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História Into The Dead - Capítulo 39


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Olá, meus amores! Cá estou com outro famigerado capítulo!
Não vou falar muito, pois não há o que dizer. Só Stay Strong nessa ilha tempestuosa kkkkkkkk
Segurem-se porque não será apenas um capítulo tenso, serão vários!

Escutem as músicas, preparem os coletes contra facas e boa leitura! Me perdoem por qualquer erro!

Capítulo 39 - Capítulo 39


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 39

*Music On* (Time After Time – Joseph William Morgan – EPIC POP)

CAMILA PDV

Meus músculos das pernas davam espasmos, meu pulmão queimava por ar, as fibras do meu coração latejavam por causa do ritmo acelerado em que trabalhavam.

Não sei explicar como ainda continuava a correr em uma velocidade relativamente estável depois de estar assim por horas. Minhas entranhas ardiam tanto que se assemelhavam a um metal fino e pontiagudo perfurando meu abdômen.

A bile que estava parada na minha garganta seca já incomodava.

Minha Dan Wesson durante os quase cinco quilômetros que eu e Louis corremos permaneceu, a todo tempo, apertada entre meus dedos da mão direita.

Deparamo-nos diversas vezes com zumbis em meio às penumbras da floresta.

Eram como almas penadas agourentas, o pus misturado com as gotas de chuva, bocas escancaradas, olhos gelados.

E quando eles surgiam em nosso caminho apenas o brilho do disparados saindo dos canos de nossas armas ressurgiam no escuro da noite.

Mas agora, eu corria mais rápido do que antes.

Forçava meus músculos mais do que antes.

Era tomada pelo desespero mais do que antes.

Por quê?

Aproximávamo-nos da Fazenda.

E jurava ter ouvido um barulho de tiro.

- Pode ser ter sido um raio, Camila! – Louis bufou correndo, afobado.

O franzino se encontrava até tristemente pálido, tentando ao máximo acompanhar meu ritmo. Ele arfava em busca de ar em meio ao vento frio.  A chuva não havia chegado àquela parte do Condado, pois apenas as nuvens pesadas rodeavam a região.

- Não foi um raio! – eu retruco, com os olhos bem abertos e atenta a qualquer movimento em meio às penumbras geladas da floresta.

Eu pulo um galho e, por pouco, não escorrego em uma quantidade significativa de lama. Bufo, recobrando o equilíbrio, e continuo a correr por entre os troncos sinuosos.

O fuzil em minhas costas pesava com o Inferno.

- Não faz sentido alguém nos atacar! Não fizemos nada a ninguém! – Louis choramingou enquanto desviava também das árvores.

- Nada nesse novo mundo faz sentido, Louis! Nada! – eu expiro, desviando de um galho caído.

O grunhido característico ecoou ao longe, com a alma penada aparecendo por detrás de um tronco. Ela vestia um blusão rasgado, tinha um coldre vazio pendurado na cintura, olhos cinza e lábio inferior rasgado por uma mordida. Os cabelos grudaram em sua testa enrugada, a qual já tinha buraco de onde os vermes estavam usufruindo da carne em decomposição.

Sem deixar de correr, eu ergui meu braço com a mira da Dan Wesson no nível de meus olhos, e apertei o gatilho ao mesmo tempo em que um raio rasgou o céu.

O som e os brilhos se misturaram de forma metálica e ríspida.

Um buraco se abriu no meio da testa da zumbi que caiu para trás, sendo deixada assim por nós dois que continuamos nossa corrida.

E então, ao nos aproximarmos mais, o cheiro de fuligem misturada com grama queimada e borracha entrou por minhas narinas, fazendo meu corpo congelar.

Eu parei de correr imediatamente ao deparar-me com a fumaça cinza subindo acima da copa das grandes árvores. Os galhos agora eram iluminados pelos clarões das chamas que cresciam cada vez mais, tomando para si as nossas plantações.

As plantações que lutamos tanto para conseguir.

Automaticamente minhas pernas recobraram as forças e eu me vi correndo ainda mais desesperada por entre as árvores.

Arfando, xingando, implorando. O suor escorrendo por nossos rostos cansados.

Dois minutos depois de adentrar entre as últimas árvores que terminavam no amplo campo, nós paramos outra vez.

Longe, depois do campo aberto, víamos as chamas se alimentando das plantações.

Meus olhos então quase pularam de minhas órbitas quando eu avistei os portões da Fazenda escancarados. Luzes piscavam por entre os pés de milho mortos, eu ouvia assovios agourentos ao longe.

- Aquilo é uma cruz? – Louis semicerrou os olhos, tentando enxergar com clareza.

Meio embasbacada por sua constatação procurei por uma cruz e eu achá-la meu queixo caiu.

Havia alguém pendurado nela.

E então eu constatei o óbvio.

Estavam nos atacando.

Louis, provavelmente percebendo o mesmo, tentou dar um passo à frente para correr em meio ao campo aberto. Mas, eu fui mais rápida e o segurei pela gola da camisa, o puxando outra vez para as penumbras das moitas que nos escondiam.

- Tem algo errado! – eu falo assim que ele me encarou completamente confuso por ter o impedido. – Deveriam estar se defendendo! Atirando! Temos armas! Algo deu errado!

O cientista desfez a expressão, concordando imediatamente comigo.

