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História Into The Dead - Capítulo 30


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Olá, meus amores! Estamos oficialmente de volta com Into The Dead! Antes de tudo queria dizer que a tia aqui leu todos os comentários e amou cada um com todo o meu coração de gelo! Muito obrigada pelas reações incríveis! (Até agora eu ainda tô surpresa com o que a Lauren fez com a mozão Vero!).
Muitas perguntas estão em aberto: O que vai acontecer com o grupo? O que foi aquela loucura no Prólogo? Quando a mozão Vero vai surgir botando fogo em tudo?

Antes que já falem “Poxa, autora, mais um capítulo enorme? Quebra isso!”. Eu tentei, realmente tentei! Mas já achei sacanagem quebrar a Guerra e esse capítulo aqui é na verdade o divisor de águas para de fato começar a Segunda Temporada. Vocês me conhecem e sabem que eu não gosto de correr com as coisas. Odeio aquelas histórias em que o casal se conhece, se come, se casa e tem filhos em menos de uma semana. Por mais que isso seja uma fanfic, quero me aproximar o máximo da realidade.

Boa leitura e me perdoem por qualquer erro.

Capítulo 30 - Capítulo 30


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 30

Três semanas depois...

CAMILA PDV

*Music On* (Hurt – Johnny Cash)

Meus olhos quase não conseguiam se manter abertos e minhas pálpebras pareciam pesadas demais. Todo o meu corpo, assim como meus braços e pernas, pesava toneladas. A dor muscular era tamanha que, a cada respiração efetuada, uma lamúria me arranhava a garganta.

Minha cabeça devagar começou a tombar para o lado e eu quase me cedi ao sono tão suplicante, o descanso tão necessário que não tínhamos há semanas.

Minhas pálpebras chegaram a se fechar, mas assim que meu inconsciente começou a me dominar, os barulhos das vozes ao fundo de Normani e Dinah me fizeram abrir os olhos novamente.

Olho para os lados piscando com força e rapidamente para tentar me livrar do sono que ardia minha visão.

Allyson dormia contra o peito de Troy, que novamente tinha um braço sobre seu ombro. O rapaz loiro continuava pálido e fraco, o que me deixava muito preocupada. Ele descansava a cabeça no vidro da cabine, do lado externo, e tinha os lábios entreabertos sinalizando sua respiração chiada.

Mesmo com o milagre de termos encontrado alguns remédios e suplementos vitamínicos Troy ainda não teve seu tempo necessário para recuperar da cirurgia de vinte e dois atrás.

Seus olhos claros caíram sobre mim e me pegaram em flagra o analisando. Os lábios de Troy formaram um sorriso tristonho e fraco, mas que sinalizava que ele estava bem. Sua mão esquerda foi até os cabelos loirinhos da filha, Claire, que dormia sobre suas pernas, e os acariciou.

Demetria estava praticamente jogada sobre Normani e tinha a boca escancarada, roncando audivelmente. Isso gerava um suspiro de exaustão da morena que estava acordada e encarando as árvores ao nosso redor.

Louis e Harry estavam na cabine da Chevy. Naquele momento o veículo estava parado, mas era o cientista quem dirigia enquanto o jovem de cabelos longos lhe fazia companhia.

Harry não estava bem. Não havia falado muito durante os dias que seguíamos na estrada e, a única pessoa quem conseguira arrancar palavras de seus lábios foi Louis Tomlinson. Os dois conversavam às vezes enquanto o maior olhava as estradas em nosso mapa político.

Dinah estava à minha esquerda fazendo um nó de pescador na ponta de uma corda desfiada e velha. Suas olheiras se encontravam profundas por cansaço e falta de sono também. Regina estava deitada sobre uma mala e sobre a coxa da irmã mais velha, dormindo como um anjinho.

Não era muito diferente da posição que Sofia se encontrava. Ela estava toda largada em minhas pernas com a cabeça descansando na minha barriga, parecendo um sapinho. Dei um sorrisinho triste e penteei seus cabelos suados para trás com a ponta dos meus dedos.

Era uma tarde relativamente quente. Os mosquitos zuniam em todas as direções e posava em nossos braços expostos às vezes, o que gerava reclamações e tapas estralados no nada.

A Camionete Chevy se encontrava estacionada na lateral de uma estrada de terra no meio do condado de Catoosa – ainda em Georgia, mas fazendo divisa com o estado de Tennessee. Era a ação mais necessária e esperta: manter-se fora das rodovias pavimentadas ou interestaduais.

Estávamos no vigésimo terceiro dia na estrada.

Se passamos esse tempo todo vagando por aí?

Praticamente.

A cada casa que encontrávamos havia algo de errado com ela ou com as redondezas.

A primeira fora no condado de Cherokee, depois de passarmos um dia na estrada.

Bonita com padrões de branco e azul. Na despensa continha comidas vencidas, mas outras enlatadas ainda dentro do prazo de validade. Roupas quentes, as quais pegamos, pois não aguentávamos mais usar aquelas roupas camufladas desgraçadas. Aqueles tecidos apenas nos traziam lembranças dolorosas e recentes.

Quando as tiramos as fardas de nossos corpos Dinah deu a ideia de queimá-las e assim a fizemos, criando uma fogueira na lareira da casa para nos aquecer.

O silêncio reinou naquela sala enquanto todos encaravam as chamas engolirem os tecidos. A claridade do fogo refletia em todos os rostos cansados, sujos, mostrando as expressões de raiva, cansaço, tristeza.

Naquela casa de padrões brancos e azuis nós chegamos a ficar quatro dias completos. Mas barulhos nas redondezas, durante a madrugada do quinto dia, nos despertaram. Por sorte, Dinah e Harry, que estavam de vigia, conseguiram avistar por entre os galhos grossos das árvores os zumbis se aproximando.

Era um grupo relativamente grande e, acima de tudo, não perdemos tempo tentando abatê-los com facas.

Usamos nossas armas.

No fim, por sabermos que nossos barulhos atrairiam mais deles, todo o grupo mesmo cansado e com fome precisou empacotar as coisas e jogar tudo na traseira da Chevy e partimos novamente.

Gastamos muita energia e sorte para escaparmos daquele lugar. Porém, felizmente gozávamos de muita munição, então pelo menos não havia sido uma perda total.

*Music On* (Through The Valley – Shawn James)

Continuamos nossa viagem ao norte do estado.

Diferente de quando viajamos com destino ao CDC, agora não tínhamos um objetivo. Não ficávamos durante horas e horas dirigindo a finco, com velocidade máxima, com poucos tempos de intervalo.

Parávamos constantemente procurando em meio à mata por alimento.

Racionávamos as comidas e águas que Dinah e Normani conseguiram, por isso precisávamos também caçar. Dormíamos todos apertados uns aos outros na cabine da Chevy, estacionados entre os galhos das árvores nas redondezas das estradas adjacentes.

Mas, os primeiros dias foram difíceis, porque estávamos tão acabados tanto fisicamente quanto mentalmente que não tínhamos força para nada.

Então apenas vagávamos por aí.

Passamos três dias depois pelo condado de Bartow e felizmente nos deparamos com uma drogaria.

O lugar estava uma total bagunça e, por causa do tempo abandonado, certas partes das prateleiras vazias já começavam a reunir teias densas de aranha. O lugar cheirava à desinfetante e eu só confirmei isso quando passei pela seção de produtos de limpeza e vi os tubos explodidos. Atrás deles, na parede, havia buracos de bala.

Deduzi então que aquele lugar havia sido invadido ou algo do tipo.

