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História Into The Dead - Capítulo 16


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Eu sei... eu atualizando em um Sábado? kkkk é porque amanhã provavelmente eu não vou ter tempo, então é melhor prevenir, não é mesmo?
Cá está outro capítulo e esse vem cheio de ação! (talvez uma cena fofinha no meio... quem sabe né)
As coisas já vão começar a complicar...
Esse capítulo tem músicas, eu recomendo que ouçam todas pois acredito que dá um clima melhor, mas... vocês quem sabe!
Não corrigi esse capítulo, então erros podem ser encontrados. Por favor, os ignorem! Boa leitura!

Capítulo 16 - Capítulo 16


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 16

NARRADOR PDV

 

Aproximadamente um ano e meio atrás...

*Music On* (SuperSonic – VaVa Voom ft. Sean Kingston)

Os gritos dos jovens ecoavam junto ao som da batida alta. Os pés pisavam dançando ao ritmo da música e matando a baixa e rasteira grama do jardim. Os quase adultos de aproximadamente 18,19 ou 20 anos já estavam devidamente bêbados, mas nunca soltando o copo vermelho de plástico de suas mãos, os quais estavam cheios de álcool. O local estava repleto: uns pulavam já nus na piscina, outros escalavam a árvore grande de carvalho branco no jardim, as garotas estavam com biquínis minúsculos e os rapazes de sunga apertada, todos dançando e fumando.

A casa onde a festa universitária acontecia era no lado oeste da cidade de Miami. Já era fim da tarde e no céu as rajadas do pôr do sol faziam um aspecto maravilhoso de laranja e vermelho indicar o final de mais um dia e início de uma noite que, na visão daqueles jovens festeiros, seria apenas o começo de uma madrugada regada a álcool, possível sexo e diversão.

A mansão de Wesley Stromberg era sempre palco das melhores festas. O rapaz era bonito, forte e rico, o típico garanhão que não ligava para os estudos e sim para a pegação. Sua humilde residência era de dois andares com um magnífico jardim se estendendo ao redor, a área da ampla e profunda piscina era revestida por mármore maciço e azulejada, as paredes da casa feitas de vidro deixando o interior luxuoso exposto, a escada que ligava a área mais baixa – a da piscina – até a casa era de carvalho caro.

Lauren pulava, animada, por entre os jovens bêbados. A garota de apenas 18 anos na época também estava devidamente regada pelo álcool, as bochechas coradas, suor brotando na testa por causa dos movimentos sensuais da dança, copo vermelho em uma mão e um cigarro quase no fim nos dedos da outra.

Lauren via tudo ao redor de si mais lento que o normal. Sabia que a mistura de álcool e maconha fazia seu mundo desacelerar perigosamente, mas a sensação era totalmente maravilhosa. O olhar pesado, sorriso grande nos lábios molhados pelo álcool e vermelho por beijos em desconhecidos deixavam claro o estado de entorpecência da garota.

Wesley Stromberg analisava as curvas bonitas e movimentos sensuais da garota de olhos verdes. O rapaz também alucinado por causa da mistura de álcool e cigarro ilegal se aproximou de Lauren, que facilmente aceitou a aproximação. A jovem bêbada colocou os braços nos ombros do jovem e sorriu bêbada, começando a rebolar com ele ao som da música.

Lauren tragou mais de seu cigarro enquanto sentia a língua de Keaton deslizar por seu pescoço, arranhando às vezes a pele com seus dentes.

Pouco depois ela sentiu outro corpo chocando-se em suas costas. Olhou por cima do ombro, meio grogue, e conseguiu reconhecer a loira bonita que lhe lançava olhares na faculdade. Por não saber seu nome e nem como chegar nela, Lauren apenas se sucumbiu à vontade de observá-la também durante as aulas. Mas, agora, ambas estavam bêbadas e se roçando.

Lauren deu uma risada bêbada e deixou-se ser o recheio daquela situação. Keaton beijava seu pescoço e a loira bonita passava as mãos por suas curvas tocando sem nenhuma sutileza, friccionando o quadril na sua bunda.

A loira distribuía beijos molhados em sua nuca e Keaton lambia sua clavícula. Lauren, de olhos fechados e mordendo o lábio inferior por tamanho tesão que sentia, tinha uma mão segurando as madeixas claras de do rapaz e a outra apalpava, mesmo sem jeito, a lateral da coxa da garota atrás de si.

Aquela era a festa universitária que todos um dia desejavam participar pelo menos uma vez na vida.

- Lauren!

A de olhos verdes estava distraída demais com os beijos no pescoço e na nuca para tentar raciocinar seu nome sendo chamado ao longe.

- Lauren, já chega!

A voz agora estava mais próxima e mais compreensível por causa do volume da música. A jovem abriu os olhos e piscou rapidamente para tentar entender o que estava acontecendo. Viu então os vultos de seu irmão empurrando Wesley pelos ombros para longe.

- Chris! – Lauren berrou e isso fez a loira atrás de si se assustar e se distanciar de seu corpo.

Wesley bêbado demais apenas conseguiu cambalear para trás e cair sentado na grama, sendo amparado rapidamente pelos colegas também bêbados e drogados.

Christopher Jauregui estava irado. Precisou largar de estudar para seu teste de Química, que seria no dia seguinte, para buscar sua irmã bêbada em uma festa após sua mãe chegar em seu quarto preocupada pelo fato da mais velha não ter voltado do campus, onde dormia nos alojamentos, para passar a tarde como havia prometido.

O Jauregui de 17 anos na época precisou ligar para as amigas de Lauren, que também estavam bêbadas e na mesma festa, em busca de saber seu paradeiro.

- Já chega, Lauren, dessa vez você passou dos limites! – o irmão repreendeu a irmã ao ver seus olhos avermelhados.

- Lauren? – Taylor se aproximou da cena. – Ela está bem?

