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História Into The Dead - Capítulo 31


Escrita por: control5h

Notas do Autor


AIN’T NO CRYING IN THE CLUB HEY HEY
Eu tô tão abalada com as músicas da Camila que não tô conseguindo nem pensar direito, MEU DEUS
QUE HINOS SÃO ESSES?!

Ok... Voltando ao normal... Cá estou eu com outro capítulo.
Antes que venham falando “Autora, tá muito parecido com Segunda Temporada de TWD, pfvr né” fui pesquisar e parar pra pensar, uma Fazenda é sim um ótimo lugar pra se proteger em um Apocalipse, o povo de TWD é que foi tapado de não proteger o lugar. Mas isso não vai rolar aqui, beijos de luz.
E outra observação, a história teve um salto temporal relativamente grande. Então não se assustem se estiverem perdidas no estilo Nazaré Tedesco no começo. Eu aconselho, ou melhor, imploro que prestem atenção nas marcações de tempo dos meses. Os meses vão deixar vocês mais situados sobre tudo o que aconteceu.

Nos encontramos lá nas Notas Finais. Boa leitura e me perdoe pelos erros.

Capítulo 31 - Capítulo 31


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 31

LAUREN PDV

*Music On* (Somewhere Only We Know – Lily Allen)

 

Quase sete meses depois...

Última semana de Setembro

 

Observá-la havia se tornado minha nova obsessão.

Eu amava analisar os seus mais simples detalhes.

O jeito como ela sorria e colocava a língua entre os dentes, enrugando o nariz logo em seguida. O jeito como seus lábios carnudos se moviam a cada palavra que dizia. O modo como ela parecia se entregar de corpo e alma a cada situação buscando sempre estar presente e ajudar quem está por perto.

Conhecia perfeitamente seu corpo. A cicatriz de seu bíceps esquerdo; a mancha do que foi um dia o corte em seu lábio inferior; suas pintinhas amarronzadas na base das costas; as fracas, mas presentes marcas de nascenças em suas costelas. Conhecia a maciez de sua pele; os lugares onde ela sentia-se melhor ao acariciar; os lugares que ela sentia mais prazer; a leveza de seus cabelos quando meus dedos estavam enroscados neles. Sabia com uma simples respiração descompassada que seu corpo estava chegando ao ápice; sabia com o tom de sua voz que ela me desejava – principalmente quando ela ficava mais fina e mais gemida.

Até os seus hábitos.

Acordar coçando os olhos e mexer o queixo enquanto bocejava segundos depois; franzir o cenho no meio das discussões de nosso grupo; brincar com a ponta dos dedos quando estava nervosa com alguma coisa;

Oh, o modo como passava a língua sobre os lábios para umedecê-los...

Essa mania com certeza estava entre as minhas favoritas.

Mas, sobre todas essas, a que eu mais amava era a mania que ela tinha de me observar com a mesma intensidade.

O castanho de seus olhos ficava sempre um tom mais claro quando estava calma e isso só acontecia quando nos encontrávamos sozinhas. Nós duas. Uma nos braços da outra.

Era um completo vício ficar encarando aquelas órbitas de chocolate. Tão serenas que poderiam passar uma aparência de inocência, mas eu sabia, como sabia, que nada ali naquela mulher era inocente.

Era como se Camila Cabello conseguisse olhar no interior da minha alma.

E o sorriso que ela abria ao fazer isso... era mágico.

Naquele exato momento eu estava perdida em pensamentos enquanto a observava à beira daquele precipício.

Eu analisava seu perfil: o rosto tão bem desenhado, seu queixo bonito, seu nariz fino, lábios carnudos.  Seus olhos estavam atentos no horizonte, que era uma paisagem maravilhosa de pedreiras do estado de Tennessee. Estávamos perto do limite do condado de Marion, nas proximidades de onde passava os fluentes do rio Sequatchie.

Era exatamente essa a cena: árvores floridas e cheias de vida e no final, olhando para baixo da pedreira, víamos o rio Sequatchie seguindo seu trajeto.

A sua pele tinha uma tonalidade mais clara com os raios solares do fim da tarde de Setembro.

Era Outono. A brisa fresca misturada com a essência da natureza batia contra o meu corpo coberto apenas por um fino lençol e me causava leves arrepios por toda a pele desnuda.

Cheirava principalmente à lavanda.

Perto da ponta da pedreira, onde a Camionete Chevy estava estacionada estrategicamente, existiam pelo menos uns dez pés dessa flor.

Era incrível como a natureza parecia estar mais bela sem a ação antrópica do homem. Mais de dois anos já haviam se passado desde o começo do Apocalipse e árvores pareciam mais cheias de vida, as florestas mais verdes, o ar – quando não misturado com carniça – estava sem a fumaça tóxica dos carros.

A Terra era silenciosa.

O vento fazia com que as madeixas castanhas da latina ficassem ondulando no ar.  Seu corpo estava envolvido por uma coberta grossa de detalhes xadrez cor vermelho e branco. As mãos finas, as quais estavam cruzadas na frente do corpo e abraçava-se ao mesmo tempo, seguravam as pontas do cobertor para se aquecer.

Até porque eu sabia que por baixo daquele tecido ela se encontrava do mesmo jeito que eu: completamente nua.

Eu tinha um braço apoiado na lateral da cabeça e me mantinha de lado, observando-a. A traseira da Camionete Chevy tinha um colchão um pouco antigo, mas ainda assim macio, e eu me encontrava deitada nele.

Mesmo que ao redor alguns pássaros cantassem, mesmo que ao redor de nós a natureza estivesse tão bela e tão colorida... Nada... Exatamente nada chamava mais minha atenção do que Camila Cabello.

*Music On* (Awake Me – Rosie Carney)

Aquela jovem ali, que agora tinha 19 anos, contava os meses para que seu aniversário chegasse novamente e ela finalmente completasse 20.

O seu aniversário acontecera na semana em que chegamos à Fazenda. Não tínhamos humor e nem psicológico para comemorá-lo e a latina deixou passar em branco.

Mas no próximo Março com certeza eu teria planos para ela.

Ou melhor, para nós.

Oh, Deus, eu sabia que era errado, mas eu tinha tanta vontade de fazer planos com ela.

Camila havia se tornado a força do grupo por todos aqueles sete meses.

Não só a minha, mas principalmente de Dinah Jane, sua melhor amiga.

