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História Into The Dead - Capítulo 12


Escrita por: control5h

Notas do Autor


O quarto é algo parecido com isso.

Uns avisos que já dei na outra história. Aliás, aproveito para falar que postei The One That Got Away essa semana! Corram lá pra ler!
Primeiro aviso: eu comecei a fazer faculdade, então não vou ter tanto tempo assim como costumava ter para atualizar. Segundo: provavelmente vou atualizar uma história por semana, isso vai depender da quantidade de coisas que tenho que fazer e claro, do meu ânimo. Terceiro: Preparem as calcinhas (cuecas, quem sabe?). Quarto: Amo vocês! ♥ Quinto e último porque já chega: HOJE TEM TWD!

Boa leitura e me perdoem por qualquer erro.

Capítulo 12 - Capítulo 12


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 12

LAUREN PDV

Um suspiro manhoso arranhou minha garganta quando os primeiros sinais de consciência começaram a me acordar. Eu estava de bruços, com as mãos por baixo do travesseiro. Mexo meus braços que estavam pesados. Na verdade, todo o meu corpo estava pesado, cansado, mas estranhamente relaxado.

Lentamente abro meus olhos para me acostumar com a claridade do lugar. A janela estava aberta e o frio pós-temporal bailava pelo ar que cheirava a relva molhada. Meu corpo nu estremece e me enfio ainda mais debaixo das cobertas para aquecer.

Pisco com dificuldade por causa da minha sonolência. Viro meu rosto para o lado contrário e vejo a calma vazia. Sento-me na cama, com o lençol cobrindo meu corpo e passo as mãos por meus olhos para me livrar da lerdeza.

Levanto-me enrolada no lençol e caminho até a janela, vendo os zumbis zanzando pelas ruas. Eles estavam letárgicos e cambaleantes por causa da água, esperando só um mísero barulho para atacar. Era apenas uma garoa fina que caía sobre suas cabeças.

Viro-me e tento captar algum barulho no andar de baixo da casa. Mas nada além de silêncio e grunhidos do lado de fora ecoavam.

Não preocupada, mas sim receosa, eu começo pegar as minhas peças de roupa que ainda estavam espalhadas pelo chão do quarto.

Aquela noite havia sido longa...

Pego minha Beretta 92 e minha faca que havia guardado dentro de uma gaveta da escrivaninha, as colocando uma no cós da calça e a outra em minha bota, e caminho até o corredor. Olho para os lados procurando por Camila, mas nada dela.

Ela não poderia ter ido embora e me deixado ali, poderia?

Desço as escadas, ainda olhando para os lados. Atravesso o corredor e chego até a sala de estar finalmente a encontrando.

Ela encarava uma janela de vidro fumê. Do lado de fora algumas formas com mãos esqueléticas batiam contra o vidro e grunhiam guturalmente. A latina estava com os braços cruzados na frente do corpo. Vestia uma calça de moletom preta e seu sobretudo preto, provavelmente seco. Os cabelos caíam parte sobre os ombros e parte livres nas costas.

- Tem café na cozinha. Achei um pouco de instantâneo. – Camila falou sem virar para mim.

Estranhei sua atitude e, sinceramente, me senti até um pouco ofendida. Mas não deixo isso transparecer. A mulher deixara claro suas intenções ontem e eu também não queria nada diferente.

Entretanto, ela não precisava ser infantil ao ponto de me ignorar no dia seguinte. Não sabia o significado de sexo casual, por acaso?

Dou de ombros e sigo para a cozinha. O cheiro do café era nostálgico. Pego um copo aparentemente limpo na pia e me sirvo de café. Havia ovos desidratados fritos em uma frigideira sobre o fogão e até torradas prontas.

Meus olhos brilham ao ver aquilo.

- Eu sei. Eu também fiquei assim. – a voz doce da Camila surgiu na cozinha. Levanto o olhar e a vejo me olhando da porta. Ela arriscou um sorriso tímido.

- Obrigada por ter feito isso. – murmuro, cordialmente.

Pego as torradas e o resto dos ovos e coloco em um prato. Sento-me à mesa e começo a devorar aquilo. Eu estava faminta.

- Uma ideia de como vamos sair daqui? – pergunto, com a boca cheia de ovos.

- Eles estão bem mais dispersos hoje. – ela dá de ombros e arrasta uma cadeira para se sentar. – Talvez possamos os atrair com alguma coisa na direção oposta. Olhei pela janela hoje mais cedo e vi que não estamos longe da saída. Talvez um pouco ao leste do condomínio.

