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História Into The Dead - Capítulo 13


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Hello... It's me...
Quem quer um pouquinho de ação? E quem está doido para novas pessoinhas entrarem na história?
E tenho uma notícia boa. Provavelmente vou ter bastante tempo para escrever essa semana, então... é sinônimo de capítulos por aí...
Ah, e outra coisa que quero deixar clara. Muitos estão discutindo a hesitação de camren sobre o fato de se gostarem. Sim, as duas já se gostam, mas precisamos entender que gostar de alguém nesse mundo significa ter mais um ponto fraco. Você gosta de ter pontos fracos? Gosta de saber que se alguém atingi-lo vai despedaçar você? Pois é... As duas só não querem admitir esse medo. Então acalmem... Camren está chegando, talvez de triciclo, mas está vindo.

Capítulo 13 - Capítulo 13


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 13

LAUREN PDV
 

Ainda sentada no colchão eu encarava a TV que continuava a reproduzir o filme que ninguém mais assistia. Na minha cabeça milhares de vozes gritavam e eu tentava organizá-las, mas era quase impossível. Olho para o corredor escuro e, com um tiro de adrenalina, crio coragem em me colocar de pé. Procuro por minhas roupas íntimas no chão e as visto às pressas, dando pulinhos para passar a calcinha por minhas pernas.

Caminho rapidamente pelo corredor e só paro quando a porta de madeira fechada me impediu de continuar. Ergo a mão para bater à porta, mas a coragem parecia ter esvaído. As vozes voltaram gritando para eu parar. Eu queria, queria ir atrás de Camila, mas o medo não me deixava fazer isso.

Medo? Sim, medo!

Você não sabe o real peso da responsabilidade até que pessoas começam a depender de você. Não sabe o valor de uma vida até que só vê morte passando por seus olhos. Não sabe o preço que uma escolha errada tem quando toma algumas.

Simplesmente o preço é a sua morte.

Se ligar a alguém no mundo atual é o mesmo que pegar metade da carga pesada que o outro carrega e a colocar em suas costas. É o mesmo que dar as mãos à beira de um precipício e esperar que um dos dois se jogue e leve o outro.

É ter mais reponsabilidade em cima de você.

Minha mãe adorava a frase “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Dizia que quando unimos nossa vida à de outra pessoa, por meio do casamento ou por meio da alma, é um acordo silencioso com Deus e isso é eterno.

Deus não estava aceitando pedidos no momento, então cabia a mim pessoa atar ou não minha vida à de outra pessoa.

E de algum modo eu sentia que isso lentamente estava acontecendo comigo e com Camila. Eu sabia que se continuássemos aquilo iria se desenvolver em algo perigoso tanto para mim quanto para ela.

Tínhamos pessoas que contavam conosco. Pessoas que precisavam de nós. Tínhamos responsabilidades pessoais.

Por isso eu entendia sua linha de pensamento. Entendia sua indecisão. O peso em nossas costas já estava grande demais e mais pessoas significa mais carga.

E foi por isso que eu não bati à porta. Sucumbi-me ao medo e dei um passo para trás desistindo de pegar aquela carga para mim. Deixaria que as coisas desenrolassem e o que tivesse que acontecer... aconteceria.

 

Nenhuma palavra foi dita naquela manhã.

Nenhuma uma provocação, nenhum comentário sarcástico e nem ao menos o “Bom dia” que havíamos aprendido dizer uma para outra todas as manhãs na casa de campo.

Quando acordei na cama do quarto adolescente eu me levantei e fui até o banheiro do corredor. Usufrui pela última vez da água quente do local e guardei alguns shampoos e produtos de limpeza pessoal dentro de um saco.

Desci as escadas e já encontrei todas as coisas que levaríamos embora em cima do sofá na sala. Camila organizava tudo em silêncio e nem ousou levantar a cabeça para mim.

Eu não queria questioná-la também. O mesmo incômodo que ela estava sentindo eu também o tinha me corroendo.

Então fizemos o que éramos acostumadas a fazer no início: ignoramos uma a outra.