Enquanto alguns ficaram de fora cuidando da retaguarda, Lauren, Dinah, Christopher e eu adentramos na drogaria à procura de alguma coisa principalmente para o Jauregui, Troy e Harry.

O rosto de Christopher já misturava tons de amarelo e âmbar, o que era meio nojento de olhar, mas fazia parte do processo de cura.

O rosto de Lauren também tinha os mesmos tons de cicatrização. Consegui, com um kit de primeiro socorros que havíamos encontrado na primeira casa em que paramos, passar um pouco de produtos em seus roxos e no corte em seu supercilio. A região de sua pele estava muito inchada e eu temia que aquilo infeccionasse. Mas, tirando isso, os roxos dos murros estavam sarando.

Troy, como já disse, era o que mais me preocupava. Conseguimos estancar o sangue de seus pontos, que também trocamos, mas ele estava fraco demais por falta de vitaminas.

O tornozelo de Harry também não estava lá as melhores coisas. Após precisar correr tanto naquela noite de fuga o seu tornozelo ficou ainda mais inchado e os pontos apertavam a carne sensível. Ele ficou sem andar, praticamente, por dois dias.

Lauren e Christopher entraram com as lanternas acesas e eu e Dinah com as armas levantadas. Precisamos, dentro da drogaria, abater apenas um jovem gordinho.

A maioria das drogas, incluindo analgésicos, anti-inflamatórios, ansiolíticos e entre outros, haviam desaparecido. Porém, achamos Dipirona para dor, amoxilina para infecções, Ibuprofeno para inflamações e, felizmente, quatro fracos de vitaminas.

Achamos também duas revistinhas de criança por debaixo dos bancos da drogaria e as pegamos para mantermos pelo menos as crianças quietas.

Decidimos então passar a noite ali. Carregamos nossas coisas para dentro da drogaria e fizemos turnos de vigias como estávamos acostumados.

Porém sabíamos que não conseguiríamos viver em uma drogaria.

Então na manhã seguinte entramos outra vez na carroceria da Chevy e continuamos viagem.

*Music On* (Punisher – God’s Gonna Cut You Down (Remix))

Quando pegamos uma adjacente de cascalho para entrarmos em uma estrada de terra, que daria para o meio da floresta de pinheiros do estado, nós passamos perto da cidade de White.

A cidade era conhecida por ser, antes do Apocalipse, a Cidade do Carro Antigo. Nela se abrigava o maior ferro-velho de carros antigos do mundo, o Old Car City.

O ferro-velho ficava literalmente no centro da floresta e comportava um número incrível de quase 4.000 carros clássicos.

Aproveitamos o lugar e paramos ali por algumas horas. Procuramos, entre o verde que engolia a lataria velha dos carros, por alguma coisa que nos interessasse. Os carros antigos eram de modelos da metade do século passado e, nas mãos de pessoas certas antes da Desgraça acontecer poderiam ter sido modelos maravilhosos.

É, mas dá pra ver que não rolou.

Encontramos duas latas de óleo para o motor da Chevy, algumas fitas de borracha para o escapamento que começava a fazer um barulho irritante. Mas, o que realmente procurávamos era uma mangueira nova para o radiador. A porcaria daquela Camionete estava chiando há mais de 10 km.

Mesmo não encontrando o que mais procurávamos, eu pude ver nos olhos de Christopher e Lauren a emoção por estarem ali. Era notável o quanto os irmãos gostavam de carros e ver aquelas relíquias à sua frente foi como alguns segundos de alegria.

Apenas segundos.

Logo voltamos para o interior da Chevy e continuamos nossa viagem para sabe-se lá onde.

Passamos dois dias em Gordon, mas tudo estava perdido por lá.

Então mais um dia na estrada.

Depois encontramos um celeiro velho no condado de Gilmer e ficamos ali por dois dias.

Mas, zumbis apareceram.

Então mais um dia e meio na estrada.

Demoramos dois dias e meio para atravessamos o condado de Murray, pois todas as estradas – tanto as rodovias principais, interestaduais e adjacentes – estavam repletas de carros abandonados e hordas letárgicas.

Há cinco dias havíamos parado no condado de Whitfield, na sua região sudeste. Nas proximidades da cidade Dalton, que é a sede do condado, tivemos a oportunidade de trocarmos de carro, mas preferimos continuar com a Chevy, pois ela conseguia carregar todos e ao mesmo tempo guardar gasolina.

Era melhor do que ter que repartir a gasolina entre dois carros.

Entretanto, nosso azar pareceu aumentar ainda mais, pois, mesmo fugindo das rodovias o lugar parecia estar infestado demais de mortos. Eles surgiam por entre os prédios, esquinas, sombras assim como mensageiros do próprio Diabo, prontos para buscarem nossas almas.

Precisávamos então nos adentrar ainda mais no mato.

Via-se nos olhos de todos a incerteza.

O que estávamos procurando?

Para quê estávamos seguindo em frente?

Quando iríamos parar?

Qual era nosso objetivo?

Não conversávamos muito. Quando nos reunimos para racionar a comida que tínhamos apenas trocávamos as palavras necessárias para uma comunicação não rude.

Não tínhamos sequer força ou psicológico para tal ato.

“Vamos continuar seguindo em frente até achar um lugar que nos faça sentir seguros.”

Essa havia sido uma das poucas frases que o fraco Troy dissera na viagem.

Lauren, na noite passada, dormiu com a cabeça em minhas coxas enquanto eu fazia um carinho genuíno em seus cabelos. A jovem de olhos verdes não falou muito durante aqueles vinte e dois dias. Também não chorou, não falou sobre seus sentimentos e nem sobre qualquer outra coisa.

Olhando-a dormir como um anjo eu temia que uma hora ela simplesmente explodisse. Que a dor que sentia em seu peito detonasse tudo como uma boa granada faz.

Se ela não tinha nem forças para discutir assuntos triviais, quem diria discutir comigo sobre o nosso relacionamento.

Mas, na verdade, eu não sentia a necessidade disso agora. Eu estava ali para ela, assim como ela estava ali para mim.

Era assim.

“Um por todos e todos por um” nunca fizera tanto sentido na minha vida.

E só então, ainda olhando para Sofia dormindo nesse exato momento em minhas pernas assim como Lauren dormiu, eu percebi que a Jauregui estava ausente por muito tempo.

Estávamos parados na lateral da estrada depois que Louis alegou estar com vontade de urinar. Harry, Lauren e Christopher também aproveitaram a parada e adentraram na floresta dizendo que procurariam por alguns frutos, mas, todos nós, sabíamos que os três apenas queriam seus momentos sozinhos.

Há cinco dias completos que estávamos na estrada. As noites foram passadas dentro daquela traseira de Chevy, então isso justificava a dor intensa em minhas costas por precisar ficar sentada o tempo todo.

E então barulhos de galhos se quebrando nos fizeram ficar atentos.

Demetria continuou roncando contra Normani, mas ela e Dinah ergueram os pescoços, assim como eu, e procuraram pela fonte do ruído.

Mas logo soltamos os ares presos em nossos pulmões quando avistamos Louis, Harry e Christopher voltando por entre os galhos das árvores.

Franzi o cenho quando não avistei Lauren.

Christopher já caminhou em minha direção olhando diretamente para mim. Logo, meus instintos protetores afloraram e possivelmente rapaz notou minha expressão de preocupada.

- Ela não está bem... – Christopher sussurrou e soltou um murmúrio de dor.

Tanto ele quanto os outros homens tinham as barbar por fazer. A barba de Christopher era negra e estava relativamente grande após vinte e dois dias sem nenhum cuidado.

- Nós passamos perto de flores e uma delas eram Gardênias. – o jovem explicou, passando a mão pelos cabelos sujos. – Elas eram as preferidas de Taylor.