- Você avistou minha moto? – pergunto, tomando um gole de café.

- Ontem na hora que nos desencontramos eu a vi perto da saída. Nossas coisas ainda estão nela, porque pelo visto eles iriam fugir nela também. – ela fala, me olhando comer.

- Você foi perto da saída e não fugiu? – franzo o cenho.

- Eu não deixaria você para trás, Lauren. – Camila ergue uma sobrancelha, como se aquilo fosse óbvio demais para ser constatado. Após isso cruza os braços na frente do corpo novamente, na defensiva.

Engulo a comida e limpo a boca com o intuito de esconder o sorriso tímido que nasceu no canto dos meus lábios.

Que diferença desde a vez do hospital, huh?

- Quantas horas já são? – pergunto, ao terminar de comer.

- Já são quase uma hora da tarde. – responde, olhando o relógio no pulso.

- Eu realmente dormi tanto assim? – arregalo os olhos. – Que horas acordou?

- Um pouco antes do meio dia.

Eu percebia que suas respostas eram forçadas. Sua expressão estava fechada e não radiante como antes.

Culpa e remorso evidentes.

- Se você for continuar com essa carranca... – eu resmungo, largando o copo bruscamente em cima da mesa.

- Eu não estou com carranca. – ela se defende, revirando os olhos.

- Sim, está! – falo, impaciente. – Não quero jogar esse joguinho do remorso no dia seguinte. – ela abre a boca para me retrucar, mas eu a interrompo antes disso. – Estávamos com tesão e aconteceu, ok? Não me venha com discursos moralistas que vão dizer como isso foi errado e como isso pode afetar nosso relacionamento entre os grupos. Eles nem precisam saber o que aconteceu aqui, então...

- Cala a boca, Lauren! Já disseram que você fala demais? – Camila rosna de fato irritada. – Quer saber? – ela se levanta com um supetão. – Você é uma idiota, isso sim!

- Eu? Idiota? Foi você quem disse que queria um orgasmo ontem! – levantou-me também e aponto um dedo em sua direção.

- Depois de você me pressionar contra uma parede! – ela replica.

- Ah, tudo bem, mas eu deixei bem claro quando disse “Eu não vou te tocar se você não quiser!”. – rosno de volta, tentando me controlar para não elevar a voz. Ainda estávamos cercadas de mortos-vivos.

- Argh! Eu sabia! Eu sabia que isso seria errado! – Camila resmungou, erguendo os braços e passando as mãos pelos cabelos.

- Não parecia errado na hora que você estava se esfregando em mim ontem... – falo casualmente e dou de ombros.

Camila grunhiu de raiva e pegou a primeira coisa que viu na frente: um pedaço duro de torrada deixada no meu prato.

O negócio acertou no meio da minha testa.

- Ai, Camila! – eu bufo, passando a mão no local.

A latina saiu da cozinha ainda irritada eu travo o maxilar, com raiva.

Ela me tirava do sério.

 

Talvez um pouco mais de uma hora houvesse passado desde nossa discussão na cozinha.  Eu lavei os pratos, mordisquei mais alguma coisa ali ou aqui e o resto coloquei dentro de algumas mochilas que encontrei nos quartos.

Pela milionésima vez chequei as portas e janelas e cheguei à conclusão que eles realmente não entrariam na casa... e nem nós sairíamos.

Decidi tomar um banho em um dos quartos de hóspedes e também empacotei algumas roupas quentes. Vesti uma calça grossa de lã, uma camiseta branca e por cima um moletom da faculdade de NY. Pelo visto os donos da casa tinham filhos que estudaram lá.

Eu gostava de silêncio. Sempre gostei.

Mas precisava admitir que já estivesse me acostumando com a falação da casa sempre cheia. E eu sentiria falta quando eles fossem embora.

Subo as escadas do segundo andar depois de organizar tudo lá embaixo. Por causa das janelas e portas fechadas o interior da casa era um pouco sombrio, o frio ajudava também a criar esse aspecto. A chuva lá fora continuava fraca, mas nunca parava.

O que era cômico, porque em Miami não costumava chover tanto assim.

Na casa de campo era fácil ignorar a existência dos outros porque sempre tínhamos algo para fazer: buscar água, pescar, arrumar as armas, arrumar os carros, ficar de guarda. Agora presa dentro daquela casa não havia grandes opções.

