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História Into The Dead - Capítulo 40


Escrita por: control5h

Notas do Autor


CHEGUEEEEI, TO PREPARADA PRA ATACAAAAAAR, QUANDO O GRAVE BATER EU VOU QUICAAAAR...
AINDA TO DANÇANDO AO SOM DO CLIPE DE “SUA CARA”
Mas, voltando, cá estou eu com outro famigerado capítulo.

Segurem-se e vamos lá! Boa leitura e me perdoem pelos erros!

Capítulo 40 - Capítulo 40


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 40

Final da tarde de Domingo, 8 de Outubro

 

NARRADOR PDV

 

- Normani! – Dinah gritou enquanto ainda tentava lutar contra os braços do maldito zumbi que desferia mordidas a centímetros de sua bochecha.

 A loira estava sendo pressionada no chão de lama por um corpo em decomposição, que um dia havia sido um belo rapaz de vinte e nove anos. Agora a alma penada, que se debatia para abocanhar a jovem, tinha o rosto desfigurado e cheirava a podridão com diversos músculos à mostra.

- Espere só um segundo! – a morena respondeu, afobada.

Normani engolia seco buscando por saliva enquanto escorava-se contra um tronco seco de pinheiro, segurando firmemente a sua Besta.

A morena apoiou a base da arma com o pé, puxando a corda elástica para trás a fim de prendê-la no suporte para colocar uma flecha. Assim que carregou sua Besta, em movimentos extremamente rápidos por já estar acostumada, Normani girou o corpo segundos antes de uma andarilha ruiva passar as unhas pontiagudas em seu ombro.

Normani rosnou, irritada pelo susto, e ergueu a perna desferindo um chute no abdômen da andarilha. A morta cambaleou para trás e caiu toda estabanada no chão, quebrando mais de seus ossos frágeis pela decomposição.

Nesse meio tempo, Normani girou o corpo e mais uma vez desferiu um chute, porém, este agora no fêmur exposto de um zumbi que era apenas pus e pele oleosa. A boca estava escancarada e o rosnado saía oco, porque sua garganta estava cheia de uma gosma negra. 

O morto-vivo também cambaleou para o lado, dando espaço para que Normani levantasse a Besta à altura dos olhos e puxasse o gatilho.

A fecha foi disparada e cruzou o espaço existente entre ela e a loira.

Dinah tivera apenas meros segundos para fechar a boca e os olhos antes que o cérebro da zumbi espirrasse com a penetração da flecha.

A ex-mecânica jogou o corpo agora imóvel para o lado e levantou-se em um supetão. Em rápidos movimentos ela, ainda engatinhando, se jogou contra o corpo fedido do quarto zumbi que já estava prestes a agarrar Normani.

Ao mesmo tempo em que Dinah retirava um machado do suporte em suas costas, Normani recarregava sua Besta.

A loira penetrou o cérebro do morto com a lâmina e a morena explodiu o globo ocular do zumbi com uma flecha.

E ambos os andarilhos caíram mortos no chão.

Dinah colocou-se de pé limpando, com as costas da mão, a lateral do seu rosto que estava coberta por gosma encefálica.

Normani ainda tinha a respiração ofegante e olhava para os lados procurando por mais mortos-vivos, mas, os oito que as haviam atacado estavam devidamente mortos agora, exceto pela ruiva que grunhia e tentava se rastejar.

Dinah caminhou até ela guardando o machado número dois no suporte e pegou, no meio do caminho, o seu machado número um que havia caído. A loira segurou o cabo com as duas mãos e com um único movimento acertou o crânio da andarilha, assim como se cortasse um tronco de árvore.

- Você está bem? – Normani perguntou para a loira, olhando a sua roupa repleta de gosma de zumbi.

- Sim... só estou imunda. – Dinah respondeu com uma careta de nojo.

Normani assentiu com a cabeça e recomeçou o silêncio que reinava entre as duas.