Analisamos a situação por mais meros segundo, tentando pensar.

- Vamos pelas laterais, venha... – eu digo, começando a andar abaixada.

Eu e Louis nos locomovemos por detrás das moitas medianas, evitando sermos vistos graças aos clarões que as chamas altas faziam.

Nossa ação durou pouco mais de cinco minutos.

Terminamos nos agachando atrás da primeira camada de milhos mortos, logo atrás de onde toda a cena acontecia. Eu conseguia ver os vultos das pessoas por entre o milharal, e elas trajavam vestimentas pretas.

A fumaça criava uma espécie de penumbra no lugar, bailando por entre os pés como uma neblina gelada. O vento havia cessado um pouco, mas os raios ainda cortavam o céu.

- Oh meu Deus... – o sussurro de espanto de Louis ressurgiu, chamando minha atenção. – Oh meu Deus!

Giro meu rosto na direção em que ele encarava e meu estômago veio na minha garganta junto à vontade de vomitar.

Em meio os pés de milho eu via a silhueta de Simon Cowell pendurado na cruz.

Suas vísceras estavam dependuradas em sua barriga, o sangue quente ainda pingava, a cabeça estava tombada: morto.

Louis tampou a própria boca com a mão, tentando não emitir mais nenhum som.

Eu estava petrificada demais para fazer qualquer coisa.

Mal conseguíamos ouvir o que acontecia mais à frente por causa dos zunidos dos sussurros e assovios, além do crepitar das chamas também.

Engolindo o medo que corroía o interior da minha garganta, eu comecei a me arrastar por entre os pés de milhos mortos. Agachei-me em meio ao barro, tentando passar despercebida por entre as pessoas que estavam por perto.

Continuei assim por longos segundos.

E então eu senti Louis agarrar meu calcanhar.

Inclinei-me e olhei para trás, vendo-o me seguindo no chão. Mas ele não me olhava. Na verdade, seus olhos amedrontados estavam encarando algo acima de nós.

Louis apontou com a cabeça para onde eu deveria olhar.

Com o medo me esmagando, devagar, eu virei a cabeça e vi uma pessoa de pé ao meu lado.

Minha garganta fechou.

Era uma mulher de aparentemente trinta anos, que sussurrava coisas desconexas, com as mãos entrelaçadas como se rezasse. Seu olhar estava morteiro para o nada, sem realmente enxergar qualquer coisa a um palmo de seu rosto. Apenas os lábios mexiam pronunciando coisas que eu não entendia. O cabelo estava bagunçado, as marcas de idade espalhadas por seu rosto, os dentes amarelos, olhos meio avermelhados. Sua coluna era encurvada como se houvesse passado anos e anos em um trabalho escravo ou forçado, que sugasse sua vitalidade.

E estávamos tão perto dela que ela já deveria ter nos notado.

Mas seu estado de entorpecência era tão grande que ela não nos via.

Giro a cabeça então, voltando o olhar para Louis, e faço um sinal de silêncio com o dedo indicador encostado aos lábios.

Recomeço então a me rastejar pelo chão na direção oposta à mulher. Retiro as folhas secas da frente do meu rosto a cada movimento que fazia. Deparava-me com formigas e insetos que, mesmo com eles subindo em meus braços e pernas, eu necessitava de ficar em silêncio e tirá-los rapidamente.

Apenas quando fico por entre dois pés de milhos mortos e tenho, meio ofuscada pela fumaça, a imagem da varanda ampla da Fazenda que fico quieta outra vez.

E meu coração parou de bater por meros segundos quando avistei uma silhueta tão conhecida por mim sendo praticamente carregada por dois homens vestidos de negro.

- N...

Eu já estava pronta para gritar quando uma mão tampou minha boca.

Louis, magicamente, havia aparecido ao meu lado e impedido que fôssemos descobertos.

Meus olhos estavam arregalados encarando a expressão apavorada de Lauren.

Mesmo com a respiração acelerada eu olhei ao redor procurando por uma solução. E logo vi o vulto de alguém olhando tudo da janela da varanda, tentando se esconder em meio às sombras.

Eram Christopher e Harry.

Retiro então bruscamente a mão de Louis que estava sobre a minha boca e coloco-me sentada entre os pés de milho.

- Me dê as granadas! – eu praticamente apenas movo os lábios e abro a mão direita para o cientista.

- O que você vai fazer?! – ele também move os lábios, me repreendendo com o olhar.

- Eu não vou deixar que a levem! Dê-me as malditas granadas! – eu ralho, implorando-o.

Louis ladeia a cabeça e puxa as duas granadas que tinha presas em seu cinto.

Uma era de gás e a outra de explosão.

- Vamos fazer o seguinte... – expiro, olhando os cilindros em minhas mãos. – Vamos jogar a de explosão na parte de trás para encurralá-los e a de gás na parte da frente, assim iremos dar chance para que Christopher e Harry saiam de dentro da casa.

- Apenas uma de fumaça vai funcionar?! – Louis me olhou meio incrédulo.

- Eu não sei, mas temos que fazer algo! – exclamo, convicta.

Louis então faz um afirmativo com a cabeça e pega a granada de gás.

*Music On* (The Wolves – Cyrus Reynolds – EPIC POP)

Pego meu fuzil e o preparo puxando o ferrolho para carregá-lo. Minha Dan Wesson estava em fácil acesso em meu coldre na coxa direita.

