ela ficou nua para ele com a mesma pressa, largando por último a lingerie italiana escondida por baixo das roupas de frio e echarpe que escorregou silenciosamente para cima do peito dele, foi aí que ele estendeu a mão, ela pegou e montou em Daniel, inclinando-se para frente. Ela sentou e começou a se mover.

Estava corada e respirando com força.

Daniel olhou para ela em cima dele, para o rosto bonito feroz e concentrado, os belos seios se movendo ritmicamente. Daniel era naqueles segundos o homem mais feliz do mundo. Aquilo podia continuar para sempre. Ele só queria amar a esposa pelo resto da vida.

A música estava acabando, justamente em seu auge. Perto dos três minutos e seis, ela arranhou o peito de Daniel, o marcando com as unhas e ele soube que ela estava satisfeita. A música deles tinha acabado.

Eles deram as mãos quando ela se deitou ao lado dele no tapete. O homem apaixonado virou o rosto olhando para a esposa ofegante, ela não conseguia olhar para ele. Tinham acabado de ter relações, e nem com isso Regina conseguiu sentir um pingo do que desejava. Não adiantavam lembranças, nem música, foi o sexo mais sem compromisso que fez com Daniel. Ela não suportava se sentir desse jeito. Se levantou e recolheu suas roupas, indo subir para o quarto.

Houve um tempo no banheiro, depois que ela vestiu o primeiro roupão que achou atrás da porta. O que havia feito era uma completa vergonha para si. Usou da vontade do marido para se satisfazer, não tinha mais a capacidade de ser ela mesma com Daniel, sem se preocupar com o desejo dele, sem esperá-lo, sem deixar que ele pudesse ter o mesmo prazer. Não sabia mais como agradá-lo, só a si mesma.

Depois de algum tempo lá em cima, Regina desceu, encontrando Daniel, ainda nu, preparando duas taças de vinho para eles saborearem juntos, ela o cobriu, vestindo-o pelas costas e fechando firme na cintura dele. O marido entregou a taça a ela e ambos brindaram.

— Que tal um banho de água quente depois dessa taça de vinho? — a pergunta dele soava sedutora.

— Ótimo — ela respondeu, antes que pudesse dar um gole esforçado no vinho, foi o momento em que a campainha soou pela casa. — Eu vejo quem é.

Largou a taça sobre o móvel, dando graças a Deus por precisar se afastar de Daniel naquele momento. Andou até a porta no hall de entrada da casa, apertando bem seu roupão de banho, como se alguém pudesse ver qualquer parte de seu corpo, para então abrir a porta e encontrar uma moça de rosto simpático e olhos azuis atrás.

— Oi, sra. Mills Colter? — ela perguntou de pronto.

— Sim, eu mesma. — Regina respondeu.

— Sou a moça para quem a senhora ligou hoje mais cedo, Belle, a empregada.

— Oh, sim... Belle. Emma me deu seu número — Regina olhou bem para a moça que não devia ter muito mais que a idade de Emma Swan. — Eu liguei porque soube de você, precisa de um emprego, sim?

— Com certeza, senhora. Conversamos pelo telefone.

Regina olhou para si, vendo o roupão de banho, pensou no marido vestido da mesma forma na sala e as roupas jogadas no chão. O que Belle pensaria se visse aquilo? Ia precisar da moça de qualquer forma, além da moça precisar do emprego, não precisava fazer ela entrar para conhecer a casa antes do primeiro dia de trabalho, ela teoricamente já tinha aceitado ser a empregada.

— Está bem, eu estou cuidando do meu marido nesse momento. Se incomoda de começar amanhã?

— Amanhã? Já posso começar a trabalhar amanhã?

— Se não houver algum equívoco, eu adoraria que pudesse começar amanhã.

— Mas é claro que posso. Tudo bem, amanhã estarei aqui, senhora. — Belle disse, de repente.

— Esteja aqui às sete e meia, nós acordamos cedo.

Belle assentiu.

— Às sete e meia em ponto estarei aqui. Até amanhã, sra. Mills.

Regina fez que sim e viu a moça se retirar de sua porta. Tinha acabado de resolver mais um problema, mas o pior deles ainda seria encarar Daniel novamente, ele a esperava na sala, com toda a certeza de que eles teriam uma noite romântica.

