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História Into The Dead - Capítulo 36


Escrita por: control5h

Notas do Autor


“I decide. Not you. Period.”

Não me matem, ok?! Eu precisava desse tempinho para voltar a ter “vontade” de escrever essa história. Minhas melhores ideias vêm quando não me sinto obrigada a fazer algo e, acreditem, me resolvi com isso!
Aqui está um capítulo para o bem de todos e felicidade geral da Nação.
Aliás, estou de férias, então terei mais tempo para escrever e postar. MAS, só vou fazer isso se vocês se comunicarem comigo!
DINAH MOZÃO VOLTOU

Boa leitura e me perdoem pelos erros!

Capítulo 36 - Capítulo 36


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 36

LAUREN PDV

 

- Você por acaso viu onde está minha chave de fenda? – a voz de meu irmão surgiu no corredor do segundo andar.

Eu fecho os olhos e suspiro para não soltar um palavrão. Christopher era tão aéreo com suas coisas que às vezes me dava nos nervos.

- Já procurou dentro da sua caixa de ferramentas?

Volto a me inclinar para baixo e continuo a arrumar minha gaveta de roupas. Depois de a lavarmos mais cedo, as peças mais finas já haviam secado com o vento do Outono e, por isso, decidi já as guardar para liberar espaço no varal. Éramos muitos então um grande espaço para roupas era necessário.

- Achei! – ouço o timbre grave de Christopher. – Estava dentro da minha caixa de ferramentas!

Eu reviro os olhos automaticamente com aquilo.

Continuo a arrumar minhas roupas até que ouço os barulhos dos passos pesados de Christopher perto da porta do meu quarto.

- Você pode me ajudar com a TrailBlazer? – perguntou escorando um ombro na porta e segurando na mão direita sua caixa de ferramentas.

Coloco-me de pé e fecho a gaveta da cômoda com o joelho. Viro-me para meu irmão, fazendo uma leve careta.

- A Camila vai me matar se eu sujar essa roupa. – murmuro apontando para minha regata azul bebê.

Christopher me encarou meio embasbacado por alguns segundos e só depois começou a gargalhar. Franzo o cenho sem entender a graça que o fazia até suspirar em meio às risadas.

- Vocês já estão nesse estágio? – perguntou. – Onde ela lhe enche o saco se aparecer com a roupa suja? Estão casadas há quanto tempo e eu não sei?

- Vai à merda! – rosno, começando a virar de costas para ele outra vez.

- Espera... – ouço sua voz agora um pouco mais séria. Olho para ele e vejo que sua expressão estava agora um pouco surpresa. Ele caminha até perto de mim e segura minha mão, a analisando. – Isso é uma aliança? – Christopher pergunta e me encara, sério. – Você propôs?

- Sim. – respondo e automaticamente um sorriso nasceu em meu rosto.

- E você não me contou?! – Christopher bufou e deu um passo para trás, fazendo um típico drama. – Sinto-me traído! Eu sou seu irmão!

- Oh, não fique assim, Chris... – eu murmuro e coloco uma mão em seu ombro de forma amigável, ainda sorrindo. – Só a Dinah sabia. Eu queria que ficasse entre poucas pessoas, porque você sabe como eu sou... Eu sou terrível com essas coisas. Simplesmente aconteceu!

Christopher aos poucos dissolveu sua carranca emburrada, desfazendo-a. Meu irmão então sorriu sinceramente e abriu os braços, me pegando de surpresa com um abraço monstruoso.

- Meus parabéns, maninha! – ele disse enquanto me esmagava em seus braços. – Eu estou muito feliz por você e Camila. Não imagina quanto!

- Você está me sufocando... – murmuro com o meu rosto sendo apertado contra seu peitoral.

- Cale a boca, Fantasminha. – Christopher retrucou e continuou a me apertar em seu abraço. – Você precisa aprender a receber carinho alheio!

Eu suspiro, mas no fim não resisto em rir daquilo. Entrego-me então ao seu calor e envolvo sua cintura com meus braços, o abraçando de volta. Há muito tempo eu e meu irmão não tínhamos aquele momento, onde apenas nós dois estávamos juntos em uma situação positiva e calma.

Eu sentia falta dele.

Eu sentia falta de Taylor também.

Christopher continuou com os braços ao redor de mim e eu descansei minha cabeça em seu ombro. Automaticamente o jovem começou um carinho singelo em meus cabelos.

Chris inspirou fundo e deixou o beijo em minha testa. Levanto minha cabeça para encará-lo e nossos olhares se encontraram.

Meu irmão sorriu.

- Eu estou feliz por você ter encontrado alguém que te ame de volta, Laur. – Christopher murmurou acariciando a lateral do meu rosto.

- Você também irá achar... – retruco tentando fazer uma piada para quebrar o momento meio tenso, mas a expressão de meu irmão continuou a mesma.

- Estou feliz por estar apenas protegendo nossa família. – respondeu, dando uma piscadela. – Alguém precisa ficar de olho em todo mundo enquanto você e latina estão gemendo no meio do mato.

Ele começou então a gargalhar da própria piada e eu simplesmente revirei os olhos, tentando não rir também.

- Você como sempre estragando o momento, seu ogro. – resmungo livrando-me de seus braços.

Christopher continuou rindo de sua piada ruim até que decidimos descer até a cozinha do casarão. Eu me sentia bem em saber que meu irmão aos poucos nem aparentava ser mais aquele cara fechado de meses atrás.