Não foi preciso muito mais para eu entender. O olhar cansado, agora marejado do rapaz, explicava tudo.

Eu engulo seco para tentar suportar o aperto em meu coração. Todos nós sentíamos falta de Taylor, de sua presença inocente, de sua mania de tagarelar e sempre começar os assuntos entre nós.

Talvez fosse por isso que estávamos tão silenciosos ultimamente.

Era sempre Taylor quem nos obrigava a conversar.

Graças a ela nos tornamos um grupo.

Coloco uma mão no ombro de Christopher e inspiro fundo para que minhas próprias lágrimas não viessem à tona.

- Cuida dela para mim? – pergunto pegando Sofia pelos braços, ainda adormecida, e entregando para Christopher.

- Claro. – ele respondeu com um sorriso tristonho, a pegando de mim.

Pulo da traseira da Chevy e começo a caminhar por entre o mato alto da floresta. Passo por galhos levantados e secos, dou a volta em algumas pedras no meio do caminho e continuo a trilha até avistar uma silhueta no horizonte.

Deveria ser próximo das duas horas da tarde e o sol estava queimando nossas testas expostas.

A pele de Lauren entrava em contraste com o Sol. A jovem sempre fora muito branca e, mesmo recebendo os raios solares diretamente, não conseguia se bronzear. No máximo ficava vermelha igual um camarão.

Mas isso não parecia ser importante agora para ela, pois a jovem se encontrava agachada perto de uns tufos de grama e flores.

De longe eu avistei uma Gardênia em suas mãos.

Lauren cheirava a flor branca e tinha os olhos fechados.

- Era a flor preferida da Taytay. – ela sussurrou, mas eu consegui ouvir.

Era estranha essa nossa habilidade de sabermos que se tratava de uma de nós se aproximando.

- Christopher me disse. – respondo também baixinho e vou me aproximando devagar de onde estava agachada.

Coloco meus joelhos no chão e ficou ao seu lado analisando as Gardênias que pareciam lutar bravamente contra as adversidades do meio.

Elevo meu olhar e percebo então que Lauren me encarava com suas órbitas verdes marejadas.

Ela continuou com o contato visual, esperando que eu dissesse alguma coisa, mas não o fiz. Apenas continuei olhando suas imensidões verdes, seus planetas, de volta.

Eu sentia como se uma manada de elefantes passasse por cima de mim quando ela me analisava daquele jeito. Como se conseguisse ver algo extremamente bom dentro de mim, algo que a fizesse querer lutar, algo que a fizesse querer se curar para continuar a seguir em frente.

- Por que você não fala nada?! – sua voz estava falhada. Lauren então fungou e piscou lentamente. – Quero dizer... os outros... sempre tentam me dizer palavras de conforto... mas... você não faz isso!

- Não há nada o que ser dito, Lolo. – respondo e devagar coloco minha mão em sua bochecha.

Acaricio com a ponta do meu dedão a pele levemente amarela, onde ela havia recebido um murro durante a luta de semanas atrás. O contato genuíno fez Lauren fechar os olhos por alguns segundos e aproveitar o carinho.

- Nada que eu disser vai fazer a sua dor ir embora... – continuo. – Só você pode fazê-la sarar. Eu apenas vou continuar aqui, do seu lado, em silêncio se você quiser, para te segurar caso ache que vá cair.

Lauren continuou de olhos fechados por alguns segundos ainda tirando proveito do carinho em seu rosto. Suas sobrancelhas estavam unidas e eu via, pelo seu cenho franzido, a força que ela fazia para suportar aquele turbilhão de emoções dentro de si.

Por Deus, olhando-a assim eu sentia vontade de abraçá-la e sugar toda aquela dor. Meu peito chegava a queimar por vontade de cuidar dela.

Lauren então abriu os olhos e voltou a me analisar intensamente.

- Onde você esteve durante toda a minha vida? – ela perguntou olhando em meus olhos.

Eu sorri meio tristonha e dei de ombros.

Isso fez Lauren franzir o cenho novamente, mas dessa vez de uma forma mais suave indicando seus segundos de divertimento por minha resposta completamente tímida.

- Ela gostava de nós duas juntas. – sussurrou, olhando agora a Gardênia em suas mãos.

Novamente eu não disse nada. Apenas peguei uma de suas mãos e devagar deslizei meus dedos por sua palma. O carinho doce logo acabou e eu entrelacei seus dedos aos meus.

Isso, depois de vinte e três dias, fez finalmente Lauren dar um meio sorriso e me olhar mais calma.

Um meio sorriso, mas ainda assim um sorriso.

 

Não demoramos muito ali entre os galhos dos pinheiros, pois, momentos depois andarilhos surgiram. Estavam longe, mas podíamos ouvi-los grunhido guturalmente.

Lauren apanhou a flor e a levou consigo de volta para a Camionete Chevy.

Menos de um minuto depois a Chevy já estava sendo ligada e, com todos sentados na traseira, exceto os da cabine que eram o Louis, Harry e Chris – e Sofia que continuava a dormir em seus braços –, seguimos viagem.

Lauren, sentada do meu lado, repousou a cabeça em meu ombro. A analisei se aconchegar meio desengonçada contra mim e decidi então passar meu braço direito por suas costas, deixando que de fato ela descansasse contra meu peito.

Lauren passou seus braços ao redor de meu corpo, me abraçando de lado. Ela então fechou os olhos e se entregou ao sono. Seu rosto estava escondido em meu pescoço e eu sentia sua respiração aos poucos se tornar mais branda até que seu corpo se tornasse imóvel e inconsciente. 

Acaricio suas costas, a ninando de uma forma lenta.

Por fim coloco um beijo simples contra sua têmpora.

E quando eu olho para frente, com o objetivo de me perder em pensamentos enquanto encarava o horizonte, percebo que Normani me analisava intensamente. No rosto da morena bonita um projeto de sorriso se formava, mas não se completava talvez por timidez.

Normani então fez um afirmativo breve com a cabeça e voltou a se encostar contra a lataria da traseira, com Demetria ainda dormindo em cima dela.

Era um aviso silencioso:

“Gostei de você cuidar da minha amiga”.

 

Quando a camionete passou por um buraco no meio da estrada e toda a sua lataria chocalhou eu abri os olhos repentinamente.

Só então percebi que havia caído no sono.

Ao nosso redor os últimos raios de Sol sumiam no horizonte por detrás dos troncos e copas das árvores da floresta. O frio da noite chegava devagar, fazendo os que estavam ali acordados começarem a passar as mãos pelos braços por causa da brisa.

Pelo visto eu fui a penúltima a acordar.

Lauren ainda continuava dormindo contra mim. Seu rosto não estava mais escondido em meu pescoço, mas sua cabeça continuava escorada ao meu ombro. Às vezes ela balançava por causa dos movimentos bruscos do veículo – principalmente quando Louis, que ainda dirigia, precisava desviar de zumbis cambaleando no meio da estrada.

E então eu só fui perceber que tinha alguma coisa errada quando a velocidade da Camionete Chevy foi diminuindo até que o veículo parou na lateral da estrada.

- Por que paramos? – pergunto para Troy, Ally, Normani, Demi e Dinah que estavam junto a mim na traseira.

Porém, invés de um deles me responder, a voz veio do lado de fora.

Após Harry pular da cabine, Christopher também o fez.

- A gasolina acabou. – o Jauregui respondeu coçando a cabeça.

Sua expressão não era uma das melhores.

Até porque a maldição da gasolina havia acabado enquanto estávamos no meio do nada e com a noite começando.