Elas não conversavam, exceto em situações de extrema importância.

A loira ainda com uma careta se aproximou do tronco da árvore em que a morena estava escorada e deu um belo impulso para cima, agarrando-se em um galho. Dinah apoiou um pé na casca grossa do pinheiro enquanto apoiou a outra mão em uma protuberância, conseguindo um apoio para continuar escalando.

Olhou para baixo e viu então que Normani a olhava com uma sobrancelha erguida, segurando a Besta com as duas mãos assim como se segura um fuzil.

- Vai precisar de ajuda, gata? – Dinah a provocou, dando um sorriso galanteador.

Normani bufou audivelmente e jogou a Besta para trás, deixando-a dependurada em seu corpo graças à alça passada pelos ombros.

Dinah deu uma risadinha e voltou a escalar o pinheiro, apoiando-se em galhos e protuberâncias.

Normani fez o mesmo, por mais que estivesse mais medrosa do que aparentava.

O maior erro de Dinah foi o egocentrismo exagerado. Quando estava acima da metade do pinheiro – que tinha quase trinta e dois metros de altura – o seu pé escorregou assim que apoiou o peso em um pedaço solto de casca grossa.

Dinah grunhiu ao ver seu corpo despencando para baixo.

Normani exasperou, surpresa, e em um ato instintivo passou um braço pela cintura da loira que escorregava no tronco.

Dinah, com o apoio de Normani em sua cintura, agarrou-se a um galho lateral, conseguindo dependurar-se a tempo de recobrar o equilíbrio.

As duas se olharam, assustadas. Os corações disparos e órbitas arregaladas.

Mas Normani não perdeu a oportunidade. Logo ela abriu o mesmo sorriso galanteador que Dinah a lançara momentos atrás.

- Vai precisar de ajuda, gata?

Dinah revirou os olhos com a provocação evidente e retirou, com um supetão, o braço de Normani de ao redor da sua cintura. Com um careta emburrada voltou a escalar o pinheiro.

Normani mordeu os lábios, segurando-se para não gargalhar da expressão fofa da loira alta.

Minutos depois ambas chegaram à copa da árvore.

Lá de cima o vento zunia mais frio. Os galhos estavam repletos de teias de aranhas que viviam ali, repletos de ninhos de pássaros e outras coisas mais do nicho ecológico.

Ambas se apoiaram e se infiltraram entre os galhos, analisando o horizonte de forma que não fossem vistas.

- Como esses filhos da puta conseguem se locomover sobre as árvores sem cair? – Dinah resmungou, sentando-se em um galho mais forte.

- Eles com certeza não olham para baixo. – Normani respondeu, tentando não transparecer suas pernas trêmulas por estar àquela altura.

Dinah observou, meio preocupada, a morena se assentar e fechar os olhos por causa do medo.

Não fora fácil conseguir seguir a trilha naquela noite.

Por mais que Dinah e Normani estivessem no meio de uma situação pessoal delicada, elas conseguiram jogar isso para dentro de uma gaveta com a intenção de resolver depois. E com isso, uniram suas forças para tentar resgatar Niall.

No começo ambas pensaram que a chuva havia apagado as marcas de pegadas na lama, porque, surpreendentemente, elas não existiam. Procuraram por horas a finco, ficando por muitas vezes expostas às zumbis no meio das penumbras da floresta.

Tentaram entrar em contato com o Walkie Talkie da Fazenda, mas o sinal por causa da interferência da tempestade estava terrível. Dinah tentou diversas outras vezes, mas não tivera sucesso. As duas então decidiram passar o restante da madrugada debaixo de uma pedreira, evitando pegar tamanha chuva gelada.

Não conversaram e nem sequer se olharam até que o dia amanheceu.

Por estarem a pé, ambas se encontravam relativamente longe do Condado de Marion. Mas, infelizmente, nenhuma das duas tinha noção do que fato havia acontecido na Fazenda. Pensavam que o Walkie Talkie deles não estava funcionando por conta da tempestade.