A Jauregui mais nova estava no interior do Mustang do irmão esperando seu retorno. Mas, ao ver a quantidade de pessoas naquela festa universitária decidiu sair do interior do veículo e ir ajudar Christopher a procurar por sua irmã mais velha bêbada e possivelmente drogada. Taylor estava escutando música deitada em sua cama quando o irmão passou furioso pelo corredor da casa dizendo que estava indo para o lado oeste buscar a irmã. Ela, claro, decidiu ir junto.

- A última coisa que ela está é bem! – Christopher ralhou para a irmã mais nova.

Taylor suspirou negou com a cabeça. Ela pegou a bombinha de asma no bolso de trás do jeans e inspirou fundo o ar após apertá-la. Quando sentiu que seus pulmões estavam devidamente fortes decidiu ajudar o rapaz a segurar a irmã de pelos braços, já que ela parecia estar grogue demais para ficar ereta.

Os dois levaram uma Lauren risonha e grogue para uma cadeira de verão perto de uma cerca envernizada. Colocaram a de olhos verdes sentada ali e retiraram à força o copo vermelho e o toco de maconha de entre seus dedos.

Taylor se disponibilizou para buscar um pouco de água gelada para Lauren enquanto Christopher ficava de vigia sobre o corpo molenga. A mais nova obrigou a mais velha a virar o líquido pela garganta, buscando conseguir a consciência dela por completo.

- Ela não vai voltar tão cedo... – Christopher suspirou ao ver a irmã contando as folhas do carvalho branco e rindo como se fosse algo muito engraçado.

Dez minutos depois Lauren já estava devidamente apagada na cadeira e roncava audivelmente, com a baba escorrendo pelo canto da boca.

Christopher e Taylor estavam sentados na grama ao lado. Os irmãos esperavam que a mais velha ficasse pelo menos um pouco melhor depois daqueles minutos de sono para só então levarem-na embora. Por mais que quisessem se vingar e deixar que Lauren levasse o grande esporro que a esperava de seus pais, sabiam que a levar nesse estado seria como comprar um ticket para uma grande briga na casa.

Os dois ficaram ali cuidando da Jauregui mais velha por quase uma hora e, por causa da escuridão do céu e o barulho de música, nem perceberam os helicópteros sobrevoando o céu de Miami.

Christopher já havia ligado para a Clara e dito que estava prestes a ir embora. Mentiu dizendo que demorou todo aquele tempo por não ter achado Lauren de imediato e precisou procurá-la na casa de amigas.

Os irmãos conversavam sobre assuntos aleatórios e observavam os jovens dançando quando barulhos de gritos ressurgiram em meio à música alta. Rapidamente alguém bateu a mão no aparelho de som cessando o ritmo eletrônico que tocava.

- ALGUÉM ME AJUDA! – uma jovem com um biquíni vermelho minúsculo gritou do primeiro andar da casa. Ela estava chorando e apavorada. – MEU NAMORADO NÃO ESTÁ BEM!

Christopher rapidamente pediu para que Taylor continuasse a tomar conta da Lauren apagada e subiu correndo as escadas até a casa, sendo seguido por uma legião de telespectadores.

O Jauregui passou pela porta de vidro às pressas e parou de correr apenas quando viu o grupo de pessoas reunidas ao redor de um corpo estirado no meio de um sofá luxuoso cor de creme. O rapaz era ruivo, tinha algumas sardas fracas no nariz e bochecha, vestia uma bermuda e uma regata meio transparente, mas que agora estava manchada de sangue. Ele respirava com dificuldade enquanto segurava o braço esquerdo enfaixado contra o corpo. O suor escorria excessivamente de sua testa, a pele estava vermelha e a respiração descompassada.

- Anna? O que aconteceu? – Wesley, ainda bêbado, apareceu em meio à multidão dentro da sua sala de estar.

- O Jacob saiu para comprar gelo e quando voltou disse que foi atacado por um cara no meio da rua! – Anna, a namorada do rapaz, explicou em meio aos soluços. – Ele chegou há pouco mais de uma hora, porém disse que estava sentindo muita dor e estava com uma febre muito forte. A gente tentou enfaixar o braço dele e dar algum remédio, mas não adiantou.

- Por que ainda não ligaram para uma ambulância? Por que ainda não o levaram para um hospital? – Christopher perguntou totalmente atordoado com a imagem do ruivo tendo espasmos pelo corpo, estirado no sofá.

- Todos nós aqui estamos com álcool ou indícios de maconha no corpo, seu imbecil! – um rapaz moreno e alto gritou com o Jauregui. – Não podemos levá-lo até lá sem que a polícia perceba que estamos com maconha!

- Eu o levo! Ele está perdendo muito sangue! – Christopher se ofereceu e se agachou próximo do ruivo.

Jacob agora tinha os olhos fechados e parecia inconsciente.

- Oh meu Deus... – Anna começou a entrar em desespero ao perceber que o rapaz não respirava mais.

Christopher colocou a mão sobre a testa do ruivo e se surpreendeu como a pele estava queimando em febre. O braço enfaixado estava repleto de sangue que, agora, passava as barreiras da gaze envolvida.

A verdade era que todos ali, por exceção dos irmãos, estavam bêbados demais para terem raciocinado algo plausível para levar o rapaz em um hospital antes que fosse tarde demais.

Christopher rapidamente começou a fazer uma massagem cardíaca em Jacob buscando retomar seus batimentos. Nunca em sua vida havia visto uma febre tão forte e tão intensa. A infecção da mordida estava feia.

O rapaz pediu que Anna fizesse o boca a boca enquanto ele massageava o peito de Jacob.

A embriaguez de quem observava aquela cena parecia ter até se esvaído por causa do medo e incredibilidade.