- Mas... não tinha nada para trás?! – pergunto ainda meio zonza por causa do sono. – Quanto tempo eu dormi? Não teve nenhuma cidade para trás ou alguma coisa para que pudéssemos procurar gasolina?

- Não. – Harry respondeu e mexeu a mão que estava segurando o mapa. – Quer dizer... até havia uma vilazinha no caminho em que passamos, mas não havia gasolina. Nós checamos.

Pelo visto meu sono realmente fora pesado para nem perceber essa parada.

O silêncio então se apoderou do grupo, pois não tínhamos a mínima noção do que fazer.

Christopher deu alguns passos à frente e começou a analisar o espaço em que nós estávamos. Ele tinha a mão na arma que em um coldre preso no cós de sua calça – suporte esse que veio junto na mala.

Eu poderia acordar Lauren, mas isso apenas a deixaria ainda mais sobrecarregada de emoções.

Decidi então esperar que Christopher tomasse uma decisão.

Até porque era ele quem vinha as tomando até agora.

Apenas o que ouvíamos eram os barulhos de grilos gritando e os sibilos da brisa entre os galhos. Os faróis da Camionete continuavam acesos iluminando a estrada sem fim a nossa frente.

- Se ficarmos aqui vamos estar muito expostos. – Christopher voltou caminhando até nós e foi direto até Harry. – Qual é a coisa mais próxima de nós aqui?

O jovem de cabelos longos desenrolou o mapa e o abriu contra a porta aberta da cabine. Dinah pulou de cima da traseira – com suas botas fazendo um barulho abafado ao baterem contra o asfalto frio – e acendeu sua lanterna contra o mapa.

O dedo da loira alta seguiu o caminho da estrada de terra em que nos encontrávamos até parar em um ponto do mapa.

Nós agora já estávamos além da divisa do estado de Tennessee.  A região era lotada por planícies e árvores um pouco menores que pinheiros, secas e lutadoras contra a temperatura baixa que caía cada vez mais com o chegar da noite.

Era a primeira semana de Março e mesmo com o início da Primavera o frio não diminuiu.

Em Miami o frio não era tão forte – por mais que tivéssemos reclamado dele – como agora era no condado de Marion onde nos encontrávamos.

Tennessee não tinha as temperaturas formidáveis da Flórida.

Notava-se que as crianças se encolhiam em meio aos adultos e os adultos se aproximavam tentando se aquecer.

Havíamos andado muito naquela tarde.

- Nós vamos precisar entrar na mata... – Dinah murmurou. – Aqui... – ela apertou o dedo no mapa. – É uma área plana de plantação de milho. O estado tem mais da metade da extensão repleto de fazendas. Não é possível que não encontremos pelo menos uma para passar a noite.

- E temos que encontrar... – Troy intrometeu na conversa. O loiro alto se acomodou dentro da traseira, ainda sentado. – Minha filha está com frio e sabemos que a madrugada dessa região é gelada. Beira os 7ºC.

Ainda que a temperatura não estivesse totalmente baixa, Claire já tremia de frio. Provavelmente beirávamos os vinte graus. Sofia me olhava através do vidro da cabine, da parte de dentro, e pude ver por seus olhinhos que ela também concordava com a situação.

Ela estava com frio também.

- Então temos que ir agora. – Christopher inspirou fundo, tomando a decisão. – Vamos aproveitar que ainda não está totalmente escuro. Temos talvez uns dez minutos até a noite realmente cair.

Assentimos, sem opção.

Devagar os acordados foram se levantando na traseira da Camionete Chevy. Allyson ajudou Troy a ficar de pé e pegou Claire para seus braços; Dinah estendeu uma mão para Normani e ajudou a morena a colocar Demetria também de pé. Regina já estava acordada e com a mãozinha agarrada à da irmã mais velha.

Com os barulhos dos passos e dos pulos para a estrada Lauren se remexeu contra mim. Ela já fazia alguns movimentos por causa da queda da temperatura, mas continuava em seu sono pesado.

- Laur... – sussurro contra seu ouvido.

Lauren resmungou e escondeu de novo seu rosto em meu pescoço, fazendo uma manha inacreditável.

Escutei então risadinhas de Dinah, que arrumava a roupa de Regina para cobri-la do frio.

Reviro os olhos e voltou a focar no rosto de Lauren.

- Acorde...

Passo a mão em sua bochecha e com a outra comecei a chocalhá-la. Devagar Lauren abriu finalmente os olhos ainda grogues por causa dos remédios que havia tomado mais cedo. As imensidões verdes foram diretamente para mim.

- A gasolina acabou. Vamos caminhar até achar algo.

Porém essa informação fez Lauren se assentar em um supetão, com os olhos já arregalados.

- O quê?! – ela olhava para os lados, confusa.

- Calma... Já está tudo sobre controle! – digo, colocando uma mão em seu ombro. – Vamos procurar algum lugar para passarmos a noite!

Lauren piscou rapidamente ainda tentando raciocinar tudo. Provavelmente a zonzeira do sono estava deixando seu raciocínio mais lento.

- Ok...

Indico com uma mão para que ela saísse da traseira e a jovem se arrastou com preguiça para fora do carro.

Perto da lateral da estrada, onde estava repleta de folhas morrendo por caírem das árvores, todos nos esperavam.

Precisei ser rápida em pular da traseira do veículo e segurar o ombro de Lauren quando ela cambaleou para o lado.

Nossa comida havia acabado há exatamente um dia e a fome já começava a nos dominar.

Fizemos racionamento de comida, mas mesmo assim não foi o suficiente. Nos lugares em que parávamos e que encontrávamos abandonados as pessoas já haviam os saqueado.

Estava ficando difícil achar comida em lugares de fácil acesso.

Meu estômago parecia colar as paredes dentro de mim e urrar como um lobo faminto.

Passei um braço de Lauren no meu, a mantendo perto. Caminhamos até onde os outros estavam e rapidamente Sofia agarrou minha outra mão livre. Os outros – exceto Troy, e Dinah e Normani – carregavam as mochilas: algumas com roupas, mas a maioria com as armas.

Todos nós inspiramos fundo e então adentramos novamente no interior da floresta, assim como fizemos em nossa viagem ao CDC.

Só que dessa vez não corríamos.

Na medida em que entrávamos no coração da mata, mais escuridão nos englobava e mais frio parecia fazer.

As crianças abraçaram as pernas de seus parentes e os adultos começaram a soprar às próprias mãos para aquecê-las.

Os vapores de nossas respirações quentes bailavam pelos ares.

Apenas nossos os barulhos de nossos pés quebrando os galhos e pisando no mato eram ouvidos.

Durante nosso trajeto apenas uma andarilha apareceu.

Era uma mulher que usava um macacão manchado de sangue seco e aparentava ser uma fazendeira, pois até botas e luvas de maquinário usava em mãos. Sua cabeça tinha um corte grotesco na lateral que pingava uma gosma preta, mas não fundo o suficiente para atingir seu cérebro. Ela grunhia com a boca escancarada e olhar cinzento.

Christopher, por estar liderando nosso trajeto, a abateu com uma faca.

O Jauregui retirou a lâmina do interior da cabeça da morta e alguns espirros de gosma voaram no ar.

Continuamos a andar pela floresta.

Qualquer barulho nos fazia arrepiar.

Ouvíamos uivados ao longe e isso servia apenas para aumentar nosso medo. Só porque estávamos em um Apocalipse não podíamos esquecer que existiam animais nas florestas e, se os mesmos sobreviveram aos dentes dos zumbis, se encontravam famintos.

Continuamos assim por quase uma hora e meia: caminhando entre troncos, pulando pedras e pequenos nascentes, desviando de galhos das árvores.