A escritora já estava conformada em precisar fingir para o marido quando voltou a sala, mas o remédio que o doutor Whale deu a Daniel tinha feito efeito e ele se sentou no sofá para descansar. Regina o levou para cima e ficou com ele até dormir, depois dali, ele só acordaria na manhã seguinte. Dessa forma, ela tomou seu banho e jantou solitária, esperando as horas passarem para ir escrever o que faltava do seu livro no fim da noite.



Era cedo na manhã do dia seguinte, exatamente uma semana antes do aniversário de Emma, quando ela se deu conta disso. A jovem fez uma breve pausa enquanto penteava os longos cabelos castanhos, descendo com o pente até depois dos ombros, sentada na frente de um espelho numa velha mesa de cabeceira no canto do quarto. Pregada no espelho, a folha que Regina escreveu para ela ficou junto da fotografia de sua mãe, a única que tinha, porém esse era um detalhe pouco importante para ela. A folha perdida, não era da sra. Mills Colter, era de Emma que sorria pensando no que a mulher tinha em mente quando escreveu tantas palavras bonitas sobre ela. Emma ligou os pontos, já sabia que tinha sido a vizinha do final da rua quem escreveu tudo aquilo para ela.

A jovem olhou o relógio de mesa. Faltava uma hora para ir trabalhar, ela devia comer alguma coisa e sair de casa logo. Deu uma última olhada na folha perdida e se levantou, tendo uma ideia. Tentou escrever algo para Regina, mas definitivamente não tinha talento para a escrita. Perdeu as contas de quantas folha amassou e arremessou no chão com raiva do que tentou escrever. Fechou o caderno e desistiu, frustrada por isso.

Passava pela porta da mansão da sra. Mills quando descia a rua no caminho para o centro da cidade. Emma parou na calçada da casa, observando a fachada cheia de requinte: Casa de gente rica, pensava ela. Quantas vezes tinha estado ali? Umas duas? Ela começou a ter um diálogo entre ela e uma Regina imaginária.

— Eu sei que foi você, Regina. Já posso chamar você assim, eu percebi que não se incomoda, não é mesmo? Foi você quem escreveu, e você também sabe que eu sei. Então... Muito obrigada por me dizer coisas tão bonitas. Nunca pensei que uma pessoa pudesse pensar essas coisas de mim. Eu de verdade jamais pensei que alguém um dia fosse me respeitar, o que dizer de me elogiar e dizer que sou bela de forma poética como você fez. É verdade que acha isso mesmo de mim? Ah, Regina, você é tão gentil. Sabe o que eu acho? Que devia se abrir mais, esquecer as suas mágoas e viver. É escritora, não é? Então? Você é tão inteligente, tão fina, mas essas coisas não combinam com seus olhos, eles me parecem tristes e abandonados, muito escuros para uma mulher tão bonita. Quero te pedir uma coisa, posso? O meu aniversário está chegando, eu gostaria que me desse o prazer de ler o que você escreve. Não falo do que já ganhei, da folha, eu quero um livro, o.k.? Serve qualquer coisa que você tenha. Páginas avulsas...

De repente ouviu um barulho, algo se abrindo, rangendo fininho como uma roldana de janela enferrujada. Emma baixou, correu para trás de um pinheiro de jardim que havia na entrada da mansão, se escondendo do que ouviu. Regina apareceu numa das janelas, Emma conseguia vê-la entre um vão nas folhas do pinheiro. A mulher procurou por ela, mas não a viu. Escutou tudo, estava no escritório o tempo todo, não dormiu naquela noite e ficou o tempo todo ali dentro. Estava indo acordar o marido quando ouviu a voz de Emma.

— Emma? Você ainda está aí? Por favor não diz que tudo o que eu ouvi foi coisa da minha cabeça?

Emma espiava a mulher procurar por ela. Teve vontade de sair de trás do pinheiro e dizer que não era coisa da cabeça dela, mas lhe faltou coragem. Regina então, desapontada, até mesmo abalada com a clareza das palavras, se recolheu, fechando a janela do escritório. Emma sentiu pena da escritora, mas só restava ir embora dali. Antes de sair, Emma viu Belle chegando do outro lado da calçada. Esperou a amiga tocar a campainha e a enxergou entrar na mansão um minuto depois.