Ela me consolou quando eu perdi minha irmã, ela consolou sua melhor amiga quando a tragédia aconteceu, ela consolou Harry que não esteve muito bem por causa da morte de Keana.

Ela não havia se denominado líder, mas, por meses, precisou ser essa personagem. A latina não distribuía ordens, mas sempre era ela a concluir a opinião, já que Christopher não esteve em seu melhor estado mental por um tempo.

Mas, finalmente depois das últimas duas mortes na Fazenda, haviam se passado cinco meses sem nenhum acidente e todos nós, pelo menos parecíamos, estar quase completamente sarados de novo.

Era essa a vida.

Sarar-se e seguir em frente até não conseguir mais cicatrizar.

Não sei explicar como eu me sinto bem quando Camila cuida de mim. Quando pesadelos vinham me atormentar nas madrugadas ela me acordava, me socorrendo. Dormíamos agora no mesmo quarto, já que todos, até Sofia, sabiam que eu e ela não éramos apenas mais “amigas”. Camila me embalava ainda chorando por causa dos sonhos, que na maioria das vezes envolviam meus pais e minha irmã, até que eu conseguisse dormir novamente.

Ela era paciente.

Aguentou meus choros repentinos, minhas crises de culpa pelas mortes, minhas mudanças de humor.

Nenhuma vez dentre aqueles sete meses Camila me pressionou a alguma coisa. Nem a ser a líder, nem a corresponder aos sentimentos, nem precisar levar aquilo que tínhamos a um patamar de oficialização.

“Qual é o sentido agora? Eu estou aqui por você e você está aqui por mim. Não é necessário nos enquadrarmos em nenhum quesito”.

Camila, nesse momento, ainda encontrava-se de pé na ponta do precipício e eu ainda analisava suas costas.

Comecei então a me arrastar no colchão na traseira da Chevy até que minhas pernas ficassem para fora. Ainda segurando o lençol branco ao redor do meu corpo eu me impulsionei para frente, com um pulo, e meus pés pousaram na grama fofa abaixo. Senti leves cócegas com gramíneas entre meus dedos, mas, mesmo assim, caminhei devagar até a ponta da pedreira.

O sol já fazia seu trajeto para morrer ao Oeste, então o céu era uma mistura maravilhosa de laranja e vermelho.

Diferente do que eu realmente queria, eu não fui em direção de Camila. Na verdade, eu caminhei devagar até estar pelo menos uns dois metros dela, na extremidade perigosa da pedreira. Olhei para baixo e vi o rio cursando seu trajeto lentamente. Alguns pássaros o sobrevoavam bailando-se no ar fresco do fim da tarde.

Meu corpo se enrijeceu, surpreso, quando eu senti dois braços me envolverem pelos ombros.

Mas automaticamente um sorriso idiota nasceu em meus lábios.

Camila passou a coberta por meus ombros também e a envolveu no meu corpo, me aquecendo. Cheguei até a engolir seco ao perceber que seu corpo completamente nu estava apenas separado de minhas costas por causa do tecido fino do lençol.

Sua respiração quente batia contra meu pescoço, perto de onde seu queixo descansava em meu ombro. Seu cheiro tão específico de Camila me fez fechar os olhos e apenas tentar degustar de seu calor ao redor de mim.

Ela apertou o abraço como se tentasse me proteger de tudo e todos.

E ela realmente conseguia.

Camila conseguia aos poucos me trazer de volta.

Virei o meu rosto e Camila fez o mesmo. Nossas testas então se encostaram e eu, ainda de olhos fechados, apenas sentia seu hálito quente contra meus lábios. Suas mãos procuraram as minhas por debaixo da coberta e ela entrelaçou nossos dedos, com os seus polegares automaticamente fazendo um carinho em minha pele.

Decidi então abrir meus olhos e o meu coração quase parou por causa disso. O oxigênio parecia ter se tornado escasso dentro de meus pulmões.

Suas órbitas castanho chocolate estavam me analisando, bem próximas.

Por Deus, ela era tão linda...

- Por que você está me olhando assim? – sua voz melodiosa parecia me envolver, abraçando-me também.

Uma espécie de pressão havia se instalado em minha garganta e o ar que a constituía queimava as paredes interiores. Meu coração agora estava acelerado como um louco. Eu olhava sua expressão divertida, mas só conseguia desejar mais daquela mulher. Eu só queria mais dela nos meus braços, mais dela perto de mim, mas dela em mim.

Eu queria Camila como se ela fosse a parte que faltava no meu quebra cabeça.

- Porque você é minha paz.

Aquilo saiu tão baixo que Camila só conseguiu ouvir por causa do silêncio que nos envolvia.

Seu sorriso aos poucos foi diminuindo, mas, em proporção inversa, o calor que era emitido por seus olhos apenas aumentava.

Camila estava um pouco surpresa com minha constatação, que agora, era tão óbvia para mim.

- Você é a minha estabilidade... – continuei, olhando em seus olhos. – Você é o quê me faz querer continuar...

- Lauren... – Camila sussurrou atordoada. Ela piscava devagar para tentar raciocinar tudo. – Eu... hãm...

- Shhhh... – eu sibilo e coloco um dedo sobre seus lábios, impedindo-a de continuar. – Palavras nunca foram necessário para nós, certo?

Camila fez então um afirmativo com a cabeça.

Bastava ver o seu olhar para eu saber que ela sentia o mesmo.

Minha mão escorregou para sua nuca apreciando a textura da sua pele contra a palma. Camila fechou os olhos e entreabriu os lábios ao me sentir pegar, de leve, uma quantidade de cabelo em sua nuca e guiar seu rosto em direção do meu.

Nossos lábios tocaram-se superficialmente, querendo sentir a delicadeza daquele ato. Então ela sugou meu lábio inferior para o interior da sua boca quente.

Eu arfei e fechei os olhos, me entregando.

Minhas duas mãos pousaram em seu pescoço enquanto Camila me envolvia com a coberta, abraçando minha cintura. Começamos então um beijo lento onde sua língua tocava a minha, a acariciando, bailando com ela por espaço dentro da minha boca.

Suas mãos mantinham o cobertor fechado, cobrindo minha nudez já que meu lençol estava caído agora aos meus pés.

Meu coração iria explodir a qualquer momento.

Eu beijava aqueles lábios por mais de oito meses e parecia que eu nunca teria o suficiente deles.

Como eu havia sobrevivido sem eles por vinte anos da minha vida?