O cheiro de relva era bom, mas não agora.

Não agora que dependíamos de achar comida e abrigo contra o frio.

- Nós vamos ter que parar por aqui... – Christopher parou de andar e se virou para o grupo.

Era um conjunto de quatro pedras acinzentadas juntas, formando uma espécie de paredão contra a região leste da floresta. Algumas pequenas árvores nasciam nas brechas entre elas, mas não cresciam muito por causa da falta de espaço.

Dinah e Normani iluminaram o lugar com suas lanternas.

- Está frio demais e irá apenas piorar. – o Jauregui anunciou. – Vamos fazer uma fogueira e amanhã cedo continuamos.

- Mas vamos ficar aqui?! – Allyson perguntou, abraçada ao corpinho de Claire. – Tão expostos?!

- É melhor do que ficarmos vagando por aí em meio ao escuro e nesse frio! – Christopher sibilou caminhando em direção das pedras.

Sofia abraçou o meu corpo e eu fui obrigada a pegá-la nos braços. Seus olhinhos estavam pequenos por causa do sono. Minha irmãzinha abraçou meu pescoço e descansou o rosto em meu peito.

*Music On* (Plastic Heart – feat. Ciscandra Nostalghia (John Wick: Chapter 2 OST)

Seguimos os passos de Christopher até perto das pedras.

- Mas... isso não parece certo... – Troy concordou com a enfermeira. – Cara, olha ao redor! Estamos no meio do nada! Devíamos continuar!

- Já disse que isso é o melhor... – Christopher se virou e tentou argumentar, mas foi interrompido.

- A fogueira vai ser vista ao longe! – Dinah murmurou.

- E existem animais nessa mata! – Normani completou.

- Além que não temos visualização de todos os lugares!

- E...

- QUEREM SABER?! – Christopher interrompeu a morena bonita. Seu olhar estava enraivecido e o maxilar travado. – Por que vocês querem uma pessoa para decidir as coisas se todos vão ficar dando as opiniões, huh?!

A explosão do jovem nos fez arregalar os olhos, assustados.

Dinah, com Regina ainda agarrada a si, e Normani deram até dois passos para trás se distanciando do jovem irado. Lauren suspirou ao meu lado, exausta demais para argumentar com o irmão. Demetria, Louis e Harry apenas observavam a cena.

- Chris... – Lauren tentou acalmar o irmão.

- Não! – ele apontou para a irmã como se a ameaçasse. – Eu estou cansado, ok?! – Christopher olhou para todos, tristonho. – Quando é para tomar as decisões difíceis vocês recorrem a mim, mas quando eu tomo uma decisão por mim vocês começam a reclamar!

- Ninguém recorre só a você! – Lauren retrucou o irmão e eu via a indignação em seu rosto.

- Ah, claro, me esqueci... – o tom do rapaz estava banhado ao sarcasmo. – Eles recorrem a você e a Camila também. Mas nunca colocam as bundas deles no perigo de tomar as decisões! – Christopher então voltou a olhar para os outros. – Me digam! Eu estou cansado desses olhares cheios de: “Só nos enfiamos na porcaria do acampamento militar porque Christopher, Lauren e Camila nos fizeram fazer isso!”. Vocês... – o rapaz apontou para o restante. – Nunca precisaram decidir merda nenhuma!

- O quê?! – Allyson arregalou os olhos, boquiaberta. – Christopher, para! – ela o repreendeu. – Você está cansado, com fome e machucado! Não está querendo dizer essas coisas!

- Oh, estou querendo sim! – o jovem balançou a cabeça freneticamente e bateu as duas mãos com força no peitoral. – Eu não me nomeei o líder dessa porcaria!

- Você não é o líder! – Lauren tentou não gritar com o irmão, portanto sua voz saiu mais rouca que o normal. – Isso aqui é uma democracia!

- Então esse é o problema! – Christopher virou o rosto para a irmã. – Não vê?! Você é tão mais esperta que eu, Lauren! Nesse mundo atual a democracia não funciona mais! Não há como sobreviver com tantas pessoas dando tantas opiniões! Um erro! – o rapaz levantou um dedo trêmulo de raiva. – Um erro é o necessário para matar todo mundo!

Ficamos em silêncio por longos segundos.

Meu coração batia rapidamente dentro do meu peito e eu estava em uma expectativa negativa sobre aquele momento.

Todos estavam com fome, cansados e irritados.

As chances de uma briga real acontecer eram grandes.

- Cara... o que você está querendo dizer com isso? – Harry se pronunciou pela primeira vez.

- O que eu estou tentando dizer é que enquanto não nomearmos a porcaria de um líder nesse grupo as coisas vão continuar a desandar assim como estão desandando! – Christopher respondeu tudo em uma só respiração.

Dessa vez o silêncio perdurou por um momento maior.

Apenas nos olhávamos esperando que alguém tivesse a coragem de dar um passo à frente e tomar aquela responsabilidade para si.

Mas ninguém fez isso.

E então uma risada cheia de escárnio veio dos lábios de Christopher.

- Está vendo?! – ele perguntou olhando para todos nós. – Agora ninguém quer dar a maldita opinião!

Vejo Normani engolir seco e Dinah coçar o alto da cabeça. Harry e Louis se entreolhavam e Demetria suspirava pesadamente. Ally estava com um braço de Troy passado por seus ombros enquanto segurava Claire. Sofia estava abraçada a mim e Lauren continuava parada ao meu lado, olhando o irmão inquieto à nossa frente.

- Já que decidiram ficar quietos agora, vamos então ficar aqui durante a noite! – Christopher praticamente rosnou e virou-se em direção da floresta. – Se alguém quiser, eu aceito ajuda para procurar madeira para uma fogueira. Mas, se não quiser também, sentem a maldita bunda no chão e esperem a luz do dia!

O jovem então sumiu entre os primeiros troncos das árvores. Louis suspirou e puxou Demetria pela blusa para que eles seguissem Christopher. Dinah deixou Regina com Normani e foi fazer o mesmo, segurando seu machado e sua lanterna.

Por mais que o Jauregui houvesse sido rude, presávamos por sua vida. E, entrar sozinho ali, não era uma boa ideia.

Eu não tinha psicológico suficiente para decidir se Christopher estava certo ou errado sobre o quê dissera, mas sabia que de fato fazia sentido.

Invés de sentarmos a bunda no chão como ele dissera, nós pegamos um rolo de barbante que havíamos encontrado em uma de nossas procuras nos dias anteriores. Cercamo-nos em um perímetro de seis árvores e colocamos algumas latas vazias de comida penduradas para sinalizar algum barulho.

Logo Christopher voltou seguido por Louis, Dinah e Demetria. Eles seguravam galhos sinuosos nos braços. Parte deles foi jogada no centro do círculo em que formamos e outra parte, os maiores e mais grossos, foram colocados estrategicamente ao nosso redor para dificultar ainda mais, além do barbante, a passagem de intrusos.

Dinah trouxe também duas pedras e riscando uma na outra conseguiu produzir pequenas faíscas, que, ao caírem em um mato seco, criaram uma pequena chama. Logo tínhamos uma pequena fogueira para aquecermos.

Christopher subiu nas pedras e ficou ali, vigiando ao redor.

Não que estivéssemos magoados com o rapaz, mas, tanto ele quanto nós, não queríamos discutir isso agora.

Dinah e Louis também pegaram o primeiro turno de vigia. Lauren, Demetria e Normani pegaram o segundo. E eu, Harry e Ally pegamos o último.

E assim tentamos sobreviver mais uma noite.