Ao chegarmos à cozinha nos deparamos com Demetria e Niall picando os ingredientes do jantar enquanto conversavam sobre instrumentos musicais – principalmente depois o que o loiro viu o violão de Ally.

Perto do fogão estava Ally, Troy e Claire fritando os peixes que meu irmão pescara. Os três riam de alguma brincadeira interna e pequena loirinha estava vestindo um avental velho que encontramos.

- Hum... temos uma nova cozinheira? – Christopher perguntou ao se aproximar dos três e olhar dentro das panelas.

- Largue de ser intrometido! – Claire resmungou e deu um leve empurrão de brincadeira na cintura de meu irmão, fazendo-o se distanciar do fogão.

- Essa é a minha garota! – Ally deu uma risadinha e estendeu a mão. As duas então bateram um Hi-5.

- Como você aguenta? – Christopher semicerrou os olhos para Troy que observava tudo com um sorriso idiota no rosto.

- É o amor... – o loiro alto deu de ombros. – Fazemos coisas que não imaginamos.

Meu irmão revirou os olhos – assim como eu faço – e antes de se distanciar dos três ainda passou a mão sobre os cachos loiros de Claire, apenas para bagunçá-los de propósito. A garota resmungou de novo, de fato agora irritada, e ameaçou ir atrás de Christopher, mas ele já dava passos rápidos para longe enquanto ria.

- Onde está a Normani? – pergunto meio preocupada por ver poucas pessoas ali.

Eu estava ciente que Harry, Louis e Simon estavam de vigia.

- Saiu com a Cara há umas duas horas. – Allyson respondeu instruindo Demetria o jeito certo de como queria as batatas cortadas. – Vocês ainda estavam no rio.

Olho no relógio da cozinha e vejo que já era próximo das sete horas da noite. Institivamente fico ainda mais receosa, porque, por mais que a morena e a arquiteta pudessem estar fazendo “outras coisas” nunca ficávamos mais que três horas fora sem dar notícias.

Mas, como eu não poderia controlar aquilo, apenas dei de ombro e comecei a girar o corpo com a intenção de ir até a varanda e ajudar meu irmão com sabe-se lá o quê no Chevrolet TrailBlazer 2014.

Era um veículo que encontramos em uma de nossas viagens e estava em perfeito estado, exceto pelas vezes em que o motor roncava alto demais. Estávamos tentando modificá-la para ficar mais silenciosa.

Porém, assim como um fantasma que apareceu do Além, Camila se materializou na minha frente já com uma expressão de poucos amigos.

- Você não vai ir fazer o que estou pensando que vai fazer depois de ter tomado banho, vai Jauregui? – Camila semicerrou os olhos para mim de forma ameaçadora.

Olho para meu irmão e vejo que ele mordia os lábios para não rir.

Volto a olhar para Camila, que ainda tinha o olhar mortal para mim.

*Music On* (Blues Saraceno – Dogs of War)

- Querida, é o seguinte... – eu começo com um tom calmo e um sorriso forçado para mostrar que eu estava tentando apaziguar a situação.

Porém, antes mesmo que eu tivesse a oportunidade de me explicar, o barulho de um motor potente ressurgiu em meio ao silêncio do lado de fora.

Todos ali ficaram quietos tentando reconhecer aquele som, já que a picape e a Chevy estavam estacionadas ao lado do casarão.

Logo um Louis afobado surgiu correndo.

- Eu não conheço! – ele exasperou ao passar pela porta da frente. – Está vindo na trilha principal. É uma Picape Ram!

Quase que automaticamente todos já ficaram na defensiva. Depois de termos enganado Vero e sua equipe sempre ficamos com uma pulga atrás da orelha. Eu sabia que ela estava me procurando por aí e caso me achasse, eu sabia também que estaria bem ferrada.

Mas isso não iria acontecer porque seguimos direções diferentes.

Ou pelo menos eu esperava isso.

Eu, Chris e Camila – quase que sincronizados – fomos até um armário estratégico no canto da sala.

Quem olhasse pensaria que o móvel fazia parte da decoração antiga do casarão, mas, assim que colocamos a combinação no cadeado e abrimos as portas, nossas armas ficaram expostas. Os fuzis estavam pendurados em ganchos, as pistolas diversas organizadas por tamanho e os pentes de bala ao lado.

Havíamos usado mais que a metade de nossas armas durante aquele tempo na estrada e, a busca pelas mesmas entraria na lista de coisas que precisaríamos fazer nos próximos meses.

Eu peguei minha Desert, Christopher a sua espingarda e Camila a sua Dan Wesson.

Christopher foi o primeiro a sair pela porta da frente, a empurrando bruscamente. Atrás de Camila e eu, Troy também nos seguia agora segurando a sua AK-47. Descemos os degraus da varanda já puxando os ferrolhos e canos de nossas armas, as deixando carregadas e prontas para disparar em qualquer indivíduo que estivesse com más intenções em nosso território.

Louis correu à nossa frente, segurou Victoria para que ela não avançasse, e abriu apenas uma fresta no portão, o suficiente para que Chris, Camila, Troy e eu saíssemos e já ficássemos à espera da picape Ram negra que vinha com os faróis ligados em nossa direção.

Coloco um braço na frente do rosto para diminuir a incidência que a luz forte fazia em minha retina e tento enxergar além do vidro escuro do para-brisa.

A picape Ram parou há uns bons dez metros de nós e dali escutei o freio de mão ser puxado bruscamente. Entretanto, os faróis continuaram ligados, nos deixando momentaneamente cegos por causa da claridade.

