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História Into The Dead - Capítulo 28


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Olá! Voltei só porque vocês foram muito amorzinhos! ♥

POR FAVOR, por mais loucos que estejam no final, LEIAM AS NOTAS FINAIS.
O esquema do capítulo vai ser o mesmo de ontem: separado por # que significa “lugares diferentes e pessoas diferentes”.

Já devem estar falando: “Nossa, autora, que capítulo grande, não vou ler isso não”. Não precisa ler tudo de uma só vez, até porque esse capítulo é para ser sentido e não só lido. E, há uma razão por ele ser tão grande e ela está nas NOTAS FINAIS: esse capítulo é a Season Finale da primeira temporada da fic.

Boa leitura e me perdoem pelos erros, escrevi esse capítulo pulando de adrenalina. Ihul.
Ouçam, pelo amor de Deus, as músicas. Não as coloco à toa!

Capítulo 28 - Capítulo 28


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 28

NARRADOR PDV

Toda história de conto de fadas começa e termina do mesmo jeito: com o “Era uma vez” e com o “Felizes para sempre”.

É normal na vida, quando ainda criança, você pensar que vive em um conto de fadas. Até porque sua história começou com um Era uma vez.

Assim como a daquele grupo...

Era uma vez quatorze pessoas que não se conheciam.

Os irmãos Jauregui. Os cientistas. A latina e irmãzinha. A mecânica e a irmãzinha. O motorista e filha. A enfermeira. O jovem de cabelos longos. A francesa. A morena bonita.

Pessoas que, se o Apocalipse não tivesse acontecido, nunca iriam se encontrar. Chame de Destino ou qualquer outra palavra.

Todos ali sabiam que suas histórias começaram com “Era uma vez”...

Mas todos também tinham medo de não terminarem com um “Felizes para sempre”.

#

*Music On* (crushcrushcrush – Paramore)

- Olha para cá, seu desgraçado! – Veronica berrou.

A jovem tinha um olho fechado enquanto o outro mirava a cabeça amarela de Justin Bieber atrás da mesa.

O Major rosnava e enquanto isso, novamente, recarregava seu fuzil. Ele então, aproveitando os momentos de distração da mulher, começou a engatinhar na direção da mesa ampla onde o porco selvagem ainda estava. As balas acertavam as garrafas e as comidas, fazendo tudo voar nos ares acima de sua cabeça. O porco agora parecia uma peneira de tantos buracos abertos.

- Senhor! – um soldado aleatório gritou pelo comandante. Os barulhos dos tiros o obrigavam a berrar para ser ouvido. – Senhor?! O que eles tanto querem conosco?! – o militar perguntou enquanto estava escondido atrás da mesa e recarregava sua pistola Taurus.

- Aquela vaca quer isso! – Justin rosnou para o submisso e levantou a blusa camuflada. Parte de seu abdômen definido ficou à mostra, mas também o molho de chaves presa no cós da calça. – Eles querem a chave do arsenal!

O soldado assentiu e inspirou fundo para criar coragem.

Ele então se levantou e mirou em direção do Jeep vermelho, mas, antes mesmo de conseguir efetuar o disparo, foi atingido em cheio no meio da testa. Seu corpo caiu em cima da mesa, mais precisamente em cima do porco selvagem, e despencou ao lado de Justin.

O Major tinha os olhos arregalados encarando o fluxo de sangue sair da testa do companheiro.

- Eu vou te matar, sua vaca! – Justin berrou e colou as costas à mesa, deixando apenas o fuzil para fora e apertando o gatilho em direção do Jeep. O suor escorria pelas laterais de seu rosto bonito e sumia entre seu peitoral por debaixo da blusa.

Veronica ouviu os berros do loiro e apenas deu outra gargalhada gostosa, sendo escoltada por cinco homens e quatro mulheres. Todos usando as bandanas na frente da boca para evitarem inspirar as fumaças das bombas jogadas pelos companheiros.

- Vem com tudo, gracinha! – ela gritou, voltando a metralhar o pavilhão.

#

Cerca de quinze minutos já haviam passado desde o início do tiroteio. Os soldados de Justin, os que sobraram, encontraram esconderijos por detrás das tendas e por detrás das mesas, trazendo dificuldades para as tropas de Veronica.

Ela e seus homens tentavam matá-los, mas, as habilidades dos militares eram honráveis em batalha.

Não eram completos amadores.

Mas o grupo de Lauren e Camila também não eram completos idiotas.

Eles usaram as nuvens de fumaça para se locomoverem pelo acampamento. Tampavam os rostos com as blusas, buscando respirar um ar livre de gases.

Lauren, Camila e Louis corriam agora por entre as penumbras do lado leste do acampamento.

O cientista engolia os choramingos de dor causados pela ardência em suas costas.

Louis, por ter caído sobre as duas jovens, teve a explosão diretamente em suas costas. Por sorte, eles já estavam longe o suficiente do cilindro não causar a sua morte e sim apenas as chamas acertaram sua jaqueta militar camuflada. O homem franzino precisou ser rápido para retirá-la do corpo antes que o fogo atingisse sua pele. Mas, mesmo assim, o calor gerou queimaduras de primeiro grau por todas as suas costas.

E, por causa disso, o cientista carregava as suas duas malas pesadas em mãos. Ele estava ofegante assim como Lauren e Camila, as quais carregavam três malas: duas em mãos e outra pendurada às costas.

Eles já faziam o trajeto de volta e, portanto, procuravam pelas silhuetas de Troy e Allyson. A ausência de soldados naquela parte do acampamento apenas indicava que o casal de loiros de fato fez bem os seus papeis no plano.

Os três passavam direto por uma viela. Porém, Camila e Lauren sentiram, cada uma, uma mão lhe agarrando; e Louis sentiu duas lhe puxando pelos ombros.

Os três já estavam prontos para começarem um confronto com sabe-se lá o quê os havia puxado, mas pararam com os punhos no ar ao verem as expressões desesperadas de Troy e Allyson.

- O quê foi?! – Lauren perguntou atordoada para os dois.

Ao invés de respondê-la, Allyson simplesmente apontou para o buraco aberto no muro do acampamento.

Lauren se assustou ao avistar os primeiros mortos da horda massiva entrando pelo buraco. Eles rosnavam e agarravam pelas costas os humanos mais desatentos já enfiando seus dentes e unhas em suas carnes fazendo espirros de sangue bailar no ar.

Os gritos das pessoas se tornaram ainda mais intensos, por uma mistura de: dor, medo e desespero.

- Oh, merda... – Camila gaguejou piscando rapidamente sem acreditar no que via.

Aquilo faria o plano todo ir por água abaixo.

- Onde está o Christopher?! – Lauren perguntou.

- Não o vimos desde o início do tiroteio. – Troy respondeu meio sem ar. A ardência em seu abdômen o estava incomodando muito. – Ele não está aqui!

Lauren então, sem pensar duas vezes, soltou as malas que segurava em ambas as mãos e começou a retirar a alça da terceira de seu corpo.

- O que você está fazendo?! – Camila, confusa, perguntou para a jovem.

- Eu tenho que achar o meu irmão... – Lauren respondeu e entregou as alças das mochilas para Troy e Allyson.

- Lauren... isso não está no plano! Christopher sabia que precisava nos encontrar aqui! – Louis tentou retrucá-la, mas a de olhos verdes o interrompeu.

- Eu não me importo! – Lauren rosnou enquanto retirava uma Desert Eagle prateada do cós da calça, arma esta roubada de um militar moto.

- Lauren... – Camila tentou acalmá-la, mas foi em vão.

- Eu não vou perder outro irmão! – Lauren retrucou e virou-se bruscamente para os quatro. – E nenhum de vocês irá me impedir! Se eu e ele não chegarmos a tempo, vocês podem ir embora sem nós!

Lauren então, sem deixar que Camila a retrucasse, saiu de detrás da tenda e correu até perto do corpo de um militar aleatório. Agachou-se ao seu lado e puxou dois cilindros metálicos de seu cinto.