 

De fato aquela fora a melhor decisão. Tivemos apenas que abater três zumbis que apareceram durante a madrugada. Pelo visto por causa da existência de tantos campos abertos os andarilhos não estavam conseguindo se agrupar assim como faziam nas cidades.

Ponto para nós.

Mantivemo-nos aquecidos com a fogueira e com a presença humana, tendo então apenas que nos esforçarmos para lutar contra a fome.

Logo cedo pegamos nossas malas, que basicamente eram apenas armas, e apagamos devidamente a fogueira evitando deixar rastros para qualquer pessoa que nos seguisse. Recomeçamos então nossa caminhada pela floresta.

Já caminhávamos há mais ou menos duas horas e o calor da manhã nos dava um pouquinho mais de energia. As crianças analisavam as borboletas voando entre os galhos de flores coloridas.

Tennessee era estado com uma linda flora, onde flores coloriam as árvores.

- Eu estou com fome... – Sofia resmungou segurando minha mão enquanto pulava um galho alto.

Abro a boca para respondê-la, mas Lauren antes disso passou uma mão pelos cabelos sujos da criança.

- Vamos achar alguma coisa para comer, Sofi. – ela disse e tentou sorrir para a pequena.

Isso fez Sofia ficar mais tranquila e sorrir de volta.

- Oh, graças a Deus! – escuto então a voz de Allyson à nossa frente.

Automaticamente viro meu rosto deparando-me com um campo verde oliva e vivo.

O campo era aberto e a grama compactada. O terreno em si era pouco arborizado, contendo apenas pequenos arbustos e, ao longe, quase fora do campo de percepção, alguns pinheiros se encontravam. Colinas azuladas por causa da claridade do Sol exuberante bailavam ao fundo no horizonte.

E no meio daqueles morros depressivos havia uma casa de paredes brancas, varanda ampla e janelas enormes. Ela era de dois andares e, mesmo de longe, percebíamos a tinta arrancada das paredes.

Ao redor da residência existiam pés de milhos mortos, altos e velhos. O vento fazia os brotos secos balançaram para lá e para cá, zunindo. Maquinários de lavoura estavam estacionados por entre os pés quebradiços e beges pela ausência de chuva.

Ao lado da casa, talvez a uns trinta metros de distância, existia um galpão pequeno de tábuas avermelhadas. Logo notei que se tratava de um celeiro quase caindo aos pedaços.

Mas, o mais notável, era que mais nada rodeava a fazenda.

Os paredões de pinheiros, dos quais estávamos agora de pé e no limite, eram de fato uma barreira contra os curiosos.

Ninguém pensava em atravessar tanto mato e tanta floresta para chegar naquele lugar esquecido por todos.

Um ou dois zumbis eram vistos vagando tão longe que suas silhuetas eram apenas pontos em meio à grama alta.

Era dali que vinha a morta com o macacão de fazendeira.

Aquela casa era tão isolada das cidades – já que o último vilarejo do condado de Marion estava há mais de três horas de carro dali – e tinha um espaço de visualização tão amplo para notar intrusos poderia ser dita como um tesouro.

Meu coração batia descontrolado no meu peito, pois, depois de semanas terríveis, pela primeira vez, uma pequena chama de esperança nasceu.

Viro meu rosto para Lauren, querendo desesperadamente saber como ela estava, e vejo seus olhos verdes brilhando também enquanto encarava o local à nossa frente, distante de nós apenas pelo amplo campo que nos separava.

Christopher também estava do mesmo jeito.

Assim como Dinah, Normani, Allyson, Troy, Demetria, Harry, Louis.

Os olhos brilhando de felicidade.

Normani foi a primeira a dar o primeiro passo à frente em direção do campo aberto.

Estávamos um pouco hesitantes, mas logo seguimos a morena.

A cada passo vagaroso que dávamos em direção da casa de dois andares a chama em nossos corpos apenas aumentava.

Depois de vinte e quatro dias completos vagando por aí recolhendo restos de comidas, restos de remédios, restos de roupas, estaríamos finalmente achando um lugar seguro para ficar?

Eu não queria me iludir, mas meu psicológico e meu físico estavam fodidos demais para passar mais vinte dias por aí desse jeito.

Precisávamos nos fortalecer de novo.

Andamos por entre a grama alta do campo que cercava o perímetro do casarão até nos aproximarmos do início do milharal, que era rodeado por uma cerca antiga. Exceto por Lauren, Dinah e eu, as outras pessoas retiraram fuzis e espingardas de dentro das malas e passaram as alças, das que dispunham, pelos ombros.

Um caminho de terra nos guiaria entre os milhos mortos até a varanda da residência. Ainda caminhávamos no chão macio e observávamos alguns corvos picando os pés, buscando por algum milho ainda comestível. Acima do horizonte de milho morto via-se um espantalho, tão assustador quanto os dos filmes, no centro da plantação.

À medida que nos aproximávamos os detalhes da casa ficavam mais visíveis. Na varanda cadeiras de madeira estavam dispostas para se sentar e observar a natureza bonita ao redor.

Nossas respirações começaram a ofegar ao percebermos que aquilo de fato existia.

Que aquele lugar existia.

Então quando chegamos à metade do caminho de terra nós praticamente começamos a correr. Largamos as malas de roupas no chão. Harry e Louis ficaram com as crianças para trás, segurando o restante das armas.

O restante do grupo começou a correr em direção do casarão desesperadamente.

Corríamos como se fugíssemos de algum predador.

Predador esse que era o nosso passado.

Minhas pernas estavam fracas a cada passada rápida, meu peito queimava. Eu segurava na mão direita minha Dan Wesson Airsoft com força e olhava ao redor, ainda sem acreditar.

Lauren estava exatamente ao meu lado. O vento de nossa corrida faziam seus cachos negros serem jogados para trás. Ela também segurava a sua Desert Eagle prateada na mão direita e tinha os olhos focados na residência.

Fazíamos orações silenciosas para que não fossemos iludidos de novo.

Fazíamos orações silenciosas para que ali pudesse ser um lugar seguro e um lugar para nos fortalecermos outra vez.

Quando nos aproximamos da varanda ampla, que era uma mistura de tons vermelhos no piso de madeira velha, nós paramos de correr e fizemos uma formação.

Já era quase automático cada um cuidar da retaguarda do outro.

Com nossas armas levantadas, procurávamos por algo suspeito.

Nada além do vento fazia o milharal morto mexer.

Era tão calmo e pacífico que parecia surreal.

Dinah e Normani estavam mais ao lado esquerdo e decidiram ir por esse caminho. Allyson, Troy e Demetria foram pelo caminho direito à residência.

E depois todos entrariam pelos fundos, pois, caso alguém tentasse fugir de nós, eles o encurralariam.

Lauren, Christopher – que segurava uma espingarda automática em mãos – e eu subimos os degraus da varanda ampla.

Havia uma série de bancos distribuídos, uma mesa com um pano velho, talheres e xícaras por cima.

Mas as marcas de sangue seco na madeira indicavam que a morte também chegara naquele lugar.

A cada passo que dávamos fazia a madeira abaixo de nossos pés estralar. Analisávamos pelas janelas, à procura de movimentação dentro do casarão, mas não encontramos nada suspeito.

Faço um sinal então para Lauren e Christopher. Nós paramos juntos à porta de tonalidade encardida e inspiramos fundo para ganharmos coragem.

O Jauregui mais novo colocou a mão na fechadura e esperou que eu e Lauren sinalizássemos que estávamos prontas.

E assim que afirmamos com a cabeça o rapaz girou a maçaneta e escancarou a porta para nós.

Dou passos rápidos à frente, entrando e com a Dan Wesson levantada.

