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História Into The Dead - Capítulo 26


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Olá! Sim, cá estou eu em uma Sexta-feira para a alegria de vocês!

A imagem da base militar não é exatamente assim, porque na história ela mais cheia de tendas, não tem rodovia por perto, floresta densa rondando e tem limites impostos por muros altos. Mas dá para vocês terem uma pequena noção.
Quero primeiro agradecer aos comentários tanto aqui quanto no twitter! A autora aqui ama vocês, ok?! Ama até aqueles que nunca deram sinais de vida, mas que estão sempre aqui lendo! ♥

Vero chegou chegando já, hein?! Quando a pessoa é rainha dá nisso!

Querem saber como o grupo vai reagir a isso? Querem saber se isso tudo vai gerar uma guerra?! QUEREM VINGANÇA?!

Então vamos lá!
Boa leitura e me perdoem pelos erros!

Capítulo 26 - Capítulo 26


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 26

CAMILA PDV

Eu olhava para o interior da floresta procurando pela silhueta de Lauren. Meu coração apertava e eu estava muito inquieta, o que havia sido notado por todos ali. Os zumbis – os quatro antes que vinham em nossa direção – haviam seguido os barulhos de Lauren quando ela adentrou na mata.

Eu temia que, depois de cinco minutos ausente naquele lugar, algo terrível houvesse acontecido.

Não.

Eu não poderia perdê-la também.

Por favor, eu não poderia!

Meu cérebro não conseguia pensar em algo relacionado à morte de Lauren. Simplesmente não conseguia!

E então, quando menos esperei, barulhos de galhos secos ecoaram e ela surgiu em meio aos troncos grossos.

Sua calça camuflada e moletom fluorescente estavam manchados por sangue escuro, característico de zumbis. Em sua mão direita ela segurava uma pedra que estava banhada por pedaços orgânicos.

Estava suja e cansada, mas viva.

E finalmente eu pude soltar o ar que estava preso dentro de meus pulmões.

- Cadê ele? – Austin rosnou entredentes quando Lauren se aproximou da estrada.

Lauren então apenas levantou a pedra e a colocou nãos mãos de Austin. O ex-policial fez uma careta de nojo ao ver os tecidos podres envolta dela, a soltando no chão rapidamente para não se sujar.

- Cinco zumbis. Ele está morto. – Lauren anunciou sucintamente e caminhou até se posicionar ao meu lado.

Franzi o cenho ao analisar sua expressão.

Estava calma, passível, sobrancelhas neutras e lábios torcidos levemente como ela se ela ponderasse alguma coisa em mente.

Eu conhecia muito bem suas reações.

Há minutos atrás Lauren estava completamente instável, rosto fechado, olhos desfocados.

Agora suas órbitas verdes pareciam ter um brilho.

Mínimo, mas existente.

- Merda... Vá checar isso! – Austin ordenou para Luke.

O militar loiro olhou meio de soslaio para o ex-policial, certamente se perguntando como ele tinha coragem de lhe dar ordens já que nem soldado de fato era. Mas, no fim, obedeceu e adentrou no interior da floresta.

Dinah chegou próxima de Lauren e também a analisou.

A de olhos verdes se mantinha olhando para o nada, como se estivesse muito focada em obedecer às ordens de Austin.

Dinah então se aproximou sorrateiramente de mim já com uma expressão de “Que merda está acontecendo com ela?!”.

Dou de ombros, pois não adiantaria pressionar Lauren para dizer alguma coisa agora.

Logo o soldado retornou e confirmou a história contada por Lauren. Isso fez com que Austin coçasse a cabeça irritado, pois teria que se resolver com o humor nada legal de Shawn Mendes.

O então ex-policial ordenou que entrássemos novamente no caminhão e assim o fizemos.

Lauren se assentou ao meu lado novamente e Dinah, sozinha, à nossa frente.

O Humvee entrou em movimento assim que os militares adentraram no veículo.

Minha mão estava pousada sobre minha coxa esquerda enquanto eu analisava o teto do veículo militar e tentava, inutilmente, fazer com que minha mente não submergisse em pensamentos negativos.

Eventualmente acharíamos uma solução. Teríamos que achar, pois não poderíamos viver como escravos para sempre.

E, como resposta silenciosa para minhas preces, eu senti um toque familiar na palma da minha mão sobre a coxa.

Olho para baixo e vejo os dedos de Lauren se entrelaçando nos meus e trazendo as palmas unidas para a brecha entre minha coxa esquerda e a sua direita, com o intuito de evitar com que os militares, e principalmente Austin, vissem a interação.

Meu coração quase errou a batida por dessa vez sentir um calor emanando de sua pele. Elevo o olhar e vejo que aquelas órbitas que eu amava estavam respondendo ao contato visual.

Lauren não sorria com os lábios, mas sorria com os olhos.

Eu sentia isso. Eu via uma pequena, mas existente chama ali.

Uma chama de esperança.

 

Quando voltamos para o interior do cômodo, onde estávamos sendo mantidas presas, todos nos recepcionaram aliviados.

Pelo visto todos temiam que, a qualquer momento, Shawn Mendes ou qualquer um dos soldados decidisse tirar a vida de alguém ali.

Minha irmã rapidamente pulou no meu colo. Ela estava no colo de Keana, mas, a me ver, correu até mim com os bracinhos já esticados.

Mesmo abraçando Sofia, pude ver o sorriso no rosto de Keana. Depois de aquele tempo ali dentro, depois de passar dias ao seu lado, eu havia percebido que a francesa não era de fato uma má pessoa. Só era... fechada. É claro que ela havia ficado magoada com o fato de Lauren ter me escolhido, mas ela parecia ser madura o suficiente de aceitar isso.

Ela havia se tornado uma amiga.

Regina fez o mesmo com Dinah e a loira alta aceitou o embraço da irmã com um sorriso gigante no rosto.

- Você voltou! – Sofia murmurou contra o vão do meu pescoço, com a voz entrecortada.

- Eu sempre volto, pequena. – sussurro apertando-a ainda mais nos meus braços.

Depois de afagar mais de seus cabelos e abraçá-la finalmente nos duas diminuímos o aperto. Procuro por Lauren e vejo que ela se encontrava, novamente, mais afastada que o restante do grupo que estava escorado à parede esquerda do cômodo.