Ficaram naquela posição por mais de quinze minutos até que os braços de Christopher começassem a resmungar de dor. Os adolescentes já choravam e tinham os braços na cabeça, desesperados por verem um colega morto em cima do sofá. Anna, sua namorada, era a única que não havia desistido, insistia em continuar o boca a boca em uma esperança inútil que o namorado acordasse e estivesse bem para ser levado ao hospital.

Mas, nem Christopher e nem a morena perceberam os dedos da mão de Jacob começarem a se mexer milímetros. Não perceberam os grunhidos quase imperceptíveis arranhando a garganta do rapaz. Não perceberam o globo ocular remexendo por debaixo da pálpebra fechada.

O morto-vivo estava sentindo o cheiro adocicado da morena acima de si.

E então ele abriu os olhos mostrando o globo ocular totalmente acinzentado.

Seus dentes agarraram o lábio inferior da garota em uma mordida forte. A morena tentou gritar, mesmo com a boca presa entre os dentes do namorado, mas, o morto-vivo, em um movimento brusco terminou a mordida e puxou para trás a carne da garota, arrancando o lábio inferior por completo.

Os gritos desesperados ecoaram ao verem a garota ensanguentada e sem o lábio inferior. Ela estava em choque tocando a boca escancarada enquanto cambaleava para trás pingando sangue.

Christopher caiu sentado no chão por causa do susto, totalmente surpreendido pela imagem de Jacob mastigando o lábio inferior da namorada entre os dentes. O rapaz, trêmulo, engatinhou de costas para longe do sofá até bater contra a mesa de centro da sala de estar.

O ruivo grunhia guturalmente e tinha o queixo escorrendo o sangue da namorada. A cabeça pendeu para um lado quando em um movimento brusco ele se colocou sentado no sofá, sentindo os movimentos e o cheiro adocicado de comida por perto.

O morto-vivo então não tardou e pulou em cima do rapaz moreno, que costumava ser seu amigo, mordendo e arrancando um pedaço significativo de artérias, veias e fibras musculares de seu pescoço. O moreno gritou de dor e desespero tentando retirar Jacob de cima de si, mas o seu sangue espirava para todos os lados e o descontrolado continuava a mastigar a carne viva, arranhando seu peitoral exposto com as unhas.

Anna estava gritando por causa da dor lacerante no lábio arrancado e tentava estancar o sangue com os dedos trêmulos.

Nesse momento o caos já havia se alastrado por entre os jovens.

Todos corriam em todas as direções, bêbados e drogados, o que os faziam trombar em quase tudo pela frente.

Christopher encarava a cena ao seu lado com os olhos arregalados. Os respingos do sangue do moreno, que saíam de seu pescoço, espirravam em suas pernas.

Christopher estava petrificado com a cena.

E então o morto-vivo virou o rosto em sua direção.

Christopher analisou o queixo pingando sangue, olhos acinzentados, a carne humana por entre os dentes. As veias do rosto estavam saltadas e roxas, a pele mais pálida, os lábios mais roxos.

O Jauregui começou a engatinhar novamente para trás, tentando aumentar sua distancia entre ele e o ruivo agressivo.

Jacob começou a remexer desengonçadamente indo em direção de Christopher.

O rapaz saudável conseguiu se apoiar na parede, mesmo grogue demais por causa da adrenalina na corrente sanguínea, ficando de pé em poucos segundos. O morto-vivo esticou os braços em direção de Christopher, mas o rapaz foi rápido o suficiente para dar um chute na barriga de Jacob e o fazer cambalear para trás caindo em cima do corpo quase morto do moreno.

Tudo aquilo havia durado menos de um minuto.

A cabeça de Christopher estava a mil quando ele se colocou a correr para fora da casa, pensando estar salvo assim.

Porém, ao chegar na varanda ampla da casa, percebeu que a situação estava totalmente o oposto.

Taylor terminava de subir os degraus carregando uma Lauren que estava meio bêbada e meio sóbria, com um braço apoiado em seu ombro. O Jauregui percebeu nos olhares de ambas o desespero e surpresa pela merda que estava acontecendo.

Na piscina lá embaixo havia pessoas correndo de um cara alto e magro que tinha os braços esticados e mandíbula estalando.

Dali do alto via-se os helicópteros sobrevoando a cidade de Miami. O horizonte da cidade era brilhante por causa das luzes das casas e postes, mas bailava em meio aos gritos que eram escutados ao longe.

O caos começava a se alastrar por completo.

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LAUREN PDV

Aproximadamente um ano e meio depois...

O sol das oito horas da manhã queimava nossas testas expostas. O cheiro da relva bailava e os pássaros cantavam pousados nos pinheiros próximos.

Harry e Keana passavam por perto conversando e carregando suas malas em direção do porta-malas aberto do Honda de meu irmão; Taylor e Normani estavam brincando com as crianças perto de alguns tufos de feno, mas especificamente as rodeado para que não fugissem no meio da brincadeira de pique-pegue para fora dos limites da cerca; Dinah e Christopher olhavam novamente os motores do carro, mais como uma prevenção do que necessidade.

Ally e Troy estavam de conversinha dentro do galpão enquanto arrumavam suas malas. Ver os dois sorrindo iguais idiotas fez com que eu precisasse segurar uma risadinha, mordendo os lábios. O rapaz loiro acariciava as madeixas da enfermeira que tinhas as bochechas coradas.

Quem eles estavam querendo enganar?!

Balanço a cabeça negativamente enquanto arrumava minha mochila no guidão da motocicleta.

Porém meu sorriso foi lentamente morrendo ao, elevar a cabeça e olhar para o lado, ver Camila rindo de alguma coisa que Austin falava com ela. O policial gesticulava e fazia alguns movimentos muito retardados com uma faca, como se estivesse demonstrando ou contando algo.

Senti meu estômago apertar ao ver Camila, de olhos fechados, dar uma gargalhada gostosa enquanto Austin aproveitava os segundos para analisar o corpo da latina.

