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História Intimamente Emma - O encontro


Escrita por: WoundedBeast

Notas do Autor


Olá, amigas leitoras.

Antes de começarem quero agradecer ao retorno que algumas de vocês me deram no último capítulo. Obrigada por aprovarem a fanfic, e é por essa razão que adiantei esse próximo para matar a curiosidade de algumas em relação a Emma e Regina.

Quem acompanha Não há outro amor, peço que aguardem mais um pouquinho, o capítulo está quase pronto e ficando gigante, diga-se de passagem, por isso a demora, mas ele está sendo escrito, okay?

Fiquem com esse e apreciem.

Boa leitura.

Capítulo 7 - O encontro



O lugar que Emma lhe disse ficava distante do centro da cidade. Uma espécie de recanto, parque, ou qualquer esconderijo por trás de um bosque, às margens de um lago. Regina deixou o carro nas proximidades, perto do portal entre duas imensas árvores. Veio andando pelo caminho, rápida no começo, depois, notando que estava ansiosa demais sem motivo, andou a passos mais lentos e silenciosos, mas isso não impedia ela de fazer barulho com os saltos da bota esmagando as folhas velhas caídas das árvores no chão coberto delas. Passou por um casal no meio do caminho, e no entanto praticamente não foi notada pelos dois aos risos e provocações típicas de namorados. Chegou no lago e algumas pessoas estavam sentadas na grama, gastando tempo com sabe-se lá o quê. Passou reto na trilha e viu logo três placas em diferentes direções;

para o lado: O lago;

para o outro: A clareira;

para cima: O mirante.

Regina deu um grande suspiro, pensando se devia prosseguir e se encontrar com a jovem, sua cabeça funcionava a mil, porém a vontade de conversar com ela era maior que tudo e não conseguia esconder de si própria. Seguiu o caminho de cima e sumiu na trilha. Emma estaria lá como prometeu? Ela estava mesmo interessada em ler o que escrevia? Ela deixou os questionamentos de lado e continuou caminhando sozinha pela trilha, contando os passos, com as mãos nos bolsos do sobretudo. Ficou pensando em Daniel que deixou em casa, em seu atelier, pintando o painel para o museu que lhe fez a encomenda. Tinha recebido o convite de Emma logo cedo, quando foi buscar a correspondência na caixa do correio. Regina ergueu os olhos quando se deparou com uma escadaria, era lá onde Emma estaria, no mirante. Subiu, e a cada degrau, o coração parecia vir a boca, mas ele quase parou quando ela pôs um pé no último e viu alguém, uma pessoa parada, escorada na borda, de costas.

— Emma? — chamou.

Emma se virou em um susto, mas sorriu, sorriu e atravessou o mirante para se aproximar da escritora.

— Você veio! — disse a jovem. — Eu sabia que não ia me decepcionar.

— Por que pensou que eu não viria? — Regina corou, terminando de pôr os pés no espaço onde Emma estava e foi assim que se viram cara a cara. — Não sou o tipo de pessoa que falha com meus compromissos.

— Não sei muito bem o porquê — Emma riu de um jeito doce. — Você tem cara de ser uma pessoa muito braba, achei que pudesse não gostar do convite que te fiz para vir aqui.

A mulher deu uma boa olhada nela, vendo sua roupa de frio, um casaco com pelos na gola e nas mangas, calça jeans, tênis e na cabeça uma touca de pompom vermelha. Caiu bem na moça. A propósito fazia frio, embora não estivesse chovendo, um milagre em dias como aquele.

— Pois se enganou. — ela deu de ombros.

Emma assentiu com a cabeça, abriu um sorriso travesso e, de repente, pegou sua mão, levando ela até a ponta do mirante.

— Vem ver. Não é linda a vista que se tem daqui?

Ao que olhou para a paisagem, Regina não se deu conta, mas sua mão e a de Emma estavam juntas sobre a pedra do mirante. A vista da cidade a deixou maravilhada. Não imaginava que Mary Way Village de cima fosse tão bonita, mal parecia aquela cidade fantasma que viu quando chegou há um mês.

— Isso é... Isso é lindo. — um sorriso brotou espontâneo de seus lábios e Emma o viu.

— Já disseram que você fica muito bonita quando sorri?

Elas se olharam e Mills sentiu de novo o coração vir a boca. Desviou o olhar dela e puxou de dentro de um bolso algumas folhas de papel.

— Eu trouxe, são pra você. — mostrou para Emma que as pegou no minuto seguinte.