Lauren continuou com aquele comportamento estranho por mais alguns minutos. A jovem olhava através da janela e chegava perto da porta como se ela observasse se alguém estava se aproximando do local.

Não só eu, mas Dinah e Ally também já haviam notado o comportamento estranho dela. Nós três nos entreolhamos, mas decidimos que por causa de tudo o que havia acontecido deveríamos dar espaço.

Alguns momentos depois Lauren se aproximou do restante do grupo.

- Você está bem? – Harry perguntou meio desconfiado para a de olhos verdes.

- Eu conheci uma pessoa na mata. – Lauren foi direta.

Sua expressão transmitia sua ansiedade. Ela torcia os dedos entre as mãos e a todo o momento trocava o peso das pernas.

- Tipo... viva? – Dinah ergueu uma sobrancelha.

- De mortos está cheio, DJ. – Normani bufou por causa da desconfiança excessiva da loira alta. – É claro que é viva!

Dinah revirou os olhos.

- Ela era daqui? – Keana perguntou.

Todos nós olhávamos para uma Lauren que se encontrava de pé na nossa frente.

- Não. Não era uma civil daqui e nem uma militar. – Lauren respondeu e coçou a cabeça. – Ela... ela faz parte de outro grupo.

- O quê?! – Christopher tossiu meio engasgado. O rapaz colocou-se meio encostado à parede. – Eles estão livres?!

- Sim. – Lauren balançou a cabeça positivamente. – Eu fiz um trato com ela...

- Lauren... – eu já chamo por seu nome usando um tom de repreensão. Rapidamente isso fez a jovem de jovem me olhar de volta. – O que você fez?!

- Vero... é o nome da jovem. – ela começou a explicar e a mexer as mãos para convencer de seu argumento. – Ela tinha roupas limpas e arma carregada! Ela sabia que estávamos sendo feitos de escravos por esses desgraçados! Ela até sabia que aqui existem muitas armas!

- É claro que há muitas armas! – Normani retrucou. – Aqui é uma porra de acampamento de exército!

Não era que ela estivesse com raiva dela ou duvidando, mas, todos nos éramos cientes do fato que, atualmente, não podíamos confiar em qualquer pessoa.

Uma estranha aparecer do nada com a solução?

Fácil demais, não acha?

- O que ela quer? – Ally perguntou tentando manter a situação sobre controle.

- Simplesmente que os ajudemos a entrarem aqui. – Lauren respondeu, voltando a olhar para o restante do grupo.

- E nós vamos entrar para o grupo dela ou... ela vai nos deixar livres? – Christopher perguntou.

- Será nossa escolha.

- Como vamos fazer isso? – Harry perguntou.

- Precisamos deixar a parte da frente sem soldados para que eles entrem. – Lauren falou.

- E por que eles têm que usar a parte da frente mesmo? – Dinah ergueu uma sobrancelha, duvidosa.

- Primeiro... porque não há outro jeito de entrar aqui. Os muros são altos e há soldados nesses locais. Segundo... – Lauren hesitou uns segundos, meio sem graça. – Vero disse que o grupo que ela pertence não gosta de entrar às espreitas.

- Como você sabe que essa Vero é confiável? – Normani perguntou novamente.

Vi Lauren inspirar devagar para responder, de novo, a constante pergunta.

- Mani, eu te conheço... – Lauren olhou cheia de carinho para a amiga. – Eu sei que você não costuma confiar facilmente nas pessoas e eu admiro isso, agora mais que nunca. Se tivéssemos pelo menos um terço dessa sua esperteza não estaríamos onde estamos agora... – a jovem suspirou.

- Laur... – Normani tentou consolá-la colocando uma mão em seu ombro e o afagando de leve. – Você não está sozinha. Nunca! Estamos aqui!

- Isso é verdade, Laur. – Ally completou e Dinah também concordou.

A de olhos verdes olhou ao redor e percebeu que todos nós lhe lançávamos olhares carinhosos, daqueles tipos de comunicação que acontece apenas por contato visual, aqueles tipos de entendimento que palavras não seriam suficientes para transmitir tal mensagem.

Estávamos juntos. Entramos ali juntos e sairíamos daquela juntos.

Esse ato singelo fez Lauren dar um sorriso tristonho, mas ainda assim um sorriso.

O primeiro depois de tudo o que aconteceu.

- Ela é a nossa única chance... – Troy suspirou com a cabeça escorada à coxa de Ally. Sua voz estava meio fraca, mas o loiro fazia questão de se fazer presente da discussão.

Éramos um grupo, todos deveriam opinar.

- Isso vai ser muito difícil. – Ally murmurou enquanto acariciava os cabelos do loiro em seu colo. Seu rosto transmitia expectativa. – Quero dizer... Além dos dois militares que ficam no posto, há aqueles que rondam o perímetro do acampamento.

- Não há tantos assim... – eu murmuro e balanço a cabeça negativamente. Esse movimento atraiu os olhares de todos no grupo. – Na última quinta-feira, enquanto Troy, Chris e a Lauren estavam presos, eles também fizeram isso no pavilhão, lembram? – pergunto retoricamente falando sobre os barulhos e gritos que escutamos durante a noite. – Em meio às penumbras eu os analisava do lado de fora. Eles têm esse estranho hábito de se reunirem, todos, ao redor da fogueira.

- Não há militares no perímetro? – Keana perguntou erguendo uma sobrancelha duvidosa para mim. – Eu duvido disso!

- Eu não disse que não há soldados no perímetro... – eu retruco sua fala. – Eu disse que não há tantos como costumam ter nas outras noites. Normalmente, pelo que consegui notar, ficam por volta de dez soldados rondando o perímetro do acampamento durante a madrugada. Mas, na última quinta-feira, havia apenas quatro e cada qual em um canto do acampamento.

- Nós precisamos distrair os dois soldados que ficam de vigia no portão. – Lauren anunciou. – Precisamos aproveitar que o restante dos soldados estarão reunidos no pavilhão para o jantar.

- E como vamos fazer isso? – Keana perguntou.

- Eles sempre pedem três pessoas para irem servir o jantar, certo? – Harry respondeu enquanto olhava ao redor. – Vai precisar ser uma dessas pessoas, pois o restante vai continuar aqui dentro e não tem como sairmos daqui para distraí-los.

