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História Into The Dead - Capítulo 27


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Olá, cá estou eu com o começo da parte da história tão esperada!
Não vou falar muito, pois já estão cientes dos meus agradecimentos pelos comentários e pelos favoritos!

Só tem duas coisas que vocês precisam saber sobre esse capítulo: 1) O capítulo está dividido por #, isso significa que as cenas estão acontecendo em lugares e com pessoas diferentes. 2) Antes que falem "Nossa, isso tudo está demorando demais para acontecer...", as cenas estão TODAS acontecendo ao mesmo tempo, só que em lugares diferentes do acampamento. Consequentemente haverão cenas sequencias umas das outras e espero que entendam.

AVISO: Há vocabulário pesado nesse capítulo. Se sentir ofendido, leia "flores" no lugar.

Boa leitura e me perdoem pelos erros.
Espero que ouçam as músicas, ajudam no clima da cena.

Capítulo 27 - Capítulo 27


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 27

NARRADOR PDV

 

As conversas dos soldados e dos civis ressurgiam por todo o acampamento. Ouvia-se a madeira estralar enquanto entrava em combustão na fogueira feita estrategicamente no centro do pavilhão. As pessoas estavam sentadas em mesas grandes e comiam animadamente pedaços de carne provenientes, com certeza, de animais caçados ali por perto.

O cheiro atrativo da comida bailava pelos ares, misturado com os murmurinhos. A noite estava maravilhosa. A Lua Cheia estava tão graciosa e tão brilhante que conseguia iluminar o lugar assim como as tochas acesas. O astro parecia o rei daquela ocasião, tomando para si toda a beleza daquele cobertor repleto de diamantes, os quais seriam as estrelas.

“Uma ótima noite para o início da liberdade.”, pensou Lauren analisando a noite da janela cheia de grades do quarto.

Dinah, Camila e Allyson, do lado de fora, estavam de pé perto de uma grande mesa, cuja continha repletos pedaços de porco selvagem e veado dispostos.

E não estavam sozinhas sendo feitas de reféns/empregadas. Assim como elas, algumas pessoas desconhecidas eram feitas de garçons e, usando a mesma vestimenta velha, andavam de um lado para o outro servindo os soldados.

Bastava que um civil ou um militar levantasse a mão e elas precisavam ir até lá para servi-lhes comida e bebida.

Camila estava completamente ansiosa. Sabia que precisava ir até o portão para distrair sabe-se lá quem que estivesse de vigia naquela noite.

Mas, só poderia fazer isso caso Alessia Cara aparecesse.

E ela ainda não havia dado as caras.

E havia outro problema, o qual ela tentava não pensar muito por causa do medo que lhe corroía.

Nem o Sargento Shawn Mendes e nem Austin Mahone se encontravam ali no pavilhão.

A voz de Justin Bieber era escutada ao longe. O loiro bonito estava sentado à maior mesa e colocava de um modo extremamente rude uma grande quantidade de comida na boca. Ele pegava a carne com as mãos – sujas, provavelmente – e jogava na língua, a mastigando. Ainda por cima, quando alguns subordinados faziam alguma piada, ele ria com o alimento recém-triturado à mostra.

- Nojentos... – Allyson resmungou fazendo uma careta com as cenas.

Quando as mulheres passavam perto da mesa onde os soldados estavam, os filhos da puta além de encará-las, também eram atrevidos o suficiente para tocar em seus corpos. E, como não tinham modos de se defender, as mulheres não podiam fazer exatamente nada.

Isso fazia um sentimento revoltante nascer nos peitos das três mulheres do mesmo grupo.

#

No interior do cômodo onde o restante do grupo estava sendo mantido como prisioneiros, todos efetuavam suas partes iniciais do plano.

Lauren estava agachada e arrancava uma lasca de madeira do parapeito da janela. As pontas de suas unhas já sangravam por causa dos fiapos de farpa que saíam, mas ela continuava sem hesitar em parar. Seu olhar estava focado em seu trabalho, os músculos tensos por causa da força que fazia.

Keana, Normani e Demetria terminavam de fechar as blusas de moletom ao redor dos corpos franzinos das crianças. Regina, Sofia e Claire estavam acanhadas e nervosas, pois sabiam que algo estava prestes a acontecer.

As crianças não sabiam julgar direito, mas não eram idiotas em fingir não saber que coisas ruins estavam acontecendo. Sabiam agora analisar as expressões dos adultos, sabiam que precisavam ser fortes e obedecer a suas ordens. Sabiam que os monstros estavam lá fora, mas, que havia pessoas vivas piores que eles.

Sabiam que pessoas sangravam, pessoas sumiam – vulgo morriam –, sabiam que precisavam fugir.

Oh, elas sabiam muito bem fazer essa última parte.

Troy estava de olhos fechados e com a cabeça escorada à parede, inspirando fundo para guardar energia. Seu abdômen latejava, as estranhas queimavam por ausência de analgésicos.

Christopher estava ao seu lado e com uma mão em seu ombro, o apoiando. O Jauregui tinha o olhar neutro, rosto impassível. Estava se controlando para manter-se quieto até que ele pudesse de fato explodir.

Harry e Louis estavam sentados do lado extremo, juntos à parede. O franzino fazia uma massagem no tornozelo do de cabelos longos, pois sabia que precisariam correr e que assim o músculo iria se tencionar e dificultar o ato.

Todos estavam temerosos, mas cientes de que precisavam fazer aquilo.

#

Já no pavilhão, uma loira alta praguejava mil vezes a incerteza do momento.

- Ela não vai aparecer... – Dinah sussurrou para Camila que estava ao seu lado esquerdo.

- Ela vai sim... – Camila resmungou para não perder as esperanças.

Dinah inspirou fundo e voltou a encarar o horizonte. Os soldados alisavam as civis descaradamente, passando as mãos por suas costas e até apalpando suas nádegas de jeito rude.

Ela rosnou enraivecida.

Ela já pensava em milhões de jeitos de arrancar as mãos dos soldados e as enfiarem suas bundas quando sua expressão de ira foi se dissolvendo para dar lugar a uma de esperança quando viu Alessia Cara se aproximando.

A enfermeira passava as mãos pelos cabelos encaracolados e engolia seco para tentar diminuir o medo de estar participando daquilo. Seus passos estavam temerosos em direção do pavilhão e ela olhava constantemente para o pulso onde um relógio se encontrava.

Camila, após receber um cutucão de Dinah e levar seu olhar para onde a loira discretamente apontava, reconheceu em segundos o objeto no pulso de Alessia.

Era o seu relógio, que Claire lhe dera.

Alessia procurou alguma silhueta familiar – por mais que ela só conhecesse mesmo a de Lauren, de Ally e de Camila – e parou o olhar em cima da latina e da loirinha. A enfermeira estava perto de um conjunto de três mesas onde pelo menos uns trinta soldados se encontravam.

Alessia então fez um afirmativo com a cabeça, meio discreto, para elas.

A enfermeira ajudaria.

E também apontava para o relógio indicando que já estava na hora.

As três ao verem aquele sinal ficaram tensas.