Assim que puxou o cano de sua Glock, deixando-a pronta, Louis se levantou um pouco.

Olhamo-nos e então fazemos um afirmativo para lançarmos ao mesmo tempo.

Coloco o pino de metal do cilindro na boca e o puxo com brutalidade. Levanto-me apenas o necessário e lanço o objeto metálico na escuridão da noite ao mesmo tempo em que Louis lançou a sua aos pés dos degraus da varanda.

Um segundo e meio e então as explosões ecoaram.

*BOOM*

*BOOM*

O incêndio das plantações já estava perigosamente perto, deixando o lugar abafado pela fumaça e pelo calor infernal. Juntando-se com a fumaça da granada, um paredão se formou na parte frontal.

As pessoas vestidas de preto se assustaram com as explosões simultâneas e não souberam ao certo em que direção olhar.

Levanto-me por entre os pés de milho mortos já com meu fuzil em mãos e a mira no nível dos olhos. Assustei-me ao ver que Lauren agora estava com um capuz na cabeça e encontrava-se desmaiada nos braços de um homem de topete e barba negra.

- CHRISTOPHER, HARRY! – Louis gritou ao ficar de pé, avisando para o dois no interior da casa para que saíssem de lá. ATAQUEM!

E com o grito de Louis, todos os integrantes do grupo invasor giraram os corpos e nos encararam, vendo exatamente onde estávamos.

Os olhos gelados, cenhos franzidos, expressões enraivecidas.

Meu dedo então pressionou o gatilho do fuzil.

Os brilhos dos disparos começaram a bailar na escuridão, obrigando todos a se abaixarem por entre o milharal para não serem baleados. A arma de fogo tremia em meus braços cansados, mas meus músculos rígidos continuavam a trabalhar do mesmo jeito.

Mas assim como se não temessem a morte, alguns eram extremamente rápidos e já erguiam as facas pontiagudas em minha direção.

Eu jurei conseguir ver as lâminas brilharem.

E eu tive meros segundos para me agachar assim que elas foram lançadas.

Um rosnado de dor arranhou minha garganta quando o corte abriu-se no meu ombro esquerdo. Agachada, vejo o sangue jorrando pela ferida aberta por uma faca que passara de raspão.

O corte não fora mais profundo porque, felizmente, a alça da mochila que estava nas minhas costas havia me protegido parcialmente.

A adrenalina havia me deixado zonza, fazendo tudo ficar embaçado. Meus ouvidos zuniam por causa dos tiros que ressurgiam, indicando que Harry e Christopher já retaliavam. Eu encarava o sangue fresco na minha mão, com meus sentidos lentos.

Uma mão então me agarrou pela blusa e começou a me puxar bruscamente para longe dali. Meio agachada, meio em pé, fui guiada por um Louis desesperado que fugia das facas que eram lançadas em nossas direções.

- Coloque-se de pé! Agora! – Louis me ordenou assim que as lâminas passaram por nós.

Expiro meio atordoada e fico de pé segurando meu fuzil outra vez. Levanto-me em um ato de coragem e corro por entre os pés de milho mortos, jogando-me no paredão de fumaça que bailava no lugar.

Louis me seguiu já disparando sua Glock contra as silhuetas negras que portavam facas afiadas.

A porta frontal da casa foi então escancarada com um chute e Christopher surgiu por entre a fumaça, com a claridade de uma pistola já ressurgindo a cada vez que ele apertava o gatilho. Sua mão esquerda estava envolvida por um pano que pingava sangue, indicando um machucado profundo.

Ao seu lado estava Harry portando o seu facão e Troy segurando com as duas mãos o que parecia ser a Desert Eagles de Lauren.

Os três se agacharam por detrás das pilastras da varanda, tentando se defender das facas que vinham.

Corri em meio à chuva de facas que rasgavam o ar, sentindo os cortes superficiais abrindo minha pele.

Assim como Louis, eu praticamente me joguei contra a varanda, passando com dificuldade por cima do corrimão da escada e caindo toda estabanada contra o chão de madeira da varanda. Minha mochila nas costas absorveu muito do impacto, me ajudando a ficar sentada com rapidez.

Meu coração parecia que iria escapulir por minha boca e meus olhos arregalados tentavam captar qualquer coisa naquele cenário semelhante ao Inferno que nos rondava.

Fogo. Facas. Sussurros. Gritos. Morte.

Arrastei-me até perto de Christopher, vendo as facas passando por cima dos limites da varanda e acertando as paredes atrás. Assim que o jovem me viu os seus olhos expressaram sua confusão momentânea, como se estivesse extremamente surpreso.

Como se ele esperasse que eu estivesse morta.

- Harry! – eu grito o jovem que estava do outro lado da varanda, sem nenhuma arma. – Pegue!

Em um movimento rápido eu retirei a alça do fuzil de ao redor do meu corpo e joguei, deslizando-o pelo chão de madeira.

Harry me olhou com expectativa e assim que esticou a mão para pegar a arma que ia em sua direção, sua expressão se transformou em uma de dor.

- AAAH! – ele gritou.

Em questão de segundos uma faca penetrou em sua omoplata esquerda, fazendo-o cair de lado no chão por causa do movimento instintivo que seu corpo fizera quando o cabo negro acertou suas costas.