- Isso não vai dar certo... – Normani suspirou. – Eles nunca ficariam tempo suficiente no pavilhão para fazermos isso. Geralmente enquanto um grupo está comendo o outro está fazendo rondas. Não vai dar certo!

- Nós vamos precisar manter a atenção deles no pavilhão... – Christopher tossiu e gemeu ao sentir a ardência em seu pulmão, refletindo em fisgadas em suas costelas. – Eles devem comer rapidamente e voltar para seus postos.

Eu estava prestes a abrir a boca para tentar argumentar, mas barulhos pesados de passos no corredor nos fizeram ficar temerosos e em silêncio. Logo a porta do quarto foi escancarada e Shawn Mendes apareceu com uma expressão de poucos amigos.

O militar tinha o maxilar travado e na mão direita um fuzil.

Ele deu alguns passos à frente abrindo caminho na porta e então Demetria Lovato e Louis Tomlinson foram empurrados para o interior do cômodo. Os dois cientistas caíram estabanados no chão, precisando usar as mãos para que seus rostos não entrassem em contato com o piso. Eles caíram de quatro, o que gerou uma risadinha por parte dos soldados que os escoltavam.

- Lixo tem que ser jogado no lixo! – Shawn rosnou, apontando para os cientistas. – Vocês queriam saber como eles estavam, não é? Queriam tanto a ajuda deles, não é? Fizeram uma porcaria de greve e disseram que não procurariam mais a cura por causa deles, não é? Então serão tratados como bosta! Porque é isso que vocês são!

O Sargento estava irado. A voz estava um tom mais grave e as narinas infladas. Ele fez um sinal para os soldados e eles saíram novamente do cômodo, fazendo a porta com um estrondo alto.

Rapidamente Normani, Keana e Harry foram ao encontro dos cientistas que ainda se encontravam no chão. A morena e a francesa ajudaram a cientista de cabelos curtos a ficar ereta, pois seus joelhos haviam batido com muita força; e Harry ajudava Louis a ficar de pé depois de receber a pancada nas costas.

- Vocês estão bem? – pergunto levantando-me com cuidado, pois Sofia ainda se mantinha como um bebê coala no meu corpo.

- Estamos sim. – Louis respondeu com uma fungada, pois, visivelmente, o rapaz estava chorando antes.

- O que aconteceu? – Normani perguntou para Demi.

A morena e a francesa guiaram a cientista para perto do canto onde todos nós estávamos sentados, a ajudando a fazer o mesmo. Harry também ajudou Louis.

- Nós simplesmente cansamos! – Demi choramingou e passou as mãos, um pouco machucadas pelo impacto com o chão, por baixo dos olhos para secar as lágrimas. – Nós paramos de sermos as vadias deles.

- Não temos mais recursos no CDC e eles não estão realmente à procura da cura. – Louis continuou. O jovem magro passava as mãos pelos braços para retirar os resquícios de poeira que estava impregnado ali. – Eles apenas queriam anunciar por aí que estavam à procura dela.

- Eles pensavam que, pelo simples fato de estarmos lá, nós iríamos conseguir fazer alguma coisa. Mas não é fácil assim! Nós precisávamos de vários objetos, vários recursos, mas eles não estão dispostos a colocar as bundas deles na reta para procurarem por coisas para nós! – Demi falou realmente indignada e irritada. – Então nós simplesmente dissemos que não faríamos mais nada!

- Nós paramos de procurar, paramos de respondê-los, e então aquela filha da puta traidora da Taylor Swift nos dedurou novamente! – Louis praticamente bufou de raiva. – Nós sabíamos que ela faria isso, por isso não ligamos.

- Aliás, quero pedir perdão! – Demi murmurou olhando para cada um de nós. – Não sabíamos que ela faria aquilo com vocês!

Seu rosto arredondado estava cheio de arranhões, as olheiras pesadas abaixo dos olhos, lábios secos e sem cuidado, cabelo sem brilho. Louis também estava mais triste, cansado e cabelo – que antes era todo bonitinho – estava bagunçado.

- Nós realmente não sabíamos... – Louis choramingou ao ver nossas reações meio desconfiadas.

Nosso grupo se entreolhou um pouco temeroso em acreditar ou não nas palavras deles.

- Onde está a Taylor, a sua irmã? – Demi perguntou olhando para Christopher e Lauren.

Isso fez meu estômago apertar e minha garganta fechar institivamente.

Eram raros os momentos que esquecíamos o que havia acontecido. Manter a mente ocupada na busca por nossa liberdade estava sendo nosso escape daquela cena barbárica.

Abaixei o olhar para o chão, mas mesmo assim consegui ouvir os outros suspirando. Alguns fungavam, outros assim como eu preferiam desviar o olhar para que as lágrimas não ficassem visíveis.

- Oh, não... – Demi choramingou ao ver as expressões tristes de Christopher e Lauren.

O rapaz com o rosto machucado também tinha a cabeça abaixada e de vez enquanto passava os dedos para enxugar as lágrimas que escorriam. A jovem engolia seco a todo o momento para que o choro não viesse à tona, mas via-se em seus olhos avermelhados a dor que ela sentia para segurar aquelas lágrimas.

- Eu sinto muito... – Louis sussurrou com a voz embargada, seu queixo tremia. – Ela... ela era uma boa pessoa... ela...

- Ela era a melhor pessoa! – Lauren parou de encarar o nada e direcionou seu olhar cheio de ressentimento para o cientista. – Ela... sempre via o bom nas pessoas!

Meu coração praticamente virou uma pedrinha ao ver o choro começar a ganhar Lauren novamente. Eu me arrastei em sua direção, me prontificando ao seu lado.

De todos ali, eu era a única que Lauren não afastava com movimentos bruscos ou olhares mortais – quer dizer, na maioria das vezes.

Mas eu era a única que também não tentava dizer palavras de conforto, porque, de um jeito que nós duas não sabíamos explicar, compartilhávamos esse pensamento que: palavras de conforto não adiantam de nada se você realmente não quer ver a pessoa bem.

Às vezes simplesmente se manter ao lado da pessoa, mesmo em silêncio, apenas para mostrar que está ali, é a melhor coisa que poderia fazer.