Era agora.

Alessia pigarreou e inspirou fundo tomando coragem. Ela então caminhou até se aproximar da mesa onde o Major Justin Bieber ainda comia igual um homem das cavernas.

- S-s-senhor... – Alessia gaguejou, mas precisou pigarrear de novo para manter a voz firme. – Senhor, posso ter a palavra um minuto?

Justin Bieber parou de conversar com uma ruiva – que tinha a expressão desolada no rosto por estar ali obrigada – e virou-se para a enfermeira. Ele olhou para a expressão de Alessia enquanto chupava a ponta dos dedos que estavam repletas de gordura animal.

- O que você quer? – perguntou enquanto passava a língua pelos dentes e o barulho irritante de sucção ecoava.

- Preciso fazer um comunicado de extrema importância, Senhor. – Alessia respondeu com a voz mais firme agora. – É uma situação de vida ou morte, Senhor. Temo que todos no acampamento possam estar em perigo.

Justin Bieber franziu o cenho no mesmo instante, meio desconfiado da situação. Alessia Cara nunca fora uma pessoa comunicativa, sempre se manteve fechada dentro da tenda de Primeiro-Socorros.

Mas, como ela nunca havia feito nada contra ele e seus soldados nos quatro meses que já se encontrava ali o Major decidiu dar-lhe a palavra.

Justin Bieber então passou a língua novamente pelos dentes retirando os resquícios de carne que estavam entre eles e se levantou arrumando a calça camuflada no corpo.

- Soldados, calem a porra das bocas! – sua voz melodiosa enraivecida ecoou por todo o pavilhão fazendo as pessoas calarem no mesmo instante.

Todos direcionaram os olhares para ele.

- Nossa enfermeira-chefe quer nos dar um comunicado...

Alessia antes de se direcionar para frente, onde Justin lhe dava o lugar perto da mesa principal, virou o rosto para Camila e fez um “afirmativo”.

Um afirmativo que significava “Vai logo!”.

Camila engoliu seco e devagar começou a dar passos pequenos para a lateral esquerda. Ela se escondia por trás da mesa de alimentação e, de momentos em momentos, continuava a caminhar para longe.

- A palavra é sua! – Justin virou-se para Alessia.

A enfermeira estava ganhando tempo para sua performance de garota preocupada. Caminhou devagar até o centro do pavilhão, sendo assim o foco de atenção de todos.

- Tem um surto de gripe letal por perto. – Alessia começou e ampliou a voz para que ela chegasse a todos. – Temo que esse vírus esteja impregnado nos animais das redondezas.

A enfermeira fora direta com o intuito de causar um pequeno caos ali, prendendo as atenções para ela.

Obviamente aquilo fez com que as pessoas arregalassem os olhos e encarassem os pratos cheios de carne assada à frente de si.

Allyson precisou colocar a mão na frente da boca para não rir das expressões de desespero dos soldados.

Justin Bieber franziu o cenho, assustado com a afirmação. Seu estômago chegou até a revirar por pensar na quantidade carne que já havia ingerido.

- Como assim?! Como sabe disso? – o militar se aproximou da enfermeira.

Alessia então começou o seu falatório usando termos difíceis médicos para conseguir atrair a atenção de todos no pavilhão.

#

Enquanto isso Camila já se distanciava do pavilhão e de todo o falatório da enfermeira.

Dinah estava a observando de longe, atenta caso a amiga precisasse dela.

Camila passou pelas vielas e caminhou por entre as penumbras que as tochas fincadas ao chão faziam. Por causa do silêncio daquela área do acampamento o seu coração batia como um tambor e as pernas estavam meio bambas.

Mas sabia que não poderia fraquejar. Havia várias pessoas contando com ela.

- Merda... – ela sussurrou consigo mesma quando ouviu barulhos de passos pesados ao longe.

Olhou para os lados e enfiou-se entre um espaço mínimo de duas barracas enquanto um militar, alheio a tudo, passava perto do muro do acampamento fazendo sua patrulha usual. Camila fechou os olhos e segurou com força a respiração quando o homem passou perto dela, não a notando graças à escuridão completa ali.

Esperou até que os passos já estivessem devidamente longe e, devagar, saiu por dentre as tendas militares. A latina olhou para os lados e então recomeçou seu trajeto por entre as vielas até se aproximar do portão.

E, novamente, seu corpo enrijeceu ao perceber quem eram os dois homens que estavam de vigia naquela noite:

Shawn Mendes e Austin Mahone.

- Merda de novo... – ela praguejou irritada.

Ela parou de andar e analisou a situação a sua frente. Não havia o que fazer. Ela precisava continuar com o plano querendo ou não, mesmo que esses dois homens fossem perigosamente atraídos por ela.

A latina então inspirou fundo e deixou que seu alter ego viesse à tona. O mesmo que veio quando Lauren Jauregui o aflorou na primeira noite do condomínio.

Ela faria aquilo pensando na sua mulher de olhos verdes.

Ela então deu passos firmes à frente.

- Hey... – Camila usou a sua voz mais aveludada para chamar pelos dois homens em cima dos suportes de metal.

O Sargento Shawn Mendes e o ex-policial olharam ao mesmo tempo para baixo, procurando a fonte angelical da voz.

Cada qual continha seu interesse.

Austin Mahone desde o dia que pusera os olhos naquela maldita latina sentia o sangue ferver de vontade em tê-la em seus braços.

Shawn Mendes via Camila como um prêmio para irritar Lauren, que parecia ser protetora demais com ela, e a via também como uma recompensa muito gostosa de levar para cama.

- O que você está fazendo aqui?! – Shawn havia virado apenas o rosto em direção de Camila, mantendo seu corpo na mesma posição, atento à escuridão na mata.

- Eu que lhe pergunto... – Camila ronronou excessivamente para tentar deixar a voz mais provocante, por mais que, interiormente, ela se odiasse por ter que fazer isso. – Isso aqui não é um trabalho para soldadinhos de merda?! Ficar de vigia?!

Austin semicerrou os olhos para ela, ofendido.

- Sem ofensas, Aus!

Camila deu uma risadinha para o ex-policial que, além de ter virado o rosto, havia também girado o corpo por completo em sua direção perdendo totalmente a concentração em encarar a floresta.

- É que... – latina voltou a olhar para Shawn. – Você é um Sargento, certo? Aposto que tem coisas mais importantes para fazer.

- Estou deixando meus soldados comerem em paz... – Shawn Mendes respondeu voltando a olhar para a estrada. – Agora trate de voltar a trabalhar! – rosnou.

- N-não posso querer fazer companhia a vocês? – Camila gaguejou ao ver que o militar havia girado o corpo para frente outra vez.

Porém, ao ouvir aquilo Shawn Mendes girou o rosto em direção da latina, dessa vez com uma sobrancelha erguida em forma de uma sugestão maliciosa.

- Camila, cala a boca! – Austin ralhou, ainda a encarando. – Você está tentando nos enganar! Você não é assim, eu te conheço!