Adentro no quarto de casal que passei a noite e avisto Camila escorada à porta de vidro da pequena varanda. A jovem olhava a chuva lá fora com os braços cruzados à frente do corpo. Pude dali ter uma visão excepcional de sua comissão traseira e lembranças da última noite fizeram arrepios cruzarem meu corpo.

Ela era tão linda nua, que, se pedisse minha opinião, eu diria pra ela só andar assim.

Caminho até estar ao seu lado e começo a observar também os zumbis zanzando na rua.

- Nós devíamos passar mais uma noite aqui. Amanhã cedo eles estarão mais dispersos. – murmuro, olhando para frente.

- O que faz você achar isso? – ela pergunta sem me olhar.

- Provavelmente os grunhidos dos outros zumbis no campo de golfe vão atrai-los para lá. É um efeito positivo e negativo ao mesmo tempo. Por isso eles se agrupam tão facilmente. Acredito que amanhã aqui na frente da casa estará menos movimentado. – falo e arrisco olhá-la. Seu perfil estava sério.

- Christopher e Dinah devem estar desesperados. – Camila suspirou passando as mãos por suas têmporas em claro sinal de cansaço.

- Ele não está, ok? Quero dizer, ainda não. – Camila me olha então confusa. – Nós temos um sistema. Geralmente sou quem sempre sai para buscar suplementos. Damos um intervalo de três dias caso eu não volte, porque imprevistos acontecem. Mas eu sempre faço de tudo para voltar dentro desse prazo e meu irmão sabe disso. E então se esse prazo extrapolar é porque algo está extremamente errado e ele vem ao meu encontro.

- Você... – ela hesita por alguns segundos. – Vocês usaram esse sistema aquela vez na cabine?

Balanço a cabeça positivamente.

- Você ficou três dias sem comida? – seus olhos arregalaram, surpresa.

- Você me deixou para trás como isca. Queria que comida surgisse do nada? – respondo e meu tom sai quase como um rosnado.

Eu inspiro fundo, não deixando o ressentimento voltar à tona.

Ela já havia pedido perdão e eu aceitado. Fim de história.

- E sim, fiquei apenas com a garrafa de água que ainda está intacta dentro da minha mochila. – completo, colocando as mãos dentro dos bolsos da calça de lã.

- Ainda? Por quê? – Camila franze o cenho. – Eu dei a água para que você...

- Para me lembrar de não confiar nas pessoas erradas. Para me lembrar de que faria tudo para salvar seu grupo... e eu entendo. Do mesmo jeito que fiz o que fiz ontem. – volto a encarar o horizonte à frente evitando um contato visual.

Não gostava de admitir, mas aquelas íris castanhas me incomodavam.

- Pelo visto não somos muito diferente uma da outra, huh...

Aquilo não havia sido uma pergunta e sim uma constatação. Decidi não retrucá-la ou completar sua fala e por isso nos entregamos ao silêncio mútuo, apenas observando a chuva fria lá fora.

 

- Oh, graças a Deus! – ouço a voz de Camila ecoar da cozinha.

- O que foi? – pergunto caminhando da sala de estar até onde a latina se encontrava. Encontro-a analisando um pacotinho branco em mãos.

- Eu achei pipoca dentro do prazo de validade. – seus olhinhos estavam brilhando.

- Oh... – suspiro, quase um gemido de satisfação. – Eu sinto falta de pipoca! – comento e vou até perto da jovem, analisando a embalagem em mãos.

- Então você fará para nós. – Camila murmura, com um sorriso sapeca nos lábios carnudos. Eu lanço um olhar de soslaio para ela que saía saltitante da cozinha. – Vou procurar algo para vermos na TV. Não saberemos quando vamos encontrar uma casa com energia de novo.

Seguro um sorriso no canto dos lábios e me coloco a fazer o que fui mandada. Procuro fazer o mínimo barulho possível utilizando o micro-ondas que parecia não estar danificado com o tempo sem uso.

Quando pessoas fogem de suas casas para campos de concentração de sobreviventes eles não levam pipoca. Então havia no mínimo cinco embalagens no fundo dos armários.

Estouro dois saquinhos e pego com a ponta dos dedos para não me queimar. Olho para a sala de estar e vejo que Camila não estava ali. A única outra TV que existia além daquela de plasma ali era uma no quarto número três do corredor. Subo as escadas e caminho pelo corredor até chegar à porta certa.