Lauren ao sentir minha presença simplesmente pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos enquanto a outra secava as lágrimas que conseguiram escapar de seus olhos.

Taylor Jauregui, depois que Lauren havia matado o seu corpo zumbificado, fora levada para que pudéssemos pelo menos enterrá-la. Assim o fizemos do lado de fora do acampamento.

Apenas Christopher, e somente ele, tivera permissão de ir até lá.

Não me pergunte o porquê de Shawn e Justin permitirem isso – talvez fosse um ato de misericórdia por não ser ele o real “culpado” –, mas isso fez apenas com que Lauren se remoesse ainda mais.

Infelizmente essa havia sido a última cena que Lauren viu da irmã: uma zumbi morta nos braços do irmão.

O silêncio depois daquele momento meio constrangedor se apoderou entre nós. Não sabíamos ao certo se deveríamos compartilhar com Louis e com Demi nossos planos de tentarmos dar o fora dali.

E se eles também decidissem nos trair?

E se eles, assim como a Swift e o Mahone, decidissem passar para o lado dos militares?

Decidimos então dar aquele assunto como terminado por enquanto. Talvez quando os dois cientistas dormissem naquela noite nós poderíamos voltar a discutir sobre o plano.

Os deixaríamos para trás? Não!

Mas não iríamos compartilhar com eles nossas intenções até que fosse extremamente necessário.

O final da tarde passou rapidamente e os dois cientistas pareceram não perceber que lançávamos, de vez em quando, alguns olhares desconfiados para eles.

Não nos julgue. Por culpa deles – ou melhor, de uma deles – estávamos ali dentro. Eles poderiam simplesmente nos ter avisado sobre qual ameaça estavam sendo submetidos. Poderiam ter nos avisado sobre o que poderia acontecer. Mas não. Eles preferiram ficar em silêncio, talvez esperando o momento certo para pedirem nossa ajuda contra aquele acampamento de militares. Porém, nem nós e nem eles esperávamos que houvesse uma cobra entre nós.

É aquele ditado: “Não deixe para amanhã, o que você pode fazer hoje.”.

A noite chegou assim como as obrigações que tínhamos para com os militares. Dessa vez sem Shawn ou Justin, dois militares entraram ali e levaram eu, Keana, Normani e agora Demi para sermos malditas empregadas e lavarmos as coisas sujas dos jantares deles.

Eles nos conduziram até a tenda ampla e larga de alimentação e logo após nos guiaram até a parte de trás da mesma, onde havia pelo menos três grandes baldes cheios de água – que estava suja – para lavarmos os pratos e talhares.

Mesmo com nojo de enfiar minha mão naquela água amarronzada, com espuma de sabe-se lá o quê por cima, e um fedor nem tão atrativo assim, eu precisei lavar os talheres e pratos.

Keana e Normani, eu e Demi, trabalhando em duplas.

Já passava duas horas que lavávamos aqueles malditos pratos, pois, apenas éramos quatro pessoas para cinquenta objetos sujos.

Estávamos prestes a terminar quando percebo que Demi se aproximou de mim. Ela estava temerosa, mas ainda assim, necessitada de falar algo.

- Eu sei que vocês estão desconfiados... – ela sussurrou e mesmo com a escuridão, que só não era completa por causa das tochas próximas, eu consegui ver seu rosto apreensivo. – Mas eu imploro que confiem em nós! Não somos como aquela desgraçada da Swift! Não tínhamos más intenções com vocês. Sim, nós pecamos com o fato de não termos logo no início, mas temíamos que pensassem que nós queríamos fazer vocês escravos também, ou sei lá, obrigar vocês a nos ajudarem. Falaríamos no dia seguinte, mas tudo aconteceu uma noite antes!

Não respondo nada de imediato, pois gastei os segundos após sua fala apenas analisando sua expressão, buscando por algum sinal que indicasse que ela estaria mentindo. Mas Demetria Lovato parecia de fato angustiada e arrependida por tudo o que havia acontecido.

- Tudo bem... – eu sussurro simplesmente, voltando a lavar os pratos.

Por mais que eu quisesse perdoá-la, a dor da perda de Taylor Jauregui ainda estava muito recente. A dor de ver meus amigos e Lauren lutando como animais ainda estava muito recente. A dor de ser humilhada ainda estava muito recente.

Logo após terminar nossos afazeres fomos escoltadas de volta para o cômodo escuro onde os outros também se encontravam. Dessa vez levamos conosco nosso jantar que se resumia em mais restos de sopa e restos da janta dos militares. Porém, aquilo não importava. Comíamos porque estávamos completamente famintos.

Cada um após comer o pouco que recebeu procurou um canto para descansar. Ally voltou a envolver Troy e Claire em seus braços amorosos, o que deixava a cena fofa, pois o rapaz alto tinha que se curvar todo para manter a cabeça descansando no ombro da loira enquanto sua filha, do outro lado, descansava o rosto na lateral da barriga da enfermeira.

Eu me sentia um pouco aliviada por saber que Ally não havia perdido Troy e que ela também se ligou de alguma forma a ele e sua filha. Ela precisava daquilo. Depois de passarmos meses juntas – antes de conhecermos o grupo de Lauren – a enfermeira se sentia sozinha. Sentia-se sem nenhuma razão para seguir em frente. Eu e Dinah tínhamos nossas irmãs, mas ela... não tinha ninguém.

E agora ela havia conseguido duas lindas razões para ser forte.

Christopher estava um pouco distante de nós, mas tinha Keana ao seu encalce. A francesa estava tanto de olho no Jauregui quando no Styles. Harry já dormia com a cabeça escorada à parede. Keana se encontrava entre os dois homens, cuidado deles. Não de uma forma cheia de segundas intenções ou algo tipo, mas via-se que, de alguma forma, ela cuidava deles como uma amiga.

Demi e Louis estavam no outro extremo ainda sentindo-se meio deslocados. A mulher descansava a cabeça no ombro do magrelo que já dormia também escorado à parede.

Dinah e Normani se encontravam em uma situação meio cômica. Elas ainda se irritavam, mas sempre, à noite, a loira alta abraçava a irmã e depois descansava a cabeça no peito de Normani. Elas nunca falavam nada uma para outra. Dinah apenas chegava embalando Regina e deitava-se perto de Normani.