Não vejo nada na primeira instância.

Ao entrarmos na sala daquele casarão tivemos, no início, a desagradável sensação de tristeza e abandono. O chão não tinha brilho, os móveis no estilo colonial estavam empoeirados, tapetes embolorados. 

No centro da sala estava uma mesa de madeira estilo persa onde alguns copos sujos estavam dispostos.

Três copos.

Três pessoas.

Christopher, Lauren e eu nos entreolhamos receosos.

Poderiam estar vivos, mortos, mas ali.

Esperamos então que os outros adentrassem pelas portas dos fundos.

- Não tem nada. – Dinah anunciou se aproximando pela cozinha, aonde a porta dos fundos dava.

- Comecem então a procurar por intrusos em meio à plantação. – Troy instruiu, logo atrás. – Eu, Chris e Allyson vamos chegar aqui e o porão. Dinah, Lauren e Camila vão no andar de cima.

Assentimos com a ideia do loiro e cada um caminhou para seu destino.

Então Dinah, Lauren e eu subimos os degraus da escada que nos levava ao segundo andar.

O suor escorria pela lateral do meu rosto e sumia entre meus seios. Fedíamos a suor humano por causa do tempo sem banho. Nossos cabelos, nossas unhas, nosso dentes nem mereciam ser comentados.

Em toda a casa pairava uma atmosfera de desolação, de decadência, envelhecimento, que causavam a quem contemplava uma sensação de nostalgia.

Pelas paredes diversas fotografias estavam presas. Havia fotos de crianças, de adultos e por fim de dois idosos.

Em uma delas reconheci a mulher com o macacão que matamos na floresta. Ela estava abraçada a um idoso e eles pareciam irmãos.

Nós nos dividimos pelos corredores – que eram três – e cada uma seguiu um caminho.

Havia uma grande quantidade de quartos, estes que poderiam ser justificados pela quantidade de supostos netos nas fotografias.

Fui em direção da primeira porta do meu corredor e a abri, me deparando com um banheiro. Olhei por todo o lugar revestido de piso branco, por detrás do boxe, mas felizmente não achei nada.

Continuei pelo corredor, mas antes mesmo de colocar a mão na maçaneta da segunda porta eu ouvi o barulho de um objeto cair no interior do cômodo.

Parei no mesmo instante, atenta.

Ou era um zumbi.

Ou era um humano.

Com minha Dan Wesson levantada e a mira certeira, eu giro devagar a maçaneta. Entretanto, a coisa que estava do outro lado puxou a madeira mais bruscamente, a escancarando.

Antes mesmo que eu pudesse reagir e atirar, meu corpo travou por completo ao ver o cano da espingarda apontando para o meio da minha testa.

O homem deveria ter aproximadamente uns cinquenta e cinco anos, pois sua cabelereira já tinha tufos brancos espalhados. O tempo havia feito com que as marcas da idade ficassem ainda mais intensas: olheiras por baixo dos olhos, tristeza nas órbitas, rugas de expressão pelo rosto, barba por fazer. Ele vestia um conjunto de calça e moletom jeans rasgados.

- SAIAM DA MINHA PROPRIEDADE AGORA! – ele berrou com todos os pulmões enquanto as mãos seguravam firmemente a espingarda.

Eu abaixo minha pistola ao ver que minha cabeça estava na sua mira e coloco a arma no chão. Ergo então meus braços em sinal de rendição.

Porém, antes de me distanciar um pouco, vejo por cima do ombro uma pequena movimentação. Franzo o cenho ao notar uma mulher, de quase a mesma idade e características, deitada sobre uma cama de casal. Ela tinha uma cânula no nariz e um tubo de oxigênio ao lado do leito que a ajudava a respirar. Seus olhos estavam abertos e ela me analisava temerosa.

Eram os idosos das fotografias.

- Senhor, se acalme! – eu falo com a voz mansa e dou um passo para o lado no corredor, perdendo a idosa de vista. O velho me acompanhou a todo o momento, mirando na minha cabeça. – Não há necessidade disso!

- Saiam da minha propriedade! – ele rosnou agora também no corredor.

Sua respiração estava pesada indicando sua raiva eminente.

Nós dois então escutamos o barulho de uma arma sendo recarregada.

- Senhor, meu pais me ensinaram a respeitar os mais velhos, mas será melhor se você abaixar a porcaria dessa sua arma!  - a voz de Lauren se fez presente atrás de mim.

Viro apenas o rosto e encontro a jovem segurando firmemente sua Desert Eagle, mirando a cabeça do velho.

O velho resmungou audivelmente e hesitou por alguns segundos antes de realmente abaixar a sua espingarda.

- Vocês vão matar a mim e a minha esposa e tomar a minha propriedade? – sua voz era uma mistura de tristeza e cansaço.

Seu olhar estava sem um pingo de emoção, apenas dor. E então eu pude pelo menos cogitar a possibilidade de sua solidão ser por causa da perda da irmã e da situação precária que sua esposa se encontrava.

- Não, Senhor... – Lauren respondeu e abaixou sua arma, mostrando total respeito ao mais velho. – Não vamos te machucar. Só queremos um lugar para ficar.

- Somos boas pessoas. – completo a fala da jovem.

O mais velho nos analisou dos pés a cabeça, percebendo nossa situação precária.

- Você tem uma região muito grande. – Lauren continuou. – Uma região que, com os cuidados certos, pode se tornar uma fortaleza.

- Podemos facilmente tomá-la de você! – acrescento. Por mais que eu não quisesse realmente ter que fazer isso, amedrontá-lo poderia ajudar um pouco na decisão. – Mas estamos oferecendo o contrário! Ela continuará sua fazenda. Porém, nós, um grupo de mais ou menos dez, vamos lhe ajudar nesse processo.

- Podemos ser amigos! – Lauren finalizou e tentou dar um sorriso simpático.

Uma pequena chama de felicidade nasceu em meu peito ao perceber que Lauren, por mais afetada que estivesse, ainda continha sua áurea boa.

O velho inspirou profundamente após escutar em silêncio nossas palavras. Ele então sinalizou que “sim” com a cabeça e esticou a mão para mim, para que eu a apertasse em sinal de cumprimento e fechamento do acordo.

- Me perdoe pela recepção. – ele murmurou um pouco tímido. – Minha esposa é Chelsea Briggs Cowell e eu me chamo Simon Cowell. Quais são os de vocês?

Eu pego em sua mão e a aperto, também lhe respondendo outro sorriso meio fraco.

- Camila Cabello e Lauren Jauregui.

 

Depois de conversamos com Simon o velho decidiu que não queria conhecer todo o grupo de uma só vez. Via-se que ele estava sendo obrigado a nos recepcionar, ainda mais por causa do estado de sua esposa – que ele não quis dizer o que tinha.

Mas, não tínhamos outra opção.

Precisávamos daquela fazenda.

Mesmo ainda um pouco rude e seco, o velho disse que poderíamos nos alojar nos quartos e tentar achar alguma comida dentro do prazo de validade que estivesse nos armários.

Mas seria nossa responsabilidade sair para procurar mais.

Lauren, Dinah e eu descemos os degraus da escada que nos ligava ao segundo andar. Graças às amplas janelas vimos que o restante do grupo estava reunido na varanda, nos esperando para entrarem na casa.

- E então? – Louis foi o primeiro a perguntar ao nos avistar saindo pela porta principal.

- Dois idosos. A esposa está doente e ele cuida dela. O velho se chama Simon e disse que nos deixa morar aqui, contando que ajudemos em tudo. – Lauren explicou resumidamente.

Sinfonias de suspiro de felicidade saíram pelos lábios de todos e sorrisos nasceram, esperançosos.