Fui obrigada a fazer o meu próprio café daquela vez. Logo depois também organizei minhas coisas em duas mochilas e um saco preto. Coloquei minha Beretta 92 na lateral do corpo para fácil acesso e amarrei minhas botas. Vestia uma blusa grossa de gola alta – principalmente para esconder certas marcas – e uma calça jeans clara.

Camila vestia seu sobretudo, mas era visível uma blusa de frio branca por baixo, calça jeans e botas.

- Como vamos fazer? – eu me pronunciei pela primeira vez naquele dia.

- Tem um carro estacionado no final da rua. Eu chequei aquele quando estávamos vasculhando aqui para procurar um veículo que prestasse para levarmos à casa de campo. Ele está em ótimas condições, exceto que tem alarme. Não poderia roubá-lo, pois ele iria disparar e chamar a atenção de diversos zumbis. Mas dessa vez essa é realmente a intenção. – ela falou tudo de costas para mim enquanto fechava uma de suas mochilas.

Eu assenti com a cabeça mesmo que ela não visse e me desloquei para o segundo andar da casa. Adentro no quarto do adolescente e começo a vasculhar entre as coisas procurando por algo pesado o suficiente para ser lançado longe. Abro os guarda-roupas, reviro baús e estantes.

Já estava prestes a desistir quando algo debaixo da cama me chamou atenção. Coloco-me de joelhos e puxo o objeto. Era uma bola de futebol americano Wilson NFL vermelha escura. Felizmente ela continuava cheia o suficiente para ser lançada.

Procuro por Camila e vejo que a jovem me esperava com os braços cruzados na varanda do quarto de casal. Não era um lugar tão grande quanto eu imaginava agora que necessitava de espaço, mas teria que dar. O piso era branco, havia duas pilastras que eram a base do telhado e um corrimão marrom escuro.

- Espero não ter perdido a prática. – murmuro comigo mesma jogando a bola para cima e a pegando novamente.

Camila me lançou um olhar descrente, mas não se pronunciou sobre isso.

Julgava tanto o Austin por ser infantil, mas estava do mesmo jeito.

Analiso a distância entre a casa e a SUV estacionada na esquina do quarteirão. Na rua fria – em que felizmente não chovia mais e as nuvens aos poucos iam sumindo – pelo menos duas dúzias de andarilhos cambaleavam para lá e para cá, letárgicos.

Fecho um olho e tento calcular aproximadamente a distância. Nada mais que quase quarenta metros. Normal.

Dou passos para trás até estar à uma distância da varanda relativamente suficiente para pegar um bom impulso. Inspiro fundo e tento me concentrar um pouco. Preparo meus joelhos e então começo a correr com meu braço já inclinado para trás.

Solto todo o ar do meu pulmão assim que a bola é lançada no ar. Entretanto, meus pés deslizam no chão molhado e eu não tento atrito suficiente para parar meu corpo e eu me choco contra o corrimão, com meu peso já tombando para o lado de fora. Meus olhos arregalaram e eu vejo o gramado lá em baixo com dois zumbis zanzando ali.

- LAUREN! – ouço a voz assustada de Camila e então um par de mãos me segurou pela cintura evitando meu corpo virasse para o outro lado.

Camila me puxou para trás e eu cambaleio colocando-me ereta novamente.  Ela me lançou um olhar cheio de raiva, mas eu estava banhada na adrenalina para sequer me importar.

- Você quase morreu, sua desgr...

Sua voz é cortada pelo barulho alto do alarme disparado ecoando pelo silêncio do condomínio.

Assim como uma reação em cadeia os grunhidos dos zumbis surgiram e eles ficam agitados na rua, olhando para os lados e procurando a fonte do barulho com sua audição. Parecia um enxame de abelhas raivosas com os dentes podres à mostra. As almas penadas começaram a rastejar pelo asfalto, aqueles que tinham as duas pernas corriam, os que tinham pés torcidos ou quebrados mancavam, mas todos se deslocavam para o final do quarteirão.