Camila vestia a mesma roupa do dia anterior, exceto por estar sem seu sobretudo agora. A maravilhosa pele latina brilhando no sol. Austin vestia uma camiseta preta e isso deixava seus bíceps – não tão fortes, mas existentes – à mostra. Por mais que os dois vivessem brigando por causa de desavenças do próprio grupo eu podia perceber a cumplicidade entre eles.

Viveram meses juntos...

- Desse jeito você vai matar o Austin apenas com o olhar... – ouço a voz de minha irmã perto do meu ouvido esquerdo.

- Então vou encarar ele para o resto da vida. – resmungo, pigarreando e voltando a encarar minha mochila amarrada ao guidão.

Taylor se aproximou mais de mim e eu vi seus braços cruzados na frente do corpo e sobrancelha arqueada, como se não acreditasse em uma palavra do que eu dissesse ou esperasse que eu falasse algo.

- O que foi, huh? – semicerrei os olhos para ela.

- Você é trouxa demais, Jauregui, por Deus! Para de fazer tanto cu doce! – minha irmã bufou e balançou a cabeça, descrente. – Depois não venha reclamar que decidiu tarde demais!

Arqueio as sobrancelhas surpresa pela fala de minha irmã e quando abria a boca para retrucá-la a jovem tratou de se distanciar rapidamente.

Rosno baixinho e tento me concentrar para não entregar-me aos pensamentos monótonos sobre isso. Continuo a arrumar minhas coisas na moto. Amarro novamente minha jaqueta na cintura e sento-me na garupa a esperar pelos outros.

O pessoal não demorou muito para arrumar suas coisas, até porque não havíamos retirado muito de dentro dos veículos. Sabíamos que aquele galpão foi apenas uma parada e que precisávamos de mais toda a luz possível do Sol para terminarmos nossa viagem antes que a noite caísse. Encontrávamo-nos além da metade do trajeto.

Camila se aproximou de mim na moto ainda toda sorridente por causa das piadas de Austin, o qual se moveu em direção de seu carro.

A latina, ao passar uma perna pela garupa da moto, percebeu minha carranca por cima do ombro.

*Music On* (For The First Time – The Script)

- Que carranca é essa, Jauregui? – Camila perguntou franzindo o cenho e o sorriso diminuindo, preocupada.

Apenas murmurei um muxoxo e dou de ombros.

- Wow... não vai me dizer que é...

- Nem complete essa frase! – eu já ameacei, a encarando.

- Ciúmes? – completou mesmo assim e novamente abriu um sorrisinho debochado.

Eu travo o maxilar e expiro o ar de meus pulmões com força. Giro a chave na ignição da moto e acelero para ouvir o barulho do motor.

- Que gracinha... – Camila continuou a me provocar.

A latina passou as mãos por minha cintura e abraçou meu corpo, grudando-se a mim. Precisei controlar-me para não suspirar ao sentir o seu calor, então, apenas fechei os olhos apertando a maçaneta com força.

- Fica uma gracinha com ciúmes... – sua voz angelical surgiu na minha orelha esquerda.

- Camila, para! – eu rosnei e abri os olhos novamente.

Vire-me e a encarei. O meu peito era corroído pela negação de estar tendo aqueles tipos de sentimentos.

- A bochecha toda coradinha, as sobrancelhas grossas unidas e seus olhos conseguem ficar ainda mais expressivos e escuros... uma gracinha... – a latina mordia a ponta da língua em meio ao sorriso, o que fazia seu nariz enrugar de forma fofa. Seus olhos castanhos chocolate expressavam o tamanho divertimento que estava tendo com aquilo.

Deus, por que ela tinha que ser tão linda?

- Se você não calar a boca hoje vai ser eu quem vai te jogar de cima da moto. – eu ameaço ao perceber os tipos de pensamentos que estava tendo.

Semicerro os olhos para ela, tentando intimidá-la e pedindo aos céus para que minha bochecha não estivesse de fato corada, por mais que eu a sentisse ardendo.

- E perder a minha tão amada companhia?! Sei que não teria coragem para tal, Jauregui! – Camila debochou toda risonha.

Eu reviro os olhos e volto a olhar para frente a tempo de Camila não perceber o sorriso idiota nascendo nos meus lábios. Coloco meu par de óculos escuros no rosto e balanço a cabeça negativamente para tentar não rir. Puxo o apoio da moto, acelerando a motocicleta para ela ir para frente. Aperto a buzina indicando que já estava em movimento e logo após a caravana começou a se movimentar também.

Camila mantinha seu aperto em minha cintura e a cabeça descansando em minhas costas. Eu via pelo retrovisor da moto que a latina tinha os olhos fechados, apreciando o momento enquanto brincava novamente com o tecido da minha camiseta, perigosamente tocando a minha barriga.

Ela abaixava a guarda porque sabia que eu não a deixaria cair.

E sem saber explicar me lembrei de um momento com minha mãe quando eu ainda era criança...

Eu deveria ter aproximadamente uns treze anos na época. Encontrava-me sentada em um dos degraus de nossa casa no subúrbio de Miami e chorava, chorava como nunca havia chorado na vida. Meus irmãos estavam em seus devidos quartos ou brincando ou dormindo, mas eu estava ali chorando por causa do meu primeiro coração partido.

Continuei assim até que escutei passos atrás de mim.

- O que foi, querida? – a voz amorosa de minha mãe surgiu em minhas costas. Logo vi sua silhueta familiar se assentar ao meu lado no degrau. – Caiu? Se machucou?

- Não, mãe... – eu funguei e enxuguei as lágrimas em minha bochecha gordinha. – Eu... eu estou gostando de alguém. E deveria ser apenas amizade, mas eu acabei me apaixonando.

A verdade era que eu estava apaixonada por minha melhor amiga na época. Não tinha coragem e nem maturidade para contar aquilo para minha mãe, mas isso não fazia o sentimento diminuir e nem a dor sumir.