Mesmo agachada atrás das pilastras da varanda eu consegui girar meu corpo e enxergar o infeliz que havia lançado a lâmina. Retirei minha Dan Wesson do coldre, mirei e pressionei repetidamente o gatilho, gerando uma sequência de tiros.

Seu corpo foi atingido por várias balas, chocalhando por causa dos impactos.

Tento avistar por entre a fumaça onde o cara que segurava Lauren no ombro estava, mas não conseguia enxergar nada além das penumbras dos pés mortos de milho e as pessoas encapuzadas correndo por entre eles.

- Eles estão fugindo! – rosno, piscando com dificuldade por causa da fumaça tóxica.

Troy enquanto isso havia escorregado no chão da varanda e tentava ajudar Harry que gritava por causa da dor em sua omoplata. O loiro arrancou sem cerimônia alguma a lâmina do interior das costas do jovem, fazendo um espirro de sangue voar. Rasgou então um pedaço significativo de sua blusa, envolvendo o tecido no ombro de Harry para tentar estancar o sangramento.

E, como se não bastasse, um o barulho estrondoso de madeira despencando ecoou.

Olhei para a lateral da varanda e minhas órbitas refletiram o clarão das chamas sem controle que agora tomavam o celeiro. As madeiras antigas eram como um alimento perfeito para o fogo que aumentava com uma força indescritível.

- Não! – eu sussurro, ao constatar o óbvio que acontecia.

As chamas sem controle agora pulavam para a quantidade absurda de feno que ligava toda a lateral do celeiro até a parte detrás do casarão.

 

A palha seca mal tivera dez segundos de vida, pois o fogo saltou rapidamente por entre os montes e eu só pude ter certeza de uma coisa: elas estavam embebidas por algo inflamável.

Eles haviam jogado gasolina por toda a parte detrás da casa.

E então o óbvio aconteceu.

As chamas rapidamente se alastraram na parte detrás do casarão, atingindo em cheio a cozinha.

- Allyson! Claire! – Troy gritou assim que tivera consciência das chamas na casa.

O loiro mal cogitou a situação e colocou-se de pé todo estabanado, mesmo que algumas facas ainda estivessem sendo lançadas em nossas direções.

- Sofia! – eu grito, ao perceber que minha irmã também deveria estar lá dentro.

- Vá! – Christopher praticamente me empurrou pelos ombros, me jogando em direção da porta escancarada por Troy. – Tire as pessoas da casa!

*Music On* (I Ran – Hidden Citizens – EPIC POP)

Coloquei minha Dan Wesson dentro do coldre na coxa e adentrei correndo pela porta escancarada.

O gás carbono fazia todos os cômodos ficarem cinza em meio às chamas.

Automaticamente comecei a tossir assim que, por causa da minha respiração irregular, inspirei uma quantidade significativa de fumaça.

Mas mesmo assim não parei.

- SOFIA! – eu grito com todas as forças dos meus pulmões fracos.

As chamas se alastravam pelas cortinas da cozinha e subiam pelas paredes, chegando ao teto. Elas queimavam a mesa onde jantamos inúmeras vezes e que foi palco de ótimos momentos. O fogo já pulava para a área lateral onde era uma sala cheia de bugigangas que, por ter praticamente plástico, fez o incêndio ganhar mais proporção.

Jogo-me contra a parede lateral da escada, tentando respirar, mas não conseguindo.

O ar ali dentro estava quente como o próprio Inferno.

Subo as escadas com passos rápidos, pulando vários degraus. Ao chegar ao segundo andar do casarão viro a interseção e praticamente choco-me com o corpo de Demetria.

A cientista segurava nos braços um pequeno bebê ainda banhado por sangue, enrolado em uma toalha grande. Claire estava agarrada a um braço da jovem, com marca de lágrimas pelas bochechas.

- Oh Deus... – eu balbucio ao ver a criança recém-nascida. – Onde está a Sofia? – praticamente grito para cientista que estava com o olhar assustado.

- Troy está tentando tirar Allyson da cama! Sofia não quis vir comigo! – ela tentou explicar em meio aos soluços.

Ao ouvir aquilo eu praticamente me joguei para o lado e desviei de seu corpo, já correndo pelo corredor principal. O fogo já havia subido pelas paredes e atingia o último quarto do corredor, fazendo as chamas serem presentes ali.

Entro no quarto e me deparo com Troy pegando uma Allyson desacordada e coberta por sangue nos braços.

Sofia estava em seu encalce e tentava de qualquer forma ajudar o loiro a segurar as coisas da enfermeira. Pela quantidade de sangue que saía da parte íntima da loira uma grande hemorragia estava acontecendo e minha irmã tentava estancá-la.

- Sofia!

Automaticamente minha irmã virou o rosto na direção que minha voz ecoou. Seus olhos praticamente saltaram e um sorriso de alívio nasceu em seus lábios carnudos.

Mas, mesmo assim, ela se manteve no mesmo lugar, tentando estancar o sangue que saía da virilha de Allyson.

- Vamos sair daqui! – eu digo e mantenho a porta aberta para que Troy passasse com Allyson.

E assim ele o fez.

O rosto do ex-motorista estava banhado por medo e suor. Mas o medo era mais evidente.