- Eu também costumava te conhecer, Austin, mas descobri que você é um filho da puta interesseiro e também um fracote! – Camila rosnou, mas continuou com sua pose egocêntrica.

Isso fez um sorrisinho prepotente nascer nos lábios de Shawn Mendes. O militar já achava Camila gostosa e vê-la tão arisca assim fazia formigamentos surgirem em sua virilha.

- Shawn... – Camila praticamente cantarolou o nome do militar ao ver o sorrisinho dele. – Se você quiser posso ir buscar alguma coisa para você...

Ao terminar de falar, a latina propositalmente passou a mão direita devagar sobre a coxa, de forma que as pontas dos dedos tocassem de leve o tecido da calça camuflada e subissem até a barra da blusa branca a levantando poucos centímetros, mas o suficiente para que um pedaço de sua barriga lisa aparecesse.

E, como se ainda não fosse o suficiente, Camila virou-se de lado fazendo com que sua bunda, marcada pela calça, ficasse visível.

Isso fez os dois homens a encararem, embasbacados.

- Camila! – Austin praticamente latiu ao ver o olhar desejoso de Shawn sobre ela. – Volte para o pavilhão!

- Eu dou as ordens aqui, seu idiota! – Shawn rosnou para Austin.

- Preciso concordar com ele, Aus! Você sabe como adoro pessoas que são mandonas... – Camila cantarolou e mandou um sorriso lascivo para Shawn, colocando o dedo indicador entre os dentes.

O militar ao ver aquilo, inconscientemente, girou o corpo em direção de Camila, perdendo o foco que era a floresta.

Ele sabia que ela poderia estar enganando-o, mas aquele rosto angelical e corpo dos infernos fazia seu membro dar fisgadas. Aquela desgraçada não parava de alisar a própria coxa e ficar de lado, propositalmente, para que os homens vissem o tamanho daquela bunda.

Shawn engoliu seco imaginando como seria comer aquela mulher de quatro.

- Você é uma vagabunda! – Austin já estava totalmente de costas para a floresta e seu rosto já demonstrava sinais de raiva. – Fez tanto drama para dormir comigo e agora está dando para quem quiser!

- Talvez o problema fosse com você... – Camila fingiu ter falado aquilo baixo para o ex-policial não escutar, mas fora essa a real intensão.

Isso fez uma gargalhada rasgar a garganta de Shawn, que agora também estava de costas para a floresta.

- Estou cansada dessa mesma rotina naquele quarto. Aquelas idiotas estão cuidando da minha irmã para mim agora... estamos a salvo aqui dentro... então tenho total direito de me divertir com carne nova... – Camila mordeu o lábio inferior fingindo desejo. – Mas você, Austin, já é carne de quinta!

A gargalhada gostosa de Shawn voltou com ainda mais intensidade. Ele olhava para Camila sem acreditar no que estava vendo e ficando interiormente mais desejoso por ela, pois havia gostado daquela personalidade.

- Shawn parece ser apetitoso... – Camila lançou um olhar cheio de segundas intenções para o Sargento.

- Sua puta! – Austin deu passos rápidos em direção da escada que o levaria até o chão, mas antes disso Shawn Mendes assoviou alto o repreendendo.

- Pare de ser viadinho! – Shawn revirou os olhos para o amigo. – Eu deixo você comer ela também, ok? Não sou egoísta! Mas isso só vai acontecer depois que eu a foder primeiro!

*Music On* (Get Up – Extreme Music (All Good Things))

Naquele exato momento o sorriso de Camila morreu e ela engoliu seco, percebendo que Shawn realmente havia levado aquilo a sério. O Sargento, ao voltar a encará-la, tinha algo diferente nos olhos: eles estavam quentes, mas ao mesmo tempo, ácidos.

A latina sabia que na mente do rapaz as piores cenas obscenas se passavam.

Camila então começou a dar passos para trás ao ver o olhar psicótico do militar. Seu estômago apertava e o coração estava desesperado. Praguejava-se silenciosamente onde o maldito grupo de Vero estava.

- Venha cá! – Shawn Mendes fez um sinal com o dedo indicador para que Camila fosse até ele.

Sua mão direita já estava sobre o tecido que apertava seu membro dentro da cueca. Austin encarava os dois, mas depois de receber a oferta tentadora, sabia que Camila teria que transar com ele após terminar com Shawn.

Querendo ou não, ela teria.

Camila hesitou e, mesmo dando passos para trás, continuou a provocá-los com sorriso e olhares. Mas ela desesperadamente estava tentando ganhar tempo.

Já deveria ter passado da meia noite.

Onde estava o maldito grupo?!

- Anda, sua puta! – Shawn Mendes ralhou enquanto continuava a massagear o membro que estava visivelmente semiereto.

Dinah e Allyson se entreolharam, preocupadas. Viam de longe a silhueta de Camila próxima da saída do acampamento, mas ela estava demorando demais para executar sua parte do plano.

Porém, perto do portão, Camila não se moveu mais. Ela estava petrificada e ponderava a possibilidade de sair correndo dali.

Isso fez Shawn Mendes ficar irritado e fez Austin Mahone o olhar apreensivo.

#

Entretanto, os dois estavam sendo devidamente enganados, pois enquanto encaravam a latina bonita eles não prestavam atenção nos barulhos de galhos secos estralando entre a escuridão da floresta.

Não percebiam os vultos passando por entre os troncos das árvores.

Não notavam os veículos se aproximando com os faróis apagados na estrada de terra.

Na verdade, aquelas pessoas que agora transitavam lentamente em direção do portão estavam ali entre a escuridão há horas. Entretanto, estavam paradas esperando o momento certo e o sinal de permissão de sua comandante.

A comandante, chamada também de Veronica Iglesias, surgiu por entre os troncos das árvores e teve o rosto iluminado pelo clarão da Lua Cheia. Seus olhos castanhos estavam focados nos dois indivíduos que estavam para ela de costas, e alheios à situação do lado de fora.

A jovem estava equipada usando sua calça apertada preta, blusa da mesma cor e botas limpas. Nos coldres, em sua cintura, estavam duas facas. Nos cintos que estavam passados por seus ombros se encontravam munições de alto calibre para o fuzil AK que brilhava em suas mãos.

Veronica ao ver que o momento havia chegado abriu um grande sorriso nos lábios e puxou o ferrolho do fuzil, o carregando.

E ela então ergueu a mão fazendo o sinal para seus homens.

O motorista do carro-forte, veículo que estava até aquele momento com os faróis apagados e motor desligado, fez um afirmativo com a cabeça e girou a chave na ignição.

#

Enquanto isso Shawn Mendes já estava prestes a descer da escada e ir ao encontro de Camila para tomá-la para si contra ou a favor de sua vontade.

Mas, quando o homem colocou a mão na madeira da escada ele ouviu o barulho alto de um motor potente se aproximando em uma velocidade absurda.

O Sargento apenas teve tempo de girar para frente com os olhos arregalados e ver o clarão dos faróis altos cegando sua visão.

O carro-forte, que antes servia para carregar dezenas e dezenas de dinheiro, veio em alta velocidade e se chocou contra o portão de metal do acampamento dos militares. Um estrondo alto ressurgiu no silêncio da mata quando o portão, com vigas de metal e tijolos, explodiu para todos os lados.