Eu não sabia se a loira alta tivera coragem de fazer algo no CDC, mas, pelo menos, elas estavam ali uma pela outra.

E agora Sofia se encontrava dormindo nos braços da morena bonita. Normani tinha um braço envolto da minha irmãzinha e outro em volta de Dinah, as trazendo mais perto.

Mesmo com todos deitados ou sentados, Lauren era a única que ainda continuava analisando a janela do quarto. Isso me fez lembrar as noites em que passamos de guardas na casa de campo. Lembrar-me daquele lugar, desses momentos de paz, fez parecer que isso havia acontecido meses atrás e não há semanas.

Caminhei sorrateiramente até perto da de olhos verdes, parando ao seu lado. Lauren virou um pouco o rosto apenas para se certificar que era eu ali e logo voltou a olhar para escuridão lá de fora.

Algumas pessoas, de vez em quando, passavam para lá ou para cá, mas depois do toque de recolher dos soldados, apenas militares transitavam.

- Dói tanto... – a voz de Lauren não passava de um suspiro de lamúria.

Viro o rosto e percebo as lágrimas escorrendo por seu perfil bonito. Meu coração apertou tanto que alastrou uma onda de dor em meu corpo ao vê-la chorando.

- Oh, Lolo... – eu sussurro e elevo minhas mãos para afagar as laterais de seu rosto.

Bastou sentir meu toque em sua pele e Lauren despedaçou-se à minha frente. Precisei ser rápida para envolver seu corpo trêmulo em um abraço apertado para que ela não perdesse os movimentos das pernas. Seu choro doloroso, sua respiração entrecortada batia contra meu pescoço e eu sentia suas lágrimas quentes molharem minha pele.

Vê-la daquele jeito estava me fazendo sentir dor. Nunca em meus poucos anos de vida e de experiência pensei que poderia sentir a dor por outra pessoa. Mas, eu sabia que estava conectada à Lauren de algum jeito, e dessa forma eu sentia o que ela estava sentindo.

Envolvo ainda mais forte meus braços em sua cintura, fundindo seu corpo ao meu para que ela tivesse certeza que eu estava ali... com ela.

- Foi minha culpa... – sua voz machucada ressurgiu em meio aos meus cabelos. – Tudo isso foi minha culpa...

- Não, querida, não foi! – eu rapidamente afago as laterais de seu rosto e a faço me olhar nos olhos. – Não havia como você controlar aquilo! – digo firme. Suas órbitas estavam irritadas por causa do choro. – Taylor nunca se sentiria mal por você ter tentado. Você estava tentando nos salvar! Isso só aconteceu por causa daquele crápula! É dele a culpa, não sua!

Lauren soluçou e isso apertou ainda mais meu coração.

- Chore, chorar pode ajudar... – eu passo os polegares por baixo de seus olhos para secar o excesso de lágrimas. – Mas lembre-se: Taylor sempre esteve orgulhosa de você! E ela, assim como eu, está orgulhosa agora por te ver lutando por nossa liberdade!

- Você está orgulhosa? – Lauren perguntou inocentemente. Sua voz estava rouca. – Mas... eu... eu te machuquei, Camz... eu... – novamente seu queixo tremeu e os olhos marejaram. – Eu te dei um tiro, pelo amor de Deus! Eu te machuquei!

- Não... não... Lauren, pare! – eu balanço a cabeça meio afobada para que ela visse que estava errada. – Eu não estou com raiva de você, não estou magoada, não estou nada além de orgulhosa. Eu sei que não foi proposital. Você estava tentando me salvar!

- Eu tento salvar as pessoas, mas não faço nada além de machucá-las intensamente! – ela rosnou entredentes e retirou minhas mãos de seu rosto.

- Lauren... – eu tento pegar na sua mão, mas a de olhos verdes dá um passo para o lado defensivamente.

- É a verdade!

- Não é!

- Camila, não! Por favor! – sua mágoa havia se transformado parcialmente em raiva sobre si mesmo.

Sua voz havia saído um pouco alta e isso fez com que Dinah, Keana e Louis acordassem um pouco sobressaltados. Logo, com os resmungos dos três, todos também acordaram. Alguns coçaram os olhos meio grogues, outros já tinham os olhos bem abertos nos encarando.

- Está tudo bem? – Dinah lançou um olhar preocupado para mim enquanto embalava Regina para ela voltar a dormir.

- Lauren... – eu tento outra vez falar com a de olhos verdes.

- Nós temos que discutir algumas coisas... – Lauren tomou a frente antes que eu pudesse responder à loira alta.

Inspiro fundo e tento me manter calma. Eu sabia que, desde sempre, Lauren tinha o gênio forte. Ela poderia estar apaixonada por mim, poderia ter me dado um espaço em seu coração, mas nada mudaria sua essência. Quando ela se vê machucada ou vê que ameaça a integridade das pessoas ao redor de si a primeira coisa que ela faz é se afastar.

E não procurar ajuda.

E eu via agora em seu olhar a determinação de conseguir nossa liberdade. Era como se Lauren tentasse de qualquer forma redimir a morte da irmã fazendo-nos livres de novo. Então, para isso, ela faria qualquer coisa.

- Vocês estão ou não conosco?! – ela foi certeira em seu questionamento para os dois cientistas.

Louis e Demi balançaram a cabeça positivamente de forma desesperada.

- Vocês realmente estavam usando rádio para pedir ajuda? – Troy perguntou e, com ajuda de Ally, conseguiu ficar sentado e se escorar à parede. – Não estavam mesmo trabalhando para esses desgraçados apenas para nos atrair até lá?!

- Sim e não! Não somos traidores como a cobra, eu já disse! Mas... Vocês ouviram a transmissão?! – Louis perguntou para o loiro. O magro coçou os olhos para voltar a consciência por causa do sono.

- Não! – Lauren balançou a cabeça negativamente. – Mas o grupo de Vero escutou.

- Grupo da Vero? – Demi franziu o cenho, confusa. – O que?! Como assim?!

Eu tomei a frente e passei por Lauren a lançando um olhar meio repreensivo. Sim, eu estava do lado dela. Sim, eu seria seu suporte caso precisasse. Mas nem por isso precisaria ser tratada daquele jeito.