- Eu quero você... de novo. – eu sussurro contra seu rosto quando minhas mãos caíram para sua cintura e eu abracei seu corpo nu contra mim.

Camila gemeu no pé do meu ouvido e, como se não bastasse eu estar em contato com seus seios nus e sua virilha tocando a minha, aquele tom pareceu ser meramente provocativo.

- Mas não tem nem quinze minutos que acabamos de... – ela ronronou na minha orelha.

- Eu quero de novo! – eu a interrompi.

Talvez fosse a determinação em meus olhos ou talvez fosse o fato de estarmos nuas e nos roçando, mas o tesão que devagar crescia nas órbitas de Camila fez um arrepio de expectativa atravessar todo o meu corpo.

Ela então sorriu perversamente.

- Está viciada em mim, não é?! – sussurrou aproximando os lábios dos meus, mas sem os tocá-los de fato.

- Seu ego está crescendo, Cabello... – respondi com o olhar neutro para mostrar que eu não me intimidaria.

Como uma espécie de punição, suas unhas então fincaram na base das minhas costas e eu grunhi por causa do susto e o leve prazer.

- Pensei que você soubesse que meu ego é enorme, Jauregui. – ela deu uma risadinha presunçosa e passou a língua pelo lábio inferior, o umedecendo para logo em seguida o mordê-lo devagar.

- Ugh... – gemi seguindo o movimento de sua boca.

Ela ergue uma sobrancelha sugestiva perguntando-me se eu havia entendido o que ela queria dizer e isso fez com que eu soltasse uma gargalhada gostosa. Inclino a cabeça para trás, ainda rindo daquela baboseira da latina.

Ela sorri vitoriosa por ter me feito gargalhar e aproveita meu pescoço exposto para começar a deixar uma série de beijinhos ali.

Entretanto minha risada foi diminuindo quando eu senti a língua de Camila começar a fazer trajetos imaginários na minha pele. Suas mãos me abraçaram mais forte contra o seu corpo e sua coxa direita achou um espaço entre as minhas pernas, começando a se pressionar ali.

- Camz... – eu ronronei manhosa, com a cabeça ainda inclinada para trás.

As mãos de Camila desceram para a minha bunda e ela apertou as duas nádegas, puxando mais minha virilha para a sua coxa. Eu grunhi meio afobada ao sentir meu clitóris já sensível roçar por sua pele.

- Para a Camionete, agora... – ela ordenou contra o meu pescoço.

Mal tive tempo de abrir os olhos, pois Camila já me puxava por uma mão.

Nós duas ficamos então nuas momentaneamente, mas, naquele momento, estávamos pouco nos importando com isso.

Estávamos longe de qualquer possibilidade de mortos ou vivos nos incomodarem.

A pedreira ficava no final de um grande e amplo pasto. Tínhamos a visão perfeita do horizonte livre de árvores de grande porte, o que certificava que ninguém estava por perto.

Ninguém.

Aquele era o nosso lugar.

E eu preciso admitir que amo aquela Camila Cabello aflorada por mim.

Ela envolveu um braço em minha cintura e me rodopiou, de forma que, em menos de segundos, eu já estava sendo empurrada para a porta da traseira aberta da Chevy.

Seu corpo havia mudado muito naqueles meses. Por mais que houvéssemos criado um pequeno plano de subsistência na Fazenda, precisávamos sair constantemente para buscarmos suplementos. E geralmente, eu e Camila estávamos sempre no grupo de busca por sermos as mais rápidas para esse tipo de serviço.

Portanto, por precisarmos correr de perigos constantes e precisarmos também carregarmos pesos, nossos corpos estavam... digamos... Em forma.

Mas o da latina havia se modificado bastante. Talvez fossem os seus 20 anos chegando e os meus 21 também. Mas nela... suas pernas estavam mais torneadas, a barriga mais lisa, os braços mais fortes.

Suas curvas estavam tão fardas e sinuosas que eu, às vezes, agradecia a quem estava lá em cima por ter colocado uma mulher tão gostosa na minha vida.

Sentei-me meio estabanada na traseira da Chevy e me arrastei para trás de forma que minhas costas caíssem sobre o colchão macio. Camila passou o cobertor por cima de suas costas e se posicionou no meio das minhas pernas, fazendo com que o pano grosso nos tampasse das cinturas para baixo.

Sorriso de forma safada ela analisou meu centro exposto perto do dela. Suas mãos pousaram inicialmente em minhas coxas, mas então começaram a fazer um caminho torturante em direção da minha barriga. Ao mesmo tempo em que sua carícia subia a latina inclinava o seu corpo sobre o meu e a sua respiração quente se aproximava do meu rosto.

Mordi o lábio inferior quando senti sua barriga nua tocar a minha e o seu mamilo rígido roçar ao meu.

Suas mãos pararam nas laterais dos meus seios e ela os envolveu com as mãos, começando a massageá-los.

- Oh... Isso! – eu gemi, fechando os olhos.

Camila abaixou a cabeça e começou a lamber no vale entre eles, passando a língua molhada até perto do meu umbigo e subindo novamente até no meu pescoço.

Ela me lambia como se eu fosse um maldito sorvete e depois assoprava, fazendo-me arrepiar por completo.

As paredes do meu sexo se fecharam contra o nada, fazendo-me remexer o quadril de forma desesperada buscando por algum alívio.

- Camila... – eu gemi manhosa.

Minhas mãos foram até a sua bunda e agarraram os montes, os forçando para baixo tentando fazer com que sua virilha entrasse em contato com a minha.

Eu queria me aliviar desesperadamente, pois meu centro pulsava.

Entretanto a latina, com o rosto ainda entre meus seios, sinalizou negativamente com a cabeça e suas mãos foram até os meus pulsos e os agarraram com força. Camila então levantou a cabeça e levou meus pulsos até o alto da minha, me prendendo por completo abaixo de si.

Nossas respirações estavam irregulares e os olhares intensos conectados.

Camila aproximou-se tanto do meu rosto que a ponta do seu nariz tocou no meu.

 - Só se você gemer para mim... – seu hálito quente bateu contra meus lábios.

Semicerrei os olhos para ela.

- Camila! – eu tentei rosnar e tirar meus pulsos de suas mãos, mas ela aumentou o aperto e sentou-se por completo na minha barriga.

De fato eu precisei travar os dentes para não gemer ao sentir a umidade do seu sexo molhar meu ventre.