Vejo então a porta do motorista ser aberta.

Institivamente nós quatro erguemos nossas armas.

Eu e Camila demos um passo à frente com nossas pistolas apontadas para figura que saltava da picape monstruosa. Sua silhueta negra era marcada pela luz dos faróis e eu via os dois machados presos às suas costas enquanto caminhava até a parte da frente do veículo.

Eu reconhecia muito bem aquele andado.

- É desse jeito que vocês recepcionam uma velha amiga? – a voz de Dinah se fez presente no silêncio constrangedor que se tornou o lugar.

Camila no mesmo instante abaixou a arma e semicerrou ainda mais olhos para tentar ver se aquela era mesmo Dinah Jane.

A loira alta estava com um sorriso debochado nos lábios. Seus cabelos estavam mais curtos e sua expressão estava diferente.

Algo nela estava diferente...

- DJ? – Camila choramingou sem acreditar que estava vendo sua melhor amiga depois de um mês.

- Não... É Jesus Cristo! – Dinah fez uma careta zombeteira e lançou um olhar de soslaio para nós. – É claro que sou eu! – abriu os braços de forma convidativa para a latina.

Camila sequer hesitou em colocar sua arma no cós de trás da calça e começou a correr em direção da loira alta. A latina pulou nos braços de Dinah que a envolveu em um abraço apertado.

Eu nem havia percebido que um sorriso idiota já estava bailando em meu rosto. Chris, Troy e eu abaixamos nossas armas no momento seguinte.

Enquanto Camila e Dinah ainda se abraçavam a porta do carona e uma porta do banco de trás foram abertas. Normani saltou do lado do carona e Cara apareceu logo atrás, fechando a porta do passageiro.

A carranca das duas era tão grande e tão irritada que logo eu percebi que um “leve” desentendimento havia acontecido.

- Briga no brejo. – escuto Christopher comentando baixinho com o Troy.

Viro-me lentamente em direção dos dois quando começaram a rir da piadinha. E ao ver minha expressão assassina as risadas morreram dentro da boca de ambos.

- Foi uma brincadeira, pelo amor de Deus! – Troy já choramingou com um sorriso amarelo.

- Leve na esportiva, maninha... – Christopher se defendeu com os olhos arregalados. – Você sabe que foi uma brincadeira!

- Uhum... – cantarolo com o maxilar travado.

- Ei, papel A4? – a voz de Dinah surgiu ao longe, fazendo-me revirar os olhos com o apelido ridículo por causa da minha branquidão. Viro-me em sua direção e vejo a loira alta vindo até mim. – Como estão as...

Entretanto, antes mesmo que a loira continuasse a falar comigo, Normani passou por ela como um furacão dando-lhe uma pancada no ombro de propósito. Dinah chegou até a cambalear para o lado por causa da força, precisando se equilibrar em seguida.

Cara veio logo atrás e, antes de seguir o furacão Normani, parou perto de mim com uma expressão séria.

- Nós precisamos conversar! – a Delevingne rosnou e logo em seguida saiu atrás da morena.

Ainda meio confusa por tudo o que acabara de acontecer eu olhei para Dinah que passava mão sobre o ombro dolorido. Camila estava ao seu lado também com a mesma careta de confusão.

- É... – a loira suspirou, concordando. Sua expressão já não estava assim tão mais radiante. – Nós realmente precisamos conversar.

 

 

Assim que Dinah passou pela porta da frente do casarão os berros provenientes principalmente de Allyson, Sofia e Claire ecoaram. As crianças praticamente pularam em cima da loira alta e a enfermeira a abraçou, todas ao mesmo tempo, fazendo com que a ex-mecânica ficasse sufocada por tanto amor.

Dinah gargalhou com tantos braços ao redor de si.

Harry, Louis e Demi vieram também abraçar a jovem, que respondeu feliz ao afeto. Niall, por ainda ser meio tímido no grupo e não ter tido tempo para criar um laço forte com a loira alta, simplesmente lhe apertou a mão de forma civilizada.

Christopher mal esperou a ex-mecânica guardar suas coisas outra vez em seu quarto e já começou a falar sobre a TrailBlazer. Eles discutiram por longos vinte minutos sobre como deixar o motor do carro mais silencioso.

Durante toda a uma hora anterior ao jantar – onde o preparávamos – nós conversamos na cozinha. Todos reunidos outra vez. Niall e Cara havia se disponibilizado em serem os vigias para nos deixar ter aquele momento “às sós”. Provavelmente o rapaz ainda se sentia intimidado por ser o último a se integrar ao grupo e a arquiteta estava irritada demais com a volta da mecânica.

Ter Dinah de volta significava provavelmente perder Normani outra vez.

- Você tem certeza que não vai explodir? – Dinah perguntou quando Allyson se assentou ao seu lado no sofá, na sala de estar. – Isso aí está enorme!

- Você voltou toda engraçadinha, não é, Jane? – a enfermeira resmungou descansando o braço sobre a coxa do amado que estava ao seu lado.

A loira alta deu uma risadinha, concordando.

Todos nós agora nos encontrávamos na sala de estar do casarão, sentados nos sofás e poltronas após termos jantado bem. Via-se que Christopher estava piscando forte para não cair no sono, diferente de Harry que já ressonava com a cabeça escorada ao ombro de Louis.

Demetria estava sentada em uma cadeira de balanço, Simon em uma poltrona e Normani em uma cadeira de metal.

As crianças decidiram subir e brincar meu quarto, onde os brinquedos de Sofia estavam.