Medo por sua filha. Medo por sua mulher. Medo por seu bebê recém-nascido.

Com os músculos tensionados pela força que fazia, Troy carregou Allyson pelo corredor que já era tomado pelas chamas. Sofia logo se aproximou e eu, mesmo contra sua vontade, a peguei nos braços em um movimento rápido.

Nossos quartos, nossos pertences, nossas vitórias ficavam todas para trás a cada passo que dávamos nos degraus da escada e as chamas do incêndio as tomavam.

Não conseguimos salvar nada.

Exatamente nada.

O teto já começava a desmoronar no segundo andar da casa, fazendo os pedaços cair em chamas. A cozinha já estava totalmente tomada e começava a se alastrar para a sala, quase bloqueando nossa saída da escada.

Os móveis de madeira, os sofás, os carpetes.

Tudo virava cinzas.

Cara Delevingne apareceu no alto da escada, surgindo provavelmente de um dos quartos do corredor. Ela segurava uma mochila nas costas, sendo a única então a pensar em pegar algo. O sangue estava manchado em sua blusa, indicando o lugar onde fora atingida no ombro.

Com minha mochila ainda nas costas, eu segurava Sofia nos braços enquanto Troy, carregando Allyson, passava em meio às chamas que se aproximavam. Cara correu à nossa frente e ajudou Demetria com as crianças, abrindo a porta da frente para nós.

- Eles fugiram! – Harry choramingou assim que saímos na varanda, já nos abaixando atrás das pilastras. O jovem estava caído contra a lateral, afoito com o sangue saindo de seu ombro. – Eles fugiram!

- O quê?! – eu arregalo os olhos. – Lauren?! Vocês não atingiram o cara que levava a Lauren?!

- Camila... ele foi o primeiro a sumir! – Louis falou ao meu lado, abrindo ainda mais a porta para que Troy e o restante passassem.

- Não!

Lauren havia sido levada.

Os últimos indivíduos do grupo invasor já corriam pelo milharal, fugindo de nós.

Coloco Sofia no chão em um ato instintivo e já começo a descer os degraus da varanda, em uma corrida em meio à fumaça que bailava no ar.

- Camila, volte aqui! – Christopher latiu.

O rapaz, com a arma sem munição, apoiou as mãos no corrimão e, com um movimento extremamente ágil, pulou a beirada da varanda, caindo em pé na grama.

Ele rapidamente me alcançou e me agarrou com seus braços fortes, jogando-me contra o chão fofo ao mesmo tempo em que uma faca vinha em minha direção.

A lâmina passou a centímetros do meu rosto, gerando um leve corte na minha bochecha esquerda.

- ME SOLTA! – eu praticamente berro, tentando me desvencilhar dos braços de Christopher.

- Não! Vamos salvar o grupo primeiro! Lauren não se ofereceu à toa, Camila! – ele bradou comigo, com sua voz grave próxima do meu ouvido já que seu corpo me mantinha pressionada contra o chão.

“Ela o quê?!” minha voz interna bradou.

Christopher não esperou minha reação e já começou a me levantar à força, guiando-me de volta para a varanda. Os outros já desciam os degraus em meio à fumaça e corriam para a lateral do casarão, que agora já tinha a sala de estar tomada pelas chamas que alastravam para o segundo andar.

Guiados por Louis, Troy, Cara, Demi e Harry abriam caminho com as crianças pelos milhos vivos na lateral direita do casarão, parte esta que não havia sido afetada ainda pelas chamas.

- Vamos! – Christopher continuou a me arrastar, já que eu tentava de qualquer modo ir à direção contrária.

- Me solte, Christopher! – eu gritava em meio ao choro que começava me consumir. – Eu preciso salvar a Lauren! Por favor!

- Camila, por favor, pare! Precisamos ir antes que eles venham atrás de nós! – ele disse entredentes, fazendo um grande esforço para me segurar.

Os tetos do casarão e do celeiro ameaçavam a desmoronar por completo. O perigo das chamas pularem para os pés de milhos vivos era enorme e, se isso acontecesse, estaríamos totalmente encurralados.

Mas tudo o que minha mente conseguia processar era que a mulher da minha vida estava sendo levada por pessoas completamente lunáticas.

E eu precisava salvá-la nem que isso custasse a minha própria vida.

Eu então, desesperada, abri minha boca e desferi uma mordida forte contra o antebraço esquerdo de Christopher. Consegui até sentir o gosto metálico do sangue em minha boca de tão intensamente que meus dentes rasgaram sua pele.

O jovem então gritou por causa da dor e institivamente me soltou.

Aproveitei então os segundos de liberdade e o empurrei para trás, livrando-me de seus braços. Logo recomecei minha corrida em direção da lateral do casarão em chamas.

Os pedaços de tábua já despencavam, os vidros quebravam por causa das dilações.

Mas meus olhos só focavam no horizonte onde as sombras vestidas de negro corriam em meio ao campo aberto.

Levando a minha Lauren.

*BOOM*

Tábuas e mais tábuas, pedaços de feno, madeira grossa e milhares de estilhaços rasgaram o céu assim que a explosão eclodiu.

O impacto das chamas do estábulo me fizera levantar os braços e tentar me proteger. Certamente o gerador havia explodido, fazendo então que toda energia que regava as cercas acabasse.