- Admita que você adora estar assim... debaixo de mim... – Camila cantarolou e começou então a ir para frente e para trás sobre a minha barriga.

- Não! – eu rosno, ofegante.

Camila sabia muito bem como eu era uma pessoa orgulhosa. Para eu admitir que estivesse errada já era um grande sacrifício, imagina então admitir que eu estava louca para que ela continuasse a me dominar e que estava desesperada para que ela me fodesse...

Seria algo bem difícil.

Eu tento elevar meus quadris para sair de seu aperto, mas ela me forçou ainda mais para baixo.

- Fique com as mãos acima da minha cabeça e não ouse me tocar! – Camila ordenou.

Eu ergui uma sobrancelha provocativa, como se eu realmente não tivesse a mínima intenção de obedecê-la. Isso fez Camila sorrir maliciosamente com aqueles lábios avermelhados pelos meus.

A latina soltou meus pulsos e distribuiu alguns beijinhos por minha bochecha.

Logo seus lábios desceram para meu pescoço e suas mãos pousaram em minha cintura, apertando minha carne. Ela jogou o cabelo para um lado do ombro e colocou a língua para fora apenas para lamber toda a extensão da minha clavícula.

Seu toque era leve e molhado, e cada lufada de ar que saía por suas narinas refrescava a área úmida.

Minhas mãos coçavam pela vontade de enfiar meus dedos por entre aqueles cachos castanhos para indicá-la onde eu exatamente queria seus lábios, mas algo internamente dizia para não contrapor à latina.

Quando seus beijos chegaram outra vez ao vale entre meus seios seus toques se tornaram mais leves, mais quentes.

Comecei quase que automaticamente a remexer meus quadris em busca de alívio para meu centro que pulsava.

Camila pareceu ter misericórdia por mim e pressionou mais sua coxa contra minha virilha, deixando-me começara movimentar meu centro sobre sua pele e diminuir assim o tesão que me rasgava.

Sua boca continuou a descer por meu corpo e chegou até minha barriga. A latina, enquanto começou a distribuir mordidinhas por minha pele, elevou suas mãos até meus seios desnudos e recomeçou a massagem neles.

- Camz... – eu suspirei ao sentir cada partícula do meu corpo queimar.

Um sorriso safado nasceu em seus lábios carnudos e ela, devagar, colocou a língua para fora. Camila então, com a pontinha, começou a contornar a circunferência externa do meu umbigo.

Seus dedos apertaram fortemente meus mamilos já rígidos.

- Oh, isso... – eu grunhi, rebolando contra sua coxa.

Meu clitóris se esfregava contra sua pele criando uma aderência maravilhosa.

Camila mordeu o lábio inferior de forma provocadora e abaixou a cabeça de forma que seu nariz tocasse em meu ventre.

- Oh... – um ronronado arranhou minha garganta. – Por favor...

- Por favor, o quê?! – Camila sibilou e passou de leve a ponta do seu nariz no meu clitóris inchado.

- Eu quero você... por favor! – eu choramingo quase desesperada.

Eu necessitava de um alívio para a pressão que se concentrava em meu ventre.

E então eu tive tempo apenas de ver o movimento de seu punho esquerdo, dando aquilo que eu tanto ansiava.

- CAMILA! – minha voz ecoou em forma de um gemido alto e fino por todo o campo aberto quando eu senti seus dois dedos me penetrando lentamente.

Minhas paredes se fecharam contra seus dedos e eu automaticamente comecei a movimentar meu quadril, buscando um alívio para a pressão que havia se concentrado no meu sexo.

Camila virou o pulso, fazendo os dedos girarem dentro de mim, e começou a tirar e colocá-los na minha entrada. Seu polegar parou em meu clitóris inchado e começou a acariciá-lo com uma pressão maravilhosa.

A latina com a mão livre apertou meu seio direito. Mal tive, porém, tempo de gemer audivelmente porque seus lábios atacaram os meus.

 

- CAMILA! – eu grito outra vez, colocando a cabeça para fora da janela do motorista. – Anda logo, já está escurecendo!

Olho no retrovisor apenas para arrumar melhor meus cabelos ainda bagunçados e passar as mãos pelo rosto para tirar um pouco da vermelhidão de minhas bochechas. Eu vestia um short jeans, uma blusa casual branca e um par de coturnos.

Analiso pelo retrovisor e vejo que Camila ainda continuava no mesmo lugar. A latina usava um vestido floral e chinelos de dedo.

- Camila! – eu rosno de novo.

Minha mão coçou em apertar a buzina da Camionete Chevy, mas como já havíamos feito barulho demais naquela tarde, eu não queria arriscar.

No horizonte apenas os últimos raios do Sol ainda bailavam atrás das serras. Os grilos já começavam a gritar e o frio da noite a aparecer.

- Eu estou pegando o lençol que você deixou para trás, sua idiota! – Camila ralhou enquanto caminhava, da pedreira, de volta para a Camionete.

A latina abriu a porta da Camionete e adentrou na cabine, a fechando com um estrondo por causa da borracha ruim de aderência.

- Sua delicadeza me encanta, querida! – eu a provoco, fingindo sarcasmo.

Camila apenas revirou os olhos, apoiando o braço no vidro da porta.

Antes as duas mochilas cheias de suplementos estavam na cabine, mas agora, que já não mais usávamos a traseira do veículo, elas estavam sobre o colchão. Eu e a latina havíamos sido designadas a buscar algumas comidas nos mercados isolados por perto e encontramos um posto de gasolina na Rodovia 24 que cortava o condado. Estava abandonado e a maioria das coisas saqueadas, mas ainda assim conseguimos algumas comidas enlatadas.

Por conhecer seu temperamento eu evitei em rir de sua carranca.

Girei a chave na ignição e o motor roncou em um barulho meio feio. O veículo todo tremeu, mas, como sempre fazia, no fim ligou.

Engatei uma ré e comecei a nos guiar para fora da pedreira. Virei o volante com dificuldade por causa do peso daquela porcaria e, mentalmente, fiz uma nota que precisaria achar um óleo para fazer aquilo girar com mais facilidade.

Coloquei a primeira marcha e pisei no acelerador fazendo a Camionete ser impulsionada para frente, começando nossa viagem de volta para casa.

Casa.

Sim, chamávamos a Fazenda de casa.

Aquilo parecia ser o paraíso.

Simon era um ex-militar e havia cuidado, antes do Apocalipse, muito bem daquele lugar.