A sala era iluminada pelos candelabros dispostos em cima das mobílias próximas.

Camila se aproximou de mim segurando um copo de água na mão. Eu neguei com a cabeça antes mesmo que ela oferecesse. A latina então deu de ombros e se assentou em meu colo, na poltrona vermelha no canto da sala. Passo meus braços por sua cintura, deixando-a confortável em minha coxa, e ela automaticamente descansou a cabeça no meu ombro, se aconchegando em mim.

- Nem tentem me enganar, ok? – Dinah exasperou e apontou um dedo de forma ameaçadora par mim e Camila. – Eu estou vendo o brilho dessas alianças nos dedos de vocês! Quando isso aconteceu?!

Eu automaticamente senti minhas bochechas queimarem. Sempre que me questionavam aquilo uma timidez inabalável me corroía.

E quando percebi já escondia meu rosto nas costas de Camila.

A latina deu uma risadinha por isso e passou um braço por meus ombros, me abraçando ainda mais contra ela. Eu faço um bico para tentar diminuir a queimação que consumia meu rosto naquele momento.

- Foi ontem... – Camila respondeu e deixou um beijinho de leve na minha bochecha.

Bastou aquilo para eu me derreter toda.

- Ai, tanta glicose que vou dar diabetes. – Dinah resmungou, sendo a pessoa que era antes. – Estão o quê? Namorando? Noivas? Casadas?

- Noivas. – Camila disse.

- Namorando. – eu disse ao mesmo tempo.

Nós duas então franzimos o cenho e nos entreolhamos, confusas por nossas respostas serem diferentes.

- Estamos namorando. – Camila se corrigiu.

- Estamos noivas. – eu me corrigi ao mesmo tempo em que ela.

- Ops... – Allyson cantarolou ao ver que nós duas havíamos nos enrolado.

Percebia-se que o restante do grupo fazia caretas para não rir da situação.

Eu e Camila nos encaramos outra vez, sem graça.

- Estamos juntas. – respondemos pela terceira vez o mesmo tempo e agora exatamente igual.

- Okay... – Dinah mordia a bochecha para não rir de nossas expressões sem graça e simplesmente deu de ombros. – Estou feliz pelo sabe-se lá o que vocês têm.

- Obrigada. – respondi, descansando o queixo sobre o ombro de Camila.

- E você? – a latina perguntou, escorando a cabeça à minha. – Por onde esteve esse tempo todo?

O sorriso de Dinah foi se desmanchando aos pouquinhos até que sobrou apenas a sua expressão neutra outa vez.

- Conseguiu o que você queria? Huh? – Normani acrescentou, de braços cruzados.

Dinah olhou para a morena e inspirou fundo ao ver o quão machucada ela estava. A morena desde o momento em que chegara estava com a expressão fechada, séria.

- Eu fui até a Califórnia... – Dinah respondeu e abaixou a cabeça, começando a encara a mesa de centro.

- Você o quê? – Normani perguntou, embasbacada.

- Você cruzou o país? – o velho Simon perguntou, surpreso.

- Sim. – Dinah afirmou com a cabeça, torcendo os lábios de leve.

- Por quê? – Louis questionou.

- Eu fui atrás dos meus familiares. – a ex-mecânica murmurou e começou a brincar com seus dedos, compartilhando a mania de Camila que significava que ambas estavam ansiosas com a situação. – Eu precisava saber se eles estavam vivos! Quer dizer... eu precisava pelo menos tentar fazer isso.

- Você conseguiu alguma coisa? – Ally perguntou, prestativa.

- Não muito... – a loira alta suspirou. – Quando eu cheguei à minha antiga casa eu encontrei tudo abandonado. Qual é...? – ela deu uma risadinha sem nenhum humor. – Dois anos se passaram desde o início do Apocalipse, eles não iriam ficar me esperando sentados à mesa com chá quente! Mas eu percebi que as roupas foram levadas. As comidas e mochilas também. Eles fugiram a tempo. Eu andei pelos arredores da Califórnia, procurei em regiões relativamente “seguras”, mas todos os acampamentos estavam tomados. Zumbis os dominaram. – Dinah falava e olhava para o nada, com as órbitas cheias de pesar. – Ou eles continuaram fugindo assim como nós fizemos ou... eles morreram.

- Precisamos pensar positivo! – Troy retrucou com um sorriso amigável. – Se eles tiverem herdado pelo menos um pouquinho da sua esperteza tenho certeza que estão todos bem!

- Obrigada... – Dinah deu um breve sorriso agradecido.

Normani continuou em silêncio, mas momento algum desviou seu olhar de Dinah. Ela encarava a loira como se ainda não acreditasse que ela estava ali finalmente.

- E como estão as coisas lá fora? – pergunto quando começo a sentir um carinho no couro cabeludo proveniente dos dedos de Camila.

- Estranhas... – Dinah respondeu levantado o olhar para mim. – Eu cruzei o país, Lauren. Mas poucas foram as vezes que vi alguém vivo!

- O que você quer dizer com isso? – Harry perguntou e só agora notei que o de cabelos longos já estava acordado outra vez.

- As pessoas fizeram como nós fizemos... – a loira continuou. – Formaram grupos e saíram dos grandes centros. E isso é perigoso! – acrescentou Dinah. – Porque provavelmente grandes comunidades foram feitas!

- O quê... – eu tento falar, mas ela me interrompe.