Olhou para sua mão e viu as duas granadas ainda com os pinos de segurança. Inspirou fundo para armazenar coragem e colocou os objetos metálicos dentro do bolso de sua calça camuflada. Levantou-se, seguindo caminho entre as tendas.

- Droga... – Camila choramingou indecisa sobre o quê fazer agora.

Seguiria o plano ou iria atrás da sua garota?

#

Chegando perto do pavilhão, uma Dinah e uma Normani estavam com as respirações ofegantes. As duas pararam por detrás de uma tenda e analisavam o tiroteio que acontecia entre Justin Bieber e Veronica Iglesias.

As duas então decidiram dar a volta por detrás das tendas principais e seguir caminho por uma viela entre elas.

- Não solte minha mão, ouviu? – a loira alta perguntou para a morena.

Normani assentiu novamente.

As duas, cada qual com uma mochila cheia de comida enlatada e água, começaram a caminhar agachadas por entre as penumbras das tendas, desviando dos trajetos perigosos. Pararam apenas quando um soldado de Justin e um homem de Vero passaram correndo, em uma briga entre eles, e se jogaram no chão se espancando.

A loira e a morena deram a volta na cena, por sorte, sem nenhum dos dois as notarem e continuaram a caminhar para o lado nordeste. Caminho este que elas sabiam que estaria livre.

*Music On* (93 Million Miles – Thirty Seconds To Mars)

Novamente as duas pararam ao chegarem a uma interseção de vielas. Dinah soltou a mão de Normani por meros segundos para estudar se o caminho estaria livre.

Mas aquilo foi o suficiente para que mãos fortes a agarrassem pelos ombros.

Normani gritou assustada quando Shawn Mendes agarrou Dinah por trás, já lhe aplicando uma gravata no pescoço para imobilizá-la. O Sargento, mesmo com a perna em terrível estado e mesmo perdendo sangue desde o momento que saiu dentre os escombros, continha uma força grande, esta que vinha da raiva que queimava seu corpo.

Shawn segurava sua tão famosa faca em mãos e pressionava a lâmina no pescoço de Dinah, que tentava respirar mesmo com o antebraço do militar lhe apertando a traqueia.

- Posso estar fodido... isso tudo pode ir para o inferno... – Shawn gritou com Normani. – Mas ainda posso arrastar vocês comigo!

Normani já chorava compulsivamente e implorava que Shawn não fizesse o que estava prestes a fazer.

#

- CHRISTOPHER! – Lauren berrava com todos os seus pulmões.

A jovem de olhos verdes corria meio agachada tentando sair da visão dos soldados e dos zumbis que já perambulavam por todos os lados. Tanto os militares quanto o grupo de Vero agora já não atiravam somente entre si, mas também precisavam aniquilar a massa significativa de zumbis que adentrava no acampamento.

Lauren, ao dar de cara com três zumbis em um estado avançado de decomposição, levantou sua Desert Eagle e começou a disparar.

Acertou respectivamente os três no meio da testa.

A jovem já estava pronta para seguir caminho quando escutou um grito.

- AAAAAAAH! – o timbre feminino fez Lauren olhar para o lado.

Seu estômago apertou quando viu ao longe uma andarilha de meia idade, pele enrugada e entranhas penduradas pelo abdômen, agarrando Alessia Cara pelos ombros e enfiando seus dentes em seu pescoço.

Lauren saiu por detrás da tenda e correu em direção da enfermeira. A jovem atirou na cabeça da zumbi e agachou-se ao lado do corpo em choque de Alessia, que chorava tentando estacar com as mãos trêmulas o sangue que espirrava de seu pescoço.

- Oh, droga... – Lauren gaguejou com os olhos arregalados.

A jovem jogou a arma de lado e tentou estacar também o sangue colocando suas mãos sobre as da enfermeira, pressionando a ferida grande e exposta.

- Eu estava procurando por vocês... – Alessia engasgou no próprio sangue que agora voltava por sua boca. – Eu estava procur... – ela tossiu e um espirro de líquido vermelho voou bem na bochecha de Lauren, que virou o rosto um pouco para não atingir-lhe a boca. – Eu queria me juntar a vocês...

- Shiiii... tente não falar... – Lauren gaguejava meio trêmula, sem saber o que realmente fazer.

- Me mate... – a voz de Alessia não passava de um fio. – Não me deixe voltar como um deles!

- Alessia... eu sinto muito... – Lauren tinha os olhos marejados e o sentimento de culpa a corroendo.

As quatro mãos não estavam sendo suficientes para estancar a quantidade expressiva de sangue que escapulia.

- Está tudo bem... – Alessia conseguiu ainda sorrir mesmo com os dentes manchados de vermelho. – Você está me dando a liberdade que tanto quis...

Um soluço ficou preso dentro da garganta de Lauren ao ver os olhos da enfermeira marejar de lágrimas.

Alessia então levantou o pulso esquerdo, trêmulo, onde o relógio de Camila estava preso.

Justin Bieber o havia lhe dado quando elas chegaram ali.

- É dela... – Alessia ainda sorria. – O devolva para mim.

Lauren não tinha tempo para perguntá-la como sabia que o relógio pertencia a Camila. Ela então apenas assentiu com a cabeça e retirou o objeto do pulso da jovem de cabelos encaracolados.

*BOOM*

A explosão de uma bomba distante fizeram ambas se assustarem e serviu de alerta: “A guerra ainda não havia terminado”.

- Eu sinto muito... – Lauren disse novamente e Alessia assentiu tranquilamente.

A jovem inspirou fundo e pegou a Desert Eagle que estava ao seu lado. Ergueu a arma e olhou para o lado oposto ao mesmo tempo em que apertou gatilho, acertando a cabeça de Alessia.

Ela não tivera coragem de fazer aquilo olhando em seus olhos.

Lauren se levantou com dificuldades, sem olhar para o corpo morto no chão. A bile voltava por sua garganta e ela via tudo em dobro por causa da zonzeira proveniente da fraqueza.

Foram dias sem se alimentar direito, dias sem conseguir dormir.

Lauren se encontrava fraca, mas ainda banhada pela adrenalina da vingança.

E isso durou até que ela avistou duas silhuetas familiares.

#

Há poucos metros dali, uma Camila voltava correndo procurando pela silhueta de Lauren. Por mais que a de olhos verdes tivesse lhe pedido para continuar, a latina não teve forças o suficiente para deixá-la para trás. Camila havia entregado também suas malas para Allyson e Troy e agora corria, procurando entre a densidade da fumaça, por sua garota.

Mas então, em segundos de distração, ela sentiu braços fortes a agarrarem e um corpo a levar para o chão.

Austin Mahone caiu completamente estabanado sobre o corpo de Camila Cabello. A latina arregalou os olhos e perdeu a respiração por alguns segundos por causa do susto do golpe.

O rosto do ex-policial pingava sangue, advindo de um corte profundo na bochecha. O olhar estava assassino, rosto vermelho por causa da raiva, músculos tensos.

Ele perdia muito sangue, mas mesmo assim, acima de tudo, ele iria sanar sua vontade.

Ele teria Camila Cabello para si.

Tudo aconteceu por causa disso.

Por causa de sua obsessão pela a latina.

Austin ficou de pé e agarrou Camila pela camiseta rasgada suja de poeira e sangue. A latina estava muito zonza e via duas imagens na sua frente. O ex-policial a arrastou até contra a parede de tijolos avermelhados e a prensou ali.

Camila sentia as mãos de Austin percorrer seu corpo e, aos poucos, com isso, seu cérebro foi raciocinando o que estava acontecendo: ele estava tentando lhe agarrar à força.

Camila piscou rapidamente com o desespero começando a lhe corroer. Começou então a se debater para tentar se soltar, mas o policial usava sua força para mantê-la contra o muro.

Austin apalpou seus seios médios com uma mão enquanto a outra segurava os pulsos de Camila acima de sua cabeça, à força.