- Vamos, não temos muito tempo! – eu falo pegando a sua mão e a puxando com rapidez pelo quarto.

Nós descemos as escadas correndo e até pulando alguns degraus para agilizar o processo. Pego as duas mochilas e as prendo em meus ombros com o saco amarrado em suas alças. Seria pesado, mas necessário. Retiro minha Beretta 92 do cós da calça e caminho até a porta principal, puxando o sofá que ali havíamos colocado como proteção e desfazendo o nó da maçaneta.

Camila se prontificou ao meu lado também a com a sua pistola em mãos.

Inspiramos fundo jogando uma boa quantidade de ar para nossos pulmões. Até porque precisaremos, pois não teríamos nem tempo para respirar enquanto iríamos correr de vários mortos-vivos.

Camila então direciona o rosto para mim e eu vejo como seus olhos castanhos estavam quentes e ternos. Seus lábios carnudos moveram-se e se tornaram um sorriso tímido de lado. Era como... como se ela soubesse que aquilo não iria dar certo e quisesse se despedir.

- Eu... eu só quero me desculpar por ter sido uma idiota ontem. – sussurrou angelicalmente. Ela deixou os ombros caírem pela culpa. – Você sabe... é complicado e...

Meu estômago apertou só de cogitar a possibilidade de a latina morrer. Isso não ia acontecer. Eu não deixaria isso acontecer.

- Não! – a interrompo e balanço a cabeça negativamente – Não me venha com esse olhar de piedade. Vamos voltar... e vamos voltar sã e salvas!

A latina hesitou por alguns segundos e ladeou a cabeça me observando. Torceu os lábios e lentamente balançou a cabeça aceitando minhas palavras.

Camila então colocou a mão trêmula na maçaneta e eu guardo minha arma no cós da calça. Pego minha faca e preparo meus joelhos ficando em posição de ataque com a lâmina apertada na mão direita.

- 3... 2... 1!

Camila gira a maçaneta e abre a porta, dando-me espaço para passar à frente. Saio da casa patronizada olhando para os lados e desço os degraus da varanda em direção do jardim. Logo um grunhido típico ressurgiu da lateral direita da casa e eu já me viro avistando a andarilha.

Uma zumbi negra, de cabelos negros, faltando um globo ocular e com o abdômen estraçalhado virou-se diretamente para mim ao ouvir os barulhos dos meus passos na grama fofa. Ela grunhe alto e começa a correr na minha direção com os braços já esticados e mandíbula estalando.

Livro-me de suas mãos esqueléticas e a empurro contra a cerca enquanto Camila já passava do meu outro lado dando-me cobertura, pois um outro andarilho pequeno vinha em minha direção.

A zumbi caiu de lado no gramado e eu chuto seu rosto fazendo seu pescoço podre estralar e uma série de músculos em decomposição ficarem expostos. Sua cabeça estava ligada ao corpo apenas pela traqueia e a medula, o que fedia como o inferno. Aproveito a situação e piso em seu crânio com minha bota afundando no tecido de suas meninges e cérebro.

Camila rapidamente abateu o andarilho com sua faca e o empurrou para o lado como um boneco de pano.

Arrumo melhor minha arma no cós da calça e decido que de nada ela serviria naquele momento. Se queríamos sobreviver teríamos que ser silenciosas.

Disparar uma bala seria apenas nossa sentença de morte.

Camila fez um movimento com as mãos me chamando para ficar perto dela. A sigo e começamos a caminhar abaixadas pelo canto da calçada enquanto alguns zumbis rastejavam no centro da rua em direção do carro. Olho para trás e vejo SUV totalmente cercada por mortos-vivos irritados pelo barulho. Eles batiam as mãos contra os vidros que já começavam a trincar.

Não era apenas uma dúzia que o cercava.

Eram dezenas.

Dezenas que aumentavam cada vez mais com andarilhos vindos de todas as direções.

Agarro o sobretudo de Camila fazendo-a parar de andar. Aponto com a mão ao avistar oito zumbis saindo da área da terceira casa pela qual passávamos em frente.