O carro-forte adentrou empurrando os destroços e tudo mais à sua frente. Outros motoristas o seguiram e adentraram em dois Jeeps turbinados e em uma Camionete Chevy de pneus grandes.

O ar pareceu acabar dentro dos pulmões de Camila e ela não teve outra opção a não ser sair correndo antes que os destroços lhe atingissem.

A latina se chocava contra os corpos dos civis que agora corriam para todos os lados atordoados com os barulhos de gritos e, principalmente, por causa das bombas de gás que eram lançadas.

Camila apenas conseguia ver os cilindros lançados e rolando no chão. Segundos depois eles explodiam e soltavam fumaças para todos os lados, gases os quais queimavam fazendo arder a garganta e olhos.

- DROGA! – o Major Justin Bieber berrou e, como já estava de pé, apenas correu em direção das armas dispostas em cima de uma mesa ali perto.

Os soldados, que até segundos atrás prestavam atenção nas palavras de Alessia, levantaram-se atordoados com os estrondos e explosões.

Vero assoviou alto para as pessoas que ainda se encontravam entre os galhos sinuosos da floresta.

- Ataquem! – ela ordenou.

Então a multidão composta por homens e mulheres surgiu por entre as árvores grossas e começaram a correr em direção da recente e grande abertura feita no muro do acampamento. Eles já adentraram com seus fuzis e metralhadoras levantadas e atirando para o alto para atordoar ainda mais os soldadinhos filhos da puta dali.

Tudo virou um caos.

Os soldados seguiram o exemplo de seu líder e também correram em direção das armas.

O tiroteio então começou.

Parte do grupo de Veronica se escondeu por de trás do carro-forte e dos Jeeps para protegerem-se das balas que vinham absurdamente em suas direções. Eles deixaram a Chevy estrategicamente perto da abertura para uma fuga, caso necessário.

*Music On* (The Resistance – Skillet)

Paredes de fumaça agora bailavam pelo lugar servindo tanto como escudo para aqueles que entravam, quanto distração para aqueles que tentavam se proteger. Os disparos dos tiros ecoavam por todos os lados, as claridades das balas saindo do interior das armas brilhavam na noite.

Os militares já rebatiam atirando nas pessoas que adentravam em seu território.

Os civis desprotegidos corriam de um lado para o outro gritando e sem ter realmente um lugar para fugir, pois, a abertura do acampamento e única saída estava bloqueada pelas tropas de Veronica.

Enquanto isso uma Camila, uma Dinah e uma Ally corriam desesperadamente em direção do cômodo onde estavam.

A loira alta tinha certa vantagem por causa do tamanho de suas pernas e agilidade em corridas e, por isso, foi a primeira a chegar ao lugar onde o restante do grupo estava preso. O guarda do lugar, um soldado gorducho que na maioria das vezes ficava apenas sentado comendo sua rosquinha, estava desesperado com uma pistola automática em mãos.

O gordo suava excessivamente e, ao ver que o lugar estava sendo invadido por outro grupo, rapidamente tratou de começar a correr para longe.

Porém, Dinah não poderia deixá-lo fazer aquilo já que as chaves do lugar estavam penduradas no coldre em sua cintura.

A loira alta pegou uma boa respiração e voltou a correr, agora em direção do gorducho. Dinah agarrou a barra da própria blusa e colocou sobre a boca e o nariz para evitar a inspiração direta daquela fumaça que estava queimando suas vias áreas.

- Pudim de banha, vem cá! – Dinah rosnou e acelerou seus passos.

O gorducho apenas teve tempo de virar-se à procura da voz da loira e arregalar os olhos, pois, segundos depois, a mesma estava pulando em cima dele como uma tigresa faminta.

Os dois caíram estabanados no chão, com Dinah por cima. A loira fez uma careta de nojo ao sentir o cheiro de suor masculino e excesso de gordura do homem acumulado em seu pescoço. Mas, mesmo assim, precisou adentrar os dedos em um tufo de cabeço oleoso. Ergueu a cabeça do soldado e bateu a mesma contra o chão repetidas vezes até que ele ficasse desacordado.

A loira alta ficou de pé e puxou o molho de chaves do cinto do gorducho.

Olhou ao redor e viu o caos que aquilo tudo estava.

Pessoas corriam para todos os lados desesperadas com as explosões.

- Dinah! – uma Camila e uma Ally chamaram sua atenção.

Os tiros continuavam ecoando ao redor delas, o que as fizeram abaixar repentinamente quando os disparos se tornaram mais próximos.

Os outros soldados sequer se importavam com os prisioneiros, apenas atiravam contra os intrusos. Os militares estavam exacerbados, pois não faziam ideia de quem se tratavam os inimigos. Poderiam ser prisioneiros, ladrões, assassinos, mas eles queriam aquele lugar por algum motivo.

Dinah, com as mãos trêmulas, olhou para as quase vinte chaves naquele maldito molho.

- Merda!

Enquanto a loira alta tentava chave por chave na fechadura Camila correu de volta até o gorducho desmaiado no chão e pegou sua pistola Taurus automática. Ally olhava para todos os lados constantemente servindo de cobertura para as duas.

- Rápido! – Allyson implorou desesperada.

- Eu estou indo o mais rápido que consigo, porra! – a loira alta resmungou e ralhou mentalmente quando a quinta chave deu errado.

#

Do outro lado do acampamento, Justin Bieber havia virado com força uma mesa, derrubando toda a comida e bebida que estava ali, e estava a usando como escudo para os tiros que vinham em sua direção. O loiro se encontrava agachado e com as pernas trêmulas, fazendo tudo ofegante.

O coração do Major estava disparado e ele, naquele exato momento, recarregava o seu fuzil militar.

Ele puxou o ferrolho, o preparando. Logo, devagar, tentou espiar a origem dos tiros, mas mais balas passaram a centímetros de seu rosto e o fizeram recuar para trás da mesa.

- Desgraçada! – ele ralhou ao ver que se tratava de uma mulher.

Veronica estava com um sorriso estonteante no rosto e dava uma gargalhada alta, pois tivera segundos de prazer em ver a careta desesperada do líder do grupo inimigo. 

Ela estava escondida atrás do pneu grande do Jeep vermelho de seu grupo.

- É só isso que vocês têm? – ela gritou enquanto enfiava mais um cartucho em seu fuzil e puxava o ferrolho. – Bando de mariquinhas!

Vero então elevou novamente o fuzil e pressionou o dedo no gatilho, metralhando em direção das outras cabeças que ousavam se levantar além do limite que as mesas viradas tinham.

#

Porém, o que nem o grupo de Camila, nem o grupo de Vero, nem os militares e civis percebiam era o marchar ritmado de almas penadas há poucos quilômetros dali.

Era uma horda massiva, de aproximadamente sessenta zumbis, que era guiada para aquela região por causa dos barulhos tão intensos. Foram um dia pessoas de todas as idades, todas as classes sociais, de mendigos a homens engravatados. Todos estavam em estados de decomposição medianos, com o olhar congelado, cinza frio, grunhiam guturalmente e tinham uma fome incontrolável.