- Você será minha! – Austin rosnou entre os dentes.

- Nunca! Seu desgraçado imundo! – Camila latiu contra seu rosto.

A latina não necessitava de ajuda, ela só estava zonza demais. Austin sempre pensou pouco sobre sua força, sempre pensou que era indefesa, que era fraca, submissa.

Mas Camila Cabello não era assim.

Ela apenas ainda estava sendo aflorada.

Camila então levantou o joelho com força e atingiu em cheio os testículos de Austin. O ex-policial engasgou com o ar por causa da dor e automaticamente se contraiu, dando oportunidade para que Camila lhe empurrasse para trás e desferisse um murro em seu rosto. Os dedos da latina latejaram por estarem desacostumados a tal, mas mesmo assim ela continuou.

- Merda de mulheres que só sabem acertar aqui... – ele choramingou consigo mesmo, rodopiando de dor.

*Music On* (Can You Feel My Heart – Bring Me The Horizon)

Austin cambaleou para trás com as mãos na virilha e, mesmo assim, como um bom filho da puta durão, continuou de pé.

Mas quando se virou novamente para Camila seu coração foi até na sua garganta e voltou.

A latina tinha uma expressão vingativa e segurava firmemente com uma mão o revólver Dan Wesson Airsoft, arma a qual a latina agora havia escolhido para si.

Austin ficou parado, completamente ofegante, e olhou meio descrente para a latina.

- Você não vai fazer isso... – murmurou ainda massageando rudemente a virilha dolorida. – Você disse uma vez que não mataria pessoas vivas.

Camila semicerrou os olhos e manteve a cabeça do policial na mira.

- Isso foi antes das “pessoas vivas” tentarem matar quem eu amo. – respondeu com a voz firme.

Ao ver a seriedade na fala e a coragem nos olhos de Camila, pela primeira vez, Austin teve medo dela.

Ele não havia percebido como a atitude dela estava mudada nos últimos dias.

Camila parecia outra pessoa.

- Você não é assim... – Austin semicerrou os olhos para ela, ainda desconcertado.

- Eu preciso começar a viver no mundo real. Se eu quiser viver, se eu quiser sobreviver... – Camila inspirou fundo e engoliu seco. – Eu vou precisar começar a lutar por isso!

- Mas você não teria coragem de matar... – Austin provocou e deu uma risada sem graça nasal. – Você nunca teria coragem para tal!

A latina travou o maxilar ao ouvir aquilo.

Ela havia se cansado de ser colocada por baixo.

- Você cometeu um grande erro, Austin... – Camila puxou então o cão da pistola, a carregando. – Você sempre me subestimou!

*BANG*

Um grito de dor rasgou a garganta de Austin quando a bala penetrou o seu ombro esquerdo. Ele arregalou os olhos com a onda de dor queimando seu corpo e, com o impacto, caiu para trás na terra. Automaticamente sua mão parou sobre o buraco aberto que expelia sangue.

- SUA VACA! – ele berrou, desesperado.

- Isso foi pela traição, pela Ally, pela Dinah, por minha irmã! – Camila berrou com todas as forças de seu corpo.

Seu corpo estava dominado, pela primeira vez, por vingança, raiva e desejo de matar.

*BANG*

Austin gritou novamente quando outra bala penetrou a lateral esquerda seu abdômen, atravessando os órgãos ali. A dor rasgava seus músculos por completo.

- Isso foi pelo Troy!

Austin começou a chorar desesperado ao ver o sangue expelindo e a chama da dor lhe consumindo. Ele tentou se arrastar para trás, mas não tinha forças para tal.

Camila o seguiu e deu passos lentos em direção dele, analisando seu corpo estirado no chão.

A pistola ainda apontada para seu corpo.

*BANG*

- Isso foi por ter encostado o dedo em Lauren!

Austin já não tinha forças para gritar quando o terceiro tiro atravessou o centro de sua barriga. A entorpecência era tamanha que ele não conseguia mais entender o que estava acontecendo. A dor parecia ser uma chama quente que aos poucos ia queimando cada partícula do seu corpo.

Seu olhar morteiro parou em Camila.

Parecia castigo, mas seu cérebro se recusava a apagar. Ele não conseguia desmaiar.

E como ele queria isso... Como ele queria apagar para não ver o óbvio acontecendo.

*BANG*

- Isso foi por ter encostado em mim!

Quando o quarto tiro acertou seu órgão genital Austin gritou com todas as forças existentes em seu corpo. Ele olhou para baixo com as órbitas arregaladas e viu o buraco em sua virilha, onde o sangue expelia de seu pênis agora estraçalhado.

Ele apenas sabia gritar indefeso e encarar o céu, que era uma misturada de escuridão, estrelas e fumaça.

- E você acha que acabou? – uma voz rouca se fez presente.

O sangue já voltava pela garganta do policial. Ele chorava tanto que certa baba escorria de sua boca, misturada ao líquido vermelho.  Alguns espasmos provenientes nas tentativas frustradas de seu corpo em fugir – graças à adrenalina – faziam seus músculos pularem. Austin, engasgando-se, conseguiu reunir forças e levantar o pescoço para procurar a dona da voz, por mais que ele já a conhecesse.

Com a visão embaçada ele viu Lauren, exatamente ao lado de Camila, lhe encarando com um sorriso sádico nos lábios.

A imagem das duas lhe perturbava, porque agora, mais do que nunca, elas pareciam exatamente às mesmas pessoas.

Perfeitas bagunças que se completavam.

Ele piscou com dificuldade ao ver Lauren levantar sua Desert Eagle prateada.

- Lembra dentro do Humvee, momentos antes de ser um puta traidor em uma missão que gerou a morte da minha irmã?! – Lauren perguntou sem nunca perder a mira entre os olhos de Austin. – Aquela foi a terceira vez que você apontou a sua maldita arma para mim. E, eu me lembro bem de que te fiz uma promessa. “Se você fizesse isso uma terceira vez era melhor você puxasse o maldito gatilho, porque se não puxasse, não sairia vivo para contar história”. Eu demorei em cumprir minha promessa... – Lauren abriu ainda mais o sorriso sádico. – Mas eu cumpri.

Austin franziu o cenho em meio à dor e vermelhidão do rosto e ainda conseguiu rosnar:

- SUA DESGR...

*BANG*

Um buraco em forma de um “O” perfeito se formou no centro da testa de Austin Mahone. O sangue misturado com tecido encefálico ainda fresco espirrou no ar. A cabeça do policial ficou estática, ele morto e com os olhos abertos para o nada.

Lauren se aproximou do corpo morto e ainda reuniu uma grande quantidade de catarro na garganta. Ela cuspiu no rosto dele e sorriu pela última vez ao olhar para aquele desgraçado.

Virou-se e viu Camila analisando o corpo no chão. A jovem de olhos verdes agora sabia que aquilo atormentaria para sempre a latina. Seria razão de diversos pesadelos, diversas ondas de arrependimento.

Mas ela ouvira o seu discurso, ouvira que agora “Precisaria lutar”. Havia chegado momentos antes e presenciado sua evolução.

Ela só precisava deixar claro para Camila que estaria com ela nesse processo.

Lauren esticou a mão e a ofereceu para Camila.

A latina encarou a mão aberta de Lauren e hesitou por alguns segundos, subindo o olhar para o rosto da jovem. Viu nas órbitas verdes ela a decisão.

Camila sorriu fraco e entrelaçou seus dedos nos de sua garota.

Ambas então deram as costas para o corpo morto de Austin e voltaram para o interior da guerra que acontecia em suas costas.

#

Já perto do buraco no muro uma Demetria, uma Keana e um Harry ainda pensavam no que fazer para passarem até o lado de fora já que a entrada estava bloqueada por zumbis que entravam constantemente.

O final do plano se resumia em todos se encontrarem do lado de fora do acampamento e fugirem juntos. Mas, com aquela horda massiva passando por ali aquilo havia se tornado impossível de acontecer.