- Estamos falando de uma nova ordem mundial! – Dinah falou e eu via o brilho em seus olhos. – As pessoas estão reconstruindo, Lauren! As pessoas que sobreviveram até agora são fortes, inteligentes e ágeis. E elas se agruparam, porque quanto mais pessoas... melhor! Não se trata mais apenas de sobreviver e lutar contra os zumbis! Trata-se de dominar! Não existem mais leis contra isso, sequer, na verdade, existem leis! É como na época das batalhas por território! As pessoas estão lutando para dominar umas às outras!

- Você viu isso? – Christopher tinha uma expressão preocupada.

- Muita coisa mudou lá fora. Passamos quase sete meses afastados de tudo. – Dinah respondeu ao meu irmão. – E isso é muito tempo ultimamente!

- Você encontrou com alguma comunidade? – Demetria perguntou, curiosa.

- Não diretamente. – a loira respondeu e apontou para o olho direito, mostrando alguns resquícios de hematoma que ainda existiam ali. – Esse olho roxo aqui foi resultado de uma briga com duas mulheres. Elas eram mensageiras ou algo do tipo. – Dinah falou e olhou ao redor percebendo todos a encarando. – Elas queriam que eu me integrasse à comunidade delas, mas eu neguei. Na verdade, elas não queriam, elas me obrigaram. Mas mesmo assim neguei.

- Onde foi isso? – pergunta Camila, franzindo o cenho.

- Eu estava passando pelo Colorado e decidi parar em uma casa abandonada para descansar um pouco, mas as duas estavam lá. Quase nos matamos, porque nós três pensamos que iríamos brigar ou algo do tipo, mas por fim, conseguimos momentaneamente conversar sem nenhuma discussão. – Dinah murmurou, mas então negou com a cabeça. – Eu não quis ir com elas e então uma das duas se irritou dizendo que eu tinha cara de marginal. Que ninguém em sã consciência iria negar uma oportunidade dessas. Eu tentei sair sem brigar, tentei voltar a seguir meu caminho, mas então a que estava implicada comigo começou a me ameaçar.

- Como elas eram? – pergunto.

- Isso foi há duas semanas. Uma tinha cabelos negros e a outra tinha cabelos de tonalidade azul. – Dinah respondeu, forçando a memória. – Ah, ouvi a de cabelos negros chamando a de cabelo azul de Ashley.

- Ashley? – Camila questionou.

- Sim. Mas ela tinha um apelido... – a loira forçou a memória. – Isso! O apelido era Halsey! Mas ambos foram por acidente! – explicou. – Eu percebi que elas eram bem treinadas para isso e os nomes escaparam por acidente enquanto as duas discutiam. Porque essa tal Halsey não queria me deixar sair e a outra de cabelos negros retrucava dizendo que eu tinha o direito de ir embora. A Halsey partiu para cima de mim quando eu tentei fugir no meio da discussão das duas e me acertou esse murro certeiro no olho. Quase apaguei, mas por sorte caí perto de um abajur. Usei-o para dar uma pancada no rosto da de cabelos azuis e saí correndo enquanto a outra a ajudava levantar.

- E elas não te seguiram? – perguntou então Normani, semicerrando os olhos.

- Me certifiquei disso! – Dinah lançou um olhar de soslaio para a morena, como se a questionasse como ousara perguntar uma coisa daquela. – Eu fiquei dando voltas por alguns dias e troquei de carro duas vezes. Elas não me seguiram!

- E você está melhor? – Ally perguntou e passou uma mão pelos cachos de Dinah. O cabelo negro já estava na metade das madeixas, indicando que ela precisava passar mais tinta loira nos fios. – Quero dizer... em relação a tudo que aconteceu...

- Estou tentando, Allycat. – a loira suspirou e tentou sorrir um pouco, mas saiu meio falho.

- Você acha que precisa conversar com o Niall? – Harry ofereceu, prestativo. – Ele me ajudou bastante, sabe... Conversar é bom.

- Eu não preciso de um psicólogo, Harry. – a expressão de Dinah se fechou um pouco, como se ela houvesse se sentido ofendida.

- Não estou dizendo que precisa... Só estou dizendo que é bom conversar. E ele sabe exatamente o que fazer nessas situações. – Harry tentou se justificar ao ver a expressão da loira.

- Eu já disse antes que não precisava. Não precisava antes e nem muito menos agora! – Dinah retrucou, séria.

- Está tudo bem... – Troy tentou apaziguar a situação antes que saísse do controle. – Não precisa de se exaltar! Ninguém vai te obrigar a nada!

- Agradeceria por isso. – Dinah resmungou e voltou a brincar com seus dedos.

O silêncio se apoderou por alguns segundos do grupo, que pensava no que dizer.

- E você, Allycat... como está a gravidez? – Dinah recomeçou um assunto totalmente diferente.

- Está tudo bem. – a enfermeira respondeu com um sorriso automático e passou a mão sobre a barriga gigantesca. – Ele ou ela está bem agitado ultimamente. Não para de chutar.

- As coisas já estão preparadas, certo? – a loira perguntou.

Mas ficamos em silêncio um pouco perdidos com sua pergunta aleatória.

- Não venham me dizer que não deixaram tudo pronto para o nascimento da criança... – Dinah levantou o olhar e analisou cada um com uma expressão descrente. – Gente, se uma coisa que sabemos graças aos filmes da TV é que um bebê só vem nas piores horas. Já imaginou se a Ally começa a berrar aqui e o bebê nasce?! – Dinah questionou, realmente preocupada. – Como vão fazer isso sem as coisas necessárias?!

Troy e o restante do grupo se entreolharam, um pouco sem jeito por não ter pensado nisso.