Logo pela manhã ambas recomeçaram a busca por pegadas, por mais que soubessem que seria uma missão falha.

Entretanto, enquanto andava em meio à lama, algo chamou a atenção de Normani. A morena enfiou a mão no barro e pegou uma pulseira conhecida, com a escrita “Nialler”.

Assim que explicou que o dono dela era Niall, as duas começaram a olhar ao redor à procura de pegadas. Mas não encontraram nada outra vez.

Normani, já desistindo, ergueu o olhar cansado. Entretanto, outra vez teve sua atenção chamada. A morena franziu o cenho, confusa, ao analisar a marca de um tênis no alto de um galho em um pinheiro.

E então como se uma lâmpada acendesse em cima da sua cabeça, ela entendeu como eles se locomoviam sem deixar rastros no chão.

Eles andavam sobre as árvores, entre os galhos.

Ela e Dinah logo começaram a procurar por rastros nas árvores, o que triplicou a dificuldade da caçada delas. Precisaram aprender e rápido como escalar aqueles monstros de pinheiros, pois, assim como elas estavam os caçando... eles poderiam estar fazendo o mesmo.

Dinah, principalmente, levou vários tombos por causa de seus braços e pernas grandes. Ela era ágil, mas era no chão. Normani surpreendentemente havia se adaptado mais fácil a escalar as protuberâncias dos troncos, sendo ela a principal responsável por achar as pistas que seguiam há mais de três dias.

Elas tentavam pelo menos três vezes ao dia entrar em contato com o Walkie Talkie que havia ficado na Fazenda e, pelo fato de nunca receberem resposta, já estavam ficando extremamente preocupadas.

Porém, as duas jovens não podiam simplesmente largar uma a outra ou simplesmente desistir da procura por Niall.

- Tente o rádio aqui de cima... – Normani instruiu Dinah, abrindo os olhos após se sentir mais calma. – Não foi para isso que subimos?

Já acostumada com o humor ácido da morena, a loira nem se deu o trabalho de retrucar. Pegou o Walkie Talkie que estava preso ao seu cinto e girou seus botões, tentando captar alguma sintonia. Mexeu diversas vezes na antena do mesmo e até deu algumas pancadas, mas ela não era nenhum gênio como Louis que arrumaria aquilo ali em um piscar de olhos.

Tanto Normani quanto Dinah estavam cansadas como nunca estiveram. Azar ou não, a área em que estavam circulando naquela floresta ampla do estado de Tennessee era repleta de zumbis perambulantes. E os malditos eram silenciosos por causa da terra fofa.

Elas estavam se alimentando de esquilos e outros pequenos frutos que encontravam, já que não era a época dos mesmos.

- Vamos continuar... – Dinah suspirou ao desistir de fazer contato no transceptor de rádio.

Elas estavam há quatro dias perambulando pela floresta. Já haviam cortado um condado por inteiro através da mata e já não sabiam mais ao certo o que estavam procurando.

Aqueles desgraçados haviam evaporado como fumaça.

E, cada hora que passava, as esperanças por Niall ainda estar vivo diminuíam da vez mais.

Após descerem do pinheiro, as duas recomeçaram a caminhada no chão firme.

Dinah caminhava mais à frente segurando um machado, e Normani cobria sua retaguarda, com a Besta em mãos. Elas olhavam para a paisagem da mata que tinha apenas os barulhos dos pássaros. A noite já começava a cair, fazendo a temperatura diminuir.

O silêncio era sufocante na maioria das vezes. Ambas lançavam olhares cheios de saudade uma para a outra, mas os lábios negavam-se a pronunciar o quê as órbitas gritavam.

A loira alta que estava à frente tinha o pensamento longe, lhe torturando com as lembranças.