Keana analisou a situação e olhava para os lados, pensando ou obrigando a si mesma a pensar. Harry e Demetria já estavam devidamente apavorados e as crianças choravam em seus colos.

E então ela viu uma Camionete Chevy completamente vazia.

As crianças tossiam por causa da quantidade de gás no ar. Seus olhinhos estavam surpresos com tamanho barulho e pessoas caindo mortas.

- Esperem aqui! – a francesa ordenou e então correu na frente, adentrando na nuvem de fumaça.

Keana ao avistar um homem de costas segurando um fuzil não quis saber se ele pertencia ao grupo dos militares, se era civil ou do grupo de Vero. A francesa segurou um tufo de cabelo no alto de sua cabeça e a bateu contra a lateral da Camionete, fazendo o homem cair desacordado no chão.

A francesa pegou o fuzil de suas mãos e já começou a disparar contra os oito zumbis cambaleantes que se aproximavam.  Os tiros faziam os corpos em decomposição despedaçarem com os impactos das balas.

Mas então a arma parou de vibrar em suas mãos, sem munição.

A jovem apertou o gatilho à procura de mais balas, mas nada aconteceu.

*Music On* (Enjoy The Silence – KI Theory (Ghost In The Shell Trailer Music)

- Droga!

- KEANA! – Harry berrou, segurando Claire.

A francesa então olhou ao redor e viu um grupo de pelo menos uma dúzia de zumbis caminhando na direção deles. Demetria já tentava dar chutes contra uma andarilha velha enquanto carregava Regina em seus braços.

Sofia estava no chão, e mesmo assustada, tentava se defender de uma andarilha loira que lutava para passar por Harry.

A francesa via apenas mais e mais zumbis se aproximando. Os globos oculares estavam acinzentados e frios, as bocas escancaradas, as unhas afiadas, os grunhidos guturais, os rosnados selvagens.

- Nós nunca vamos conseguir... – Keana sussurrou consigo mesma, com os olhos arregalados e coração disparado.

As crianças já choravam e imploravam por suas respectivas irmãs, Harry e Demetria já tinham olhares desolados.

Não havia nada próximo para salvá-los, pois as pessoas estavam distantes demais daquela área do acampamento.

Sabiam que iriam morrer.

E então uma ideia cruzou a mente de Keana.

Aquele seria o único jeito de chamar a atenção dos zumbis e abrir caminho para que Harry, Demetria e as crianças conseguissem entrar na Chevy e assim esperar o restante do grupo.

- Eu sei o que fazer! – Keana gritou para os dois adultos.

Quando o olhar da francesa e o olhar do jovem de cabelos longos se cruzaram, Harry soube o que passava na mente de Keana.

- Não! Não! Ke, não! – ele começou a gritar desesperado ao ver nas órbitas da amiga o quê ela iria fazer.

Keana sorriu docemente para ele, se despedindo. Harry havia sido seu companheiro por meses, a protegendo, a guiando quando estavam sozinhos na mata ou na cidade de cimento.

Ela o amava como um irmão.

- KEANA, NÃO! – Harry ainda empurrando uma andarilha olhava para a amiga pela última vez.

- Obrigada por tudo! – ela esboçou enquanto já dava passos para trás. – Seja feliz, não importe como!

Um grito ficou preso dentro da garganta de Harry quando ele viu a amiga correr em meio aos zumbis no sentido contrário em que estavam.

- DESGRAÇADOS! – Keana gritou para atrair os zumbis que rondavam e cercavam a Camionete Chevy. – AQUI! VENHAM ME PEGAR!

Os zumbis que estavam indo em direção de Harry, Demetria e as crianças giraram os corpos à procura da origem da voz melodiosa. A dúzia de almas penadas começou a grunhir como corvos do inferno e marcharam ao encontro de Keana, que continuava a penetrar em meio à onda de mortos no sentido oposto.

A francesa dava chutes e murros nos corpos podres, querendo, ao máximo, fugir das unhas e mordidas.

Mas isso, obviamente, durou poucos segundos.

A primeira mordida aconteceu em seu ombro direito e arrancou um pedaço significativo de carne. Um grito agudo de dor rasgou a garganta de Keana e o fluxo de sangue espirrou no ar.

A segunda foi a penetração de quatro unhas de um zumbi alto em seu abdômen. As cutículas afiadas rasgaram sua pele e, com força, forçaram-se para o interior de sua barriga.

A terceira foi outra mordida em seu braço esquerdo, retirando dali músculos.

Seu corpo foi tomado por uma onda quente e ácida de dor. O sangue começou a voltar por sua garganta e a escapulir por seus lábios e nariz.

As mãos esqueléticas começaram a lhe agarrar pelo rosto, pelos braços, pelas pernas, por todos os lugares possíveis.

Os dentes começaram a rasgar ainda mais sua carne, arrancar-lhe pedaços, músculos, veias, artérias, órgãos vitais.

Keana gritava ainda viva, sentindo a pele ser arrancada do próprio corpo. Seus gritos eram tão angustiantes e dolorosos que, quem ouvisse, ficaria com aquele som ecoando por sua mente por dias e dias.

Seus olhos estavam marejados por causa da ardência da morte lasciva que se espalhava. E isso continuou por vários longos segundos até que simplesmente parou.

A francesa encarou os monstros de olhos cinza com as bocas cheias de seus músculos e órgãos. E, depois, encarou o céu estrelado e sorriu.

Sorriu porque havia feito diferença naquele mundo.

Até que seu cérebro apagou por causa da dor intensa que a consumiu.

Harry observava tudo com as lágrimas escorrendo por suas bochechas. As crianças haviam escondido seus rostos contra os adultos, procurando não ver.

- Harry, nós temos que ir! – Demetria chamava pelo rapaz de cabelos longos. – HARRY!

Mas tudo estava devagar aos olhos de Harry. Seu peito se esmagava por completo e seu cérebro não conseguia raciocinar a cena que se repetia em looping eterno em seu cérebro.

Keana se sacrificara.

Por eles.

Pelo grupo.

- Harry! REAJA! – Demetria perdeu as paciências e desferiu um tapa forte contra o rosto do rapaz. – Se não entrarmos naquela cabine tudo terá sido em vão!

A ardência então o fez finalmente voltar à superfície da entorpecência. Ele finalmente percebeu o que estava fazendo e balançou a cabeça para recobrar a consciência.

Harry então agarrou melhor Claire, a qual chorava compulsivamente, e passou o outro braço pelos ombros de Sofia, a carregando de mau jeito.

Demetria suspirou aliviada ao ver que o rapaz acordara. A mulher correu na frente, segurando Regina e desferiu um chute na barriga de um zumbi baixinho que vinha em sua direção. Ele caiu e levou consigo mais dois mortos que estavam por perto. A cientista rapidamente colocou a mão na alavanca da porta da cabine, a abrindo.

Demi praticamente jogou Regina em seu interior e ajudou Harry a colocar Claire e Sofia ali dentro também. Os dois adultos então mal tiveram tempo de entrar no carro e dois zumbis se chocaram contra a lataria, tentando entrar.

#

Lauren e Camila seguiam abaixadas rente às tendas em direção do lado leste do acampamento onde todos deveriam se reunir para dar um jeito de sair dali. Vinte minutos haviam passado e o plano se extinguiria aos trinta minutos.

Se meia hora se passasse, aqueles que já estivessem juntos deveriam ir embora sem hesitar.

- Você é louca, sabia?! – Lauren murmurou para Camila quando as duas pararam de correr e se esconderam nas sombras de uma tenda quando dois soldados de Vero passaram por perto.

- Por quê?! – Camila franziu o cenho.

- Por que você voltou? – Lauren perguntou enquanto esticava o pescoço para frente e olhava para os lados procurando por mais homens suspeitos.

Camila não acreditou quando ouviu aquela pergunta. A latina inspirou fundo para receber uma onda de calma e puxou Lauren pelo colarinho, obrigando-a a girar o corpo em sua direção.