Por causa da área plana de terra compactada tínhamos uma visualização completa do que se aproximava de nosso território. A rodovia, que poderia ser um grande problema no quesito fluxo de zumbis, e as estradas adjacentes, que poderiam ser um problema no quesito fluxo de humanos, estavam distantes o suficiente para que não nos preocupássemos as 24 horas do dia com isso.

A terra era fértil.

Decidimos então utilizar de alguns pés mortos de milho como barragem nas laterais e começamos a plantar.

Buscamos em vilarejos próximos por sementes ou pés de qualquer fruta ou legume. Não tínhamos os históricos das terras e nem quais tipo de produtos poderíamos plantar ali, mas precisávamos arriscar.

Achamos algumas sementes para plantarmos tomates, pepinos, milho e batata.

Foram tardes cheias de sol nas costas e luvas grossas nas mãos enquanto cavávamos no solo fofo e colocávamos as sementes em seu interior.

Aquilo havia sido um remédio milagroso para o silêncio que se apoderou por semanas no grupo depois do acontecimento no final de Abril.

A dor sentimental era substituída pela física enquanto cavávamos como se não houvesse amanhã. O suor escorria por nossos rostos, as luvas apertavam nossas mãos evitando calos e a intensidade dos raios solares queimava nossa pele.

Mas mesmo assim continuamos.

Fizemos tudo isso um mês antes da temporada de chuvas do Verão de Julho. Trabalhávamos em trios, pois assim seria mais fácil um cobrir a retaguarda do outro caso andarilhos surgissem – os quais apareciam apenas um ou dois durante o dia, mas estavam letárgicos demais e conseguíamos avistá-los ao longe.

Então em menos de três meses depois, na primeira semana de Setembro, já tínhamos nossos próprios alimentos.

E apenas há três semanas, quando finalmente avistamos vida saindo da terra e tudo aquilo por nosso mérito, a vida pareceu renascer no grupo. Voltamos a nos reunir durante as refeições na sala de jantar, voltamos a conversar paralelamente, voltamos com nossas pequenas e bobas brincadeiras.

Havíamos finalmente triunfado.

Em paralelo com os meses em que plantamos, nós também sofisticamos nosso sistema de alarme contra intrusos:

Fortificamos e aumentamos a cerca que rondava a Fazenda em um perímetro de cinquenta metros. Colocamos mais madeira, diminuímos os espaços onde zumbis poderiam passar por entre as colunas e aumentamos seu cumprimento de forma que não seria tão fácil assim para um humano pulá-la com facilidade.

Nós ainda fizemos o mais difícil.

Antes do acontecimento no final de Abril, encontramos um grande gerador de energia em um posto de alimentação na Rodovia 34 ao noroeste há dois condados dali. Fora essa a nossa viagem longa que durou um dia e meio e muita falação por parte de Sofia por ter ficado tanto tempo sem a irmã.

Com o grupo constituído por Camila, Christopher, Louis, Demi e eu tivemos que fazer uma grande força para carregar aquele monstro de metal de quase 200 quilos para cima da Camionete Chevy, que havíamos voltado para pegá-la na estrada.

Tivemos então que fazer uma decisão: ou iluminar o interior da casa ou nos protegermos.

Optamos então pela proteção.

Graças a uma ideia de Demetria, vulgo gênia prodígio, nós fomos à procura de cabos de alta tensão em uma de nossas buscas. Essa ideia surgiu três semanas depois do acontecimento, nos meados de Maio.

Encontramos os cabos em outro posto de gasolina – que além de conseguirmos cinco tubos cheios de combustível para o gerador, conseguimos uma máquina de refrigerante completamente cheia e lacrada.

Fora difícil retirar toda aquela extensão de fios emborrachados de lá, fato que gerou xingamentos por parte de Troy, que foi o escolhido para subir no telhado do estabelecimento e se jogar em cima do suporte de metal, que cobria os tanques vazios de gasolina, para pegar os fios.

Dinah foi a primeira a se oferecer para tal ato, mas, devido a sua instabilidade emocional, decidimos que ela ficaria apenas como vigia da ação.

Após conseguirmos os cabos de alta tensão – pois esses seriam fortes o suficiente para a carga energética que passariam por eles – nós os levamos de volta para a Fazenda e os passamos por toda a cerca de forma que, agora, quem tocasse nela, estaria no mínimo com um grande problema.

Com isso utilizamos alguns pés mortos de milho para esconder os cabos de alta tensão em meio às madeiras da cerca.

Os mortos ao se chocarem contra a cerca eram eletrocutados, fazendo suas carnes podres quase fritarem. Fizemos o teste e, graças a dicas de Demetria e Louis percebemos que a descarga elétrica era tão intensa que simplesmente fazia o cérebro primitivo dos mortos apagarem.

Achamos então outra forma de matá-los: energia elétrica.

Humanos certamente não tocariam na cerca. Mas, chegamos a uma conclusão que: 1) quem não estivesse muito desesperado para entrar em nossa propriedade certamente veria os cabos e teria assim que passar pela porta da frente. 2) Já aqueles que estivessem temendo alguma coisa ou, não queiram passar pela porta da frente por algum motivo, tentariam pulá-la e aí sim teriam um grande problema.

Foram semanas de trabalho árduo para fazer aquele lugar se tornar de fato seguro.

- Posso colocar uma música? – a voz de Camila me fez sair dos devaneios de minha mente.

Eu pigarreio voltando a realidade. À frente os faróis da Camionete Chevy iluminavam a estrada adjacente escura em que estávamos.

- Adianta eu falar que não? – lanço um olhar de soslaio para ela. – Eu sei que você vai ligar o som de qualquer maneira.

Camila abriu um sorriso sapeca.

Revirei os olhos sorrindo e ela rapidamente já esticou a mão para ligar o som, colocando logo em seguida um CD em seu interior.

- De novo fuçando nos CD’s alheios das casas em que entramos? – pergunto, sorrindo.

Camila era intrigante. Enquanto procurávamos cobertores, roupas ou qualquer coisa que fosse realmente trivial para nossa sobrevivência, a latina, quando tinha algum tempo livre, ia atrás de CD’s nos quartos.

- Não é minha culpa se sou uma viciada em música, ok?! – ela bufou, me lançando um olhar falso de soslaio. – Antes eu costumava ouvir música o dia todo, agora posso aproveitar apenas quando estou dentro de algum carro. Então, caladinha!

- Ok...