E após alguns segundos pensando se faria aquilo ou não, Dinah finalmente criou coragem. Ela já abria a boca e girava o corpo para trás, mas então uma mão morena lhe abafou a voz e puxou bruscamente para o lado, escondendo ambos os corpos atrás de um tronco grosso.

- Shhhhhh... – Normani sussurrou no ouvido de Dinah, por estar às suas costas. – Eles estão aqui...

Dinah olhou por cima do ombro esquerdo e viu os vultos por entre os galhos ao longe, nas copas das árvores. Com a noite caindo, a movimentação dos indivíduos era quase não vista por causa da grande habilidade que eles já tinham em pular de galhos em galhos e se segurarem nos escassos cipós.

A loira fechou os olhos e xingou alto em sua mente. Ela e Normani se arrastaram mais contra o tronco, tentando esconderem-se ao máximo entre as penumbras de uma planta mediana que rondava aquele pinheiro.

Entretanto, para o azar de ambas, os indivíduos pararam de se locomover um pouco à frente.

Eles vestiam roupas negras, facilmente confundidos com a escuridão. Normani, olhando por cima do ombro, conseguiu contabilizar quatro.

- Porque eles pararam? – Dinah sussurrou baixinho.

Normani não respondeu, porque, na verdade, não foi preciso. Segundos depois elas ouviram os passos ao longe. Pensaram em primeiro instante que se tratava de zumbis, mas, ao verem a fisionomia do rapaz logo perceberam que ele era humano.

Tratava-se de um rapaz moreno. Ele, cansado, vagava cabisbaixo segurando o que parecia, ao longe, um martelo. Tinha também uma pistola dentro da calça jeans rasgada que usava.

Dinah e Normani queriam fazer alguma coisa, mas não teriam chance contra os quatro que desciam galho por galho, com movimentos tão silenciosos e medonhos que não se ouvia um mísero barulho.

E ao tocarem o chão e estrategicamente encurralarem o pobre rapaz, os quatro começaram a assoviar.

O barulho bailava pelas árvores como se fossem sinos agourentos.

O moreno tentou se defender com o martelo, mas uma das pessoas encapuzadas ergueu o braço e no segundo seguinte uma lâmina estava penetrada no peito do rapaz.

Normani grunhiu baixinho por causa da cena assustadora, o que fez Dinah girar o corpo e agora tampar a boca da morena.

O homem, agonizando, caiu sobre um joelho enquanto encarava a faca no seu peito. Os quatro indivíduos se aproximaram mais, fechando o circulo ao redor do rapaz.

Sussurros em outra língua foram ouvidos.

- Lhe damos Misericórdia! – uma voz grave falou.

E então Normani escondeu o rosto no pescoço de Dinah para não ver a cena a seguir: O homem dono da voz grave ergueu as duas mãos segurando uma faca grande e rasgou desde o peito do rapaz até o seu umbigo, fazendo uma quantidade absurda de sangue e entranhas espirrarem.

Dinah engoliu a bile que veio até sua garganta enquanto ainda encarava a cena. Ela passou, sem perceber, um braço na cintura de Normani, a aconchegando melhor em uma forma silenciosa de dizer que estava ali para protegê-la.

- Nós precisamos dar um jeito de avisar os outros... – Dinah sussurrou vendo os quatro indivíduos começando a rastejar o corpo estripado.

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CAMILA PDV

Tarde de Quarta-feira, 11 de Outubro

 

- Não! Você me ouviu?! – Troy gritou apontando um dedo em direção do meu rosto. – Eu disse não!

O seu dedo estava tão próximo da minha pele que, para não ser tocada, precisei virar o rosto para o lado.

Seria eufemismo dizer que o motorista estava irado.

O rosto do loiro misturava tons avermelhados e suas veias estavam saltadas, assim como as íris dilatadas.

Ally estava atrás do amado e tinha uma mão na testa franzida, coçando-a em sinal de nervosismo. Ela suspirava, pois, assim como eu, não sabia o quê fazer para acalmar o homem.