.  .  .

Após o trabalho, Emma voltou para casa no rotineiro caminho para Blue Hill, ouvindo seu iPod enquanto andava. Sentia um incomum remorso por não ter aparecido para Regina e tê-la feito pensar que estava ouvindo coisas, mas o que tinha na cabeça também para sair falando daquele jeito como se ela estivesse na sua frente? Finalmente chegou em casa, sã e salva. Abriu o portão, o fechou, notando que a correspondência do mês chegara. Levou todo o bolo de papel de carta para dentro, jogando tudo sobre o sofá da sala, indo abrir depois que trancou a porta e se desfez do casaco, junto dos fones de ouvido.

Nunca viu uma pilha de correspondências tão grande, teve dificuldade de tirar tudo da caixa do correio, a propósito, podiam ser ofertas boas ou um convite para ir estudar em alguma universidade barata do interior do estado. Ela encontrou as contas primeiro, nenhuma novidade nessas, foi para as propagandas, sempre as mesmas, daí achou o que estava fazendo volume entre os papéis, um grande envelope dobrado ao meio. Emma leu na parte da frente: Para Emma, com carinho.

A jovem, empurrou a sujeira de papel que tinha feito com as contas no sofá e abriu o envelope ali, descobrindo uma coisa maravilhosa, páginas de um livro sem capa, algo imprimido em folhas grandes, mas tinha cara de um livro.

Ela sabia o que era quando viu o título na primeira folha, em letras garrafais: Intimamente. No mesmo momento foleou as páginas, estavam em ordem, com números e divisões nos capítulos. Voltou a primeira página, e encontrou no canto inferior direito o nome da autora. Emma abriu um sorriso, pois Regina acreditou nela, não foram palavras jogadas fora as que disse pensando vê-la mais cedo.

Dessa vez, quem não dormiu foi Emma, devorando as páginas que Regina colocou em sua caixa de correio. Os capítulos eram enormes, cheios de detalhes obscuros da vida de uma mulher infeliz que encontrava amor em outra pessoa e vivia um dilema para deixar seu casamento de quinze anos. Eram três da manhã quando a vista de Emma começou a embaçar, faltava pouco para terminar a primeira parte do livro e ia parar por ali porque era o que tinha. Estava confusa pensando em escrever algo para Regina em agradecimento, e novamente a vergonha não permitiu que ela fizesse, o que era estranho pois não costumava ter medo das próprias atitudes. Parecia que só se estivesse cara a cara com a escritora poderia dizer o que quisesse para ela.

Felizmente, Emma teve uma ideia, baseada no que tinha acabado de ler do último capítulo da primeira parte da história.

Nos encontramos num lindo recanto, no alto da cidade. Fazia frio, passamos algum tempo admirando a paisagem, mas nossas mãos geladas precisavam de calor humano. Entrelaçamos os dedos e foi como magia, havia um sol no que só  nós enxergávamos no topo da montanha, e ele estava esquentando meu coração. Catherine era meu sol.

Emma grifou cada linha do último parágrafo. Guardou as folhas no envelope e pegou o caderno. Escreveu com sua letra feminina:

 

Querida favorita escritora,

Preciso que me encontre em um lugar secreto... Bem, não é tão secreto assim, mas lá estaremos seguras e longe dos olhos das pessoas. Não quero que falem nada de mim e que não prejudiquem você. Preciso agradecê-la pelo presente adiantado. Fica no mirante. A entrada é pelo parque, um pouco além da saída da cidade, você saberá como chegar lá, apenas siga esse pequeno mapa que estou fazendo. Te aguardo depois de amanhã, às duas da tarde. Por favor, dê um jeito de ir, e, ah! Quero saber o que aconteceu na história, leve mais capítulos.

Atenciosamente,

Emma.


Notas Finais


A partir desse momento posso dizer que Regina e Emma ficarão mais próximas, e seus encontros na fanfic ficam mais frequentes também.

Sobre Não Há outro Amor: Essa semana encerro a fanfic, vai me fazer muita falta escrever aquela lá, porém, a prioridade após isso será essa aqui.

No geral, comentem, eu ainda estou desconfiada se vocês aprovam essa fanfic ou não.

Um abraço, fiquem bem e até o próximo.


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