Encontro Camila segurando o controle da TV em mãos enquanto estava totalmente deitada no colchão macio azul. Pela decoração aquele quarto pertencia a um dos filhos adolescentes dos donos da casa. Pôsteres de bandas estavam colados no teto, um violão encostado ao longe, DVDs de jogos e filmes espalhados nos móveis.

Entrego um dos saquinhos fumegantes para e me jogo na cama ao seu lado, fazendo-a quase ser lançada para fora do colchão macio. Ganhei um olhar mortal por isso, mas dei de ombros jogando um punhado de pipoca na boca.

- Não acredito que estamos fazendo isso. – comento rindo enquanto mastigava.

- O quê? – Camila pergunta apertando o play através do controle.

- Estou no meio de um Apocalipse zumbi, mas assistindo filmes e comendo pipoca com uma garota bonita ao meu lado. – balanço a cabeça negativamente, negando-me a acreditar. – Estou sonhando ou o quê? – dou um suspiro cansado.

Olho para o lado depois de alguns segundos de silêncio por parte de Camila. Ela me olhava, com o cenho franzido.

- Uma garota bonita, huh? – um sorrisinho prepotente estava ali.

- De tudo o que falei você só notou isso? Que ego ruim, garota! – provoco, mas jogando uma quantidade grande de pipoca na boca para ver se eu me calava e não passava outro mico daqueles por falar demais.

- Merecemos um dia assim, não acha? – Camila dá de ombros e volta a olhar a televisão que passava alguns trailers antes de começar de fato o filme. – Confio em Chris. Sei que ele vai cuidar bem de todo mundo lá. Amanhã vamos embora e voltamos à realidade. Mas... acho que merecemos um dia longe dessa vida louca.

Continuo mastigando por alguns segundo, absorvendo suas palavras.

- Ok... hãm... – murmuro, decidindo mudar de assunto. – Que filme é esse?

- Lucy. – ela responde.

- Nunca ouvi falar. – murmuro e jogo mais pipoca na boca. – Sobre o que é?

- Uma mulher que graças a uma droga tem a chance de utilizar 100% de seu cérebro. Ela ganha poderes não humanos por causa disso. Chamaram de Lucy, graças a “Lucy” fóssil que viveu na África há 3,18 milhões de anos. Dizem que ela foi a “mãe da humanidade”. – Camila respondeu, mordiscando uma pipoca.

- Hum... – semicerro os olhos para ela. – Você foi uma daquelas nerds no tempo de escola, não foi?

- Vai à merda, Lauren! – ela bufa e joga o travesseiro que estava nas suas costas na minha cara.

Eu dou uma risada e consigo me desviar a tempo dele derrubar toda a minha pipoca.

A tarde passou rapidamente. Depois do primeiro filme a latina decidiu escolher outro, dessa vez um antigo preto e branco que achara no quarto dos pais do adolescente. Eu mal conseguia manter os olhos abertos, porque aquele filme era tremendamente tedioso. Era aquele estilo dramático onde o mocinho sofria o filme inteiro e depois no final vencia o vilão e ainda ficava com a garota.

Cliché.

- Você está dormindo? – a voz de Camila se fez presente.

- Estou.

- Aff, Lauren... – ela resmungou e forçou meus ombros para o lado. Viro-me para ela já rindo. – Idiota.

- Me incomodou apenas para profanar contra mim? – reviro os olhos, meio sonolenta.

- Me conte sua história. – a latina pediu. Pisco para tentar focar minha visão e vejo mais nitidamente sua expressão angelical.

E eu sabia que de angelical aquela garota não tinha de nada.

- Minha história?

- Sim. – Camila balançou a cabeça positivamente. – O que você fazia antes do Apocalipse.

- Eu era uma ladra de bancos. – respondo, dando de ombros para fingir que aquilo era uma casualidade.

Minha convicção fez Camila erguer uma sobrancelha, questionando-se interiormente se deveria ou não acreditar naquilo.

- Isso é mentira. – acusou, colocando os braços por debaixo do travesseiro.

- Por que eu não posso ter sido uma ladra de bancos? – retruco acomodando-me também no meu travesseiro.

Estávamos frente a frente e pouco mais que um palmo e meio de distancia nos separava. Ao fundo a claridade da TV nos proporcionava a única luz do quarto.

- Porque não! – Camila suspirou.

- E porquê não? – continuo a provocá-la apenas para ver sua carranquinha.

- Você não tem cara de ladra, Lauren. Eu sou a ladra, esqueceu? – ela deu até uma risada com a própria piada ruim.

Eu reviro os olhos.

- Anda... conte-me, Lauren! – Camila pediu sorrindo.