Pré-adolescência...

- Oh, querida... – minha mãe cantarolou e passou os braços por meus ombros. Clara Jauregui deixou um beijo terno em minha testa. – Como você sabe que se apaixonou por essa pessoa? Já sentiu as borboletas por acaso?

- Borboletas? – eu ergo o olhar, curiosa.

- Sim. Borboletas no estômago. – minha mãe respondeu sorrindo. – É um aperto muito gostoso bem aqui... – disse apontando para minha barriga e depois subiu para meu peito. – Que reflete aqui. O coração dispara quando vê a pessoa. Você se preocupa até com os mínimos detalhes e sente o mais bobo toque.  Faria qualquer coisa e seria qualquer coisa para proteger essa pessoa ou quem ou o quê ela ama. Já sentiu isso?

Eu ladeio a cabeça, pensativa.

Não, eu não havia sentido.

Mas naquele momento exato eu sentia. Eu sentia as malditas borboletas no estômago e o aperto nas entranhas.

Droga...

- Você está bem? – a voz de Camila se fez presente e meu coração até pulou por causa disso. Olho no retrovisor da moto e vejo a latina me lançando um olhar preocupado. – Você está suspirando demais, Lauren. Esqueceu que estou com meus braços ao redor de você? – provocou e deu um sorrisinho.

- Lembranças... – respondo meio sem jeito, não mentindo de fato.

Por causa da velocidade o vento zunia em nossos ouvidos e abafava nossas vozes o que fazia a comunicação ser difícil.

- Lembranças ruins? – perguntou e eu senti seus dedos apertarem o tecido da minha blusa por debaixo da jaqueta, como se tentasse passar algum tipo de apoio com isso.

- Não dessa vez... – respondo e tento não sorrir bobamente. – Não dessa vez... – repito bem baixinho, orgulhosa.

Camila continuou me estudando por mais alguns segundos. Mesmo com ela desviando o contato visual para a rodovia eu consegui entender o que aquele olhar caloroso queria dizer.

“Se você quiser conversar, estarei aqui”.

Eu não consegui evitar que um sorriso nascesse no canto de meus lábios. Camila suspirou também e voltou a descansar a cabeça em minhas costas e a encarar a vegetação antiga ao redor de nós.

 

Quando estava próximo da uma hora da tarde paramos por poucos minutos apenas para comermos algo e abastecermos os carros com o restante de gasolina que tínhamos reserva.

As horas de viagem voavam. A vegetação verde passava em forma de vultos ao nosso redor. As estradas estavam repletas de folhas secas e poeira. Percebiam-se em meio aos troncos alguns zumbis zanzando ali ou lá, mas como estavam em pouco número sempre os deixávamos para trás.

Não estava sendo fácil evitar os grandes centros e, na maioria das vezes, encontrávamos com hordas de quarenta a cinquenta zumbis no caminho. Mas, sempre tínhamos rotas adjacentes por perto para desviar, já que não podíamos desperdiçar tanta gasolina voltando.

Depois de passar o segundo dia todo na estrada faltava mais ou menos três quilômetros ao sudeste para chegarmos ao CDC David J. Sencer. O centro ficava na parte de Atlanta que, ao leste, estava repleta de árvores grandes advindas das florestas temperadas por perto. Era de fato um local perigoso e que mal tínhamos visualização do que se aproximava.

Havíamos nos deparado com uma horda de mais ou menos cinquenta zumbis ao leste, então, graças a uma ideia de Normani – por mais incrível que pareça – nós seguimos ao Noroeste quando a morena apontou para a única adjacente existente no mapa. As outras ruas de Atlanta poderiam estar repletas de carros abandonados e zumbis aos montes, então dar à volta por perto do Candler Field e voltar a Sudeste foi a melhor opção no momento.

O começo da noite já dava seus indícios. O sol já se deslocava para o oeste para morrer atrás dos últimos pinheiros que separava a mata da rodovia e cidade grande: Atlanta.

Palco de tantos sonhos, tantas vontades, tantas pessoas... tantos zumbis...

Aos poucos todo o calor do dia diminuía para dar início a uma noite provavelmente fresca.

*Music On* (Breaching the Walls – Lorne Balfe)

Eu olhava para os lados, em direção da floresta, analisando as penumbras por meios os galhos quando senti o aperto de Camila ao redor do meu corpo ficar mais forte.

- Lauren... – sua voz era apenas um fio, trêmula.

Meu foco foi para a rodovia e meus olhos quase saltaram das órbitas quando vi a horda à nossa frente.

Deveriam ser quase duzentas almas penadas marchando letárgicas. Alguns estavam por entre as árvores nas laterais da rodovia, mas boa parte da massa se deslocava no centro, unidos, como se fossem um grande grupo de amigos. Havia todos os tipos ali: crianças, adolescentes, adultos, idosos, homens, mulheres. Cada um mais estraçalhado e em um grau de decomposição diferente do outro. Uns pareciam terem sido transformados no início do Apocalipse porque sua pele estava acinzentada e enrugada, outros já tinham a pele mais jovial coberta de sangue seco.

- Camila, os avise! Rápido! – eu digo, diminuindo devagar a velocidade para que o barulho do freio não os alarmassem.

Dois carros abandonados de forma diagonal na rodovia nos separavam da horda que estava a menos de um quilômetro de distância.

Camila começou a balançar os braços para lá e para cá sinalizando que algo estava errado. Ouço então o barulho das rodas dos carros atrás de mim freando.

Paro a moto na lateral da rodovia e eu e Camila saltamos. Meu irmão correu e desceu também de seu Nissan vindo em nossa direção. O boné azul ainda estava enfiado em sua cabeça, mas seus olhos arregalados e expressão preocupada eram visíveis.

- O que vamos fazer? – ele tinha uma mão sobre o boné e a outra segurando firmemente sua espingarda.