Ergo uma mão em sinal de rendição enquanto voltava a olhar para estrada à nossa frente. Mas o sorriso idiota nunca parava de bailar em meu rosto.

Comecei a tamborilar meus dedos sobre o volante gelado quando a canção ressurgiu nas caixas de sol da Camionete Chevy. Não era lá um volume muito alto, pois, já que estávamos voltando para casa não poderíamos chamar muita atenção, mas era o suficiente para que Camila pudesse desfrutar de seus momentos de calmaria.

Viro o rosto para o lado apenas o suficiente para poder estudar seu perfil.

Camila amarrava as madeixas longas em um coque desengonçado no alto da cabeça, dando-me assim total visualização da carne macia e bronzeada de seu pescoço. Eu amava analisar cada detalhe: as pintinhas na pele, o queixo, a orelha delicada.

Gastei então longos segundos inspirando fundo para conseguir me recuperar das sensações que ela me proporcionava.

Era tão fácil se apaixonar por ela que se tornava perigoso.

- Esse CD é uma coletânea de músicas românticas... – ela murmurava consigo mesma enquanto pegava a mochila que estava aos seus pés, na cabine. – Gostei bastante.

- Uhum... – cantarolei, ainda a observando.

Automaticamente minha mão escorregou até o bolso esquerdo do meu jeans. Observo com o canto do olho se Camila me olhava, mas a latina estava compenetrada organizando algumas coisas no bolso frontal de sua mochila.

Meu dedo fez o desenho invisível da circunferência do objeto que estava devidamente guardado sob o tecido grosso do meu jeans.

Eu o havia achado há duas semanas e desde então ele vivia de bolso em bolso em minhas calças enquanto eu não conseguia reunir coragem suficiente para fazer o que queria fazer.

Eu precisava fazer aquilo.

Eu iria fazer aquilo.

Mas minha voz parecia ter ficado presa dentro da minha boca. E, magicamente, meus pulmões queimavam pela expectativa.

Qual é, Lauren, não seja medrosa!

- Eu tenho um presente para você... – a voz de Camila se fez presente e eu praticamente dei um pulo para cima.

- O quê?! – gaguejo assustada e retirando a mão de sobre o bolso da calça.

Camila franziu o cenho e me lançou um olhar de “Qual é o teu problema?”.

- Hãm... – ela hesitou ainda meio desconfiada com minha reação desesperada repentina, mas continuou. – Eu achei isso para você...

Camila inclinou-se e pegou sua mochila que estava entre suas pernas na cabine. Abriu o zíper em uma rapidez incrível e pegou o tecido preto e grosso com um olhar de expectativa para mim.

Mantenho uma mão no volante, dando uma olhada rápida para a estrada me certificando que não morreríamos em um acidente de carro. Com a outra mão apanho a jaqueta de couro Premium Augustus. Ela continha detalhes pratas no zíper e nos botões distribuídos por sua extensão, além, de uma fivela na bainha.

- Você perdeu a sua no acampamento militar e... e desde então não procurou outra. – Camila sibilou com um sorriso doce nos lábios bonitos. – Não sei por que não fez isso, mas eu decidi lhe dar. Porque quando te conheci com certeza a jaqueta teve sua porcentagem de culpa por me fazer amar voc...

Sua voz sumiu quando ela percebeu o quê estava saindo por sua boca, que se fechou no mesmo segundo. Seus olhos estavam assustados e temerosos, me encarando como se esperasse que eu não tivesse percebido seu deslize.

E dentro da minha caixa torácica meu coração saltava, vibrava e batia descontrolado.

Camila deu uma risadinha sem graça e um sorriso amarelo, voltando a olhar para a estrada.

Oh, eu estava tão apaixonada por Camila Cabello que não conseguia ficar longe dela.

E ter certeza disso agora era um pouco assustador.

Eu via em suas órbitas chocolate o medo de dizer aquelas palavras. Uma coisa era permanecermos juntas com algum tipo de relacionamento, outra seria admitir sentimentos tão poderosos quanto esses que já habitavam em nossos corações.

Eu sabia que ela me correspondia.

Mas quando você diz... é outra coisa.

Sempre pensei ser meio antiquada no mundo normal. Sim, eu saía para festas, bebia, ficava com vários e várias em uma só noite. Mas nunca, nunca havia dito um “eu te amo” que não fosse verdadeiro. Nunca havia dito que me importava com uma pessoa sem realmente me importar. Nunca havia dito palavras de carinho sem realmente gostar da pessoa.

É hipocrisia utilizar as palavras banalmente.

 

A noite já havia caído quando nos aproximamos das redondezas da Fazenda. Pego a estrada de terra principal passando por entre os pés de milho bonitos e fortes.

Camila colocou apenas a cabeça através da janela e assoviou, com dois dedos debaixo da boca, sinalizando que estávamos do lado de fora. Não demorou muito para que o portão de metal enferrujado se abrisse com a ajuda de uma corda amarrada em uma de suas extremidades.

Como foi difícil deslocar aquele portão para ali...

Havíamos precisado de todos os integrantes do grupo para movê-lo do interior da Camionete até ali, após o encontrarmos dependurado em um posto de atacado no começo do mês de Julho.

Piso no acelerador novamente e faço um aceno com a cabeça ao passar por Louis no portão. O cientista estava vestindo uma calça jeans desgastada e uma blusa vermelha de polo. Ele sorriu para mim e novamente puxou a corda grossa, fechando os dois portões.

Viro o volante da Camionete a conduzo até a parte esquerda do perímetro, próxima de onde uma cerca de metal que impedia que as galinhas fugissem.

Nem quero comentar sobre a experiência de correr atrás daquelas porcarias.

Foi em uma busca no lado oposto do condado nos meados de Agosto, onde nos deparamos com uma fazenda. Essa era menor e estava infestada de zumbis, mas, felizmente, as galinhas estavam presas dentro de um curral. Os porcos e as vacas já estavam mortos há muito tempo e as galinhas só conseguiram sobreviver por causa do alimento dos demais animais. Os zumbis tentavam as capturar enfiando as mãos entre as frestas da madeira do curral, mas não conseguiam.

Os abatemos e pegamos as galinhas para nós.

Mas não antes de cairmos dezenas de vezes na lama correndo atrás delas.

Eu pulei do interior da Camionete Chevy e esperei Camila dar a volta no veículo para pegar as duas mochilas pesadas. Comecei a andar, mas então percebi que a latina precisaria de ajuda e decidi voltar.