#

- Até que enfim, caralho! – Dinah comemorou quando acertou a chave após doze tentativas.

Com os dedos trêmulos a loira alta abriu a porta e lhe chutou com um estrondo. Todos se encontravam com os olhos arregalados e respirações irregulares por causa dos barulhos ensurdecedores das explosões de bombas e tiros ecoando. Olhavam, através do pequeno espaço da janela, as pessoas correndo de um lado para o outro entre a nuvem intensa de fumaça que envolvia o lugar.

As pessoas que estavam no interior do quarto se assustaram com a brutalidade e com a invasão da loira alta. Mas logo, ao perceberem que aquilo significava liberdade, ficaram de pé e começaram a se aprontar para a outra parte do plano.

O plano deles.

O acordo inicial era que Lauren e seu grupo vestissem roupas ou usassem algo para chamarem a atenção.

Mas eles queriam exatamente o contrário.

Todos saíram correndo do interior do quarto – os quais fizeram questão de não olhar para trás – e se surpreenderam com o ambiente semelhante a uma guerra.

Fumaça. Tiros. Pessoas morrendo.

Lauren, atordoada, saiu correndo de dentro do cômodo já procurando por Camila. Temia que o pior pudesse ter acontecido, pois muito tempo havia se passado desde que a latina saiu dali para servir os militares.

Mas, quando viu então a garota de órbitas chocolate à sua frente o ar finalmente entrou outra vez em seus pulmões e ela pôde respirar. Um sorriso de alívio nasceu em seus lábios e ela não pensou duas vezes em puxar Camila para um abraço apertado.

Camila não pôde evitar em sorrir também e responder ao afeto, envolvendo a jovem de olhos verdes em seus braços.

- Você está bem? – Normani perguntou para Dinah assim que saiu de dentro do quarto.

- Sim... – Dinah respondeu ainda um pouco ofegante por causa da adrenalina.

A morena bonita se aproximou da loira alta e de imediato viu os arranhões em seus braços, estes proveniente do contato com o chão quando se jogou em cima do guarda gorducho.

Normani tocou a pele de Dinah, a analisando com cuidado.

- Eu já disse estou bem... – Dinah repetiu meio sem graça e lhe lançando um olhar desconfiado.

Normani não respondeu verbalmente, mas o contato visual que as duas compartilharam sinalizou o quanto a morena se importava com a integridade da loira.

Isso fez o coração de Dinah acelerar com a possibilidade de algo crescer ali.

- Temos que ser rápidos! – anunciou Christopher, empurrando boa parte do grupo para a lateral de uma tenda.

Nos caminhos principais e nas vielas as pessoas corriam de um lado para o outro. Os faróis dos carros estavam ligados e tiros ressurgiam em meio aos gritos.

A camada de fumaça deixava tudo muito confuso.

- Venha comigo... – Dinah murmurou para Normani.

A morena bonita franziu o cenho ao ver a quantidade de angústia nos olhos da loira.

Dinah sentia o peito apertar apenas de pensar na possibilidade de se separar de Normani.

- Mas e o plano? – Normani gaguejou, olhando nos olhos da maior.

- Demetria?! – Dinah quebrou o contato visual e chamou pela cientista que estava um pouco mais longe, adentrada na escuridão da tenda. – Pode pegar o lugar da Normani no plano, por favor? Vou precisar da ajuda dela!

A cientista afirmou com a cabeça.

Dinah voltou a olhar para Normani e encontrou a morena bonita sorrindo docemente.

Ambas sabiam que eram mais fortes juntas.

Troy também ao avistar Allyson a abraçou. O loiro estava fraco, mas isso não o impediria de proteger sua amada mesmo isso custando sua vida. Sabia que se algo acontecesse com ele Allyson não cogitaria a ideia de deixar sua filha sozinha.

*Music On* (My Songs Know What You Did In The Dark – Fall Out Boy)

- Vamos! – Lauren anunciou para todo o grupo ao soltar-se de Camila.

Dinah jogou o molho de chaves para a latina, que o pegou no ar.

Cada integrante do grupo então foi na direção que precisava ir.

Christopher foi o primeiro a adentrar no meio da fumaça, já correndo e jogando-se em cima do primeiro soldado que apareceu.

O Jauregui, mesmo machucado, estava sedento por vingança.

Christopher, com o punho levantado e com impulso, esmurrou tão fortemente o queixo do militar que a pancada deslocou o maxilar do homem e uma rajada de sangue espirrou no ar em câmera lenta.

O soldado chegou ao chão desacordado.

Christopher agachou-se, pegando o fuzil M4A1 das mãos moles do militar e já colocou o dedo no gatilho, começando a disparar em direção dos vultos que surgiam entre as tendas.

A arma de fogo tremia em seus braços a cada disparo, fazendo seus músculos tencionarem ainda mais. Mas ele a segurava firmemente e rosnava alto a cada alvo morto.

Seus olhos estavam focados no sangue que espirrava dos militares atingidos, nos corpos caindo no chão, nos gritos, nas bombas.

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Lauren, Camila e Louis começaram a correr no sentido oposto de onde o restante do grupo estava. A de olhos verdes portava uma pistola automática em mãos, a qual havia “roubado” de um militar filho da puta desacordado.

Os três olhavam constantemente para os lados, fugindo dos vultos suspeitos que pudessem lhe seguir. A fumaça queimavam suas gargantas e dificultava a visão por entre as tendas. O barulho dos tiros zunia em seus ouvidos e as explosões faziam o chão tremer.

Perto então de uma das vielas no lado oeste do acampamento eles precisaram parar ao ver um aglomerado de homens atirando um contra os outros.

Lauren, por de trás de uma tenda, conseguiu distinguir os homens e mulheres de Vero porque eles usavam bandanas negras na frente da boca e do nariz, evitando assim a queimação dos gases.

Louis se encontrava atrás das duas jovens e analisava a retaguarda.

Continuou assim por meros segundos até que viu um vulto de um soldado correndo na direção oposta e escutou então um barulho de um cilindro caindo ao chão. E, ao olhar para baixo, seus olhos quase pularam de suas órbitas.

Lauren e Camila também escutaram o quicar do objeto e olharam para trás, vendo o cilindro metálico sem o pino de segurança rolando e parando perigosamente perto de seus pés.

O ar sumiu de dentro dos pulmões dos três.

- GRANADA! – o cientista berrou e abraçou as duas jovens pelos ombros, as empurrando bruscamente para o lado.

*BOOM*

#

Christopher se encontrava ofegante e escondido por de trás de uma tenda alta e que agora estava totalmente perfurada pelas balas perdidas. Seu ombro esquerdo sangrava e queimava por causa da ferida proveniente de um disparo que passou ali de raspão.

O rapaz fazia caretas por causa da dor muscular, mas mantinha-se agachado e vidrado na adrenalina.

- Socorro! – ele escutou o pedido fraco ao longe.