Camila colocou as mãos nas laterais do rosto de Lauren e fez com que a jovem de olhos verdes encarasse suas órbitas castanhos-chocolate.

- Eu nunca vou te abandonar, Lauren! – a jovem sussurrou e afagou suas bochechas com os polegares, nunca perdendo seus olhos de mira. – Quando você finalmente vai colocar isso na sua cabeça?!

Lauren não teve reação nos primeiros segundos, pois se sentia hipnotizada pela latina. Seu coração já batia como um tambor por causa da adrenalina, mas agora, olhando nos olhos de Camila, seu peito conseguiu mergulhar em um rio de calma e amor que nunca estivera. Ela nunca se sentira protegida como se sentia agora.

Lauren então fez o que seu cérebro implorava que fizesse. A jovem afagou o rosto de Camila e lhe puxou para um beijo.  A latina colocou os braços nos ombros da outra, abraçando-a.

Os lábios se chocaram e ambas grunhiram surpresas pela maciez e pela onda elétrica que cortou os dois corpos.

Tiros voavam. Pessoas gritavam. Mortos grunhiam.

Mas o amor das duas prevalecia ao caos.

#

- Espera... espera! – Troy implorou ofegante.

Os três atravessavam toda a extensão leste do acampamento, se aproximando perigosamente do buraco no muro.

O rapaz loiro parou de correr e adentrou na escuridão da interseção de duas tendas.

Allyson e Louis também pararam ao mesmo tempo e voltaram para ajudar o ex-motorista. Ambos deixaram as mochilas no chão e usaram os segundos para respirar também.

Troy sentia seu abdômen queimar por causa da tensão dos músculos. As mochilas que carregava também não ajudavam, pois estavam pesadas demais devido aos objetos que estavam dentro delas. O loiro inspirava fundo e soltava o ar, tentando recarregar o corpo de forças, por mais que elas sequer existissem mais.

Enquanto Ally tinha um braço sobre o ombro do amado e o ajudava a inspirar e expirar, Louis estava na ponta da tenda olhando para os lados, de vigia.

- Oh, merda, que porra é aquela?! – Louis se surpreendeu ao ver a horda atacando a parte frontal do acampamento.

Os soldados de Justin e alguns homens e mulheres de Vero estavam escondidos por detrás dos Humvees e Jeeps, respectivamente, e ativaram contra os mortos que surgiam e tentavam mordê-los.

- Onde está a Keana, Harry e Demi?! – Allyson perguntou retoricamente, pois ninguém ali realmente sabia.

- Nós vamos esperar por eles? – Troy perguntou ainda inclinado para baixo e de olhos fechados, tentando respirar em meio à dor.

- Claro que sim! – Allyson retrucou, surpresa por ter ouvido aquilo do rapaz alto. – Não vamos deixar o grupo para trás! Sua filha está com eles, Troy! – rosnou assustada.

- Ally... – Louis tentou se aproximar da baixinha para acalmá-la. – Temos que levar em consideração que o tempo está acabando!

- Foda-se o tempo! – Allyson gritou com o cientista e deu um tapa na mão dele, que ousou encostar em seu ombro. – Eu não vou deixar o meu grupo para trás! Ouviu?! – a loirinha parecia uma mãe ursa irada. – Eu não vou deixar!

Seus pulsos estavam fechados, coração disparo e respiração irregular. Mas a enfermeira nunca esteve tão convicta em sua vida.

#

- Tampe a boca e o nariz, querida... – Lauren instruiu Camila.

A latina assentiu e puxou a barra da blusa até o rosto, cobrindo as vias áreas.

Lauren se agachou e puxou um corpo morto de um soldado do grupo de Justin. Ela pegou a pistola automática dele e colocou no cós de trás da calça; retirou também sua faca e entregou para Camila; e por último foi até o cinto do homem e pegou um cilindro de bomba de gás.

A jovem de olhos verdes apertou a trava de segurança – pois, as bombas de gás contêm travas e as granas contêm pinos – e jogou o cilindro em uma viela onde a camada de fumaça já havia se esvaído.

Lauren e Camila então deram as mãos novamente e se lançaram outra vez no paredão de fumaça que se formou.

Ambas recomeçaram sua corrida entre as tendas, mas, a mesma foi interrompida momentos depois quando elas se depararam com uma cena que fez os estômagos apertarem por completo.

*Music On* (The Wretched – Nine Inch Nails)

Aos poucos a nuvem de fumaça se dissolveu e deu visibilidade para o homem que imobilizava a mulher por trás, lhe aplicando uma gravata com o antebraço. A faca de Shawn Mendes refletia com as chamas de uma tocha fincada ao chão próxima dos dois.

Dinah já tinha o rosto um pouco vermelho por causa da dificuldade em respirar e Normani, metros à frente, chorava compulsivamente implorando para que o Sargento não fizesse o que estava prestes a fazer.

- Não, por favor, não! – a morena implorava, trêmula.

Shawn já estava prestes a retrucá-la, mas então, em meio à fumaça, o militar conseguiu avistar a aproximação de Lauren e Camila.

O homem já estava tomado pela ira, porque, pensava em milhões de jeitos de esquartejar Camila depois de enganá-lo e ser a principal culpada pela invasão do grupo intruso. Ele também queria torturar Lauren, por ser mesmo indiretamente, a cabeça de tudo aquilo que acontecia.

Mas, quando Shawn encarou as mãos dadas de ambas as mulheres, uma espécie de lâmpada se acendeu no alto de sua cabeça e ele entendeu tudo.

Elas eram um casal.

Um desgraçado casal.

Isso fez o homem rosnar com um cachorro bravo.

Lauren, institivamente, ergueu a sua Desert Eagle prateada e a apontou para a cabeça do Sargento.

Shawn Mendes então apertou ainda mais a lâmina no pescoço de Dinah, fazendo um pequeno filete de sangue escorrer pelo pescoço da loira. A ex-mecânica arregalou os olhos e tentou se debater, mas o Sargento conseguiu imobilizá-la muito bem por causa de sua força superior.

- PARA! – Camila tentou avançar e correr em direção do Sargento, mas Lauren conseguiu, com apenas uma mão, segurá-la pela cintura antes que fizesse alguma estupidez.

- Por favor! – Normani gritou em meio às lágrimas.

Shawn parou de pressionar a faca no pescoço de Dinah, fazendo a loira respirar aliviada outra vez, por mais que a dor do pequeno corte no pescoço ardesse.

- Seria uma pena acontecer com ela exatamente o mesmo que aconteceu com a sua irmãzinha, não acha? – Shawn perguntou para Lauren.

Ele estava ofegante e elétrico, parecendo mais um lunático.

Lauren, ainda segurando Camila pela cintura com uma mão e a outra mirando a cabeça de Shawn, foi aos poucos se aproximando dos três. Ela sabia que qualquer movimento brusco faria com que o homem passasse a lâmina no pescoço da loira.

- Sua irmã morreu igual uma porquinha... – Shawn deu uma risada nervosa. – Honk, honk, honk... – ele imitou o barulho de um porco e soltou uma risada alta.

Estava tudo na merda.

Então ele arrastaria mais gente para a merda.

Ouvir aquilo fez uma onda imensa de raiva cortar o corpo de Lauren e ela rosnou irada. Ela apertou mais a Desert Eagle em sua mão direita, querendo mais que nunca dispará-la. Mas, sabia que, se errasse meros centímetros, a bala iria parar dentro da cabeça da melhor amiga de Camila.

- Vocês estão no Inferno! – Shawn deu uma risada nasal. – E eu sou o Demônio daqui! – berrou descontrolado.

Mas o quê nem o Sargento e nem as civis percebiam era aproximação de uma outra pessoa em meio às penumbras da tenda que estava às costas de Shawn.

A Lua Cheia então iluminou o rosto de Christopher, que estava dominado por uma expressão assassina. O rapaz se aproximou em silêncio em meio à escuridão, segurando em sua mão direita uma faca afiada.