- Troy, por favor, pelo menos escute todo o plano... – Harry tentou acalmá-lo.

O jovem de cabelos longos estava sentado sobre a mesa de madeira e inclinado para frente enquanto Demetria terminava de trocar a gaze que envolvia seu ombro. Ele fazia leves caretas na medida em que a cientista tocava o lugar sensível.

Cara estava sentada logo ao seu lado esperando na fila para trocar os pontos de seu corte também profundo.

- Não há o quê ouvir! – Troy retrucou o rapaz.

- Ei... – Christopher tentou se aproximar do motorista, mas ele logo apontou também para o Jauregui, indicando para que ficasse longe.

- Chris, não!

- A escolha não é apenas sua! – Christopher tentou apaziguar.

- Ela é a minha mulher e mãe do meu filho, que tem apenas uma semana de vida! É minha escolha sim! – Troy vociferou, dando um passo em direção de Ally que permanecia em silêncio.

- Não faríamos isso se tivéssemos outra opção! – eu tento argumentar, mantendo a voz baixa em sinal de paz.

- Eu não me importo, porra! – o loiro rosnou entredentes e me lançou um olhar mortal. – Allyson não servirá de isca, me ouviu?!

- Olha... já chega! – Demetria exclamou, largando de lado a gaze que passava nas costas de Harry.

A cientista aproveitou que agora olhávamos para ela e caminhou até o centro do semicírculo que formávamos.

- Estamos cansados, com fome e assustados! Nada bom irá sair dessa discussão se não mantermos a calma! – ela argumentou, com o tom brando. – Troy... – Demi murmurou, virando-se para o homem que continuava bufando. – Escute e depois fale, ok?! Não passamos uma semana vagando por aí como zumbis atrás do maldito lugar onde esses desgraçados estavam para que simplesmente efetuemos um plano errado. E não cause apenas a morte de Lauren e Niall, mas também a morte de todo o grupo! Acalme-se e escute, ok?!

Troy hesitou por alguns segundos, analisando a situação. Allyson, sentindo que o amado não estava cem por cento confiante, se aproximou dele e tocou de leve seu braço, o acariciando.

Ele olhou para ela meio desconfiado e após alguns segundos assentiu com a cabeça para que eu e Christopher começássemos a falar.

- O plano é o seguinte... – Christopher iniciou sua fala e pegou uma folha em branco em cima da mesa junto a uma caneta esferográfica.

Estávamos no interior de uma cabana no meio da floresta, amarguradamente semelhante àquela que ficamos nas redondezas de Miami há quase um ano. O lugar estava empoeirado, abandonado. Folhas estavam espalhadas por todos os lados assim como teias de aranha.

Felizmente havíamos encontrado uma despensa com comida enlatada, pertencente talvez a um caçador que gostava de ficar ali nas épocas em que os veados migravam. Tudo ali tinha acabamento de madeira: o teto, as paredes, os móveis.

Nos últimos oito dias a fome, o medo e a agonia nos atormentaram. Não tínhamos a mínima noção para onde haviam levado Lauren e Niall, portanto, estávamos às cegas em um país inteiro.  Ninguém ali tinha experiências em florestas ou em rastreamento, o que dificultou ainda mais nossa vida. A maioria estava machucada, cheirando sangue, o que atraía várias vezes andarilhos espertos.

Tivemos de utilizar de folhas e receitas medicinais, que felizmente Louis sabia, para tentar diminuir a infecção dos ferimentos.

- Nós temos que achar o arsenal antes de efetuarmos o confronto frente a frente! – Christopher falou. – Foi assim que conseguimos ganhar a luta contra os militares. Só vamos conseguir se tivermos armas! Mas, para isso, alguém lá de dentro precisa nos deixar entrar!

- E vocês vão realmente usar da fé da Ally para isso? – Troy latiu.