Paro de correr, atordoada com o fogo agora mais intenso me cercando.

- CAMILA! – eu escuto o rosnado de Christopher.

Giro meu corpo e já vejo o rapaz alto ao meu encalce. Sua expressão estava enfurecida já que o sangue escorria agora em seu antebraço esquerdo, onde desferi a mordida. Ele balançou a cabeça negativamente como se não aprovasse a minha atitude.

- Me desculpe por isso... – ele falou.

Meus olhos seguiram então o movimento que o irmão de Lauren fizera com o braço bom. Ele segurava sua pistola e o cabo da mesma vinha até mim.

E a última coisa que senti foi a pancada na lateral da minha cabeça, fazendo-me apagar em seus braços fortes.

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Manhã de Quarta-feira, dia 04 de Outubro

 

Minha cabeça latejava como se um sino grande de uma capela tocasse no interior da minha testa. A dor havia sido a principal razão para que meu inconsciente viesse à tona, me despertando do sono que me regia.

Abro os olhos sentindo minha boca seca e meu corpo pesando, no mínimo, toneladas.

Tudo o que vejo acima de meus olhos são copas de pinheiros. Conseguia ouvir ao fundo o cantar de alguns pássaros e o mexer das folhas das árvores. Conseguia também distinguir, com dificuldade por causa da minha lerdeza, algumas vozes conhecidas ao fundo.

Giro o rosto para o lado e vejo uma silhueta caminhando. A frente dela, mais ao horizonte, eu reconheci o cambalear de um zumbi negro.

A silhueta caminhou até morto e acertou sua cabeça com um rápido movimento, que, por causa do cumprimento da arma, determinei que fosse um facão. Pisco com mais força, tentando limpar minha visão, e pouco depois, finalmente percebi que se tratava de Harry Styles.

Grunhi em meio à dor que estava em todas as partes do meu corpo e, lentamente, coloco-me sentada no lugar onde meu corpo estava esticado.

Passo as mãos por meus olhos e tento entender onde me encontrava.

As pessoas ao redor de mim estavam sentadas em pedras, formando um círculo. Já era dia, pois eu conseguia ver as expressões cansadas com extrema clareza. Todas as peles estavam manchadas de cinza, provavelmente vindas da fuligem que bailava no ar da noite passada. Sangue seco estava impregnado em todos, por exceção de Claire e Louis.

Demetria estava sentada e ajudava Troy a amparar Allyson. A enfermeira continuava apagada e felizmente não perdia mais sangue.

Louis estava sentado com Claire e Sofia ao seu lado. Os três tinham olhares pesarosos para o nada, cheio de marcadas de fuligem pelo rosto.

Cara olhava para o próprio ombro, checando se ele ainda sangrava. A arquiteta, assim como todos aqueles que tinham feridas abertas, também estava pálida pela perda de sangue. As olheiras estavam fundas e lábios escuros.

Harry, de pé e mesmo machucado, estava de vigia junto a Christopher.

E por último, o rapaz que me atingira propositalmente na lateral da cabeça, me olhava do outro lado do círculo que formávamos. Ele segurava um pano contra a mão e só naquele momento eu percebi que ele não continha o dedo mindinho.

- Seu filho da mãe! – eu rosno à medida em que as lembranças voltavam a minha memória.

Minha voz repentina fez com que todos ali se alarmassem, surpresos por eu ter acordado.

- Camila, não! – Demetria, por estar ao meu lado, esticou o braço e impediu que eu fosse em direção de Christopher.

- Deixe-a! – Christopher incitou e eu vi a ironia em sua frase. – Deixe-a, Demetria!

A cientista hesitou por alguns segundos e então desceu o braço. Eu sequer esperei que ele fosse totalmente abaixado e já me levantei em um impulso, jogando-me contra o corpo de Christopher. O rapaz grunhiu com a pancada em seu peitoral e precisou apoiar o corpo com a mão boa no chão para que não caíssemos para trás.

- Seu desgraçado! – eu rosno, desferindo tapas e murros contra seus ombros. – Eu iria salvar sua irmã! Eu iria salvar a Lauren!

Christopher deixou que eu continuasse a minha descarga de raiva contra ele. O rapaz virou rosto tentando desviar-se das pancadas.

Ouço então um suspiro pesado e sinto alguém se aproximando às minhas costas. Louis então me agarrou pela cintura e me puxou à força para trás.

- Pare! – o cientista franzino me pede, arrastando-me enquanto eu ainda tentava acertar Christopher. – Fale baixo, pelo amor de Deus! Você irá atrair zumbis, Camila! Pare!

- Sozinha você não teria a mínima chance contra eles, Camila! – o rapaz me retrucou, assentando-se direito outra vez na pedra. – Pare e pense! Nós não teríamos qualquer chance sem armas! Aqueles malditos acertam até o caralho a quatro com aquelas facas! Eles levaram nossas armas!

- Eles levaram a nossa casa e levaram também a Lauren! – eu replico e com um movimento brusco livro-me dos braços de Louis, equilibrando-me com dificuldade. – Isso já não basta para que os cacemos até a morte?! Já não basta termos voltado a estaca zero?!