E quando o Jauregui estava há poucos metros das costas de Shawn, que estava totalmente alheio a ele, o rapaz sorriu sadicamente por ter sua tão esperada vingança.

Logo então os olhos de Shawn se arregalaram quando ele sentiu a lâmina afiada perfurar suas costas, acertando diretamente na décima sexta vértebra em sua coluna torácica. 

A dor foi tão grande e tão traumática que sua mão direita, a qual segurava a faca afiada, tremeu. A lâmina que pressionava o pescoço de Dinah se pressionou ainda mais contra a pele da loira alta, fazendo-a gritar.

Lauren então inspirou fundo e apertou o gatilho.

*BANG*

O disparo efetuado por Lauren acertou diretamente na mão de Shawn Mendes perfurando a palma e passando de raspão no ombro de Dinah. O Sargento berrou com a ampliação da dor e a faca escapuliu.

Dinah então ao perceber que teria apenas alguns segundos para fugir torceu o braço esquerdo de Shawn, o qual pressionava sua traqueia, deslocando o ombro do homem.

Ela então se soltou de seu embraço e correu para longe tossindo por conseguir outra vez respirar, sendo amparada pelos braços protetores de Normani que agora chorava de alívio por ter a loira outra vez.

Christopher, ainda atrás de Shawn, passou um braço pelos ombros do homem que estava petrificado por causa do trauma na medula e penetrou ainda mais a lâmina grande em suas costas.

O Sargento berrou desesperado.

- Isso foi pela minha irmã, seu desgraçado filho da puta! – Christopher rosnou enraivecido contra o ouvido de Shawn e dessa vez girou em 180º a lâmina afiada dentro da medula do homem.

O Sargento berrou ainda mais alto com a chama quente e ácida da dor penetrando em todas as suas células. Ele sentia um milhão de agulhas penetrarem-lhe nas costas com as vertebras sendo destruídas e deslocadas.

Christopher então soltou a faca, deixando-a ainda no interior das costas de Shawn, e deu passos para trás.

O Sargento, já sem os movimentos dos membros inferiores, caiu como um boneco de pano no chão, chocando o rosto no chão de poeira. Com as mãos trêmulas o militar ainda tentava alcançar a faca penetrada em suas costas, mas ele não conseguia.

Seu corpo era regado por espasmos e seus olhos piscavam rapidamente, tentando entender o que havia acontecido. Ele implorava para mover as pernas, mas não conseguia.

Lauren então soltou Camila – a qual correu ao encontro de Dinah – e se aproximou de Christopher.

Ambos os irmãos Jauregui então olharam para baixo e encontraram as órbitas castanhas do Sargento cheias de lágrimas. Seus olhos estavam assustados, expressão apavorada de dor e incredibilidade. Ele tentava gaguejar alguma coisa, mas seu corpo estava traumatizado demais para falar algo.

Lauren e Christopher apenas tiveram seus momentos de vingança interrompidos ao ouvir os grunhidos guturais típicos se aproximando. Eles olharam para trás e viram as almas penadas se aproximando devagar, sentindo o cheiro adocicado do sangue.

- Me mate... – Shawn rosnou, com a bochecha pressionada contra o chão de poeira. Ele encarava os dois pedindo misericórdia. – Por favor...

Risadas saíram pelos lábios dos dois irmãos que se entreolharam, se divertindo com a situação.

- Eu te implorei para não matar Taylor! – Lauren ladeou a cabeça enquanto analisava a expressão de terror no rosto de Shawn. – Mas você não me ouviu! Então... eu também vou fingir não escutar seus gritos.

- Não vai ser fácil assim... – Christopher completou e se inclinou para baixo, agachando-se sobre um joelho. Ele se aproximou do rosto de Shawn e rosnou. – Você merece voltar como eles... e vagar por aí até ter a cabeça explodida por alguém. E será um rastejador, porque o chão é o seu lugar.

- POR FAVOR... – Shawn gaguejou em meio ao choro de desespero que começou a lhe tomar.

Shawn começou então a gritar angustiado por ver os mortos-vivos se aproximando. Lauren e Christopher se distanciaram e juntaram-se a Dinah, Normani e Camila.

Os cinco logo recomeçaram a sua fuga por entre as penumbras das tendas próximas, desviando os focos de mortos.

Mas Lauren ainda olhou para trás em tempo de ver os zumbis fazendo uma roda ao redor de Shawn e mordendo seu corpo por completo. O Sargento berrava com os olhos arregalados enquanto observava, vivo, os zumbis arrancando pedaços de sua pele. Ele tentava se arrastar, por não ter mobilidade nas pernas, mas isso apenas deixava os mortos mais enraivecidos.

Uma andarilha ruiva penetrou os dedos bem na boca escancarada pelo choro do Sargento e começou a rasgar sua bochecha com força. Seu sangue começou a espirrar para todos os lados enquanto ele berrava. Outro zumbi enfiou dois dedos no globo ocular de Shawn, o explodindo com a pressão das unhas. Eles mordiam seus ombros, suas costas, suas pernas, e arrancavam músculos e fibras com os dentes.

- Lauren, nós temos que ir! – Dinah repreendeu a jovem ao ver que ela havia parado para observar a cena. A loira alta a puxou pelo colarinho, obrigando-a a correr. – Os mortos estão nos cercando! Nós temos que ir!

Lauren virou-se para a amiga e assentiu com a cabeça.

Não atreveu olhar para trás outra vez, mas sentia em seu peito a chama da vingança cumprida.

#

Enquanto isso, atrás da mesa no pavilhão, o Major Justin Bieber encarava a mão esquerda coberta pelo próprio sangue. O homem loiro respirava com dificuldade e tentava pressionar, mesmo que inutilmente, a perfuração causada pelo tiro em seu abdômen.

Justin já sentia o sangue voltar por sua garganta e esquentar sua boca. Ele já estava cansado e, em um movimento idiota de tentar se locomover para a mesa do lado, o tiro acertou sua barriga em cheio.

Ele agonizava e olhava para os lados, assustado. Todos os seus soldados já se encontravam mortos, tornando-se bombas prestes a estourar.

E apenas ele se encontrava vivo naquele pavilhão.

Seu fuzil estava sem munições e ele sequer tinha forças para rastejar até o soldado morto ao seu lado e pegar a arma dele.

O barulho de passos então o fez olhar para cima e ver a expressão vitoriosa de Veronica Iglesias. A mulher bonita, ao ver a fraqueza do homem indefeso, não teve sequer o trabalho de tentar conversar com o loiro, apenas agachou-se e puxou o molho de chaves do seu cinto.

Mas antes de ela se distanciar, Justin agarrou seu pulso.

Veronica já se virou atenta e mirou o fuzil no rosto do Major, prestes a disparar.

- Você pode matar... – ele gaguejou fraco. – Mas... essa chave do arsenal não vai funcionar para nada... – Justin rosnou e tossiu, com o catarro misturado com sangue escorrendo por seu queixo.

- Do que você está falando? – Veronica abaixou o fuzil e fez uma careta debochada para o militar.

*Music On* (This Is War – Thirty Seconds to Mars – Lyrics)

- Doçura... – Justin sorriu galanteador, deixando seus dentes brancos agora manchados por seu sangue à mostra. – Eu não sou o único que tem a cópia dessas chaves...

O sorriso debochado de Veronica sumiu no mesmo instante e ela congelou.

- Como assim?! – ladeou a cabeça, o encarando.

- Eu vi algumas pessoas correndo com malas cheias de armas nas costas... – Justin respondeu dando uma gargalhada. – Eu entendi... – ele inspirou fundo para reunir coragem já que tudo dentro de si queimava e cuspiu uma grande quantidade de sangue para o lado. – Você e os escravos... eles te ajudaram! Alessia ajudou vocês! Mas... – ele então começou a rir de novo. – Acho que você foi traída! E perdeu tempo tentando me matar para conseguir uma chave que estava também no cinto de um gorducho.