- O que você quer saber? – suspiro, cedendo.

- Como você adquiriu essas habilidades?

- Atirar e essas coisas? – pergunto e a latina faz um afirmativo com a cabeça. – Bem... um ano e meio de fuga por sobrevivência nos faz aprender algumas coisas... Mas meu pai caçava nos dias de folga da empresa. Costumava pegar nossa antiga camionete e nos levar para os campos abertos de Miami e para aulas de tiro também.

- Os três? – Camila brincava com a ponta do travesseiro enquanto me olhava curiosamente.

- Não. – nego com a cabeça. – Só eu e Chris. Taylor sempre foi mais apegada à minha mãe. Gostava de ajudar em bazares que nossa família organizava.

- Por que faziam isso? – a latina franziu o cenho.

- Desde pequena meus pais nos ensinaram a compartilhar as coisas que não usamos. – respondo e torço de leve os lábios, nostálgica. – Minha mãe era quem organizava tudo. Ia de casa em casa no bairro para recolher coisas que os vizinhos não usavam mais e depois levava tudo para um galpão no oeste de Miami. Chamava as pessoas sem teto e pessoas com baixa renda para procurarem algo que as interessasse. O preço era de banana apenas para que eles comprassem.

- Seus pais foram ótimas pessoas aparentemente. – Camila deu um sorriso tristonho, mas amigável.

- Sim. Eles foram... – minha voz saiu meio fraca e isso fez Camila perceber que não era um bom assunto a ser tocado.

- E o que mais? Continue. – pediu.

- Bem... eu estava começando uma faculdade assim como toda garota de 18 anos faz.

- De quê? – Camila deu um sorrisinho curioso. – Espera, me deixa adivinhar! Direito!

- Hãm? Nada a ver! – eu não resisto e dou uma gargalhada. – Eu fazia faculdade de fotografia. – respondo inspirando fundo para parar de rir.

- Pare de zoar com a minha cara, Lauren. – Camila revirou os olhos, de fato não acreditando na verdade.

- Mas eu não estou. Realmente fazia faculdade de fotografia. – coloco a mão sobre o peito, fingindo estar ofendida. Isso fez a latina rir docemente. – Por que achou que eu fazia Direito?

- Você tem uma carranca toda fechada, Lauren. Daria uma ótima advogada!

- Eu não tenho carranca. – paro de sorrir no mesmo instante e fecho a cara.

- Está fazendo uma nesse exato momento. – Camila ria. Até arriscou apertar minha bochecha, mas eu dei um tapinha de brincadeira em sua mão. – Você tem cara de ser líder. Por isso achei que você fazia isso. Eu arriscaria também Administração de Empresas.

- Vou levar isso como um elogio. – incitei, sorrindo fraquinho por sua fala.

- É raro, então aproveite. – Camila revirou os olhos.

- E você? O que fazia? – pergunto, colocando os braços por debaixo do travesseiro.

- Eu estava no começo do último ano do Ensino Médio. Estudava arduamente para entrar em uma faculdade. – Camila respondeu voltando a brincar com o tecido branco.

- De quê?

- Música.

Dessa vez quem ergue uma sobrancelha, descrente.

- Nem vem, ok?! – Camila já avisou apontando o dedo para mim. – Não vou cantar para você!

- Mas eu nem falei nada! – me defendo, atordoada.

- Sempre que falei que queria fazer faculdade de música um engraçadinho respondia: “Hum... então cante para mim para eu ver se é boa”. Não! Não vou cantar porque não preciso provar nada a ninguém.  – argumentou e soltou uma bufada de ar indignada.

Mordo os lábios para não sorrir para a latina. Camila era bem excêntrica.

- Tudo bem... Então não cante. – comento me divertindo.

Camila me olhou por alguns segundos como se cogitasse alguma ideia. Ela então com um pulo saltou do colchão e saltitou até as estantes do quarto adolescente que estavam repletas de CDs e DVDs.

- O que você está fazendo? – pergunto apoiando a cabeça em um braço para observá-la.

- Quero dançar! – respondeu enquanto passava os dedos pelos CDs e procurava algum de seu agrado.

- Camila... assim... eu não sei você tem algum problema de Alzheimer, então vou te relembrar. Estamos em uma casa cercada de zumbis! – eu a repreendo sendo sarcástica.

E ela nem se deu ao trabalho de revirar os olhos ou algo do tipo

- Vou colocar baixinho, Lauren. E a porta está fechada. Aliás, estamos assistindo filme e você não reclamou antes! – ela murmurou e pegou uma CD em meio aos demais.