A latina me olhou aterrorizada e eu peço silenciosamente para ela manter a calma.

Meu coração dava pulos dentro do peito e o suor do nervosismo escorria por minha testa – por mais fresco que estivesse o ar. O barulho dos zumbis parecia uma orquestra sinistra onde grunhidos guturais, rosnados raivosos e estalar de mandíbulas fossem as principais sinfonias.

Entrelaço minha mão na sua e começo a conduzi-la mais para o centro da rua aonde apenas quatro zumbis vinham em nossa direção.

O cheiro pútrido do lugar e adrenalina em meu corpo fazia meu estômago revirar e meus músculos ficarem tensos.

As almas penadas tinham as roupas em trapos. Estavam molhados e com aspecto viscoso por causa da temporada de chuvas, o que fez os músculos ficarem enrugados.

Entretanto, mal consigo perceber os movimentos rápidos de um quinto zumbi vindo pela direita. Solto a mão de Camila a tempo de empurrá-lo com o ombro para o lado e fazê-lo cambalear para trás quase levando consigo um pedaço do meu ombro graças à mordida errada.

Era um velho nojento, sem blusa, pele enrugada e fedendo a fezes. Seguro um tufo de cabelo branco no alto da cabeça e enfio minha faca na lateral de seu crânio. Retiro a lâmina e já me viro desesperada e procurando por Camila.

Os quatro andarilhos que antes já haviam passado por nós captaram nosso cheiro e deram meia volta, grunhindo guturalmente.

Dessa vez é Camila que me puxou pela mão me conduzindo às pressas pela lateral de uma casa abandonada. Passamos correndo por debaixo das árvores e eu olho para trás avistando os quatro zumbis nos perseguido, agora acompanhados por mais dois.

Meus pulmões ardiam clamando por oxigênio e faltava saliva na minha boca.

Com dificuldade Camila pulou a cerca que dividia as duas casas e me ajudou a fazer o mesmo já que eu carregava mais peso do que ela. E eu consigo puxar minha perna sobre a madeira envernizada segundos antes de um zumbi velho quase abocanhar minha panturrilha.

Eu caí estabanada na grama fofa abaixo de mim e Camila tratou rapidamente de me colocar de pé.

Seu desespero só poderia indicar uma coisa.

Zumbis.

E eu não me enganei.

Coloquei-me de pé e vi um casal de mulheres ruivas grunhindo em nossa direção. Pareciam irmãs gêmeas, pois até as roupas que estavam em trapos eram iguais. A única coisa que as diferenciava eram as dilacerações e mordidas profundas: uma tinha no bíceps e na coxa, e a outra nos ombros e na bochecha esquerda.

Eu e Camila rapidamente nos prontificamos e cada uma foi em direção de uma andarilha. Escolho a com a bochecha mordida. Seus braços seguram firmemente minha jaqueta preta enquanto eu buscava um ângulo para enfiar minha faca em seu crânio. A empurro para o lado, livrando-me de seus braços, e seguro um tufo de cabelo no alto de sua cabeça. Enfio minha lâmina em seu olho esquerdo ouvido o “ploft” do glóbulo ocular explodindo e perfurando seu cérebro.

Puxo minha faca de volta e empurro para longe o corpo já imóvel da andarilha. Viro-me e vejo que Camila também já retirava sua lâmina da cabeça da outra irmã.

Mal conseguimos respirar porque mais quatro zumbis já caminhavam pela lateral da casa em nossa direção.

- Esses desgraçados nunca param de aparecer... – eu sussurro ofegante. – Onde está a maldita moto?

Camila olhou para os lados tentando se localizar no condomínio. A latina morou ali, então tinha noção de onde estávamos. Ela então apontou para o leste.

- Talvez umas três ou quatro casas para lá. Está na rua principal do condomínio.

Assenti com a cabeça e segurei sua mão direita já a puxando para perto da cerca. Ajudo-a pular e ela em seguida faz o mesmo comigo. Os zumbis segundos depois se chocaram contra a madeira grunhido alto.