- Com certeza! Mas apenas faremos isso quando não colocar em perigo o restante do grupo! – Christopher ralhou para mim, sério. – Olhe ao redor! Corremos a noite toda, Camila! Estamos há quilômetros da Fazenda que, eu tenho certeza, é apenas cinzas agora! Já é próximo do meio dia! Apenas logo pela manhã que conseguimos entancar a hemorragia de Allyson. Ainda temos pessoas sangrando! Apenas pela manhã conseguimos, graças à mochila que você carregava, darmos fórmula para o bebê! Ele está enrolado em roupas em trapos, Camila! Em trapos assim como estamos! Agora você me vem toda cheia de coragem dizendo que vamos assim... em pedaços... arriscar nossas vidas e colocar ainda mais a vida de Lauren em jogo?! Acalma-se, respire e volte a ser Camila sã de antes!

Abaixo a cabeça após ouvir aquelas palavras pesadas. O restante do grupo me olhava, meio temerosos.

Decidida a ouvir o rapaz eu, ainda cabisbaixa, sentei-me no chão macio que estava antes.

Minhas roupas estavam imundas por barro assim como minha pele. O ar da floresta estava úmido por causa da tempestade da última noite, deixando as folhas sobreviventes do Outono mais verdes.

Christopher tinha razão por mais que minha voz interna dissesse o contrário.

Sofia, em meio o silêncio que se estabeleceu entre nós, ficou de pé e caminhou até perto de mim, se assentando ao meu lado. Minha irmã simplesmente então encostou a cabeça no meu ombro e permaneceu ali.

- O quê aconteceu? – Cara foi a primeira a quebrar o silêncio, fazendo-me erguer a cabeça e ver a arquiteta me olhando apreensiva. – Onde está a Dinah e a Normani? Niall?

- Niall foi capturado. – Louis respondeu no meu lugar, certamente pensando que eu não queria fazer tal coisa. – Dinah e Normani foram atrás dele. Hãm... – ele hesitou. – Quando a Ally teve a criança?

- Ela já estava sentindo leves contrações desde cedo. – Demetria respondeu. – Ela teve um estresse e isso fez com que a bolsa se rompesse. Depois que o bebê nasceu ela teve uma grande hemorragia assim que a placenta se separou do útero. Mas... isso geralmente é normal e para sozinho. Nós conseguimos entancar a hemorragia e se ela não apresentar sinais que o sangramento persiste no interior de seu corpo... tudo vai ficar bem.

- Ela teve um estresse? – o cientista perguntou.

- Dinah disse pelo Walkie Talkie que você havia morrido. – Troy disse enquanto passava um dedo pelos cabelos que estavam grudados na testa de uma Ally desacordada. As olheiras do homem estavam tão pesadas quanto a sua expressão desolada. – O sinal estava horrível. Estava falhando. O que realmente morreu que ela quis dizer?

- Deve ter sido o carro. – eu respondo dessa vez, com a cabeça ainda meio abaixada. – Nós atolamos por causa da tempestade. Dinah, Normani, Louis e eu saímos do carro para empurrar e Niall ficou ao volante. E, enquanto discutíamos o que fazer, ele sumiu do nada. Vimos pegadas adentrando a floresta e Dinah e Normani decidiram ir atrás.

Vejo então por cima do ombro Cara fazer uma careta de reprovação ao ouvir que logo as duas decidiram se aventurar sozinhas.

Mas então eu constatei o óbvio. Girei o rosto em direção de Troy meio exaltada.

- Lauren acha que eu morri?! – pergunto, exasperada.

- Sim. – Christopher respondeu no lugar do loiro, fazendo-me olhá-lo. – Eles a queria! Não me pergunte o porquê, pois eu não sei. Mas eles disseram que vocês estavam mortos, eles sabiam o nome dela! Eles a queriam! E quando tocaram no seu nome... e ameaçaram o grupo... ela decidiu se entregar!

- Oh meu Deus... – eu choramingo.

Uma onda de desespero começou a subir por minha garganta, queimando-me. Coloco as mãos no rosto e tento controlar a vontade súbita de chorar que me consumiu.

Lauren não poderia morrer. Por Deus, não poderia!

- Nós... Nós temos que ir atrás deles! – eu digo com a voz abafada por minhas mãos.

Escuto o suspiro pesado de Christopher. Ergo a cabeça já o lançando outra vez um olhar mortal.

- Camila... pense! Mesmo que ignorássemos nossas situações... – ele falou assim que viu minha expressão. – Não fazemos a mínima ideia de onde eles vivem ou o quê são! E não temos nenhuma arma! Toda a nossa munição acabou! Eles roubaram tudo!

- Como?! – eu questiono, completamente confusa. – Como esses desgraçados entraram no interior do casarão?!

- Eu não sei! – Christopher me retrucou, sem paciência. – Provavelmente enquanto dormíamos! Eles esperaram com certeza a troca de turnos para fazer isso!

- Mas... mas...

Eu já estava prestes a dizer que nossas trocas de turno demoraram menos de minutos para acontecer, porém, uma memória me veio à mente.

Houve uma noite sim que ninguém ficara de vigia.

Foi a madrugada que eu e Lauren fizemos amor no terraço.

Seria nosso turno...

Essa era a razão para mais ninguém estar acordado na casa.

- O que foi? – Christopher me questionou assim que fiquei em silêncio absoluto e encarando o nada. – Camila?!

Era minha culpa.