- Quem deve se sentir ofendida com isso é ela e não você! – Christopher ergueu uma sobrancelha para o companheiro. Troy fechou a expressão com a resposta e Ally baixou a cabeça, hesitante. – Está tudo bem para você, Ally?

- Vocês basicamente querem que eu finja que meu filho morreu e que eu fiquei louca da cabeça, decidindo assim me juntar à seita ou sei lá o quê eles querem fazer?! – a enfermeira ergueu a cabeça e disse em um tom meio sarcástico. – Só por que eu sou uma pessoa religiosa?!

- Mais ou menos... – eu ladeio a cabeça, um pouco sem graça por estar pedindo aquilo para minha amiga. – Olha... eles estão nos observando há tempos! Se eles conseguiram entrar na casa e roubar nossas armas, jogar gasolina, saber onde atar fogo... eles já nos observavam há muito tempo! Eles sabiam que você estava grávida! Eles sabiam que iríamos fazer uma missão! Eles conseguiram entrar na nossa casa, roubar nossas armas, saber de nossos planos, porque estávamos acomodados! Abaixamos nossas guardas! Pensamos que o mundo havia se esquecido de nós e que poderíamos viver ali até que as coisas mudassem para melhor! Então... – eu hesito, pigarreando e olhando para o restante do grupo. – O quê mais eles sabem?! Eles podem saber qualquer coisa! Se eles queriam Lauren é porque eles nos estudaram para escolher alguém! Eles possivelmente sabem que você é religiosa, Allyson! Você sempre deixou isso à vista. Todas as vezes que ia a plantação você fazia um “Pai Nosso” agradecendo por tudo...

- Não estamos te criticando... – Christopher me completou assim que viu a expressão ressentida da enfermeira para mim. – É a sua forma de ser, é a sua crença, não temos nada com isso! É só que... isso pode ser nossa única chance para entrarmos lá e conseguirmos salvar minha irmã e o Niall! Eles precisam estar distraídos com alguma coisa!

- Mas o que nos garante que eles não a matarão?! – Troy retrucou. – Pelo amor de Deus... eles vivem em um manicômio!

- Eles têm crucifixos espalhados pelo corpo, tatuagens, marcas! – eu replico, já começando a ficar irritada com a grande incredibilidade do loiro. – É sério, Troy?! Depois de passarmos três dias inteiros os observando, tentando entender o que aqueles desgraçados são... você irá dar para trás?!

- VOCÊ ESTÁ SENDO HIPÓCRITA! – o ex-motorista vociferou comigo. – Eu te conheço! Só está aceitando esse plano completamente maluco porque se trata de Lauren!

- É CLARO QUE SIM! – eu o retruco usando o mesmo tom de voz alto, fazendo todos ali ficarem alarmados. – Mas o hipócrita aqui está sendo você, porque tenho certeza que se situação fosse contrária e a refém fosse a Allyson, você não iria cogitar duas vezes em tentar fazer qualquer coisa para salvá-la!

Três dias atrás Dinah e Normani conseguiram entrar em contato conosco através do Walkie Talkie que, felizmente, Cara havia colocado dentro de sua mochila. Ambas estavam bem e durante dois dias seguintes tentaram encontrar pistas para onde os loucos haviam ido.

E por serem apenas duas, o que facilitava o fato de não serem vistas, elas fizeram o impossível: encontraram onde os desgraçados moravam.

Em um manicômio.

Cômico, não?!

- Ela está certa... – Demi murmurou e caminhou até colocar uma mão no ombro de Troy.

O rapaz suspirou tão sofregamente que isso indicou apenas sua desistência. Allyson o olhava com compaixão.

- Eu vou fazer isso. – Allyson falou, convicta.  – Vou fazer isso, porque se fosse o contrário, Camila... – ela então olhou para mim e eu vi o amor em suas órbitas. – Se fosse o Troy, ou Claire, ou o Taylor... eu tenho certeza que você faria isso por mim.

Eu faço um afirmativo com a cabeça, consentindo.