Fizemos a mesma coisa por mais três casas e abatemos os andarilhos que apareciam em nossa frente.

Salto no gramado fofo após pular a quarta cerca. Um andarilho moreno e alto zanzava ali, letárgico. Camila faz um sinal para mim dizendo que cuidaria dele e ordenou que eu fosse até o extremo do jardim e olhasse se poderíamos chegar até a calçada com segurança.

Camila caminhou em minha frente e já começou uma luta corporal com o zumbi magrelo que não tinha a mandíbula e seus dentes pingavam uma gosma amarronzada. Passo por eles e caminho abaixada o máximo possível até perto do fim do jardim.

Inspiro fundo para que minha respiração não me entregasse à audição dos zumbis e olho para os lados. Quando eu avisto a motocicleta rente à calçada um suspiro de alívio saiu por meus lábios.

Mas havia cerca de dez zumbis cambaleando nas proximidades.

Precisaríamos ser rápidas.

Ouço então passos perto de mim e eu já me viro com a faca levantada.

- Não sou zumbi! Não sou zumbi! – Camila estava com os olhos arregalados e com as mãos em sinal de rendição.

- Não chega de fininho assim, garota! – eu rosno entredentes.

- Quer que eu anuncie para os quatro ventos então? – ela retruca, irritada.

A latina se agachou ao meu lado também olhando para a rua.

- Nós vamos correr. – anuncio.

- Esse é o seu grande plano?! – resmungou, limpando a faca repleta de miolos de zumbi na grama. – Correr no meio desses urubus?!

- Tem alguma ideia melhor, senhorita Sabe Tudo? – replico já perdendo a paciência.

Camila eleva a cabeça e me lança um olhar mortal. Eu semicerro os olhos para ela apenas para deixar claro que aquele olharzinho não me intimidava.

- Não vou esperar por você! – ela resmungou bufando. Camila começou então a quase rastejar rente à cerca da casa.

Um sorrisinho prepotente nasceu nos meus lábios, pois eu sabia que aquilo era uma grande mentira.

Ela esperaria por mim sim.

- Você vai pela esquerda e chama a atenção dos zumbis. Eu corro e ligo a moto. Aperto a buzina para fazê-los voltar e você corre, dá a volta na horda e pula na garupa. – sussurro em suas costas.

- Onde o “Nós” de “Vamos correr” entra nisso? – Camila parou de rastejar na calçada e me encara enraivecida. – Porque só eu vou correr nesse maldito plano!

- É o único jeito! Se os matarmos o som vai atrair aqueles! – eu sussurro novamente apontando para o sul da rua onde dezenas de zumbis estavam zanzando ainda procurando pelo barulho do alarme.

- Se eu sair viva disso... você vai me pagar! – Camila rosnou entredentes retirando as mochilas das costas para ter mais agilidade na corrida.

- Já temos que agradecer por estar vivas até agora, linda. – comento sorrindo de lado.

Camila semicerrou os olhos por causa do apelido que fora metade carinhoso e metade sarcástico.

Ela bufa e começa a caminhar abaixada pela rua ampla até estar no meio dela e distante o suficiente da moto.

- Ei, cuzões! – Camila falou, não tão alto para a horda ao sul escutar, mas audível para os dez zumbis. – Tem carne de primeira aqui para vocês!

Os andarilhos escancararam suas bocas para grunhir e imediatamente se viraram para onde a voz de Camila vinha. Alguns tinham dificuldade para se locomover por causa de pés ou pernas quebradas, ou até músculos em um estado de deposição tão avançado.

Não perco tempo e puxo as mochilas de Camila até perto da moto. Pego a chave que estava no meu bolso e já coloco na ignição.

Camila dava passos temerosos para trás tentando aumentar a distância segura entre ela e os mortos.

Amarro de qualquer modo as mochilas da latina no guidão e coloco as minhas na parte frontal do meu corpo. Monto na motocicleta, retirando o apoio do chão. Ligo o motor e só esse barulho já chamou a atenção de quatro dos dez zumbis.