O rapaz olhou para o lado e viu o homem atingido no abdômen por um tiro aleatório implorar por ajuda. O sangue já voltava por sua boca e ele tentava, com as mãos trêmulas, estancar o fluxo do líquido vermelho que vazava pela perfuração em sua barriga.

Ele não era um soldado propriamente dito, mas Christopher o reconhecera por causa das diversas vezes que estava por perto das cenas barbáricas que seu grupo sofreu e nunca fizera nada.

Christopher se levantou e, mesmo em meio à nuvem de fumaça densa que o rondava, caminhou até o homem caído na terra macia. Ele analisou sua expressão desesperada e olhos marejados por causa da dor e desespero por medo da morte.

- Fazer nada também é uma escolha. – o Jauregui rosnou encarando os olhos do homem que, aos poucos, era levado para a inconsciência da morte.

Mas o jovem machucado não estava percebendo aproximação perigosa de um segundo soldado por trás de si. Era um homem branquelo grande e forte que segurava uma faca afiada na mão direita. Ele reconhecia Christopher e, por causa de seu comportamento tão explosivo, queria apenas saciar sua vontade de matá-lo.

Christopher continuava analisando o homem no chão e não via a aproximação por trás.

- CHRIS! – uma voz feminina o chamou.

O rapaz virou-se no exato momento em ver Keana avançando sobre o soldado que já tinha o pulso levantado e faca devidamente apontada para ele.

A francesa conseguiu desestabilizar o militar, fazendo-o cambalear para o lado surpreso por ela ter aparecido do nada.

Christopher não pensou duas vezes e correu em direção de Keana para ajudá-la, já que agora havia se tornado a alvo do soldado sanguinário.

A francesa tentava fugir dele engatinhando pelo chão empoeirado e sujando-se por completo com a terra.  O soldado branquelo lhe agarrou pelo tornozelo e começou a puxá-la em sua direção.

A faca havia escorregado de suas mãos, mas isso não parecia ser um empecilho para o homem.

Entretanto, qualquer plano feito em sua mente foi destruído quando Christopher chegou já chutando seu rosto. A pancada da perna do Jauregui na cabeça do homem o fizera rodopiar sentado e cair para trás tão zonzo e completamente perdido que ele nem mais sabia onde estava. Seu nariz havia quebrado e agora o sangue escorria em um fluxo intenso.

Christopher, ainda não saciado, agarrou o militar pelo colarinho e lhe aplicou uma gravata – posicionando-se por trás e apertando sua garganta com o braço.

O soldado começou a recobrar a consciência e a se debater, o que obrigou Christopher a aumentar o aperto.

O Jauregui, cansado daquilo, simplesmente então colocou as duas mãos ao redor do rosto do militar e torceu seu pescoço com força, fazendo o “crack” da coluna vertebral quebrando ecoar.

O militar morto caiu como um boneco de pano e com os olhos abertos.

Keana estava boquiaberta e acuada ainda no chão, analisando a expressão assassina de Christopher. Ela nunca o havia visto daquele jeito e temia agora que seu psicológico nunca mais voltasse ao normal.

A francesa então se colocou de pé com dificuldade e caminhou até perto de Christopher, o qual já olhava ao redor procurando por mais alvos.

Keana ficou em seu campo de visão e afagou seu rosto, obrigando o jovem a olhá-la nos olhos.

- Lembre-se de quem você é. – Keana murmurou olhando dentro das órbitas do jovem. – Você não é um assassino, Christopher! Não se torne um deles!

Christopher franziu o cenho com a ação repentina e com as palavras da francesa. Nos últimos dias Keana havia sido a pessoa que mais lhe apoiara e que mais lhe deu suporte para aguentar o fardo do luto por sua irmã. Não que o rapaz estivesse nutrindo sentimentos amorosos por ela, mas a jovem bonita havia se tornado uma grande amiga.

Keana sorriu docemente ao ver que havia conseguido fazer o rapaz parar por alguns segundos e estabilizar sua respiração. Começou então a dar passos para trás e a se distanciar.

- Nos vemos no final. – ela falou e lhe lançou uma piscadela amistosa.

Christopher apenas afirmou com a cabeça.

Ele a viu correr por entre a cortina de fumaça e juntar-se a Demetria, Harry e as crianças, que a esperavam por de trás de uma tenda de atendimentos, protegidos.

O rapaz inspirou fundo e com as palavras de Keana em sua cabeça agachou-se pegando a faca do soldado e adentrou na cortina de fumaça à procura de seu único alvo.

#

Troy e Allyson estavam encarregados de abrir caminho para Lauren, Camila e Louis.

Mas os três estavam muito atrasados e isso só poderia indicar uma coisa:

Algo dera errado.

O loiro alto naquele instante disparava uma pistola automática e tentava acertar Luke Hemmings, que estava escondido por de trás de uma tenda.

Allyson estava agachada ao seu lado e tentava pegar um fuzil de um civil morto, o qual estava caído em uma área sem a proteção da tenda. Mas, a cada vez que ela esticava o braço para tentar pegar a arma o soldado loiro disparava e quase lhe acertava.

*Music On* (Ignorance – Paramore)

A enfermeira tentou novamente pegar o fuzil e uma bala passou de raspão, fazendo-a grunhir por causa do corte superficial – mas ainda assim doloroso – que abriu em seu antebraço.

- Olha, Troy, eu te amo, mas se não acertar esse filho da puta eu mesma vou pegar esse caralho de arma e vou enfiar na bunda dele! – Allyson bradou ainda banhada na dor do tiro de raspão.

Troy imediatamente parou de atirar e virou boquiaberto, encarando a loirinha ao seu lado sem acreditar no que ouvira.

- Não é normal um “eu te amo” vir com tantos xingamentos em uma só frase. – ele zombou ainda abobalhado por ter ouvido aquilo vindo dos lábios da mulher que amava.

- E não é normal também estarmos no meio de uma guerra! Então mata ele, caralho! – Allyson gritou, enraivecida.

Se a situação não fosse tão séria Troy provavelmente iria rir por longos minutos por ver alguém tão fofo e tão frágil como Allyson xingando tanto. Logo ela, a própria Maria de Calcutá que não gostava desse tipo de comportamento.

E graças à coragem estúpida que o amor dá às pessoas, Troy sentiu-se renovado.

A bravura nasceu no peito do rapaz e ele ignorou o fato de estar fraco. Colocou-se de pé e começou a andar em direção de onde o soldado estava escondido e provavelmente agora recarregando a arma.

- TROY! – Allyson berrou ao ver o estúpido caminhando em meio à nuvem densa de fumaça e dando tiros em direção de onde Luke estava escondido.

O ex-motorista, agora por ter uma melhor visualização de onde Luke estava e graças à distância entre os dois ter diminuído, conseguiu atingir o soldado loiro no ombro. Luke foi jogado para trás com o impacto e assim, consequentemente, saiu de trás da proteção que a tenda lhe proporcionava.

Troy se aproximou ainda mais do soldado e analisou sua expressão desesperada enquanto tentava estancar o sangue de seu ombro. Seu fuzil havia escapulido de suas mãos, deixando assim Luke totalmente indefeso.