Comecei então a explicar para os dois cientistas sobre a mulher misteriosa que Lauren havia encontrado no meio da floresta. Expliquei também nossas ideias e situações discutidas até agora.

- E podemos confiar nela? – Demi perguntou por fim.

- Não temos outra escolha. – Lauren balançou a cabeça. – É isso ou nos tornarmos para sempre escravas deles!

Demetria e Louis se entreolharam por alguns segundos, conversando intimamente se deveriam ou não fazer parte daquilo.

Mas não é como se eles tivessem alguma escolha.

- Tudo bem... vamos ajudar. – Louis fez um afirmativo com a cabeça. – O que temos até agora?!

- Precisamos de uma distração para os soldados e civis no pavilhão. – Dinah respondeu e arrumou a posição da irmã que voltara a dormir em seus braços.

- E não vai adiantar ser um de nós... – Keana completou a loira alta.

- Nenhum dos civis parece ter vontade de se virar contra os militares... – Ally concluiu com um suspiro desolado.

- Eu sei uma... – Lauren murmurou. – Alessia Cara.

- A enfermeira?! – Ally franziu o cenho, surpresa. – Eu conversei com ela quando estávamos arrumando as coisas para a cirurgia de Troy... Ela... não parecia querer nos ajudar.

- Mas ela também não parecia querer concordar com os militares. – Lauren retrucou. – Ela é a única aqui que nos tratou bem.

- Você acha que podemos falar com ela? – pergunto para Lauren, semicerrando os olhos.

Isso fez suas órbitas verdes se voltarem para mim. Dessa vez elas estavam mais claras, mais calmas.

- Eu posso. Antes... antes de irmos a delegacia ela tentou me impedir. Disse que... “Não é como se eu tivesse qualquer livre arbítrio para sair”. – Lauren respondeu e desviou o olhar para o chão, como se lembrasse da conversa.

- Não... eles não vão deixar você ir até lá sem nenhuma razão! – eu retruco, balançando a cabeça negativamente. – Eu vou!

- O quê?! – Lauren franziu o cenho.

- Eu tenho a desculpa de precisar trocar o curativo do meu braço. E... os militares acham que eu sou calma. – ergo uma sobrancelha tanto para ela quanto para Dinah, as duas mais explosivas.

Lauren ladeou a cabeça pensando na possibilidade. Eu entendia sua posição: não queria mais colocar pessoas em perigo.

- Temos quanto tempo até o ataque? – Louis perguntou.

- Meia noite de hoje. – Lauren respondeu assim, pois já se passava provavelmente da meia noite.

- Então amanhã cedo já começamos a colocar as coisas em prática. – conclui e me aproximei dela sorrateiramente. – Nós vamos sair daqui! – falo, ao seu lado, mas olhando para nosso grupo. Todos nos olhavam com expectativa. – Vamos sair daqui...

 

Quando amanheceu e abrimos nossos olhos naquela manhã, algo estava diferente. Eu via nos rostos das pessoas do meu grupo e via em suas órbitas a expectativa pelo o quê aconteceria naquela noite. Não sabíamos se o grupo da Vero iria aparecer, mas tínhamos que deixar tudo pronto caso isso acontecesse.

O sol adentrava pela pequena janela do cômodo nos dando um pouco de luz. Deveria ser próximo das dez horas da manhã por causa das fortes incidências dos raios solares.

Todos nos estávamos agachados no centro do cômodo, falando o mais baixo possível, pois soldados transitavam tanto perto da janela quanto do lado de fora da porta.

- Você vai tentar convencer Alessia de nos ajudar. – Christopher me instruiu.

O rapaz estava com um joelho apoiado no chão e uma mão descansando na costela esquerda. Ele ainda sentia muitas dores no rosto, mas, com o passar das horas, alguns roxos se tornavam âmbar e depois amarelo.

- Ela deve ir até o pavilhão e usar algum bom argumento para manter os soldados lá até que, uma das três pessoas que forem chamadas para servir o jantar, vá até o portão principal e distraia os soldados que estiverem de vigia.

- Isso pode dar errado de várias formas... – Normani murmurou baixinho. – Por exemplo, com certeza alguma mulher será escolhida, mas e se ela for até o portão tentar distrair e acabar... sendo... vocês sabe... atacada por um dos soldados? – a morena parou de falar, mas sua expressão preocupada demonstrava o sentido que “atacada” tinha.

- É por isso que uma segunda pessoa vai ficar por perto. Se algo acontecer... – Lauren engoliu seco, mas continuou firme. – Grite ou tente avisar a qualquer civil! Não é possível que eles deixarão isso acontecer tão... na cara deles! Pelo menos assim dará chance que a terceira pessoa ajude...

- Infelizmente essa é a melhor coisa que poderemos fazer... – Dinah completou a fala da de olhos verdes e direcionou seu rosto para o campo de visão de Normani, fazendo a morena bonita a encarar.  – Não temos muita opção, pois o restante do grupo continuará preso aqui dentro.

- Vai dar certo! – eu inspiro fundo para tentar lançar uma onda de coragem para dentro. – Vou ir agora convencer a Alessia e depois voltamos e discutimos mais sobre isso, ok?!

Todos assentiram.

- Como você vai fazer?! – Harry me lançou um olhar meio desafiador.

- Eu sou calma, lembra?! – sorri fraco.

Levantei-me e caminhei até perto da janela do cômodo. Comecei então a gritar por ajuda alegando que meu machucado doía. Até fingir o ato de chorar eu fiz para que aquilo se tornasse mais convincente.

Ally veio ao meu encontro na janela e começou a argumentar com alguns civis e militares do lado de fora sobre o fato de eu precisar de medicamentos por causa do tiro que levei no bíceps.

Nós duas nunca havíamos dado problema, então rapidamente algum militar inocente foi contatar Shawn Mendes.

- Que merda é essa?! – o Sargento já adentrou empurrando a porta bruscamente.

Ele vestia apenas uma regata preta e um calção da mesma cor – que batia no meio das coxas torneadas. Em seus pés estavam um par de tênis de corrida. Seus bíceps e músculos estavam molhados por suor assim como as laterais de seu rosto e cabelo. O militar ainda se encontrava ofegante da possível corrida que fora interrompido.