— Capítulos! Oh, poxa, eu estava louca para ler mais. — Emma correu até um banco sob um teto no mirante e se sentou, abrindo o rolinho feito com as folhas. Os capítulos que restavam da primeira parte do livro de Regina estavam todos ali.

— Vá com calma, ainda não sei o que vou resolver com a segunda parte do romance, mas se você quiser pode me ajudar. — disse Regina se sentando ao lado dela no banco.

— E você quer que eu ajude você? Meu Deus, que honra. — Emma mordeu um dos lábios e voltou seus olhos para as folhas, então, teve uma ideia. — Leia um capítulo para mim. — estendeu uma página para ela. — Quero ver como fica o seu romance na sua voz.

Isso a surpreendeu. Nunca alguém lhe pediu para ler o que escrevia, nem Daniel por mais apaixonado que fosse por ela. Aquela moça estava pedindo o impensável. Regina quase relutou, mas enquanto pensava se ia conseguir ler em voz alta para Emma, a moça tinha certeza de que não teria o pedido recusado.

— Eu nunca fiz isso pra alguém. Tem certeza de que quer me ouvir lendo um capítulo? — Regina perguntou.

— Óbvio. Quando li esse romance pela primeira vez eu juro que imaginei a sua voz. Por favor, leia para mim. — Emma soava tão tranquila e pronta que não deu escolha à Regina.

A escritora fez que sim com cautela e abriu o papel, vendo as primeiras palavras, olhou de volta para Emma, depois para as palavras no papel novamente, passando os olhos pelo título do capítulo.

— Capítulo cinco, A investida. — disse, continuando após perceber que Emma havia pousado um cotovelo sobre a coxa para prestar atenção na leitura, era toda dela naquele momento.

Regina leu o capítulo que Emma pediu, e aos poucos, devagar, conforme as palavras ditadas se encaixavam, o romance ganhou forma na mente da jovem. A história da mulher que se apaixonava por outra e tentava vencer os obstáculos do fim de um casamento perturbado estava toda se encaminhando para um final trágico, segundo aquele capítulo; em dado momento, o marido de Suzanna colocava a esposa numa situação crítica ao questioná-la sobre seu caso com outra pessoa, e ela não negou, o que gerou uma cena de briga, socos e tapas. Quando a cena acabou, Regina voltou a fitar Emma, a jovem retribuía o olhar que não saiu da mulher em momento algum.

— Foi você, não foi? Agora eu tenho certeza absoluta que foi você. — Emma disse, e sem pensar muito, ela ergueu os dedos, os levando aos lábios de Regina.

A escritora se perguntou se aquilo era um sonho, ou mais uma ilusão muito real que estava tendo novamente, mas não era nada do que pensou, era de verdade. Tudo o que sentia piorava com o passar dos segundos, tudo ficou mais lento e se parecia com um doce torpor. Tremia e, junto do frio, apesar das luvas, sentia os dedos doerem. O que essa moça queria dela? O que estava acontecendo consigo?

— Emma, do que está falando?

Regia virou a cara rapidamente.

Emma ficou desapontada com a reação dela.

— Desculpa. Não quis assustar a senhora. — ela se levantou do banco e voltou para o mirante. — Se não quiser me explicar o porquê, eu vou entender. Talvez aquela folha não tenha nem sido escrita para mim. — Emma soou como uma criança que acabara de perder algum brinquedo muito valioso.

Regina voltou a se pôr de pé, respirava fundo e o ar congelante começava a pairar toda vez que fazia isso.

— Eu é quem peço desculpas, eu não devia ter vindo. — admitiu a mulher, virando as costas.

Emma olhou para ela imediatamente, precisando impedi-la.

— Fica. Pelo o amor de Deus, fica. Eu não quero nada seu nesse momento além de que fique. — a voz soou carente, quase sem forças.

— Você me pediu para trazer o novo capítulo, eu trouxe, não tenho mais nada para fazer aqui, além de que está frio, muito. Volte pra casa.

Isso deixou Emma chateada.

— Está achando que tem o direito de me dizer o que devo fazer? — perguntou ela. — Não quero. E nem você vai. Ficou assustada por que toquei você? Foi o convite? É isso, não é? Estamos sozinhas, é isso que te assusta.

Regina a olhou por cima do ombro, até se virar de vez e encará-la. Emma estava mais pálida que o normal, talvez fosse o frio do mirante, não ia aguentar muito tempo ali.

— Eu não estou com medo de nada.

— Então por que não fica?

Regina ficou quita por sua vez, olhando Emma em silêncio.

— Não posso ser uma boa companhia para você, Emma. — disse ela finalmente.