Aperto a buzina da moto e isso não só atrai os outros seis zumbis, mas foi como o sino do jantar para algumas almas penadas que zanzavam nos jardins por perto. As pequenas hordas viraram-se em minha direção ainda mais irritadas. Os donos dos olhos brancos e mandíbulas que batiam começaram a andar para o lado oposto, voltando para mim.

- Camila, corre! – eu imploro, olhando as massas se aproximando.

Camila correu pela lateral da horda e chuta uma zumbi morena que sentiu o seu cheiro e vinha por perto. Sem ter tempo de matá-la a latina apenas se contentou com ela cambaleando para o lado e logo voltou a correr para a moto.

Eu girava a maçaneta acelerando a motocicleta e apertava o freio, que a mantinha estática.

- Vamos! Vamos logo! – eu implorava com os olhos arregalados.

Camila pula então nas minhas costas e se agarra ao meu corpo como um bebê coala em sua mãe. Não espero ela se equilibrar em cima da moto e já solto o freio com o pneu traseiro queimando no asfalto.

A latina agarra com força minha blusa por debaixo da jaqueta e esconde seu rosto em minhas costas por não estar usando capacete.

Com a adrenalina nas veias eu via os zumbis tentando se jogar na frente da motocicleta para nos agarrar, mas eu conseguia, com certa dificuldade, driblá-los fazendo ziguezagues na rua.

Acelero a motocicleta até avistar o portão azul escancarado. Alguns zumbis surgiam da mata e adentravam no condomínio como se tivessem o simples desejo de saber o que estava acontecendo de tão interessante.

Provavelmente quando aquele grupo de humanos desgraçados entrou no condomínio deixaram o portão aberto, o que explicava como a horda entrara ali.

Giro a maçaneta mais ainda e mudo de marcha ganhando velocidade e saindo de vez daquele inferno.

Durante todo o caminho de volta para a casa de campo Camila se manteve em silêncio, porém, nunca afrouxou o aperto em minha blusa e nem se afastou do meu corpo. Sua cabeça descansava em minhas costas.

Pegamos a estrada de cascalho e subimos o morro. Não demorou muito para assim que o barulho do motor ressurgisse no silêncio da mata o meu irmão e todo o restante do pessoal saíssem todos estabanados de dentro da casa de campo.

- Graças a Deus! – escuto Ally murmurar abraçada à Normani na varanda.

Eu diminuo a velocidade e paro a motocicleta no jardim da casa. Mal retiro a chave da ignição e Camila pula da moto já correndo para sua irmã que vinha em sua direção com os braços abertos.

- KAKI! – Sofia já chorava compulsivamente. A criança pulou nos braços da maior que a agarrou firmemente.

- Meu amor! – a voz de Camila estava abafada por ter o rosto escondido no pequeno pescoço da irmã.

- Laur! – a voz angelical da minha irmã me fazer desviar o olhar daquela cena.

Os braços amorosos de Taylor me envolveram em um abraço apertado. A Jauregui mais nova se entregou às lágrimas enquanto tremia contra mim. Eu fecho os olhos e tento não chorar também por mais que quisesse.

- Graças a Deus! – ela sussurra, acariciando meu rosto. Seus olhos estavam inchados o que denunciava as horas exaustivas de choro. – Nós pensamos o pior! Já estávamos preparando um grupo para ir atrás de vocês duas! – eu abro a boca para respondê-la, mas um murro no meu ombro me faz choramingar de dor.

- Ai! – viro-me e vejo uma figura baixinha e loira.

- Sua idiota, nunca mais faça isso! – Ally me puxa dos braços da minha irmã para um abraço. – Você quase matou seu irmão do coração! – ela fala soltando-me logo em seguida.

Ao ouvir aquilo procuro a figura do rapaz e o vejo nos analisando da varanda ao lado de Normani. Sua expressão era de intenso alívio. Os cabelos estavam bagunçados e barba por fazer. Ele faz um pequeno sinal com a cabeça, uma afirmação de que estava tudo bem. Eu faço o mesmo sinal e sorrio docemente para ele.