Dinah bateu a mão na testa, não crendo no que via.

- Eu tinha que realmente voltar para casa. – zombou. – Vou sair em busca de coisas amanhã!

- O quê? – Normani praticamente latiu ao ouvir aquilo. – Mas você acabou de voltar!

- Allyson precisa de coisas para o nascimento da criança, Normani. – Dinah retrucou a morena, a encarando séria. – Eu já estou mais que acostumada a ficar lá do lado de fora!

- Mas você acabou de voltar! – a morena repetiu ainda mais enraivecida. – Você precisa descansar!

- Não vou descansar enquanto minha amiga tem a chance de ganhar o bebê a qualquer momento! – Dinah rosnou de volta.

- Argh, você como sempre achando que é a rainha da razão e uma super-heroína! – Normani ralhou e fechou os punhos de raiva. – Existem mais pessoas nesse grupo! Você já se arriscou demais!

- Gente... Não há necessidade de brigar. – Demetria tentou sussurrar para interromper a discussão, mas foi ignorada.

Ela assim como restante do grupo apenas olhava as duas gritarem uma com a outra, assustados.

- É a minha vida, Normani! – Dinah continuou. – Eu sei muito bem o que estou fazendo!

- Oh, claro que sabe! Saiu por aí sem dar explicações para nós, pouco se importando se ficaríamos morrendo de preocupação aqui! – Normani replicou, inclinada para frente e apontando um dedo para a Dinah do outro lado da sala.

Olho para Camila e vejo que ela analisava tudo preocupada. A latina também me encarou questionando-me em silêncio se deveria ou não interferir naquilo, mas eu sinalizei negativamente com a cabeça.

Elas tinham problemas para resolver, então que resolvessem.

- Eu precisava desse espaço, não entende?! – Dinah quase latiu, enraivecida. – Eu precisava estar em outro lugar e infelizmente isso não envolvia essa Fazenda! – ela apontou para todos nós, gesticulando rapidamente. – Mas isso não significa que não pensei um mísero dia em como vocês estavam aqui!

- Aham... – Normani cantarolou com um tom cheio de sarcasmo. – Eu realmente acredito nisso... – falou ironicamente.

- Eu pouco me importo com o quê você acredita ou não! – Dinah estourou de uma vez por todas e ficou de pé, de forma ameaçadora.

E quase que instintivamente Camila e Troy fizeram o mesmo, ficando prontos caso aquilo fugisse do controle entre as duas.

- Já chega... – o velho Simon pediu, tentando aconselhar a situação.

Mas Dinah ignorou.

- Eu pouco me importo, sabe por quê? – agora foi a loira alta quem apontou um dedo para a morena que a encarava com os olhos começando a marejar por lágrimas. – Porque você pouco ligou para os meus sentimentos. Sabia que eu estava despedaçada por dentro e mesmo assim ficou se engraçando com aquela filha da mãe! – Dinah ralhou e apontou com o dedo para onde possivelmente Cara estava fazendo a vigia.

- Eu? Eu?! – Normani também se colocou de pé e passou as costas das mãos para enxugar as lágrimas que escapuliram de seus olhos. – Você bloqueou todas as pessoas! Você me bloqueou, Dinah! Eu tentava de qualquer jeito ficar perto de você, ser seu apoio, mas você negou isso! Você negou meus carinhos! O que você esperava, huh?! – Normani ladeou a cabeça, enraivecida. – Que eu me tornasse seu saco de pancada? A pessoa para dar coices desnecessários quando eu tentava me aproximar e você simplesmente rosnava um “Me deixe em paz” e batia a porta do quarto?! – perguntou e mais lágrimas foram enxugadas. – Não! Eu não seria essa pessoa!

- Eu nunca... – Dinah tentou dizer, mas Normani a interrompeu.

- Não venha me dizer que nunca fez isso! – Normani ralhou. – Você fazia isso todo santo dia! Você mudou de quarto porque não suportava olhar para mim! Eu via! – a morena abriu os braços, desolada. – Quando você me olhava eu via que você só conseguia enxergar a morte de Regina!

Quando aquele nome foi tocado o silêncio se apoderou por completo do grupo.

Ninguém falava nada, pois a dor da perda havia voltado. O desconforto de todo aqueles meses, que havia sido sufocado, voltou à tona ainda mais forte.

A maioria das pessoas ali encarava Dinah, pois estavam receosos perante sua resposta àquilo.

A ex-mecânica estava desolada, com os olhos também marejados. Seu queixo tremia e via-se que ela segurava com força a vontade súbita de chorar.

Normani se encontrava do mesmo jeito, exceto, que por causa da adrenalina do momento, se encontrava também ofegante.

A dor era vista no contato visual que unia as duas.

- Então... – Dinah sussurrou com a voz embargada. – Eu seria hipócrita em lhe pedir perdão?

- Sim, você seria. – Normani fungou com força e passou outra vez as mãos no rosto para limpar as lágrimas. – Porque você, como disse agora a pouco, sabe e sabia muito bem o quê estava fazendo. Por mais machucada que estivesse... você sempre tivera noção das coisas!

Dinah, dessa vez, simplesmente concordou com a cabeça. Ela não tinha mais o que dizer, pois, por mais que isso doesse, sabia que a morena tinha razão. Ela própria havia escolhido aquilo. Poderia estar machucada, poderia estar em luto, mas não continha o direito de ter sido tão rude com Normani.