— Sinto muito por incomodá-la. — a jovem mirava Regina, desconfiada. — Achei que tinha encontrado uma amiga. Você foi muito gentil comigo antes, como nenhuma outra pessoa além do David foi. Chamei a senhora aqui porque confiei em você.

— Eu também, Emma, eu também. — Nesse momento, a mulher engoliu em seco.

— Estou percebendo que estava enganada sobre você. Pode deixar, eu não vou mais perturbá-la, não dirijo mais a palavra, nem paro mais a sua janela para conversar com você. — a moça empinou o nariz em desafio, queria ver a reação de Regina.

— Então você estava lá mesmo? Não era coisa da minha cabeça.

— Achei que tivesse acreditado, por que me enviou os capítulos do seu livro então?

Regina parou e pensou, coçou a nuca.

— Fiquei pensando no que me disse, lembrando do dia em que bateu na minha porta perguntando sobre o dono da folha que achou no hotel. Estou escrevendo esse livro e achei que fosse gostar dele.

Emma abriu um sorriso largo. Foi tudo como ela imaginou, Regina acreditou nela em algum momento.

— Você ainda quer que eu te ajude a terminar esse livro?

A escritora devolveu um sorriso tímido para a jovem, assentindo por fim.

— Acho que a senhorita tem talento para isso.

Caminharam em silêncio pelo caminho do mirante por alguns minutos. Ambas estavam perto do bosque agora, e o frio do alto começava a se dissipar.

— Sabe por que chamei você até aqui?

— Para me agradecer?

Elas pararam.

Emma sacodiu a cabeça.

— Agora nem tanto... Li no último capítulo que recebi de você sobre um lugar no alto onde Catherine e Suzana se encontraram para aproveitar o tempo juntas. Achei que você fosse se lembrar disso logo que chegou.

Por um momento, Regina corou drasticamente, assim como se tivessem descoberto um segredo muito importante sobre ela. Do jeito que era esperta, Emma podia ter descoberto como andava se sentindo na presença dela, a jovem podia imaginar que havia algo além de empatia. Regina voltou a se sentir assustada, seus olhos estavam arregalados.

— Calma. Não vou beijar você se é o que está pensando. Posso ser sincera, voltando a história? — perguntou a moça.

— Deve. — Regina respondeu menos vermelha.

— Eu me acho muito parecia com a Catherine.

— Por quê?

— Ela é livre, uma mulher sozinha, sem família, está se apaixonando por uma mulher mais velha e quer fugir para onde não a conheçam.

A mulher voltou a ficar rubra diante da comparação que Emma fez. Elas voltaram a andar, e Emma imaginou o que tinha dito de errado de novo para fazer a escritora querer sair correndo daquele jeito. Por alguns minutos, não conversaram, isso estava deixando a moça aflita.

— Você sempre escreve histórias como essa? — perguntou a moça, quebrando o silêncio.

— Intimamente? Sim, escrevo dramas e romances, não sou do tipo ficção cientifica, nem aventura, a não ser que sejam aventuras românticas. — Regina respondeu, olhando para todas as direções, menos Emma.

— Hum, isso parece curioso. Dizem que escritores famosos expõe seus dramas particulares nas coisas que escrevem. Seria esse o seu caso, Regina? — ela soou insinuante, era para ser assim, mas não ficou só por isso. — Me perdoa se eu estiver me intrometendo na sua vida, mas desde a primeira vez que te vi não enxerguei felicidade nos seus olhos.

Conforme Emma falava, Regina queria desaparecer de vergonha, embora ela estivesse revelando uma grande verdade. Já havia admitido à ela sobre ser infeliz. Emma parecia ser a única a querer encontrar uma solução para esse problema em específico. Mas como ela poderia ajudar uma mulher fracassada socialmente, sem amor pela vida e pelo marido? Era algo mais complicado para Regina e ao mesmo tempo simples para a moça.

— Você é uma pessoa bem direta, não é mesmo? Fala o que pensa e não mede consequências. Gosto de gente assim. — admitiu a mulher.

— Jura? Achei que fosse pedir para eu parar de me intrometer. Quer saber de uma coisa? Seu livro é o primeiro que estou acompanhando pra valer, eu nunca parei para ler alguma coisa nem na escola, achava até que odiava ler, prefiro poesia. Suas palavras soam como poesia, por isso eu gosto tanto e por isso também que me impressionei com a folha.

Regina buscou ar para falar sobre a folha perdida.

— Aquilo foi um lampejo, eu estava há dois dias sem pôr as mãos no meu computador, precisava escrever alguma coisa nem que fosse à mão. Eu vi você no hotel. Tive vontade de escrever sobre.