- Estamos vendo filme com legenda. É diferente! – argumento.

Camila então decidiu me ignorar por completo e caminhou até o dispositivo de som do rapaz. O filme já estava pausado desde o início de nossa conversa, mas ela sequer desligou a televisão.

Se tínhamos luz, vamos esbanjar, não é mesmo?

Ela então colocou My Humps do The Black Eyed Peas.

Ao ouvir o toque das cornetas no início da música eu faço uma careta zombeteira.

- Você está brincando comigo, certo? – pergunto, não acreditando naquilo.

- Menos carranca e mais movimento! – Camila murmurou colocando a música baixinha, mas ainda audível.

A latina então se deslocou para o meio do quarto e começou a remexer seus quadris para lá e para cá de acordo com o ritmo da música antiga.

- Camila, pelo amor de Deus, tira isso! – eu rosno com os olhos fechados.

Pego o travesseiro branco e o coloco sobre o rosto para tentar parar de escutar aquela música de eras atrás, mas mesmo assim aquilo continuava entrando nos meus ouvidos.

- Eu não acredito que esse garoto tinha esse CD do The Black Eyed Peas! – Camila falou e eu via a animação em sua voz. – Tipo, cara... Essa música é de oito anos atrás. Eu a dançava na frente do espelho com 10 anos de idade!

Pensar naquilo fez uma risada sair por meus lábios e eu agradeci por meu rosto estar escondido atrás do travesseiro. Uma Camila sem os dentes da frente rebolando para o próprio reflexo enquanto cantava usando uma escova de cabelo.

Seria muito cômico.

Me atrevo a retirar o travesseiro do rosto e encontro uma Camila toda entregue ao ritmo da música. Ela já havia retirado seu sobretudo e o jogado em cima de uma cadeira próxima. O quarto estava ainda cheio de penumbras e eu só conseguia ver sua silhueta graças à claridade da TV.

A jovem remexia seus quadris para lá e para cá, como se eles fossem moles desde que nascera. Ergo uma sobrancelha e me deixo observar a cena. Camila tinha os ombros relaxados e expressão serena do rosto, de olhos fechados.

Os seios assim como a cintura estavam marcados pela regata que usava e a calça de moletom deixava sua bunda ainda maior, se possível. Os cachos caíam em suas costas. Os pés estavam descalços no chão e eu via que ela pisava apenas com a ponta dos mesmos para manter seu rebolado maravilhoso.

Por mais que os hematomas em seu pescoço e lábios estivessem visíveis ela ainda era linda. Sempre seria.

Camila então abriu os olhos e sua imensidão chocolate me encarou diretamente. Ela sorri e caminha até o meu lado da cama. Pega, mesmo que bruscamente, meu braço e me puxa do colchão à força.

- Ai... que bruta! – eu reclamo ficando de pé para não cair de joelhos. – Eu não vou dançar!

- Oh, mas vai sim! Não saberá quanto terá essa oportunidade de novo! – ela argumentou e voltou a remexer o quadril para lá e para cá.

- Prefiro não me submeter a essa vergonha. Pode dançar se quiser. – murmuro, a olhando.

- Tudo bem então... – a latina dá de ombros e volta a se soltar no meio do quarto.

Sua dança durou por toda a música e por mais cinco. Eu sorria, sem medo dessa vez, por ver a latina tão alegre.

Ela realmente tinha razão quando disse que sua felicidade era momentos.

Aquele era um deles.

Como havia dito: não me submeti à dança. Mas também não saí dali. Fiquei-a observando gastar toda aquela energia. Dessa vez não reclamou de ficar cansada, porque fora por uma boa causa. Estava se divertindo como uma jovem que era antes de tudo aquilo acontecer.

E até eu estava momentaneamente feliz também.

 

Depois de comermos novamente e Camila tomar um banho por causa do suor da dança, nós voltamos para o quarto adolescente. Nós duas estávamos debaixo das cobertas porque a noite parecia ter ficado ainda mais fria.

Camila tinha o seu lugar no canto direito e eu no esquerdo, sem nos tocarmos. Eu sabia que havia um desconforto entre nós sempre que compartilhávamos uma cama para dormir e por isso a jovem decidira ficar o tempo todo de costas para mim.

Levanto a cabeça para olhá-la. O quarto só não estava uma completa escuridão por causa da claridade da TV que ainda reproduzia um filme qualquer. Tentamos assistir outro, mas pelo visto estávamos cansadas demais.