Fingi que minhas pernas estavam bambas e que a fraqueza dominava meu corpo. Ally rapidamente passou um braço por minha cintura, apoiando.

- Ela está com muita dor! – a enfermeira falou com um tom desesperado para o militar. – E precisa trocar o curativo! O sangue pode lhe causar uma infecção.

- Não está na hora disso! É apenas nos finais de semana! – Shawn rosnou entre seus dentes brancos.

- Ela nunca fez nada contra vocês! – Lauren entrou na cena, fingindo implorar pela ajuda do militar.

Precisei engolir seco e rezar internamente que para que ela não estregasse tudo.

- Ajude-a! – a de olhos verdes não se aproximou, mas apontou para mim. – Pelo menos troque o curativo então!

Shawn Mendes semicerrou os olhos para Lauren, a analisando. Via-se em seus olhos que ela não gostava nem um pouco da jovem, pois sabia que, mesmo matando sua irmã, ela não o temia ainda.

O Sargento então direcionou seu olhar para mim. Ele me analisou dos pés a cabeça como se procurasse indícios de uma mentira. Mas, pelo visto, minha atuação estava muito boa – além que a mancha de sangue seco na gaze em volta do meu braço servia como extra.

- Levem-na até Alessia! – Shawn então fez um movimento com as mãos para os soldados atrás de si.

Os soldados bateram continência e vieram ao meu encontro, retirando-me de perto de Ally. Eles não me agarraram pelos braços, mas me escoltaram com mãos em meus ombros para fora do cômodo. Saímos do lugar onde estávamos e eles me conduziram duas vielas à frente, em uma tenda alta.

Alessia se encontrava de costas mexendo em alguns materiais em cima de uma prateleira de metal enferrujado. A enfermeira ao ouvir os barulhos de nossos passos adentrando na tenda se virou subitamente, estranhando minha presença ali.

- Troque a gaze dela. Volto em cinco minutos! – um soldado avisou e ele e seu amigo saíram da tenda.

Alessia ainda me olhava meio desconfiada, pois na última vez que nos vimos – momento em que eu estava ainda com um buraco aberto no braço – ela deixara claro que deveria esperar pelo menos cinco dias até trocar minha gaze. Ela, mais alguns ajudantes do cirurgião, haviam encontrado uma erva medicinal que demoraria tal período de tempo para fazer efeito.

Mas mesmo assim, para evitar que meu suposto plano falhasse, Alessia apontou para um leito próximo e eu me assentei ali meio acanhada.

- Vai me de dizer o porquê que veio aqui?! – a enfermeira perguntou enquanto abria uma gaveta de uma cômoda perto e retirava um rolo de gaze e esparadrapo.

O ambiente cheirava a desinfetante, liquido certamente passado no leito e nos objetos que ela usava. Em suas mãos estavam agora um par de luvas látex e seu cabelo encaracolado estava estrategicamente colocado atrás das orelhas para não atrapalhar sua visualização.

Olho para os lados procurando por alguém que poderia ouvir aquilo, mas ao ver que estávamos sozinhas, eu aproximei meu rosto de seu ouvido.

- Nós vamos fugir... – sussurro. – E precisamos de sua ajuda.

- O quê?! – Alessia estava já soltando os esparadrapos de ao redor do meu braço, mas ao ouvir aquilo parou e arregalou os olhos.

- Lauren me disse que você não é como eles! – digo, me explicando. – Que você não gosta de estar aqui no meio de tanta barbárie. Então precisamos de sua ajuda para fugirmos! Queremos liberdade e você também!

Alessia continuou estática por alguns segundos ainda me analisando. Eu via em seus olhos que ela estava muito descrente dessa ação.

Ela pigarreou e voltou a olhar para meu braço. Sabia que precisava terminar aquilo em cinco minutos. A enfermeira recomeçou a tirar o esparadrapo de meu braço.

- Como vocês vão fazer isso? – seu olhar estava focado agora em minha cicatriz ainda avermelhada e sensível.

Engulo um choramingo de dor e tento ignorar o arrepio frio que cruzou meu corpo quando ela tocou o buraco agora fechado por pontos.

- Um outro grupo vai nos ajudar. – respondo baixinho, mas com a voz firme.

Alessia levantou o olhar para mim de novo.

- Outro grupo?!

- Me perdoe, mas... você não precisa saber dessa parte do plano. – eu ladeio os lábios e semicerro os olhos para ela. – Só precisamos que você distraia os soldados no pavilhão hoje. Eles precisam ficar lá por mais ou menos uns dez minutos. Cinco antes e cinco depois da meia noite.

- Vai ser hoje? – Alessia pergunto, boquiaberta.

- Sim! – afirmo com a cabeça. – Se você quiser fugir, será também sua oportunidade.

Alessia abaixou a cabeça novamente, ponderando. Ela se manteve em silêncio enquanto pegava uma gaze e molhava em um líquido antibactericidas e espalhava por meu machucado. Isso me fez grunhir de dor. Meus olhos marejaram com a dor em meu bíceps, meu músculo queimou, mas eu não deixei que nenhuma lágrima escorresse.

Inspirei fundo para tentar fazer a dor passar enquanto Alessia envolvia novamente meu bíceps com gaze. Os minutos passavam e ela ponderava ainda.

- Vocês não estão fracos demais?! – ela perguntou enquanto passava o esparadrapo para segurar as pontas da gaze. – Vocês mal comem, estão todos feridos de algum jeito... precisam de intravenosos... precisam de tempo para se recuperarem... remédios...

- Você pode arrumar mil e uma desculpas, mas nós vamos tentar hoje à noite! – eu falo olhando em seus olhos.

Eu nunca havia sentido tanta convicção em minha vida.

- Eu quero vingança, mas ela não está em primeiro plano. – continuo. – Eu quero simplesmente fugir com meu grupo! Ninguém ali, principalmente minha irmãzinha, merece esse futuro! Ninguém merece ser a putinha de alguém! Se você quer continuar sendo escrava deles, não me importa. Mas, precisamos de sua ajuda! Apenas os distraia!

Alessia fechou a expressão com meu vocabulário chulo e mordeu os lábios, pensativa. Eu sabia que ela não gostara de minhas palavras, mas isso não as tornava menos verdadeiras.

E então a enfermeira apenas assentiu com a cabeça.