Troy coçou a cabeça, mostrando seu nervosismo. Mas não se contrapôs outra vez.

- Você pode então... – ele engoliu seco. – Repassar o plano?

- Sim... – eu afirmo e caminho até a mesa amadeirada.

Viro ao contrário a folha utilizada por Christopher, utilizando do verso branco, e pego a caneta esferográfica.

- Isso aqui é o manicômio... ele tem quatro prédios e uma pequena capela. – eu falo, desenhando os lugares em forma retangular. – Dinah e Normani nos disseram que ele fica próximo de um vilarejo abandonado. O manicômio está no meio da floresta... – digo e desenho árvores mal feitas ao redor. – Dinah disse que, pelo que conseguiram ver, o prédio principal é o que está ao lado da capela. Ele fecha o retângulo enorme que forma com os outros quatro prédios, tendo um pátio no centro. Foi nesse prédio que elas viram o maior fluxo de pessoas entrando e saindo... Foi lá que elas os viram entrar com um homem muito parecido com o Niall... mas ele estava encapuzado.

Digo e então hesito alguns segundos, sentindo a culpa me corroer. Não havíamos contado para as duas que Lauren havia sido capturada e nem que a Fazenda agora era apenas cinzas.

Não queríamos desesperá-las ou alarmá-las, portanto, dissemos que iríamos para salvar apenas o psicólogo.

A situação já era fodida o bastante e precisávamos de, pelo menos, duas pessoas que não estivessem desesperadas ao extremo.

- Então... – eu pigarreio, voltando. – Aqui é o prédio que precisamos entrar principalmente... – digo, batendo a ponta da caneta no retângulo ao lado da capela. – Porque... se Niall está lá... Lauren pode estar também!

- Onde eu entro nessa história? – Allyson perguntou, cruzando os braços.

- Nós precisamos de uma distração... – respondo, tentando evitar demonstrar o Déjà-vu que me ocorreu ao lembrar-me do que aconteceu com Alessia Cara. – Você irá bater à porta deles e dizer que quer se juntar ao clube. Ally, você precisa ser muito convincente! – digo, séria. – Eles são loucos e só vão lhe aceitar se você também agir como uma louca!

- Eu acho que consigo... – ela torce os lábios, um pouco desconfortável.

- Certo... – continuo, voltando a olhar para a folha rabiscada. – Depois de eles estarem ocupados com a sua chegada, nós vamos nos aproximar pela floresta. Dinah nos disse que eles se locomovem pelas árvores e que são extremamente acostumados com a escuridão, então vamos precisar ser mil vezes mais silenciosos e cuidadosos. Então, para isso, vamos formar duplas! É mais fácil para transitar e um pode cuidar da retaguarda do outro.

Tudo no mundo atual está escondido.

Passamos os últimos dias, literalmente, remexendo cada casa de casa que encontrávamos às beiras da floresta. Reviramos lojas, atacados, entre outras mais.

E adivinhe? Encontramos armas e também confeccionamos algumas.

Quando o Apocalipse começou lugares como igrejas, ginásios, delegacias, supermercados e farmácias foram os mais ocupados por sobreviventes. E eventualmente, de acordo com a lei do Cosmos, alguma tragédia iria acontecer, porque, diante a tudo que vivemos até aqui, a constatação mais óbvia é: não adianta querer ficar parado em apenas um lugar.

Você precisa se locomover ou irá ser atacado, gerando sua morte.

Fomos ridiculamente inocentes em pensar que acharíamos uma casa e ficaríamos ali até que as coisas melhorassem.

Não vai melhorar.

Não vai ter fim.

Zumbis não são mais o principal e único problema. As pessoas vivas também são.

Encontramos um fuzil e pistolas, e para elas, fizemos silenciadores caseiros.  Para tal utilizamos de PVC para ser o cano supressor, fizemos furos com brocas, madeira, cola calafetagem – que encontramos em uma madeireira – e espuma de colchão para evitar o som.