Elas chegaram no bosque, na frente do lago.

— Então está admitindo que foi você?

— Fui eu. — Regina assentiu. — Você já sabia.

Emma a observou novamente, estava admirada com a personalidade de Regina, mas não tanto quanto a escritora com a dela. O que começou entre as duas, queira chamar de amizade ou empatia, começou por conta daquela folha que Emma tinha guardado no espelho de sua cabeceira. Pela primeira vez estava sentindo mariposas no estômago quando olhava para os olhos negros da sra. Mills, isso também lhe pareceu esquisito, diferente da euforia de antes. Ela tentou compreender Regina. Havia uma mistura bonita entre timidez e insegurança, e para que se Regina era bonita demais, rica demais, elegante demais? Era simples ter admiração por uma escritora, mas e quando essa escritora fala sobre você em um pedaço de papel e ainda por cima admite? Tudo de repente fez sentido, Regina se mostrava uma mulher solitária, embora vivesse com o marido doente em casa; ela era uma moça muito jovem e também solitária, não confiava em ninguém, apenas na própria sombra. As duas eram parecidas nesse aspecto. Emma entendeu.

— Obrigada, Regina. — Obedecendo a um impulso, ela pegou na mão direita da mulher e a apertou entre as suas.

Como na passagem do livro, uma mão aqueceu a outra, uma virou o sol da outra em poucos segundos. Regina tinha esquecido o frio, permitindo aquele aperto entre os dedos da moça a aquecer por dentro. Não teve medo de encarar a garota que estava prestes a virar uma mulher, pois é, tinha esse detalhe. Emma ia completar dezoito anos na semana seguinte, a escritora precisava pensar em um presente melhor do que páginas de livro.

— Você não precisa agradecer, eu é quem devo.

Emma soltou da mão dela e assentiu.

— Posso fazer outro convite?

— Se não for demorar, sim.

— Aceita um chocolate quente? — disse Emma.

— Não sei como você soube, mas eu adoro chocolate quente.

 

. . .

 

Regina deu uma carona para Emma, e não demoraram muito para chegar na rua St. Barbara.

Emma abriu o portão de sua casa, esperando que Regina a seguisse, mas a mulher demorou a sair do carro. Quando ela fez isso, Emma andou até a porta e esperou pela mulher que entrava em seu quintal como se pisasse em ovos.

Regina não tinha pensado muito quando Emma lhe fez o convite do chocolate quente, achou que elas iriam para algum bistrô no centro da cidade, mas tinha se enganado redondamente, a própria Emma faria a bebida, ela sequer lembrou que Emma na maior parte das vezes devia se virar sozinha, então um chocolate quente em dias de inverno não dava trabalho. A mulher entrou na casa da jovem após subir os três degraus que antecediam a porta aberta por ela, viu um singelo espaço na entrada, onde Emma guardava um guarda-chuva, uma bolsa e as chaves. As coisas ali dentro eram modestas, embora tudo estivesse muito bem organizado. Emma a guiou até a sala, mostrando o sofá para se sentar e esperar até que ela terminasse a bebida. Enquanto a moça se ausentou, Regina olhou ao redor, sentindo como se estivesse na casa de uma avó ou alguém mais velho. Ela tirou as luvas das mãos e esperou por Emma, mas podia ouvir ela mexendo na cozinha.

— Está espantada com a minha casa, não é? — Emma reapareceu trazendo duas canecas. Ela entregou uma para Regina e ficou com a outra, indo se sentar pouca coisa distante da escritora no mesmo sofá.

— Confesso que um pouco surpresa, se posso falar assim.

— Gosto de organizar essa casa como se mais pessoas morassem aqui. É um espaço muito grande como pode ver, fazendo isso eu não me sinto tão sozinha de vez em quando. — a moça bebericou da caneca, sem tirar os olhos de Regina.

Há dois dias Regina tinha conversado com o tio de Emma na floricultura da família Swan, foi quando soube sobre Ingrid que fizera algo sério e deixara a cidade, mas deixou a filha para trás sem se importar com o que aconteceria com ela. Regina estava tentando entender há quanto tempo Ingrid havia deixado a filha sozinha, abandonada a própria sorte, e como Emma se virava numa casa relativamente grande para uma pessoa só.

— Há quanto tempo mora nessa casa? — Regina fez a pergunta.

Emma demorou pensando.

— A minha vida toda. — a voz dela embargou após dizer isso, ela tomou mais um gole do chocolate quente.

Regina bebia distraidamente da caneca.

— Quando sua mãe foi embora?

Emma se encolheu com a pergunta.

— Por que quer saber?