Camila ressonava tranquilamente com as mãos debaixo do travesseiro. Os cabelos estavam espalhados pelo tecido branco do lençol e da coberta. A boca entreaberta onde alguns sibilos de respiração ecoavam.

Um sorriso nasce no canto da minha boca e eu volto a me deitar na cama, encarando o teto.

Quais seriam as chances de ter algo romântico no meio de um Apocalipse? Havia ainda amor em meio ao caos e dor? Havia força o suficiente para manter esse sentimento?

Não.

Não poderia haver.

Isso apenas seriam distrações... e distrações fazem você morrer.

O movimento do colchão me faz sair dos devaneios. Camila, ainda de olhos fechados, se virou na cama mudando de posição e ficando de frente para mim. Aos poucos a jovem abriu os olhos e pisca devagar, ainda sonolenta.

*Music On (Back To Sleep – Chris Brown)

Ela então me estuda por alguns segundos ao ver que eu a encarava sem nenhuma sutileza. Seu olhar cai para a minha boca e ela umedece os próprios lábios para logo depois mordiscar o inferior, o prendendo demoradamente entre os dentes.

Por Deus, Camila, não faça isso.

Seu olhar sobe novamente para o meu e eu vejo a luta interna em que ela estava. Mesmo sem saber como e o porquê eu entendia o conflito que vivia. Eu também tinha um dentro de mim que estava alastrando algo quente no meu peito.

E então ela, abruptamente, chocou seus lábios nos meus me fazendo suspirar em surpresa. Suas mãos escorregaram para a minha cintura e ela colou seu corpo ao meu. Antes mesmo que eu percebesse minhas mãos já apertavam o tecido de sua regata por debaixo da coberta, querendo que ela ficasse ainda mais perto de mim.

Sua língua adentra na minha boca e começa a liderar a minha em um beijo quase desesperado, mas banhado em vontade e luxúria.

Ela queria aquilo. Visivelmente.

Camila levanta então sua perna esquerda e a passa por cima do meu colo, sentando-se na minha barriga. Seus dedos acariciavam meus ombros enquanto lufadas de ar entre os beijos batiam contra nossos rostos.

Uma voz interna gritava que não deveríamos fazer aquilo.

Uma coisa era sexo casual com o intuito de desfazer o acumulo de tesão de meses. Outra coisa era repetir o sexo casual na noite seguinte... sem pretensão alguma.

- Camila... o que você está faze... – eu tento argumentar, afagando seu rosto.

- Cala a boca! – ela ordenou, beijando-me novamente.

A latina morde meu lábio inferior com força e eu suspiro fechando os meus olhos com todo o meu corpo em alerta. Impulsiono-me para frente e me sento na cama, minhas mãos rapidamente pousam em seu traseiro puxando mais seu corpo e apertando as duas nádegas com força.

Levanto as mãos e driblo o tecido de sua calça e de sua calcinha tocando diretamente a pele quente de sua bunda com as minhas mãos e voltando a apertá-la contra mim.

Eu era obcecada por aqueles montes.

Um grunhido arranhou sua garganta e ela soltou meus lábios, jogando sua cabeça e cabelos para trás e me dando espaço suficiente para atacar seu pescoço com volúpia. Mordisco e passo minha língua pelo local sabendo que aquele lugar com seu cheiro característico era um dos meus favoritos.

A jovem começa então a rebolar em meu colo, friccionando os tecidos de nossas calças uns nos outros. Seu centro quente contra minha barriga.

Ela queria me enlouquecer, certamente.

Retiro minhas mãos de suas calças e passo meus braços por sua cintura, a abraçando. Empurro seu corpo para trás até que suas costas estivessem tocando o colchão abaixo de si e eu estivesse de joelhos entre suas pernas.

Olhando em seus olhos castanhos eu começo a tirar peça por peça de meu corpo. Primeiro o moletom, depois a camiseta, a calça grossa e por último a lingerie.

A claridade da TV refletia em minha pele branca. Camila tinha as mãos pousadas em minhas coxas onde às vezes deixava leves apertadas enquanto olhava-me de cima a baixo.

- Tira a roupa! – ordeno.

Meu tom sério fez Camila sair de seu estado letárgico. Ela se senta na cama e começa a retirar quase que desesperada todas as peças de roupa que cobriam aquele corpo latino. A regata, a calça de moletom, o sutiã e a calcinha.