- Olha só, toda cavalheira. Demorou pra fichar cair, não é?! – ela resmungou me lançando um olhar de soslaio.

Eu não resisto e solto uma risadinha. Assim como ela, coloco uma alça da mochila em um ombro.

E então ofereço minha mão.

Camila faz uma careta, mas no fim aceita o contato, entrelaçando seus dedos nos meus. Caminhamos de mãos dadas até a porta da frente do casarão de dois andares contabilizando os vinte metros que separava a varanda do portão de ferro.

Um latido animado me fez olhar para o lado e ver Victoria, ou mais chamada de Vic, toda feliz ao lado de Demetria, que estava no posto de vigia naquela noite. A labradora saiu toda estabanada e veio correndo em minha direção.

- Calma, garota! – eu dou uma gargalhada e tento, mesmo com uma mochila em um ombro, segurar toda aquela criatura elétrica que distribuía lambidas no meu rosto.

Victoria, que ganhou esse nome por causa da vitória de ter permanecido viva, estava completando setes e meio. A labradora de pelagem bege estava na fase elétrica, onde exigia muito treino e paciência. Vic havia se tornado uma peça fundamental para a proteção da Fazenda, pois bastava um barulho anormal no meio do milharal que a labradora erguia a orelha e já começava a latir, nos avisando.

Toda a sua energia e amor genuíno havia nos alegrado durante aqueles meses difíceis.

- Você já comeu? – pergunto enquanto passava as mãos sobre sua cabeça e acariciava seu focinho. A labradora ofegava com a língua para fora e olhinhos brilhando. – Vou lá dentro e depois volto para brincar com você, ouviu?!

E, Como se a cachorra houvesse de fato me entendido, deu um latido animado.

Aquilo era estranho, mas já estávamos acostumados.

Arrumo a mochila no meu ombro e ofereço a mão outra vez para Camila, que permaneceu ao meu lado sorrindo para a cena.

Antes de subirmos os degraus da varanda fiz um sinal com a mão cumprimentando Demi e a cientista retribuiu o cumprimento, voltando a focar no horizonte.

Ela e Louis eram os responsáveis até o início da madrugada.

Empurro a porta da frente e sou presenteada pelas conversas animadas vindas da cozinha. Toda a casa era iluminada por diversas velas em candelabros espalhados pelos móveis, deixando os cômodos bem iluminados.

Niall Horan estava sentado no sofá macio enquanto lia para as crianças um livro infantil.

Sofia, ao avistar sua irmã, levantou em um pulo e a agarrou pela cintura. A latina estava bem maior, quase não aparentando ter apenas sete anos e meio.

Dou uma piscadela amistosa para Niall e ele sorri. O rapaz com madeixas loiras tinha apenas vinte e três anos e terminava a faculdade de Psicologia quando o Apocalipse começou. O encontramos na primeira quinzena de Agosto, gritando por socorro ao estar encurralado por no mínimo uma dúzia de zumbis em uma encruzilhada. Ele se mostrou bondoso e ótimo com crianças, desenvolvendo uma grande amizade com Harry e Louis.

Solto a mão de Camila ao ver que a sua irmã não a largaria tão cedo e faço meu caminho até a cozinha onde mais gente se encontrava.

Harry remexia algo em uma das cinco panelas enquanto conversava com Normani. O de cabelos longos estava ao lado do fogão e a morena bonita picava alguma coisa em cima da mesa de vidro.

O rapaz, que vestia uma regata, se encontrava mais forte do que antes devido aos esforços dos últimos meses. Seu tornozelo estava muito bom. Ele mancava e para sempre mancaria, mas caso precisasse correr isso não custaria a sua vida.

A morena bonita havia incrivelmente desenvolvido suas habilidades nos últimos cinco meses – ainda incompletos – com a besta que encontramos no arsenal do acampamento. Normani, por si própria, decidiu que precisava ter um papel significativo no grupo e não aguentava mais ser a donzela em perigo. Sozinha ela treinou por meses, e ainda treinava, na floresta próxima acertando esquilos nas árvores.

- Hum... o cheiro está bom. – eu dou um sorriso largo ao me aproximar da comida. – Devo dar parabéns para qual chefe dessa vez?

- Para mim, óbvio! – a voz de Allyson se fez presente enquanto ela descia devagar as escadas que ligavam ao segundo andar da casa. – Harry só sabe mexer a porcaria da colher.

A enfermeira baixinha logo apareceu na porta da cozinha com uma mão nas costas. Sua barriga saliente já estava tão grande que o umbigo já estava saltado para fora, ficando marcado pela camiseta soltinha que usava.

Semana passada havia completado oito meses de gestação.

Harry, ao ouvir a blasfêmia contra, si revirou os olhos.

- Mas admita que eu remexo muito bem a colher! – ele zombou dando espaço para que Allyson assumisse o controle do fogão. A baixinha bufou. – Olha, nem me olhe assim! O cozinheiro aqui de verdade é o seu “namorido”.

Uma risada escapuliu por meus lábios ao ouvir aquele apelido ridículo que Louis e Harry haviam inventado para os casais do grupo. Era uma mistura de “namorado” e “marido”, já que ninguém ali havia sentido a necessidade de realmente pedir o outro em namoro, mas nos portávamos como casados.

- Por falar nele... onde está Troy? – pergunto ao me aproximar de Normani e pegar um pedaço de tomate que estava sendo cortado, o jogando na boca.

Isso gerou uma tapa na minha mão.

- Ai! – eu faço uma carranca ameaçadora para ela, mas a morena simplesmente dá de ombros voltando a cortar os legumes. – E o Christopher? – completei, voltando a olhar para os dois perto do fogão.

- Estão lá em cima conversando no escritório. – Allyson respondeu enquanto colocava um pouco do molho do macarrão na palma e provava o sal.

- Simon?

- Ainda trancado no quarto.

Eu inspiro fundo e solto o suspiro cansado. O homem estava assim há dois dias. Ele havia melhorado bastante desde a sua perda e havia voltado a interagir conosco, mas às vezes tinha momentos de recaída e por isso se ausentava de todas as atividades do grupo, ficando isolado por dias.

Allyson e Harry então engataram em uma conversa sobre temperos, deixando eu e Normani de fora. Viro-me de novo para a morena e começo a analisar sua agilidade com facas.

Isso me fez lembrar de outra pessoa boa com lâminas.