A escritora percebeu que aquele assunto não era dos mais confortáveis para se discutir com ela.

— Por curiosidade.

— Foi quando eu tinha oito anos, desde então, ela vem me ver às vezes, quando quer. Minha avó cuidou de mim até eu ter treze anos. — Ela apontou para uma foto na cômoda atrás do sofá. — Essa é minha avó no meu aniversário de dez anos.

Regina deu uma olhada na foto, a senhora Swan era uma mulher muito bonita para a idade que aparentava ter, e um detalhe chamou a atenção: Diferente de Emma, sua avó tinha cabelos quase dourados.

— Era uma mulher muito bonita.

— Se parece com minha mãe. Bem, depois que ela morreu, meu tio sugeriu de ir morar com ele e a esposa naquele sobrado em cima da floricultura, mas eu fiquei com o que sobrou da poupança do meu avô e me mantive sozinha. Pense em quantas vezes eu não escapei de ser levada pelo conselho tutelar. — a garota brincou, mas em seguida assumiu uma expressão triste. — Um dia eles cansaram e eu não precisei mais me preocupar em esperar minha mãe voltar para confirmar que eu não morava sozinha. Que coisa, não? — Ela terminou seu chocolate. — Que tal o chocolate quente? — perguntou de repente.

— Uma delícia! — respondeu Regina com ênfase.

— Sei fazer mais que isso, uma boa macarronada por exemplo. Você aceitaria almoçar comigo no meu aniversário? — Emma desconversou, mas a intenção na pergunta era verdadeira.

— Temo que não possa almoçar com você no seu aniversário. Tem meu marido que precisa de ajuda, nós costumamos almoçar juntos todos os dias.

— Ah, então tá bem. — Emma tentou não parecer desapontada outra vez. — Vou me conformar em comer sozinha, eu já faço isso todos os dias mesmo.

Por mais que quisesse entender Emma, Regina tinha pena dela. Terminou a bebida quente e se levantou devolvendo a caneca à Emma.

— Eu sinto muito, gostaria de ficar, mas meu marido deve estar precisando de mim lá em casa. — Regina estendeu a mão. — Obrigada pela companhia esta tarde.

A reação da moça após se levantar não foi apertar a mão da escritora em retribuição. Emma pousou as canecas sobre a mesa de centro, fitou Regina nos olhos e agarrou–se ao corpo da mulher desesperadamente. Sentiu o perfume importado que a sra. Mills usava, o cheiro além disso da pele dela por baixo dos casacos, o calor que fazia não querer larga-la nunca mais.

Sem reação, a sra. Mills manteve os braços no ar enquanto aquele abraço acontecia, tentando controlar as batidas do coração para que Emma não escutasse ou percebesse sua exaltação. Quando Emma apertou o sobretudo dela, Regina soube que precisava retribuir o abraço. Ela acalmou a moça deixando os dedos roçarem na touca, depois nos cabelos castanhos, até os ombros. Ela não contou ao certo quanto tempo o abraço durou, mas foi o suficiente para perceberem que precisavam uma da outra. Quando a moça a soltou, seus olhos estavam abertos de mais, prestes a virarem um rio de lágrimas, como se Emma tivesse algo sério para dizer a ela. De toda maneira, Regina esperou, mas não houve nada além de um suspiro. Ela se afastou até a porta e abriu esperando a mulher passar.

Regina saiu com pressa, sem olhar para trás.

Só restou para Emma bater a porta e se apoiar ali com as costas. Aquele abraço não foi algo que planejou, embora quisesse muito. Que Regina não estivesse pensando errado dela depois da demonstração de carinho espontânea, pensava a moça.

Aquilo parecia cada vez mais estranho para ambas, uma intimidade que acontecia muito rápido desde que se falaram pela primeira vez.

Emma estava prestes a roer as unhas quando o telefone tocou e ela foi atender.

— Alô?

— Emma? Há quanto tempo, querida! É sua mãe, Ingrid. Tenho uma excelente notícia. Vou voltar para Mary Way Village em breve e, dessa vez, ficarei para sempre. — A voz, Emma sabia de quem era. Sua mãe. De repente, Emma murchou, afundando-se no sofá.


Notas Finais


Estamos vendo o que uma provoca na outra da forma mais espontânea possível. O que vocês esperam que aconteça enquanto elas se descobrirem cada dia mais conectadas uma a outra? Já era certo de que Ingrid fosse voltar, mas vocês não tem noção do quão problemática essa volta dela pode ser para Regina.

Eu espero que tenham gostado. Nos veremos no próximo capítulo.
Um abraço e fiquem bem.


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