- Confiáveis? – Allyson perguntou, erguendo uma sobrancelha.

- Vamos precisar arriscar. – Dinah respondeu à loirinha, enquanto caminhava até a irmãzinha que estava nos braços de Harry.

Inspiramos fundo e assentimos com a cabeça.

Devagar Dinah, Normani, Demi, Harry e Louis começaram a levar nossas malas para o interior do casarão. Quando as crianças adentraram ali os três pares de olhinhos brilharam.

Estava tudo empoeirado cheirando a mofo, mas ainda assim era um lar.

Um lar que poderia se tornar seguro.

Lauren, Troy, Ally e eu continuamos na varanda, ainda analisando a paisagem bucólica ao redor.

E continuamos assim até que escutamos um choro animal ao longe.

Parecia ser um filhote.

Franzo o cenho e Lauren me olhou ao mesmo tempo, também se questionando. Nós quatro então descemos os degraus da varanda e tentamos localizar de onde as lamúrias vinham. O espaço ao redor do casarão era tão grande e tão possível de mudanças que aquilo me alegrava.

Mas, à medida que nos aproximávamos do celeiro avermelhado a carniça animal ficava cada vez mais forte. Lauren, que estava à frente, fez um sinal com a mão para que parássemos.

A jovem de olhos verdes, com uma careta de nojo, continuou a andar e olhou por detrás dos primeiros pés de milhos mortos. Vejo-a engolir seco e segurar a ânsia de vomito. Mas, mesmo assim, ela se agachou e pareceu mexer entre os pés mortos.

- Lauren?! – eu a chamo, meio desconfiada.

Logo a jovem colocou-se ereta novamente e tinha agora nas mãos uma bolinha de pelos trêmula bege e manchada de sangue. Meu coração inchou ao ver o filhotinho de labrador choramingando nas palmas abertas de Lauren. Os olhinhos mal conseguiam se abrir e a boquinha estava entreaberta, provavelmente morrendo de fome.

- É ela... – Lauren sorriu fraquinho.

 - Ei... – eu sussurro passando a ponta do dedo na cabeça lisa da cachorrinha.

- O que tem ali atrás? – Allyson perguntou já caminhando em direção do pé de milho. – Há mais?!

- Ally, se eu fosse você não olharia... – Lauren se virou e tentou avisar para a amiga, mas não foi a tempo.

Allyson já remexia nos pés de milho e, ao ver a tal cena, seu rosto ficou branco no mesmo instante. Pude ver o movimento de contração de seu corpo e suas bochechas se encherem do líquido amargo. A baixinha mal teve tempo de virar para o lado contrário, pois já expelia o vômito amarelo pela boca.

Faço uma careta. Troy, imediatamente correu até a amada.

- A mãe esta estraçalhada. – Lauren explicou, também com uma careta. – Os outros filhotes também estão. Provavelmente foi algum andarilho. Só ela sobreviveu. Vamos deixar que as crianças a nomeiem. – disse, sorrindo.

Eu retribuí ao seu sorriso.

Mas isso só durou alguns segundos, pois os gritos de Allyson ecoaram.

- NÃO ENCOSTA EM MIM, TROY!

- Eu só estou tentando te ajudar! – o ex-motorista tinha os olhos arregalados, certamente assustado pelo temperamento explosivo da loirinha.

- NÃO ESTÁ VENDO QUE EU TO COBERTA POR VÔMITO, SEU IDIOTA?! – Ally berrou de volta e deu passos pesados para o lado.

Seu queixo estava meio amarelado e alguns respingos do mesmo líquido grotesco estavam espalhados por sua blusa azul.

- Allyson, se acalma, amor! Eu não ligo para isso! – Troy ainda mantinha seu tom calmo e tentava, aos poucos, se aproximar da loirinha. – Me deixe te ajudar!

- TROY OGLETREE! – Allyson apontou um dedo ameaçador para ele.

O rapaz alto parou no mesmo instante e no mesmo lugar, temeroso por sua vida.

Porém, antes que Ally pudesse fazer qualquer coisa, outra onda de vômito seco voltou por sua garganta e ela precisou, de novo, virar para o lado para expelir aquilo.

Faço uma careta com a essência de vomitado ressurgindo novamente. Troy sequer se importou com a situação e correu até a enfermeira segurando suas madeixas loiras para trás enquanto continuava botar nada para fora, já não comíamos há dias.

Olho para Lauren então e vejo seu semblante preocupado.

Ela encarava Allyson meio desconfiada.

Já havíamos visto cenas mais grotescas que aquela e a enfermeira nunca havia sequer aparentado sinais de enjoo.

E só então, como se uma lâmpada se acendesse no alto da minha cabeça, eu notei o quê aquilo era.

Ah, merda!

- Allyson... – eu a chamo.

A loirinha já havia parado de vomitar e agora limpava a boca com as costas das mãos. Troy ajudou a enfermeira a se virar para mim.

- Você e Troy transaram? – fui completamente direta em minha pergunta.

O loiro alto ficou tão tímido que suas bochechas de brancas se tornaram rosas em questões de segundos. Allyson arregalou os olhos e colocou a mão no peito, fingindo-se de ofendida com a pergunta.

- Você usaram camisinha? – perguntei novamente.

Troy engoliu seco e Allyson encarou o chão de terra.

- Ah, merda... – Lauren suspirou e coçou o alto da cabeça com a mão que não segurava a filhote de labrador.

- Não, mas espera... – Troy começou a gaguejar. – Eu... eu não foi... hãm... dentro? Entenderam? – seus olhos estavam desesperados. – Não foi dentro!

- Troy, não é porque você fez um coito interrompido que significa que espermatozoides não possam sair antes. – Lauren virou-se para o loiro e explicou. – Qual é?! Você não se lembra da porra do seu Ensino Médio? Líquido pré-ejaculatório pode conter espermatozoides! É raro?! Sim, mas acontece!

- Ah meu Deus... – Allyson gemeu.

A baixinha até aquele momento encarava o nada e agora se encontrava com as pupilas dilatadas pela adrenalina.

- As mudanças de humor, os enjoos, os inchados de minhas pernas... – ela disse e apontou para os tornozelos um pouco inchados. – Meus peitos doloridos... Minha menstruação está atrasada há três semanas! – ela colocou as mãos na cabeça.

- Oh, não... de novo não... – Troy gemeu e começou a hiperventilar com uma velocidade preocupante.

O rapaz loiro estava agora tão pálido quanto uma folha de papel e dava passos lentos para trás, com os olhos arregalados.

Allyson virou-se para o loiro alto e finalmente disse.

- Querido, eu estou grávida!

Se eu e Lauren estávamos assustadas, Troy estava petrificado.

O loiro alto encarava a enfermeira, com a boca aberta.

Ele ficou assim parado como uma estátua por longos segundos enquanto Allyson o encarava com expectativa.

Então o ex-motorista ficou mole como uma gelatina e revirou os olhos. Suas pernas perderam as forças e ele caiu desmaiado para trás no chão macio de terra.

Allyson começou a gritar, desesperada.

Eu e Lauren nos entreolhamos, sem saber o que fazer.

- Oh, puta merda! – nós duas falamos ao mesmo tempo.


Notas Finais


HAUSHEAUHEAUHEAU OI, AMORES
TCHAU, AMORES

Quero suas opiniões, a tia aqui ama quando comentam textões.
Ou até um “oi, sua fic é ótima, te amo”.

Ah, no próximo capítulo a tia vai vir com um twitter. Vou criar vergonha na cara e criar um.

Beijos de luz, walkers! Até semana que vem!


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