E eu me lembro disso. Lembrava-me das portas fechadas na cara. Lembrava-me dos coices quando a morena tentava fazer algo para agradá-la. Lembrava-me de quando Normani chegou desesperada com Dinah e ela estava com os pulsos cortados.

Normani havia se oferecido para carregar junto de Dinah a sua carga emocional, havia se disponibilizado para ser seu Porto Seguro.

Mas Dinah negou.

- Eu... hãm... – Dinah murmurou meio sem graça ao perceber que estávamos todos em silêncio após toda aquela cena. – Eu vou ir dormir. Espero que não tenha sujado minha cama, Demetria! – a loira tentou fazer uma piada, mas seu humor terrível a falhou.

- Está do jeito que deixou. – Demi respondeu com um sorriso fraquinho.

Dinah fez um breve afirmativo e com a cabeça abaixada passou pela sala, subindo os degraus do segundo andar com pressa. Normani continuou paralisada onde estava, agora encarando o nada.

- Acho que todos deveríamos ir dormir, não acham? – Harry pigarreou indicando o clima terrível que se instalou.

- Vou ajudar Cara e Niall na vigia. – Louis murmurou.

- Vou te ajudar. – Demetria seguiu o colega cientista pela porta da frente.

Christopher ajudou Troy a levantar Allyson. Os três lançaram olhares carinhosos para Normani, tentando acalmá-la, antes de também sumirem na escada junto a Harry.

- Vocês vão ficar bem? – Simon perguntou ao ver que sobrara apenas Camila, Normani e eu na sala.

- Sim... – Camila sussurrou agradecida pela preocupação do velho.

O ex-militar fez também um leve afirmativo e logo após subiu as escadas em direção de seu quarto.

Eu e Camila voltamos a olhar para Normani e agora a encontramos novamente sentada na cadeira. A morena chorava baixinho com as mãos cobrindo o rosto, provavelmente envergonhada por tudo que havia acontecido. Ela dava soluços sôfregos que indicavam a dor saindo por seus poros.

Camila me olhou e eu percebi em suas órbitas as lágrimas também se acumulando.

Eu entendia. Era realmente doloroso ver amigas tão próximas estarem tão machucadas. O meu coração apertava e eu, interiormente, também lutava contra as lágrimas.

Eu costumava ser muito emotiva antes daquele mundo e essa parte de mim ainda existia ali, escondida atrás da pedreira da realidade.

E vendo Normani assim tão frágil fez meu coração amolecer outra vez.

Caminho em direção da morena e me assento na poltrona ao seu lado. Quase que automaticamente ela se jogou nos meus braços e começou a chorar com o rosto escondido em meu ombro. Ela tremia, balbuciando coisas sem nexo, e eu a embalava de um jeito meio desengonçado.

Camila me olhava, ainda hesitante.

Eu então faço um sinal com a cabeça, indicando para ela ir cuidar de Dinah.

A latina faz um afirmativo e vai em direção da escada, sumindo momentos depois.

- Está tudo bem... – sussurro contra seus cachos negros e bonitos.

- Por quê? – Normani gaguejou em meio às lágrimas, com o rosto ainda escondido no meu peito. – Por que ela é assim?

- Dinah é como eu, Mani. – respondo, acariciando seus cabelos. – Ela não sabe lidar muito bem com seus sentimentos. É difícil tentar entender o quê nossos corações gritam se as nossas mentes ficam retorcendo tudo. A gente tenta, mas não consegue com facilidade. Ainda mais quando nosso psicológico não ajuda. Não digo que você não entende, mas... é difícil. É como se existe uma segunda pessoa dentro de nós, a qual tenta nos diminuir sempre. Que vive dizendo que não merecemos. Que precisamos ser melhor. Que nos culpa por tudo.

- É culpa minha? – ela sussurra e eleva a cabeça, me estudando com suas órbitas cheias de lágrimas.

- Claro que não, Mani. – digo e coloco um beijo carinhoso em sua testa. – Ninguém é culpado por isso. É algo que precisamos aprender a trabalhar. Eu agradeço todos os dias por Camila ser paciente comigo! Eu não conseguiria se a situação fosse ao contrário!

- Obrigada... – a morena sussurrou e voltou a escorar a cabeça em meu ombro, fechando os olhos.

- De nada... Eu estarei sempre aqui, Mani... – murmuro, beijando outra vez sua testa.

 

Continuei embalando Normani por mais longos vinte minutos até que sua respiração se estabilizou e ela se encontrou mais calma. Após se sentir um pouco melhor, a morena colocou-se de pé e foi ir dormir em seu quarto.

Fui até a cozinha beber um pouco de água e logo depois subi os degraus da casa em busca de não acordar toda a casa com meus barulhos.

Caminhei até o banheiro e peguei minha escova de dente dentre as diversas que estavam em uma caixinha de plástico. Cada qual continha um nome e um dono. Coloco a pasta e escovo meus dentes enquanto encarava meu reflexo no espelho.

Meus hematomas já sumiram há meses, sobrando apenas agora as cicatrizes. O corte no meu supercílio esquerdo era agora apenas a cicatriz, a qual nunca iria sumir por causa das diversas vezes que machucado fora atingido e aberto.

Passo o dedo na pele sensível, com os flashes daqueles tempos voltando.

Toda a violência, todo o sangue, toda a guerra...

Fecho os olhos com força, tentando me esquecer disso quando um arrepio cruzou meu corpo.

Minhas costelas já estavam melhores, meus machucados fechados. Mas as feridas que se abriram em meu psicológico e no meu coração não seriam saradas tão cedo.