- Todos vocês vão morrer... – Luke falou para Troy e deu um sorrisinho psicótico. – Pode não ser hoje... ou amanhã... mas vocês vão morrer! E vai ser de um jeito lento! Vocês vão se arrepender por...

*BANG*

Troy se assustou com o barulho do disparo efetuado tão próximo de seu ouvido. Olhou atordoado para o lado e viu Allyson segurando o fuzil do civil morto.

O ex-motorista então olhou outra vez para frente e viu agora um buraco aberto bem no globo ocular esquerdo de Luke, que estava devidamente morto e coberto pelo próprio sangue.

- Que Deus o tenha, por mais que não mereça! – Allyson rosnou e abaixou o fuzil.

Troy voltou a analisar a mulher loira ao seu lado, meio exacerbado com tudo.

- O quê? – a loirinha franziu o cenho para o homem alto.

- Nada... – gaguejou meio intimidado.

O rapaz nunca havia visto Allyson daquele jeito, e, portanto, não tinha sequer coragem de confrontá-la. Troy apenas deu um sorriso amarelo e caminhou até onde o fuzil de Luke havia caído, sobre um tufo macio de grama perto do muro leste do acampamento.

Porém o que nem ele e nem Ally ouviram – por causa dos barulhos dos tiros – foram os grunhidos guturais de um zumbi vestindo uma farda militar. O negro havia sido morto no início do tiroteio e já se transformado.

Troy teve apenas meros segundos para avistar a criatura antes que ela agarrasse sua camiseta branca e depositasse todo o seu peso de carne morta sobre ele. O ex-motorista por ter sido pego de surpresa caiu no chão, perdendo a arma e já tentando desviar o rosto das mordidas que o monstro de olhos cinzentos e boca escancarada dava.

Allyson, vendo a cena, estava toda trêmula com o fuzil em mãos.

Uma coisa era atirar em um alvo parado no chão; outra coisa era atirar em um alvo mexendo em cima do homem que amava.

Os olhos da baixinha estavam arregalados.

- Allyson! – Troy grunhiu entre os movimentos que fazia para escapar das unhas e dentes do zumbi. – Uma... ajudinha... seria ótimo....

A enfermeira assentiu afobada e tentou segurar de modo certo o fuzil.

Mirou, com a língua para fora parecendo uma criança, e atirou.

O tiro passou raspando a cabeça do ex-motorista e acertou o chão.

- ALLYSON! – Troy berrou completamente irado por quase perder a cabeça.

- Desculpa! – ela choramingou ainda trêmula. – Fica quieto!

- Como espera que eu fique quieto?! – ele berrou com os olhos arregalados lutando contra os braços do morto.

Allyson hesitou por alguns segundos e tentou pensar em uma solução. Mas, ao ver que não conseguiria atirar precisamente com aquela arma bufou.

- Ah, quer saber... – Allyson parou de mirar e se aproximou dos dois no chão.

A enfermeira segurou o fuzil pelo apoio e o usando como um taco de beisebol desferiu uma única e firme pancada na lateral da cabeça do zumbi militar, fazendo o morto cair para o lado com o líquido encefálico escorrendo.

- Não poderia ter feito isso antes? – Troy não a repreendia, mas tinha uma expressão de poucos amigos enquanto se colava de pé com dificuldade.

- Desculpe... – a loirinha deu um sorrisinho meio sem graça.

Troy inspirou fundo para lançar a dor de seu abdômen recém-operado para longe e pegou novamente sua pistola e o fuzil no chão.

#

Do outro lado do acampamento uma Dinah e uma Normani corriam por entre as penumbras das tendas. Os disparos vindos da área do pavilhão estavam intensos, tiroteio esse travado ainda pelo grupo de Veronica e pelos soldados de Justin.

- Para! – a loira alto colocou uma mão na cintura de Normani e a puxou para trás.

A morena bonita já estava indo direito e não percebendo o grupo de quatro soldados que passava pela viela iluminada apenas pela Lua Cheia. Dinah precisou então agarrar-lhe pela cintura e puxá-la para trás e adentrar em uma tenda mediana.

As duas mantiveram-se em silêncio, que apenas não foi absoluto por causa das respirações irregulares.

Quando os quatro soldados passaram direto pela tenda Normani pôde respirar novamente. Dinah, ao contrário, já atravessava o lugar em direção das duas mochilas grandes em cima de um beliche.

- Toma. – Dinah ao pegar as mochilas jogou uma para Normani.

A morena bonita pegou a mochila, porém mal conseguiu mantê-la em mãos. A adrenalina excessiva em sua corrente sanguínea a estava deixando zonza e trêmula.

Dinah prontamente percebeu o nervosismo.

- Mani... – a loira alta chamou por seu apelido.

A morena não a respondeu e continuou petrificada encarando-a.

- Ei... – Dinah se aproximou e levantou a mão livre, afagando seu rosto de leve.

Normani engoliu seco e tentou normalizar sua respiração, mas isso se tornou ainda mais impossível com os poucos centímetros que a separavam da loira alta.

A morena olhou nos olhos de Dinah e viu ali nada mais que compaixão.

- Me dê à mão. Vamos!

Normani assentiu e entrelaçou seus dedos nos de Dinah.

As duas com as mochilas vazias nas costas saíram da tenda e continuaram a andar pelas penumbras até que chegaram à tenda principal de alimentação. Ambas já estiveram ali – quando tratadas como empregadas –, portanto, sabiam exatamente onde estavam as coisas que necessitavam pegar.

O lugar estava sem nenhum soldado ou civil, pois todos se encontravam na parte frontal do acampamento. Os tiros ainda continuavam intensos e os gritos e explosões também.

As duas passaram pelos bancos e mesas de plástico onde os soldados costumavam almoçar e foram diretamente até dispensa que era um grande cômodo. As estantes estavam repletas de comida enlatada e garrafas de água mineral.

Ambas não hesitaram e começam a despejar qualquer coisa no interior das mochilas. Sabiam que não tinham muito tempo para efetuar suas partes do plano e que já haviam gasto muito vindo até ali pelas penumbras.

*Music On* (Light It Up – Model Music)

Ao terminarem e estarem com as mochilas devidamente cheias e pesadas, as duas deram as mãos novamente e começaram a voltar para fora da tenda.

Porém, nem uma das duas viu a sombra no chão, feita pela Lua Cheia, se aproximando da abertura da tenda.

Tassia, irmã de Tônia – morta por Lauren na luta –, pegou Dinah de surpresa e desferiu um murro certeiro no nariz da loira. A soldado também era forte, não tão quanto sua irmã, mas muito mais ágil.

A pancada no osso nasal de Dinah fez com que o nariz se deslocasse e um grito de dor rasgasse a garganta. A loira alta soltou a mão de Normani e cambaleou para o lado, surpresa e zonza.

Tassia não tardou e também atingiu Normani, dando-lhe um murro na bochecha esquerda. A morena caiu no chão com a intensidade da pancada e com a mão sobre a pele sensível e dolorida.