- Voltamos! Agora! – eu falo, apontando para o Sul.

- Não tem nenhuma adjacente por perto! – Dinah retrucou saindo do interior do carro e praticamente correndo até estar próxima de nós. – Se voltarmos vai ser muita gasolina desperdiçada! – apontou para a estrada atrás. A loira alta engolia seco constantemente.

- Merda! – eu ralho, passando as mãos pelo rosto para tentar me acalmar e pensar com clareza.

Mas pensar com clareza com mortos vivos fedendo à morte, dentes batendo e famintos caminhando ao seu encontro não era uma tarefa muito fácil.

Viro-me e analiso a horda que caminhava ritmicamente. Eles não estavam nem aí se tínhamos opção ou não... apenas vinham caminhando em nossa direção com uma velocidade muito grande. Pelo visto o barulho de nossos carros, conversas e o nossos cheiros suculentos de humanos haviam os atraído ainda mais.

- Vamos para a mata. – Camila falou e eu me viro para ela, com uma expressão completamente confusa. – É a nossa única chance. Adentramos na mata e esperando que a horda passe. Não adianta tentarmos dar a volta! Vamos acabar no meio do caminho sem gasolina!

- Mas pelo menos estaremos salvos! – eu replico, piscando rapidamente para tentar pensar nas variáveis e contradições daquele plano.

- Até quando? Vamos ter comida até quando? Porque vamos precisar achar gasolina em meio ao mato, Lauren! Não tem carro nessas redondezas! O pouco que conseguimos e que não havia evaporado ainda, ou oxidado e virado uma goma, foi porque no condomínio havia carros demais! Olhe em volta! Não há nada por perto! – Dinah abriu os braços, desesperada.

- Se formos fazer isso tem que ser agora! – Troy se aproximou segurando sua AK-47 em mãos. Olho para trás e vejo que Harry estava de fora do carro servindo de proteção para as mulheres e crianças que continuavam ali. – Eles estão vindo em nossa direção!

- Isso é uma péssima ideia! – Christopher resmungou retirando o boné para coçar a cabeça desesperadamente. – Não sabemos o que há nessa maldita mata!

- Pelo menos assim os que nos seguirem estarão em uma menor quantidade do que essa que está vindo em nossa direção! – Camila argumentou.

- Continua sendo uma péssima ideia! – eu argumento e meu irmão grunhiu, concordando comigo.

- É a única ideia! – Dinah o retrucou convicta da ideia da amiga e fez um sinal de positivo para a latina. – Vamos nessa!

- Peguem apenas uma mochila e as armas que conseguirem levar em mãos! – Camila anunciou e começou a apontar para as direções em que dava as ordens. – Desçam os carros para as laterais da rodovia e os tranquem com as chaves. Quando a horda passar voltamos e seguimos viagem!

Eu corro até a motocicleta e retiro a chave da ignição, guardando-a em meu bolso. Visto minha jaqueta e pego minha mochila que estava amarrada ao guidão. Coloco-a em minhas costas e deixo minha Beretta 92 na parte da frente da calça em fácil acesso. Pego minha faca na bota e empurro a moto até perto de alguns arbustos grandes que poderiam encobri-la.

Os outros correram e só no controle de embreagem e freio deslizaram os carros para as laterais da rodovia de modo que também alguns galhos altos os tampassem.

Camila pegou suas coisas na moto e correu até onde a irmã estava. Caminho até perto dela e a vejo pegando Sofia no colo, a qual a abraçou como um bebê coala.

- Rápido! – Chris ordenou com sua arma em mãos e mochila nas costas.

Minha irmã também se juntou ao grupo que estava frente: Camila e Sofia, Christopher e eu. Eu e meu irmão abríamos caminho empurrando os arbustos médios e secos da floresta. Logo atrás estavam Dinah e Regina, Keana, Normani e Ally e Claire, cada adulta segurando uma faca em mãos. Troy, Austin e Harry estavam por último servindo de retaguarda se algum zumbi resolvesse nos seguir.

As crianças ameaçavam choramingar por causa do medo de estarmos adentrando em uma floresta que, por causa da noite caindo, já começava a ter penumbras bailando por entre os troncos grandes e velhos.

Os grunhidos estavam próximos, o que nos fazia correr na direção oposta. As solas de nossos sapatos quebravam os galhos secos no chão e isso poderia ser o que estava atraindo os abutres mais espertos. Nossas respirações também estavam irregulares e o cheiro de nosso medo era um tempero no ar para eles.

O tempo parecia ter acelerado enquanto aumentávamos nossa velocidade.

Empurro um galho médio que estava em nossa frente e, do nada, uma andarilha média, com roupas esfarrapadas e um buraco negro onde deveria estar seu olho direito, pulou em cima de mim fazendo-me cambalear para o lado e bater as costas em um pinheiro grande. Seus dentes batiam uns nos outros a cada mordida errada que ela dava tentando acertar meu rosto. Ela fedia à comida azeda e vômito seco. A seguro pelos ombros e viro meu rosto para o lado, com seu nariz podre quase tocando minha bochecha.

Christopher segura então um tufo de cabelo da andarilha e puxa sua cabeça pra trás. A alma penada grunhiu irritada, mas logo se calou quando a lâmina de Camila perfurou a lateral de sua cabeça.

Meu irmão soltou a zumbi no chão e Camila me lançou um olhar temeroso.

- Você está bem? – ela pergunta preocupada.

- Sim. Estou. – afirmo com a cabeça, ainda meio ofegante. – Me dê Sofia!

- O quê? – Camila franze o cenho com a irmã agarrada ao seu corpo.

- Estamos correndo há mais de dez minutos. Você está cansada! – argumento e estico meus braços para a criança que me olhava com medo. – Me dê ela e vá ajudar meu irmão a abrir caminho. Rápido, Camila!