Mais especificamente machados.

- Ela ainda não voltou? – pergunto baixinho.

Normani parou de cortar e fechou os olhos ao soltar um suspiro sôfrego pelos lábios.

Eu mais que ninguém sabia como ela se sentia em relação à Dinah.

- Não... – respondeu tristonha e abriu os olhos novamente.

- Nenhum um sinal? – franzo o cenho, preocupada.

- Nenhum... – Normani mordeu o lábio inferior ansiosamente.

Ela então virou o rosto para mim e deu de ombros, mostrando que por mais triste que estivesse infelizmente ela não poderia fazer nada a respeito.

E como obra do destino Cara Delevingne apareceu na porta da cozinha. A loira tinha um boné virado para trás na cabeça e os olhos claros penetrantes diretamente para Normani.

Cara era uma jovem de vinte e oito anos e costumava antes de tudo ser Arquiteta. Fora ela quem nos ajudou a planejar e executar tudo o que transformou a Fazenda no que era hoje. Ela havia surgido em nosso caminho na busca que fizemos pelos cabos de alta tensão nos meados de Maio.

Não fora lá uma das melhores primeiras impressões, mas a mulher interagiu bem com o grupo após isso.

Cara estava suja, machucada e faminta. Hesitamos em trazê-la, principalmente por causa de seu olhar nenhum um pouco amistoso, mas depois de quebrar seu silêncio – que perdurou algumas semanas e só se foi depois que começou a conversar com Normani – ela se mostrou uma boa pessoa.

Ela e a morena se tornaram muito próximas...

Muito próximas mesmo.

E Dinah Jane, depois da tragédia e do primeiro contato que tivera com a Arquiteta, gostou ainda menos dela.

Mas as duas souberam conviver pacificamente pelos quase quatro meses que conviveram.

A ex-mecânica estava longe da Fazenda há um mês, desde o fim de Agosto. Seu humor e personalidade foram fortemente afetados depois de sua perda e ela anunciou que só conseguiria se curar caso afastasse de nós. Todos do grupo nos importávamos com ela, portanto obedecemos a sua vontade.

Então há um mês ela saiu com uma mochila nas costas e disse que ficaria longe por um tempo. Jurou que voltaria.

Mas a falta que sentíamos era grande demais.

- Como você está, bombom? – Cara se aproximou da mesa de vidro e se debruçou ali, apoiando um queixo com a mão. A mulher lançou um sorriso galanteador para Normani, erguendo uma sobrancelha convidativa.

Ao ouvir aquele apelido completamente idiota eu apenas segurei para não fazer uma careta de “Que porra foi essa?!”.

Então, ao contrário, apenas dei um sorriso meio sem graça e me distanciei lentamente para o lado, fora do campo das duas.

Observei um sorriso pequeno nascer nos lábios de Normani. Era longe do sorriso que nascia quando quem o criava era Dinah Jane, mas, se Cara a estava fazendo bem, eu não deveria julgá-la.

Voltei para a sala de estar apenas para checar como Camila estava e encontrei a latina no sofá junto às crianças, sentada do lado de Niall.

Sorri para ela e indiquei com a cabeça que estava indo para o andar superior.

Ela me lançou uma piscadela cúmplice e voltou a acariciar o cabelo de sua irmãzinha que estava compenetrada da leitura de Niall.

Subo as escadas devagar analisando as fotografias nas paredes que nos negamos a retirar. Elas pertenceram um dia a Chelsea e não tínhamos o direito de tirá-las dali apenas por causa de seu falecimento.

A idosa havia se mostrado uma mulher carinhosa e prestativa. Nos contou a história da sua vida que se resumia a passar os anos ao lado de seu marido e cunhada. A irmã de seu marido fora atacada por uma andarilha enquanto caminhava entre o milharal. Chelsea e Simon tiveram três filhos: dois homens e uma mulher. Mas, depois do início do Apocalipse e perda da comunicação, eles nunca mais tiveram contato com eles.

Mas, assim como Allyson gostava de acreditar, a velha Chelsea agora estava junta à cunhada no Paraíso.

Termino de subir as escadas e viro no corredor. Um candelabro disposto em uma mesa iluminava ali. Mesmo de fora do quarto, que tinha a porta fechada, eu podia ouvir as vozes de Christopher e Troy.

Bato à madeira duas vezes e espero.

Logo a porta foi aberta e eu pude analisar a expressão preocupada de meu irmão. Christopher havia deixado a barba crescer bastante, tanto que chegava a me incomodar, mas eu não podia fazer nada. Ele a abre mais para que eu pudesse passar e assim o faço, caminhando ao seu lado até perto da mesa de mármore disposta no centro do quarto.

Troy estava sentado na cadeira e tinha uma mão em meio às fios loiros que estavam bem maiores. Ele havia sido outro que se recusara a cortar o cabelo, que agora estava penteado para trás e quieto por causa de gel. O ex-motorista tinha um cavanhaque muito estranho no queixo que era constantemente criticado por Allyson.

- O que há de errado? – sou direta ao perceber as expressões sérias nos rostos dos dois líderes.

Havíamos criado uma espécie de “diarquia” onde quem tomava as decisões eram os dois. Foi de total consentimento por parte de ambos.

Mas tanto Christopher quanto Troy buscavam Camila e eu para conselhos.

Eles confiavam em nossos instintos.

Troy inspirou fundo e levantou seus olhos claros para mim.

- Nossa comida está acabando, Lauren. Por mais que tenhamos colhido da última safra, ainda não é o suficiente. E nós já revistamos tudo ao redor desse condado. Vamos precisar ir mais longe dessa vez...

- O quão longe?

- Há cinco condados daqui.

Coço minha cabeça em um tique-nervoso. Analiso a expressão de meu irmão e vejo que ele também tinha a mesma preocupação que o loiro.

Mais longe significava mais zumbis, significava mais trajetos... significava mais pessoas passiveis de encontrar.


Notas Finais


E aí, o que acharam sobre as mudanças? Alguém vai acertar tudo o que aconteceu nesse meio tempo? Se alguém me der teorias bem interessantes do que aconteceu e como isso vai se relacionar com o “grupo” do Prólogo eu talvez poste dois capítulos Domingo que vem. T-A-L-V-E-Z. Só vai rolar se vocês me surpreenderem.

Ai gente, eu to morrendo com I Have Questions :(
Ah, e meu twitter é @control5h

Beijos de luz da autora!


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