Ele esguichou uma risada desesperada que fez novamente outro espirro de sangue sair de sua boca.

Mas Verônica não ria.

Não mesmo.

Tudo em sua cabeça começava a fazer sentido.

O porquê de não ter encontrado com nenhum integrante do grupo de Lauren: eles não estavam vestidos de forma destacada.

Seus olhos arregalaram com a constatação óbvia: eles estavam infiltrados no meio dos civis.

E Lauren sabia da existência de outra chave para o arsenal.

Veronica piscou lentamente, abobalhada com tudo. Ela virou-se então bruscamente para seus parceiros que estavam um pouco atrás, lhe protegendo.

- Para o arsenal, AGORA! – a comandante do grupo de busca gritou.

#

- Graças a Deus! – Allyson exclamou quando viu de longe Lauren, Camila, Dinah, Normani e Christopher aparecerem em meio às penumbras das tendas.

- Troy, me dê uma mala! – Lauren gritou para o loiro que estava inclinado para baixo tentando respirar.

Allyson ajudou o amado e entregou a mala para Lauren. A jovem de olhos verdes abriu o zíper com rapidez e retirou dali de dentro um fuzil AK-47 novinho em folha, já carregado.

Christopher seguiu seu exemplo e pegou uma espingarda semiautomática.

- Vamos abrir caminho para nós! – o Jauregui ordenou para o restante do grupo.

Louis, Dinah, Camila, Normani e Allyson fizeram um afirmativo com a cabeça e pegaram também fuzis e metralhadoras dentro da mala repleta de armas de fogo.

Escutavam-se apenas os ferrolhos puxados, levando os cartuchos de bala para o cano das armas, as carregando. Os olhares dos integrantes estavam focados. As fumaças das bombas se esvaíam e com isso os mortos-vivos vagando por entre as tendas ficavam mais visíveis.

As pessoas mortas estavam caídas aos montes no chão, os gritos dos desesperados ainda ecoavam, alguns tiros aleatórios eram ouvidos ao longe.

Era uma guerra.

Cada um colocou uma mochila cheia nas costas enquanto em mãos seguravam firmemente suas armas. Usaram os ombros para apoiar as armas e então se juntaram em um só grupo.

- Em formação! – Lauren berrou para todos ao avistar uma horda de quinze zumbis vagando na direção deles.

Os integrantes do grupo então formaram uma corrente na viela, para conseguir assim mais visibilidade do que vinha na frente e atrás.

Eles então começaram a disparar as metralhadoras, os fuzis, as espingardas em direção dos mortos que marchavam.

Os brilhos dos disparos iluminavam a noite. As armas tremiam nos braços firmes. Os dedos nunca paravam de apertar os gatilhos.

Os passos do grupo eram ritmados a caminho da saída do acampamento enquanto abatiam os mortos que apareciam em seu caminho.

Os corpos dos zumbis eram estraçalhados e pedaços de carne podre e órgãos em decomposição voavam nos ares.

Todos estavam focados, olhares fixos, maxilares travados enquanto atiravam e com um sentimento grande em comum: a busca por liberdade.

Demetria, no interior da camionete Chevy, se assustou ao ouvir a sinfonia de tiros tão próxima. Olhou para trás, através do vidro da carroceria, e se surpreendeu com a imagem que viu.

O grupo vinha em uma incrível formação acabando com tudo que aparecia a sua frente.

Juntos.

Como um só.

- AQUI! – a cientista berrou, balançando os braços para que eles os viessem dentro da cabine.

Troy foi o primeiro a avistar os movimentos bruscos atrás do vidro da camionete Chevy.

- ALI! – ele gritou para o restante do grupo, que, segundos depois, olharam para onde o homem apontava.

- A camionete! – Christopher anunciou para todos, fazendo o trajeto da corrente de integrantes mudar para aquela direção.

O Jauregui retirou o cartucho vazio do interior do fuzil, deixando o cair no chão, e puxou outro do cós da calça camuflada. O colocou em questão de segundos dentro da arma de fogo e puxou o ferrolho, a carregando. Recomeçou então a disparar contra um zumbi decomposto que vinha em sua direção.

Lauren olhou para os lados, ofegante, procurando por Camila e a avistou segurando uma submetralhadora em mãos.

- Camz! – ela gritou acima dos barulhos ensurdecedores dos tiros.

A latina procurou sua voz imediatamente, virando o rosto em sua direção.

- Jogue isso perto da camionete! – Lauren então lançou um cilindro para ela.

Camila levantou a mão e pegou a granada no ar. Seus olhos quase pularam de suas órbitas ao pegar o negócio e seu coração voltou na sua boca.

- AGORA! – a de olhos verdes ordenou.

Camila assentiu meio embasbacada e soltou a submetralhadora que ficou pendurada em seu corpo graças à alça que estava passada por seu ombro. A latina puxou então o pino de segurança e encarou a granada na palma da mão trêmula, sem saber realmente o que fazer agora.

- JOGA! – Dinah berrou com os olhos arregalados ao encarar o negócio prestes a explodir. – MAS NÃO JOGA DEBAIXO DA CAMIONETE, PELO AMOR DE DEUS!

- AI PUTA QUE PARIU! – Allyson urrou, puxando Normani e Troy para o lado.

- Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus! – Camila gaguejou não conseguindo agir sobre pressão.

A latina levantou o braço e lançou o cilindro metálico há alguns metros da traseira da Camionete Chevy onde a maioria dos zumbis estava.

- Jesus, Maria, José! – Harry gritou ao ver o cilindro voando e abraçou as crianças, as empurrando contra o estofado.

As crianças fecharam os olhos com força, assim como Harry e Demetria, que estavam abaixados sobre elas.

*BOOM*

O barulho da explosão ecoou por todo o acampamento, fazendo também voar por todos os ares pedaços de zumbis. Sangue, líquido encefálicos, cabeças, braços, pernas, órgãos vitais podres, músculos em decomposição subiram em alturas surpreendentes juntamente com as chamas.

A Camionete Chevy tremeu e sacolejou por causa da amplitude da explosão, fazendo os indivíduos dentro da cabine choramingar.

Porém, depois que os órgãos e pedaços dos corpos dos zumbis começaram a cair, parecendo uma chuva de decomposição, um grande buraco na horda massiva se abriu dando espaço suficiente para que o grupo, que estava do lado de fora, corresse até ali.

As pessoas já chegaram deslizando as botas no barro – que era a terra misturada com líquido encefálico e sangue – e jogando as malas pesadas na carroceria. Logo eles também pularam no interior da traseira da Chevy, fugindo dos mortos-vivos, os que sobreviveram, que agora vinham em suas direções.

Lauren ficou de pé, em meio aos companheiros de grupo que estavam caídos, e retirou do bolso da calça camuflada o segundo cilindro metálico. Enquanto uma mão segurava seu fuzil, Lauren levou a granada até a boca e mordeu o pino de segurança, o puxando do interior do objeto cilíndrico.

A jovem de olhos verdes inspirou fundo e pegou grande impulso. Elevou o braço e então lançou a granada alto e longe.

Ela não saberia se ele ainda estava vivo, mas esperava que sim.

#

Justin Bieber ainda agonizava escorado à mesa virada. O sangue já havia coagulado em sua barriga e o suor escorria por seu rosto pálido. Ele já estava fraco por causa da perda de líquido vermelho e mal conseguia manter os olhos abertos.

E ele estava prestes a fechá-los quando ouviu o quicar de um objeto de metal por perto.

Justin virou a cabeça centímetros para o lado e viu a granada rolando para perto de si, sem o pino de segurança.

Seus ombros caíram ainda mais e ele suspirou, derrotado.

- Ai merd...

*BOOM*

#

- Onde está Keana?! – Christopher engatinhou até perto do vidro da cabine e olhou através dele, procurando pela francesa.

Lauren jogou-se por entre os companheiros de grupo ao lançar granada e abaixou a cabeça, quando a explosão ressurgiu ao longe.