Bem a tempo de os soldados novamente adentrarem na tenda médica. Levantei-me com um pulo da maca e os militares já se aproximaram colocando as mãos em meus ombros e me guiando para fora dali.

 

 

*Music On* (Way Down We Go – Kaleo)

A noite estava fresca, a Lua Cheia bonita no céu. Do lado de fora, nas vielas e na rua principal, as pessoas andavam de um lado para o outro indo em direção do pavilhão. A fogueira já estava montada, as carnes já estavam assando, as bebidas sendo levadas para os baldes.

- Então é isso?! – a voz de Normani surgiu no silêncio do quarto.

Todos nós estávamos agachados perto da parede esquerda do cômodo, encarando no chão empoeirado o que era o nosso plano de fuga.

Utilizamos de pedaços secos de tinta que desgrudaram da parede para montarmos uma espécie planta do acampamento na poeira.

Horas incansáveis encarando tudo do lado de fora através da janela, as inúmeras vezes que fomos escoltadas por todo o perímetro para sermos tratadas como empregadas, as diversas caminhadas repletas de empurrões bruscos pelo acampamento.... tudo isso serviu para que memoriássemos 70% do lugar.

Sabíamos onde estavam os focos de soldados, os focos de civis, as tendas principais, as casas de tijolos principais...

Sabíamos exatamente onde deveríamos ir.

Havia diversos papeis:

A pessoa que distrairia os soldados no portão; a que lhe daria cobertura; a terceira que ficaria no pavilhão e ajudaria Alessia.

Depois do início do tiroteio, caso existisse um:

Haveria aqueles que abririam caminho; aqueles que protegeriam as crianças; e aqueles que fariam a parte mais difícil do plano.

- Sim, é isso! – Christopher respondeu à Normani, também encarando os riscos no chão de poeira.

Ouviam-se as conversas animadas dos soldados do lado de fora. Os homens e mulheres riam e comentavam como estavam famintos e loucos para que o “rodízio” começasse.

Filhos da puta doentes.

Mas eles mal sabiam que o fim deles estava bem próximo.

Lauren então enfiou a mão dentro da bota e retirou uma lâmina que só naquele momento ficamos sabendo de sua existência. Louis arregalou os olhos quando viu o brilho da lua, que entrava pela janela, refletir na faca.

- Vero me deu e isso vai junto com a pessoa que será a distração no portão. – Lauren anunciou.

Já nos encontrávamos arrumados. Roupas apertadas no corpo, bem alimentados – já que deixamos para comer apenas quando a noite começou a cair para que não estivéssemos fracos demais quando precisássemos de energia.

Christopher analisou um por um, vendo o medo estampado em nossos olhos.

Normani engolia seco a todo tempo ninando Regina enquanto Dinah amarrava os cadarços de sua bota. Nota-se o nervosismo de ambas, mas, principalmente a loira alta, não deixava transparecer tão facilmente.

Ally estava com Claire e rezava baixinho o tempo todo para que Deus nos abençoasse e nos desse a liberdade. Troy, ainda muito fraco, se mantinha perto da filha, acariciando lhe os cabelos.

Demetria e Louis ficavam perto um do outro, mas, dos dois, o magro parecia o mais medroso. A cientista sempre o amparava dizendo que tudo daria certo.

Harry fazia um barulho muito irritante de estralar os dedos da mão.

Keana estava ao seu lado, cuidado de Sofia para mim.

Christopher já conseguia abrir bem um olho e o outro estava apenas um pouco inchado. Mas via sem seu olhar que ele estava irado, maxilar travado. Via-se em seus movimentos ansiosos que ele queria vingança.

Ele e Lauren.

A de olhos verdes tinha o olhar fixo para o nada e a cada cinco minutos repassava o plano para si.

Eu tinha medo do que Lauren planejava contra Shawn Mendes e Austin Mahone.

Porém meus pensamentos foram interrompidos quando a porta se abriu bruscamente.

Um Shawn Mendes vestindo sua farda completa: casaco e calça camufladas, botas e cabelo molhado, adentrou no cômodo. Ele tinha um sorriso galanteador no rosto, mostrando seus dentes brancos.

- Eu preciso de três empregadas. – ele anunciou alegre. – Gostosas, aliás... – ele deu uma risadinha. – Meus soldados merecem uma boa visão, certo rapazes?

Os três soldados deram uma risadinha também e concordaram.

- Você, você e você...

Ele apontou para Dinah, Allyson e eu.

Então os soldados vieram em nossas direções.

Como fui a última isso deu tempo suficiente para eu sentir o toque quente de Lauren em minhas costas. Virei para trás e a vi me estendendo a lâmina grande e afiada. A pego e coloco em questão de segundos dentro da minha bota, agradecendo o fato de estarmos em um cômodo escuro e muito próximas uma da outra.

Nossos olhares então se cruzaram.

O verde no castanho.

O medo de nos perdemos.

O medo de nos deixarmos.

O medo de sermos separadas.

Lauren sorriu fracamente e assentiu com a cabeça. Aquele ato disse tudo: “Eu confio em você.”.

- Anda logo! – a voz grave do soldado me assustou.

Ele me agarrou pelo braço bom e me fez ficar de pé.

Fui então levada junto com Dinah e Ally para fora do nosso quarto e guiada pelas vielas. O vento fresco batia contra meu copo e pela posição da Lua Cheia e brilhante deveriam ser próximo das onze horas da noite.

Precisaríamos aguentar firme até meia-noite.

E então lutaríamos por nossa liberdade.

E tudo começaria comigo... eu sendo a distração.


Notas Finais


QUEM AÍ QUER GUERRAAAAA? VAI TER TIRO, PORRADA E MUITA BOMBAAAA! SANGUE! MORTES!

“SO... WE ARE GOING TO WAR!” *Negan’s voice
(*Então… estamos indo para a Guerra!)

Preparem os coletes, preparem as pipocas, preparem o chão para caírem em posições fetais!

Volto Domingo ou Segunda.
Posso voltar no Domingo, mas isso só vai acontecer se vocês mostrarem ânimo com essa porra louca que vai rolar! Quero ver a animação, quero ver ideias, quero ver desejos!
Quem sabe eu mate Shawn, Austin e Justin do jeito que você sugerir, huh? Diga-me tua opinião!


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