*Music On* (You Got Me – Gavin DeGraw)

Termino minha higiene e saio do banheiro, já em direção de meu quarto. Adentro tentando ser silenciosa ao perceber que Camila e Sofia já dormiam, cada qual em suas camas. Retiro minha calça jeans e minha blusa, ficando apenas com minha calcinha e camiseta básica.

- Amor? – a voz cheia de sono de Camila surgiu no silêncio do quarto.

Eu ainda dobrava minha roupa, mas ao ouvi-la virei-me no mesmo instante.

- Sim...

- Vem deitar. – Camila bateu com a mão no espaço livre da cama, fazendo um biquinho lindo com os lábios carnudos.

Os olhos estavam entreabertos apenas o suficiente para me enxergar.

Meu peito se encheu pela chama quente, fazendo-me suspirar. Um sorriso idiota nasceu em meus lábios ao ver quão linda ela era, com apenas a luz da Lua Crescente entrando pela janela de nosso quarto.

Coloco então a roupa de qualquer jeito em cima da cômoda e não hesito em deitar ao seu lado na cama. Camila abriu os braços para mim e, antes que eu simplesmente aconchegasse contra seu peito, ela me girou, fazendo-me ficar sobre ela.

Mordo os lábios para segurar uma risada e tento ficar mais confortável sobre o seu corpo, encaixando-me no meio de suas pernas que envolveram minha cintura.

Olho para o lado só para me certificar que Sofia já estava realmente dormindo e vejo a pequena latina ressonando com o rosto virado para a parede.

Volto então a olhar para Camila.

Ela coloca seus braços em meus ombros e eu envolvo sua cintura, trazendo-a para perto de mim.

A latina sorriu docemente do jeito que só ela sabia fazer e colocou um beijinho tão simples, mas ao mesmo tempo tão cheio de carinho na pontinha do meu nariz, que isso fez meu sorriso aumentar ainda mais.

Suas mãos adentraram meus cabelos longos, começando uma massagem lenta em meu couro cabeludo. Ela sabia, como sabia, que eu adorava aqueles carinhos. Fecho os olhos sentindo a delicadeza de seus toques ao mesmo tempo em que seus lábios distribuíam beijos em meu rosto, tocando minha pele de leve.

Meus dedos deslizavam por suas costas contra o colchão, acariciando de leve o tecido que separava sua pele macia da minha.

Nossas carícias duraram por longos minutos até que outra vez Camila descansou a cabeça no travesseiro e simplesmente continuou a me encarar com suas órbitas chocolate.

Quentes e vivas.

- Eu queria tanto que a Dinah e a Normani se resolvessem. – ela suspirou pesarosa, ainda brincando com algumas madeixas de meu cabelo. – Eu não gosto de vê-las desse jeito.

- Eu também não, meu amor. – murmuro e coloco uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. – Mas não devemos interferir. Elas precisam resolver entre elas. Muitas pessoas dando opiniões podem atrapalhar ainda mais.

- Você tem razão... – Camila ronrona beijando de leve meu queixo. – Mas... – ela para e me olha outra vez. – Podemos dar uma forcinha... não acha? – pergunta com um tom cheio de segundas intenções.

Semicerro os olhos para ela, meio desconfiada.

- Qual é o seu plano, Camz? – retruco.

- Bem... – ela torce os lábios, fingindo-se de desentendia. – Podíamos sugerir que ela e Dinah fossem à busca por coisas para Ally amanhã. Eu conheço a Dinah. Ela irá mesmo se não quisermos que isso aconteça. Posso ir junto e nada melhor que mandar a Mani vir conosco, talvez assim elas se entendam.

- Ou se matem. – zombei.

- Olhe só para nós duas... – Camila murmurou e abriu um sorriso galanteador. – Enquanto não ficamos a sós... não nos entendemos. Elas precisam disso. Elas precisam estar juntas para dar certo. Você sabe muito bem que quando os lábios não conseguem dizer são os olhos quem conversam.

Oh, eu sabia muito bem.

E em vez de respondê-la apenas continuei analisando suas íris castanhas.

As mãos de Camila pousaram na lateral de meu rosto e ela acariciou minhas bochechas com os polegares. Ela guiou meu rosto até que nossos lábios se encontrassem, começando um beijo que tanto ansiávamos.

Beijar sua boca nunca seria cansativo.

Eu, na verdade, nunca me acostumaria com isso.

Camila suspirou contra minha boca, ofegante ao terminar o beijo.

- Eu amo você... – sussurro ao abrir os olhos e encontrá-la me analisando intensamente.

Ela sorriu com os lábios ainda avermelhados e acariciou minha bochecha direita com o polegar.

- Eu amo você também. – Camila murmurou com convicção.

Ela me abraçou outra vez e eu me aconcheguei contra seu peito, deslizando as pernas para a lateral de seu corpo evitando ficar por toda a noite com meu peso sobre sua cintura.

Coloco uma perna entre as suas e nos entrelaçamos, fechando os olhos e pegando no sono uma nos braços da outra.

E, ainda sentindo o seu cheiro tão natural de Camila, me entreguei à inconsciência.


Notas Finais


E aqui termina toda a parte amorzinho da Segunda Temporada. Segurem-se, porque no próximo capítulo, que pode vir a qualquer dia, as coisas vão começar a sair do controle!
Queriam ação? Pois vão ter e muita!
Mas, como disse, só vou postar se vocês me disserem suas opiniões de como as coisas vão começar a dar errado. Faça-me feliz e mais capítulos virão!

Beijos de luz, walkers.


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