Normani e Keana decidiram fazer o mesmo para ajudar as outras. A morena pegou Regina dos braços de Dinah e Ally entregou a filha de Troy para a Keana.

Pego Sofia em meus braços e ela rapidamente aceitou meu abraço, agarrando em mim com força. A criança tremia de medo, mas continuava em um silêncio obediente. Afago suas costas em um carinho para tentar tranquilizá-la e recomeço a corrida seguindo meu irmão e Camila.

Harry e Austin precisaram abater mais dois zumbis que se aproximaram da formação.

A noite caiu de um jeito medonhamente rápido.

Precisávamos tomar cuidado com as penumbras ao longe, as mesmas que só eram criadas graças ao reflexo da Lua Cheia acima de nossas cabeças.

Os grunhidos ainda continuavam próximos.

Então não podíamos parar de correr.

Eu já sentia as primeiras câimbras em minha panturrilha esquerda. As gotas de suor pingavam não só do meu rosto, mas do rosto de todos ali também.

*Music On* (Modern Assassin – Lorne Balfe)

- AAHH! – um grito desesperado de dor ressurgiu atrás de mim.

Viro-me assustada e vejo Dinah tentando ajudar de qualquer maneira o corpo caído de Harry. O homem alto e de cabelos longos chorava de dor enquanto segurava o joelho esquerdo e encarava, com os olhos arregalados, o tornozelo preso dentro de uma armadilha de caçar ursos. Os dentes do objeto pesado de metal penetravam sua pele e rasgavam os músculos a cada movimento que ele fazia.

O rapaz provavelmente havia pisado no meio da armadilha e ela havia acionado fechando-se em torno de seu tornozelo.

- Faça ele parar gritar! – Normani implorou, aterrorizada, ao olhar para trás e ver as sombras vindo em nossas direções.

Mas os gritos por socorro de Harry eram angustiantes, perturbadores, tão dolorosos que eu sentia a dor por ele. A cada vez que o rapaz tentava puxar a perna os dentes finos da armadilha enfiavam mais em seus músculos e os rasgavam.

O cheiro do sangue bailava no ar e só aquilo bastava para mostrar aos abutres onde estávamos.

- Segure-a! – eu entrego Sofia de volta aos braços de sua irmã.

Camila pegou a baixinha que chorava de perturbação e eu corro até Harry que tinha lágrimas escorrendo pelo rosto. O cabelo longo do rapaz estava grudado na testa suada e suas mãos já estavam completamente sujas do próprio sangue. Keana tentava acalmá-lo, mas a francesa estava desesperada e chorando.

Austin, Troy e Dinah rapidamente se prontificaram ao redor para vigiar as redondezas. Os três estavam pingando suor e tinham as armas tremendo em mãos.

- Harry, você tem que ficar calado! – eu ordeno limpando o suor que pingava do meu rosto. – Você vai atrair a horda inteira se continuar gritando assim!

- TIRA ESSA PORCARIA DE MIM! – ele berrou, caindo de costas no chão empoeirado. Seus olhos reviravam de tanta dor. – TIRA, PELO AMOR DE DEUS, TIRA!

Olho para a armadilha, mas ela estava completamente suja com o sangue do rapaz e pedaços de folhas e grama grudados.

- Christopher, a lanterna, rápido! – eu olho para meu irmão ao meu lado.

Ele apalpou todo o corpo desesperadamente procurando pelo objeto por dentro da jaqueta de couro e enfiou a mão no bolso interior da peça de roupa. Ele retirou a lanterna, me entregando. Acendo a luz e ilumino a armadilha de urso à minha frente.

Ao longe escutávamos os grunhidos dos zumbis se aproximando cada vez mais.

- Droga! – escuto Austin xingar. O policial dá passos rápidos para frente e enfia sua faca na cabeça de uma andarilha alta e loira que se aproximou.

- Precisamos achar a trava de liberação! – Taylor estava por perto e observava tudo com os olhos arregalados.

- Nosso pai nos ensinou! – Christopher se agachou ao meu lado. – Fica aqui por baixo... – o rapaz disse e enfiou a mão por debaixo do objeto de metal pesado.

Mas um mínimo toque fez Harry berrar de novo.

- AAAAH! – o de cabelos longos gritou segurando o joelho esquerdo.

- Alguém cala a boca dele, pelo amor de Deus! – Taylor implorou em meio às lágrimas de medo.

- Me desculpe, cara! – Keana choramingou e colocou a mão em cima da boca do amigo, sufocando seus gritos. Apenas os grunhidos desesperados de Harry eram ouvidos enquanto ele encarava a amiga com dor.

- Eu vou soltar a trava e você e Taylor puxam os dentes, ok? – Christopher anunciou.

Eu e minha irmã assentimos.

Um “click” ecoou e eu e Taylor começamos a puxar os dentes da armadilha de urso para fora da perna de Harry. Os seus grunhidos contidos ficaram ainda mais agonizados. Podiam-se ver os músculos perfurados e o sangue jorrando dos buracos abertos. A pele estava estraçalhada e barro e folhas estavam grudados nas laterais.

Christopher retirou rapidamente a blusa xadrez que estava por cima de sua regata branca e envolveu o tornozelo do rapaz tentando diminuir o fluxo de sangue que saía. Eu e Keana, cada uma, pegamos os braços de um Harry completamente mole e apoiamos em nossos ombros, o colocando de pé em apenas uma perna. O rapaz estava tão fraco que mal conseguia abrir os olhos.

- Vamos! – Camila ordenou e o seu desespero em sua voz só podia indicar que estávamos correndo muito perigo.

Eu e Keana começamos a correr muito mais lento que antes, já que tínhamos que suportar o peso de Harry enquanto os homens estavam mantendo a formação do grupo.

Meu irmão à frente abateu um zumbi que surgiu no caminho. Ao nosso lado Austin empurrava outra andarilha baixa e ruiva que apareceu e enfiava sua faca na testa dela. Dinah estava mais atrás e olhava para todas as penumbras suspeitas da floresta.