Eu tivera o maldito pesadelo. Eu fiz com que Lauren tentasse me acalmar. Eu dei o primeiro passo para o nosso beijo que terminou em nós duas nuas e ofegantes no terraço.

E, enquanto isso, roubavam nossas armas.

E sequer havíamos notado isso já que as armas que levamos para a missão eram as nossas usuais.

Nem havíamos pensado em abrir nossos compartimentos de armas. Nem sequer imaginávamos que eles já se encontravam vazios há dois dias.

Éramos idiotas.

E os erros novamente nos condenaram.

- Eu preciso salvar Lauren! – falo ainda encarando o nada, com minha mente fervilhando. – Precisamos salvar Niall e Lauren! – levanto o meu olhar e vejo que todos me encaravam com expectativa e cenhos franzidos. Giro o rosto em direção de Christopher, principalmente. – Não importa o quê acha certo ou não! Nós somos uma família! E uma família não hesita em salvar um integrante! Nós vamos salvá-los! Nós vamos achar esses desgraçados antes que eles nos achem!

Christopher fechou a expressão, me encarando.

- Eu concordo com a Camila... – a voz de Allyson ressurgiu, assustando todos ali, pois pensávamos que ela ainda continuava desacordada.

A enfermeira mal conseguia abrir os olhos por causa da fraqueza. Troy ainda servia de apoio para seu corpo debilitado.

- Lauren não hesitou em salvar eu e o meu bebê... Se ele está vivo é graças a ela! – Allyson sussurrou em meio a grunhidos de dor.

- É “ele”? – pergunto, sentindo os olhos encherem de lágrimas.

Olho para o pequeno ser que estava sendo embalado por Demetria.

Troy assente com a cabeça, olhando também para o filho.

Aproximo-me do bebê que dormia serenamente encolhido aos panos. Seu rosto já estava mais limpo do sangue, realçando suas bochechas gordinhas. O nariz era delicado e os cabelos poucos, mas loiros.

Levanto o dedo e passo de leve a ponta sobre sua testa quentinha.

Troy levantou-se devagar e caminhou até o filho. Demetria, sorrindo, entregou o bebê para o homem que o pegou com maestria, começando-o a embalar nos braços fortes. Enquanto isso Ally, com ajuda agora de Louis, ficava sentada lentamente sobre a pedra.

Troy se aproximou da amada e levou o filho deles até perto dela.

E pela primeira vez, depois que acordara, a enfermeira viu o bebê.

As órbitas de Allyson adquiriram um brilho tão intenso que fora visível. Um sorriso extremamente sincero nasceu nos lábios da mulher que ficou embasbacada com o pequeno ser nos braços do seu amado.

Os olhos da minha amiga se encheram de lágrimas ao mesmo tempo em que os meus.

Todos ali olhavam aquela cena peculiar: a mãe vendo o filho pela primeira vez.

Via-se o amor emanando do casal.

Troy olhava para Ally e para o bebê como se visse um tesouro precioso.

Ela retribuía ao contato visual, com lágrimas agora acumulando em seus olhos e escorrendo por seu rosto marcado pela exaustão.

- Já decidiram o nome? – Sofia perguntou para Claire, que estava sentada ao lado da amiguinha.

A criança loira negou com a cabeça e ficou de pé, se aproximando do pai. Claire abraçou a cintura de Troy, de lado. O ex-motorista sorriu e passou um braço, livre, pelos ombros da filha. Allyson também sorriu para a garotinha, levantando o braço e acariciando lhe os cabelos.

- O nome dele será Taylor. – Troy respondeu a pergunta de minha irmã e olhou principalmente para Christopher. – É um nome unissex. Portanto, vamos colocar Taylor Brooke Ogletree.

Christopher não conseguiu evitar o semblante de incredibilidade ao ouvir aquilo. Gradativamente então as lágrimas começaram a brotar no canto de seus olhos e o queixo do rapaz tremeu, denunciando seu choro.

As fungadas que ressurgiram no silêncio mostrava que outros ali também choravam.

Abaixo a cabeça no instante que a carga de emoção me abateu. As lembranças de Lauren me amargaram, gritando em minha mente fodida que agora ela poderia estar morta.

Que aquela cena, em um futuro improvável, poderia não acontecer com nós duas.

Passo as costas da minha mão pelos olhos tentando enxugar minhas lágrimas antes que alguém percebesse meu choro silencioso.

- Nós somos uma família... – a voz embargada de Christopher erguer o rosto. Ele estava agora de pé e enxugava também as lágrimas.

Em seu rosto via-se a convicção.

- Eu não vou perder mais uma irmã... – ele falou. – E eu não vou perder mais dois integrantes desse grupo! Nós vamos achar esses desgraçados! – rosnou e fechou os punhos, enraivecido. – Mesmo que isso custe nossas vidas... nós vamos defender essa família!

Eu inspiro uma lufada de ar forte para dentro dos pulmões e faço um afirmativo com a cabeça assim como todos os outros.

Éramos um por todos. Todos por um.


Notas Finais


AAAAAAAH PREPAREM OS CORAÇÕES, PORQUE O PRÓLOGO CHEGOU
TACA O PAU, DOIDO IIIIIIIIH QUEIMA QUENGARAL

O que acharam? Quero saber!

Até a próxima! Beijos, meus walkers! sz


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