Ao contrário da morena ao seu lado. Normani parecia um pouco feliz, mas seu cenho estava franzido e ela batia ansiosamente a perna no chão.

Alguma coisa a estava incomodando.

Saio da moto ainda sendo amparada por Ally e Taylor. Olho por cima do ombro e vejo que agora Camila abraçava Dinah enquanto a loira alta resmungava e chorava ao mesmo tempo, provavelmente a praguejando.

Logo depois de soltar a amiga Camila virou-se para mim. Sua expressão não era séria, porém não era a Camila alegre e sedutora do último dia.

Voltara a ser aquela sem expressão do início de tudo.

Camila caminhou até mim e me ajudou a desamarrar as mochilas do guidão da motocicleta. Taylor, Normani e Dinah estavam um pouco distante de nós, mas não o suficiente para nos escutar. Eu abro a boca para falar algo, mas rapidamente Camila virou o rosto para mim, impedindo-me.

- Não! – ela simplesmente rosnou encarando-me com aquela imensidão chocolate. – Nem cogite a ideia de tocar nesse assunto!

Eu só queria perguntar se ela estava bem.

Travo o maxilar ao ver sua prepotência e engulo seco um xingamento que já subia por minha garganta. Balanço a cabeça positivamente e continuamos em silêncio retirando as coisas que trouxemos do condomínio.

Puxo bruscamente uma mochila e Camila olhou para mim questionando meu comportamento irritadiço.

Ela suspira e fecha os olhos.

- Lauren... por favor... – sua voz estava mais branda.

- Não! – dessa vez sou eu quem rosna.

Camila me olhava tristonha. Era ridícula a posição que havíamos nos colocado.

Havíamos nos tornado amigas.

E agora?

Coço a cabeça, irritada, e recomeço minha caminhada em direção da casa de campo. Normani e Chris estavam parados na varanda. A morena tinha os braços cruzados na frente do corpo e o rapaz agora não apresentava mais uma expressão tão aliviada assim.

- Não fique na defensiva, ok? – meu irmão já veio com um tom preocupado para o meu lado.

Eu já semicerro os olhos e expiro com raiva o ar de meus pulmões. Camila parou de andar, até ficar ao meu lado, também curiosa com a cena.

- O que aconteceu? – pergunto, olhando-o com desconfiança.

- Eles precisavam de ajuda, estavam famintos e machucados. E nós lhe demos abrigo. Eles são boas pessoas, eu juro. Tivemos tempo para perguntar várias coisas para eles, então tenho certeza que não apresentam nenhum perigo para nós. Eles estão aqui desde o dia que vocês duas saíram e... – Chris já se justificava, o que me deixava ainda mais ansiosa.

- Eles? – ergo uma sobrancelha.

Christopher faz então um sinal para o interior da casa e segundos depois duas figuras caminharam até varanda.

Era um rapaz alto, magro por falta de comida, cabelos longos até os ombros. Por causa do comprimento de sua blusa eu podia ver algumas tatuagens em seus braços. Agora limpo, tinha apenas alguns arranhões no pescoço e um corte já cicatrizando na mão direita. Ele sorria, tentando passar uma boa impressão.

Ao seu lado estava uma jovem bonita, cabelos castanho claro, rosto delicado, magra e alta. Sua expressão era um pouco fechada, mas eu sabia que aquilo era apenas timidez por estar rodeada de tantas pessoas desconhecidas. Alguns roxos eram visíveis em sua testa, provavelmente alguma pancada, e ela tinha gaze e panos enrolados no antebraço direito.

- Lauren... Camila... Esses são Harry Styles e Keana Issartel.


Notas Finais


Estou feliz porque até meia hora atrás eu não tinha ideia do que fazer com essa história... mas umas ideias bem legais e talvez até meio doidas passaram por minha cabeça... Mas ainda assim gosto de quando dizem suas ideias. Por exemplo, uma ou duas aí serão usadas, só não digo quais...
Keana na história? Hum... Harry mozinho ou Harry mau? Perguntas...
A história também está sendo postada no Wattpad.


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