Aquilo durou por mais quinze minutos.

Minutos esses que pareciam uma eternidade.

*Music On* (Until We Go Down – Ruelle)

- Não vamos conseguir correr a noite toda. Estamos exaustos! – Normani falou totalmente ofegante.

Taylor concordou com a cabeça. A vejo retirar a última embalagem de Berotec da calça e apertar o botão inspirando o precioso ar para os pulmões.

Paramos de correr e encostamo-nos às árvores próximas para recobrar a respiração branda. Olho para o rosto de todos ali e vejo a mistura de medo, desespero, cansaço e mais trezentas sensações horríveis. Harry piscava devagar. Sua perna não parava de pingar o líquido vermelho.

Pisco para tentar focar minha visão e solto o braço direito de Harry indicando que Normani agora tomasse a posição. Quando a morena pegou o braço do de cabelos longos eu me distanciei um pouco do grupo. Camila logo veio ao meu alcance para se certificar do que eu estava fazendo. Eu olhava para todos os lados procurando por algo em meio aos troncos altos.

Até que algo me chamou atenção.

Uma pedra enorme gravada ao chão estava perto de dois troncos caídos. Era visível por entre as sombras da noite espécies de maquinários de escavação. Muita terra ainda se encontrava dentro do tambor o que significava que alguém trabalhava ali quando foi surpreendido por zumbis. Brita, areia e matérias de construção estavam espalhados por todos os lados.

Era uma área de construção.

- Vamos colocar as crianças e os que não podem lutar em cima da pedra e dentro da escavadeira. – anuncio para o grupo que estava a quatro árvores de mim. – O resto vai lutar contra a horda.

Todos rapidamente assentiram e começamos a correr até perto da escavadeira. Subo no degrau alto da máquina e viro-me já vendo Keana e Normani se aproximarem com um Harry mais desacordado do que alerta. Seguro os braços moles do rapaz e com ajuda de Keana o coloco dentro da cabine do maquinário.

Perto dali Christopher ajudava Taylor a subir com Claire e Regina em cima da pedra. Minha irmã estava ofegante e não podia usar a última inspiração de sua bombinha, então estava mantendo firmes os pulmões. Ela embalava as duas crianças que estavam aterrorizadas.

Camila se aproximou de mim e me entregou Sofia nos braços. Eu olho a pequena latina e tento acalmá-la.

- Fique aqui e o proteja, ok? Eu sei que você consegue... – eu falo com um fio de voz ao ver os olhinhos aterrorizados da criança.

- Igual a Kaki faz? – Sofia perguntou se assentando ao lado do de cabelos longos que estava provavelmente desmaiado de dor. Ela olhava para Harry com medo.

- Sim. Igual a Kaki faz. – balanço a cabeça e tento dar um sorriso encorajador, mas nem isso consigo.

Fecho a porta da cabine de vidro e pulo novamente no chão de terra, fazendo certa poeira subir.

- Sem armas! – Christopher ordenou e olhou para todos. Sua expressão estava temerosa, mas via-se seu lado líder falando mais alto. Ele transmitia confiança pelo olhar enquanto apontava para nós. – Por mais desesperadora que a situação fique não disparem as malditas armas! Isso só vai atrair mais deles!

- V-você acha que vamos conseguir? – Normani gaguejou, trêmula. A morena já tinha os joelhos um pouco flexionados e corpo curvado em posição de ataque. De todas ali a morena era a que menos tinha experiência na hora de abater zumbis.

- Nós temos que conseguir. – Dinha a corrigiu e se prontificou ao seu lado. A loira também tinha os joelhos e corpo na mesma posição e girava em mãos o seu machado ansiosamente.

- Vamos fazer uma formação! Um círculo! Assim todos podem proteger todos! – Camila ordenou.

Assentimos e fizemos um círculo perfeito, dando as costas uns para os outros.

Já ouvíamos os barulhos dos galhos secos se quebrando e os grunhidos guturais bailando pelo ar. O cheiro azedo e pútrido era a marca de presença da horda de zumbis que se aproximava.

Nossas facas estavam apertadas em nossas mãos, as armas guardadas na cintura.

Austin, Dinah, Normani, Christopher, Troy, Allyson, Camila, Keana e eu.

Nesta exata formação.

Gotas de suor pingavam de nossos queixos e escorriam por nossos pescoços. As pupilas estavam dilatadas. Respirações irregulares. Nossos joelhos trêmulos, mas preparados para o ataque.

Um ataque em grupo.

Um único grupo.

E quando os primeiros corpos cambaleantes surgiram em meio à escuridão dos troncos altos e velhos nos erguemos nossos braços em posição de ataque.

Todos juntos.

Os segundos passavam.

As lâminas das facas penetravam os lobos pobres.

Os barulhos dos crânios rachando pelas pancadas ressurgiam.

Sangue era espirrado em faíscas pelos ares.

Grunhidos se acumulavam.

Rostos eram dilacerados.

Gritos ecoavam.

Carótidas eram cortadas.

Cartilagens, pus e ossos eram expostos.

Massas encefálicas jorravam longe.

Corpos mortos caíam ao chão.

Taylor, Regina, Claire e Sofia encaravam tudo com os olhos arregalados. Via-se nos rostos delas a ânsia de vômito, o nó de desgosto.

As crianças...

Elas viram tudo.

A morte nunca esteve tão próxima e tão presente como naquela carnificina.

A podridão, os zumbis...  o Apocalipse nunca esteve tão exposto para nós daquele jeito... o fim do mundo, literalmente, dava boas-vindas para nós.

Nunca estivemos tão aterrorizados.

Até agora...


Notas Finais


Será que isso vai gerar a morte de alguém? Espero que não...
O que vocês acharam? Quero opiniões e ideias!
Até a próxima!


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