Mas Harry, ao ouvir a pergunta de Chris, apenas fez um sinal de negativo com a cabeça enquanto segurava as lágrimas que lhe ardiam os olhos.

Os ombros de Lauren, que também viu a resposta de Harry, e os de Christopher caíram ao mesmo tempo, ambos se sentindo culpados e com a ardência do luto voltando à tona.

Todo mundo ali suspirou pesadamente com aquela notícia, não sabendo ao certo o que fazer.

Lauren se martirizava por nunca ter dito como Keana, mesmo com os momentos de flertes entre as duas, fora uma boa amiga para ela.

Christopher estava petrificado, sem acreditar que não tivera a decência de dizer um “adeus” para a francesa. Ainda mais depois que ela salvara sua vida.

- Nós temos que ir... – Camila suspirou, em meio às lagrimas.

*Music On* (The Way I Do – Bishop Briggs)

Camila então bateu contra a lataria do veículo indicando que todos já estavam em seu interior.

Isso fez Demetria girar a chave na ignição, abaixar o freio de mão, engatar uma primeira e pisar fundo no acelerador fazendo as rodas de trás da Chevy cantarem na poeira do acampamento militar. O veículo se desenvolveu para frente dando um tranco em todos que se encontravam na carroceria.

A Chevy foi conduzida pelo buraco do muro do passando por cima das almas penadas à frente e deixando para trás os tiros e clarões que ainda aconteciam devido ao confronto entre os parceiros de Vero e os soldados de Justin que ainda tentavam lutar por alguma coisa.

#

Enquanto isso uma Veronica inundada pela raiva passava pela porta escancarada do arsenal. Ela pegou a lanterna que estava presa ao seu cinto e, ao lado de mais quatro luzes dos parceiros, iluminou o local ao redor de si.

Estava tudo vazio.

Nem uma arma ali.

A morena largou o fuzil que ficou pendurado em seu corpo graças à alça que estava passada por seu ombro e caminhou com passos calculados até uma mesa central.

A mulher então iluminou o objeto afiado fincado com sua ponta na madeira.

Era a faca que dera para Lauren na floresta.

Com a mão tremendo por causa da raiva, ela puxou a ponta da faca de dentro da madeira. Mas então letras garrafais lhe chamaram a atenção para a mesa grande.

Ela iluminou a superfície e viu a frase arranhada pela lâmina que se encontrava ali:

“TRUST NO BITCH”.

* “Não confie em vadias”.

Verônica começou a hiperventilar sem acreditar que aquilo houvesse de fato acontecido e um grito de raiva rasgou sua garganta.

Lauren Jauregui havia lhe enganado.

Ela havia lhe passado para trás tão facilmente quanto tirar um doce de uma criança.

A jovem de olhos verdes utilizou de sua força para fugir e ainda roubou-lhe sua parte do trato.

Roubou suas armas.

Veronica fechou os punhos com raiva e olhou através da janela a abertura no muro do acampamento. Conseguiu ver as luzes da traseira da Camionete sumindo, com o veículo sendo acelerado em meio à escuridão.

E então ela jurou vingança.

Jurou encontrar Lauren e seu grupo.

E se vingar.

 

 

Demetria Lovato olhava para estrada iluminada pelos faróis altos da Chevy e dirigia apertando o volante contra suas mãos ainda trêmulas por causa da adrenalina.

Ao seu lado estavam Claire Ogletree, Regina Hansen e Sofia Cabello. As três encolhidas umas contra as outras, assustadas, mas cientes que estavam bem.

Do lado delas Harry Styles olhava para a escuridão através do vidro do lado do carona. De seus olhos escapavam lágrimas quentes e ele segurava um soluço doloroso na garganta. Keana Issartel havia lhe protegido, o havia guiado quando não conseguiu, se manteve ao seu lado sempre. E de novo ela havia sido generosa dando a própria vida pela liberdade deles.

Troy Ogletree mal conseguia manter os olhos abertos por causa da fraqueza. O rapaz tinha um braço sobre os ombros de Allyson Brooke, a abraçando contra si.

Dinah Jane Hansen massageava com uma mão a própria garganta ainda a sentindo arranhar por causa do sufocamento. Normani estava encolhida ao seu lado, com a cabeça escorada em seu ombro.

Louis Tomlinson estava escorado à lataria, tentando ainda acalmar sua respiração irregular.

Christopher Jauregui chorava baixinho com as mãos sobre o rosto para que ninguém o visse, graças à escuridão da estrada. O rapaz então, após alguns segundos, ergueu a cabeça e passou as costas das mãos sujas pelo rosto roxo e inchado limpando as lágrimas. Ele não choraria mais. Ele seria forte.

Todos esses estavam sentados na carroceria fria e amassada da Camionete Chevy. Os corações pulavam como loucos e trepidavam assim como o veículo fazia quando passava em buracos na estrada de terra em meio à escuridão da floresta.

As pernas deles estavam esticadas e descansando sobre as malas jogadas.

Malas cheias de pistolas, fuzis, espingardas, cartuchos de bala e pentes completos, granadas normais e de gás, facas, facões, uma besta e entre outros modelos que eles nem conheciam. O tão conhecido machado de Dinah que já se encontrava agora em suas mãos. Armas de todos os jeitos: brancas, automáticas ou manuais.

Lauren Jauregui se encontrava de pé perto da abertura da carroceria e continuava a encarar os clarões das explosões que ficavam para trás no acampamento. Seus olhos marejados, seu coração apertava como nunca, o peso da culpa em suas costas estava o dobro, pois ela sabia que Taylor Jauregui, Keana Issartel, Alessia Cara e Troye Sivan ficavam agora para trás.

No passado.

Uma lágrima solitária escorreu em sua bochecha esquerda.

Mas então um toque quente em sua mão direita lhe fez arrepiar e olhar para baixo, vendo dedos finos se entrelaçando aos seus. Ergueu o rosto e então viu as órbitas quentes que tanto amava.

Um verde no castanho. Mesmo no escuro, visíveis.

Camila Cabello, também de pé, olhava para o rosto da jovem com admiração enquanto apertava e aumentava o contato de suas mãos. Não ousou sorrir, mas se manteve ali estudando suas órbitas verdes.

Lauren assentiu com a cabeça sem mesmo existir um questionamento. Ela simplesmente concordava com o quê olhos de Camila transmitiam.

“Elas estariam juntas, não importe a situação.”

As duas então olharam novamente para os clarões das explosões enquanto a escuridão da floresta engolia a Camionete Chevy.

Eles seguiriam em frente.

Sem nenhum objetivo a não ser sobreviver até que não conseguissem mais.

Mas seguiram em frente.


Notas Finais


AAAAAAAAAH, TÁ ESCUTANDO ISSO? SÃO MEUS BERROS
Tanta coisa aconteceu nesse capítulo que eu quero, no mínimo, textões nos comentários! Mentira, só um “oi, autora, te amo e o capítulo foi ótimo” já vai me deixar bem feliz.

Ninguém esperava por essa traição, esperava? Esperavam essas mortes? Esperavam esse final? Quero saber!
Ah, o que eu tanto queria dizer nas NOTAS FINAIS é o seguinte: Esse capítulo foi a Season Finale da Primeira Temporada da fanfic.

“AUTORA, A HISTÓRIA ACABOU?” Não! Está longe de acabar!
“AUTORA, VOCÊ VAI FICAR SEIS MESES DE HIATUS IGUAL THE WALKING DEAD?”. Olha... que dá vontade, até que dá, mas não vou conseguir hahaha

Para o bem de todos e felicidade geral da nação, vou voltar dia 14 com a Segunda Temporada da história. Não vou criar outra fanfic, não vou criar outra história, vai continuar tudo acoplado nessa aqui, só vou dar um tempinho para conseguir escrever mais capítulos à frente e criar um enredo bem foda para a segunda parte.
ATÉ MAIS, BEIJOS DE LUZ, WALKERS!


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