Dinah balançava cabeça buscando recobrar a consciência e tinha as mãos tentando estancar o fluxo de sangue que escorria de suas narinas.

A dor fazia seu rosto latejar.

Mas quando a loira viu a morena caída ao chão e com os olhos marejados um sentimento de ira nasceu em seu peito.

- Vagabunda! – Dinah rosnou e alguns cuspes misturados com o sangue, que passava sobre seus lábios, voaram.

Tassia levantou o braço direito e tentou disferir um murro, mas Dinah foi mais rápida e interceptou seu punho no meio do caminho. A loira alta empurrou a soldado para trás ganhando espaço, pois sabia que não conseguiria vencer suas técnicas de luta.

Então ela precisaria jogar sujo mesmo.

Dinah retirou a mochila das costas e a usou como arma. Segurando-a por uma alça começou então a atingi-la no rosto da soldado. Tassia dava passos para trás e tentava se defender com os braços das pancadas.

Enquanto isso Normani já ficava de pé também. A morena bonita estava tonta, mas ciente que Dinah precisava de sua ajuda. Ela então caminhou com dificuldades até uma cadeira de plástico e a pegou.

Deu passos rápidos até a soldado e rosnando lançou a cadeira em suas costas, quebrando-a em sua nuca.

Isso desestabilizou por completo Tassia, deixando-a fraca por causa da dor.

A soldado virou-se para Normani com a intenção de se vingar pela pancada, mas aquilo, se tornou na verdade, a deixa perfeita para Dinah.

A loira alta passou a alça da mochila pelo pescoço da soldado e puxou as laterais, a sufocando. Normani aproveitou da situação e deu um chute forte na perna de apoio de Tassia, fazendo-a cair sobre um joelho.

Dinah apertou ainda mais a alça, impedindo o fluxo de oxigênio da soldado.

Tassia, segundos depois, já tinha o rosto avermelhado e os olhos quase saltando das órbitas. Mas Dinah não parou. Por mais que Normani a olhasse e esperasse que ela simplesmente fizesse a soldado desmaiar, a loira alta não estava saciada ainda.

Ela queria vingança por tudo que passaram.

Pelos xingamentos a Normani.

Pelos maus tratos.

Por Taylor.

A loira alta apenas retirou a alça de ao redor do pescoço de Tassia quando a soldado apagou e ficou completamente imóvel no chão.

Dinah então olhou para Normani. A morena bonita correspondeu ao contato visual mais uma vez e viu o brilho nos olhos da jovem alta. Normani pôde perceber que mesmo em meio à dor, em meio à raiva, em meio à luta pela sobrevivência que a sua Dinah, a garota da língua afiada, ainda continuava ali.

E ela precisava aprender com ela a se defender também.

- Obrigada, DJ... – Normani sussurrou para Dinah.

- Me agradeça apenas quando estiver segura. – Dinah respondeu e estendeu a mão novamente para a morena.

Normani assentiu.

Elas arrumaram as mochilas nas costas e entrelaçaram novamente os dedos, saindo da tenda de alimentação.

*Music On* (The Wolf – Foxworth Hall)

Mas elas mal sabiam que outra sombra também as seguiam.

Shawn Mendes até momentos atrás estava entre os escombros do muro destroçado. Custou sair por dentre os tijolos e rastejar até a área mais silenciosa do acampamento. Ele mancava muito, pois em sua coxa esquerda estava um torniquete feito por um pedaço de elástico que evitava mais a perda de sangue. A perfuração profunda havia sido feita por um pedaço de viga de metal. No lado esquerdo do rosto bonito um corte profundo escorria sangue e o líquido vermelho pingava de seu queixo.

Ele poderia estar machucado.

Seu acampamento poderia estar perdido.

Mas ainda assim ele mataria cada um daquele maldito grupo.

#

Demetria, Keana e Harry corriam abraçados cada qual a uma criança.

Nas mãos de Sofia – a escolhida por Lauren por ser a mais ágil ali – estava a lasca arrancada pela jovem da janela. A Cabello mais nova segurava a madeira com força enquanto Keana a carregava nos braços. Demetria estava abraçada à Regina e Harry à Claire.

Os três andavam por entre as sombras das tendas no lado leste do acampamento, perigosamente perto da abertura feita no muro.

Porém, os mesmos pararam bruscamente e os pés quase escorregaram na terra macia. Os olhos estavam arregalados e os corações errando batidas enquanto avistavam a horda massiva de zumbis se aproximando.

O barulho dos tiros, as explosões, os clarões, os gritos, foram fatores decisivos para aquela multidão de mortos. Agora eram oitenta zumbis que se espremiam uns nos outros tentando adentrar todos de uma só vez no buraco no muro do acampamento. As bocas estavam escancaradas, os grunhidos guturais famintos e irritados pelos barulhos intensos.

Demetria, Keana e Harry se entreolharam já desesperados.

Eles estavam encurralados e a morte marchava ritmicamente em suas direções.

#

Com as pancadas alguns tijolos começaram a rolar. Outra vez a pessoa por debaixo daqueles escombros tentou vir à superfície.

Uma mão surgiu em meio ao amontoado de poeira e brita, emergindo como se estivesse se afogando em alto mar.

Austin Mahone retirou os escombros de ao redor dos braços e levantou-se com dificuldade. Lágrimas de dor escorriam de seus olhos sem ele nem perceber e misturavam-se com a poeira de seu rosto. O ex-policial olhou para seu braço, mais precisamente seu cotovelo, e viu o ângulo anormal que se encontrava o osso.

O jovem inspirou fundo para tentar diminuir a dor do braço deslocado. Austin, com a mão boa, agarrou o bíceps e hesitou alguns segundos tomando coragem.

Ele então puxou bruscamente o braço ruim para frente e o “crack” ecoou, fazendo o osso voltar ao lugar.

Austin segurou um grito de dor garganta e fechou os olhos com força.

Depois que o alastrar quente e o latejar passaram, o ex-policial abriu os olhos marejados. Manteve o braço ruim em apenas uma posição – dobrado junto ao peito – e começou a retirar os tijolos de cima de suas pernas.

Colocou-se de pé com dificuldade e desceu do amontoado de brita.

Olhou ao redor e viu o cenário de guerra.

Fumaça. Tiros. Pessoas correndo. E agora uma horda massiva de zumbis adentrando.

Estava tudo perdido.

Eles estavam condenados.

Austin então fez um afirmativo silencioso com a cabeça concordando com sua voz interna

E ela dizia:

“Mate Camila Cabello... a razão de tudo isso ter acontecido!”.

 

Continua...


Notas Finais


Antes que queiram me matar por ter quebrado o capítulo em dois, eu tenho uma justificativa. Milagrosamente eu o havia feito em apenas 1, mas, parei para analisar e percebi que as coisas estavam muito corridas e sem nexo. Decidi então, para o bem de todos e felicidade geral da nação, fazer uma parte 2.
Ela poderá ser postada amanhã.
Ou domingo que vem.
Vai depender de vocês!
Vocês sabem o que tem que fazer para me deixar feliz: comentar! ♥


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