E como se esperasse ser dominada Camila deitou novamente no colchão com seus cabelos se esparrando no lençol, mordendo lábio inferior com força, peito subindo e descendo com rapidez por causa da ansiedade.

Pouso minhas mãos em seus joelhos que estavam arqueados e abro suas pernas abruptamente fazendo um gemido arranhar sua garganta.

E ter a visão de seu sexo molhado me fez sentir uma fisgada em meu ventre.

Nem parecia que havíamos passado a noite inteira transando.

Engatinho sobre seu corpo até estar totalmente sobre ela. Camila não tardou e atacou meus lábios novamente e eu queria agradecê-la por isso. Era maravilhoso beijá-la. Seu gosto era doce e sua língua parecia gostar de batalhar por espaço com a minha.

Camila espalmou suas mãos em minhas costas arranhando de leve a pele de meus ombros enquanto eu apertava seus seios em minhas mãos. Sua pélvis friccionava contra minha coxa esquerda, que fazia pressão em seu centro. Eu subia e descia com meu quadril e isso a fazia suspirar pesadamente.

Como se cada partícula de seu corpo estivesse amando a sensação.

Eu estava amando a sensação de sentir seu clitóris inchado contra minha coxa molhada.

*Music On (Waiting Game – Banks)

Desço minha mão direita por toda a lateral de seu corpo até parar em seu joelho direito. Com um puxão eu faço seu corpo vir em minha direção e nossos clitóris se chocam. Começo a rebolar sobre seu corpo e isso sim faz um gemido manhoso sair por seus lábios.

Sua perna enlaçou minha cintura e ela as abre ainda mais, entregando-se por completo para mim. Com as mãos, cada uma aberta sobre o colchão, ao lado de seu corpo, eu impulsionava meu corpo para frente e para trás fazendo nossos clitóris friccionarem um no outro.

Nossos seios seguiam o impulso de nossos corpos para cima, quicando. As bocas abertas deixando que nossos gemidos, um pouco contidos, ecoassem pelo quarto. Os cabelos desgrenhados por causa de mãos ansiosas. Lábios inchados e vermelhos por causa de beijos famintos.

Olhares focados um no outro esperando e instigando o momento que queríamos.

Um castanho no verde intenso.

Levaria um tempo para atingirmos nossos ápices naquela posição, mas não nos importávamos. Não era delicado. Não era amoroso. Éramos duas mulheres buscando apenas um orgasmo forte.

A cama de madeira desgastada pelo tempo rangia com o choque de nossos quadris. Uma gota de suor escorria por minhas costas e outra aparecia na testa de Camila onde alguns fios de cabelo já estavam grudados.

Suas unhas arranhavam com força meus ombros enquanto eu lambia e mordiscava o vão de seu pescoço. Nossos seios se pressionavam duros e quentes. Os ventres molhados por causa de nossas excitações deslizavam um no outro.

Aos poucos meu coração foi acelerando e meu corpo começava a contrair, denunciando o orgasmo próximo. Aumento a velocidade de minhas investidas e isso faz Camila gemer ainda mais alto.

Suas unhas enfiaram em minha pele e eu arqueio as costas por causa da dor prazerosa. Sua perna pressionava ainda mais minha bunda e meu corpo contra ela e, eu soube assim que estava próxima de seu próprio ápice.

E então, gemendo entredentes, eu sinto o espasmo forte percorrer todo o meu corpo apertando meus músculos. Continuo movendo-me em seu centro apenas para deleitar-me ainda mais daquela sensação maravilhosa. Camila também rebolava contra mim de olhos fechados e boca entreaberta em um perfeito “O”.

Nossos gemidos foram diminuindo em proporção com minhas investidas, até que eu perdi totalmente as forças e caí sobre seu corpo descansando a cabeça em sua clavícula.

Após nossas respirações voltarem ao normal eu rolo para o lado, deitando-me ao seu lado no colchão. Viro minha cabeça para o lado e vejo uma Camila encarando o teto, compenetrada. E então, simplesmente, ela se levantou da cama. Sento-me no colchão e observo aquele corpo nu percorrer toda a extensão do quarto e sumir corredor a fora.

E segundos depois ouço o baque de uma porta se fechando.

Ela havia voltado para o quarto de casal e fechado a porta.


Notas Finais


Apresento a vocês o chão, podem se deitar nele... KKKKK ♥

Deixem ideias, comentários, qualquer coisinha já vai me deixar feliz! Obrigada por ler!
Até a próxima!


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