E assim como os guerreiros da antiguidade fomos obrigados a fazer escudos. Aqueles filhos da puta eram extremamente ágeis com lâminas, o que não nos dava outra opção.

- Allyson estará no interior chamando a atenção. Harry vai com Louis pela lateral do manicômio... – digo e rabisco o caminho que eles seguiriam. – Vocês vão aniquilar com os silenciadores qualquer um que aparecer. O segredo dos primeiros momentos é manter o silêncio. Manter a vantagem até que encontremos Lauren e Niall. Enquanto isso eu vou achar qualquer modo de entrar e correr para abrir a porta para Troy, Christopher, Cara e Demi.

- Por que você? – Cara semicerrou os olhos para mim.

- Porque eu sou pequena e rápida... – falo e dou uma olhadinha para Demetria que me lançara um olhar de soslaio. – Sem ofensa, Demi...

Ela ergue as mãos, fingindo não se importar.

- Eu vou entrar por uma dessas janelas e vou limpar esse corredor. – continuo a explicar enquanto rabisco um dos retângulos. – Abro a porta para vocês e nós, todos juntos, vamos começar a limpar corredor por corredor com os silenciadores. Precisamos ser rápidos para matá-los, pois assim que os outros virem os corpos espalhados, vão anunciar que estão sendo atacados.

- Eu acho que nosso objetivo principal não deveria ser matá-lo... – Ally me contrapôs, com um olhar de dor. – Muito sangue já foi derramado!

- Olha... – eu torço os lábios para não ser rude com ela. – Se não os matarmos eles... vão achar outro grupo e vão fazer a mesma coisa!

- Mas não é nosso dever sermos os Mensageiros ou Aniquiladores ou qualquer outra merda que queira chamar! – a enfermeira falou e buscou os olhos dos outros, por apoio. – Vamos achar Lauren e Niall e dar o fora de lá! Correr para longe!

- E você não está cansada de correr, Allyson? – a voz ácida de Cara surgiu, assustando um pouco por causa de seu tom sério. – Tudo que eu fiz nessa vida foi correr! Correr pela sobrevivência! Eles fizeram isso conosco, então eles merecem! Imagina quantos mais eles podem matar se permanecerem vivos?

- E vamos matá-los a base de suposições?!

- Não! Vamos matá-los por que eles mataram pessoas de nosso grupo!

Minha frase fizeram todos erguerem seus olhares para mim.

E eu entendia a surpresa em seus rostos cansados.

Logo eu? A pessoa que até um ano atrás não aceitava o fato de matar vivos estar agora armando um plano para aniquilar quase trinta pessoas?!

Allyson após alguns segundos em silêncio fez o mesmo que seu amado e deu de ombros, suspirando pesadamente.

- O que Dinah e Normani vão fazer? – Cara perguntou, com uma expressão de poucos amigos.

- Bom... Para deixar esse plano um pouco mais insano... – Christopher pigarreou e deu um sorrisinho triste. – Elas vão liderar uma horda de zumbis em direção ao manicômio.

- O QUE?! – as vozes do grupo formaram um grande coral de surpresa e olhos arregalados.

- Lembre-me de nunca mais deixar que Camila e Christopher façam um plano outra vez! – Troy latiu em meio aos resmungos quer surgiram por parte dos outros integrantes.

- Esperem! – peço, ainda paciente. – Nós precisamos disso como distração para que possamos fugir!

- Fugir? – Demetria agora me questionou, cética. – Como vamos fugir se zumbis estarão nos cercando?

- Essa é a responsabilidade de Dinah e Normani! – respondo, ladeando a cabeça. – Elas sabem o que estão fazendo! As duas nesse exato momento estão agrupando o máximo de zumbis que conseguem e os guiando de forma que passem por uma estrada de terra próxima ao manicômio, no lado Sul. Entendeu? – pergunto, retoricamente. – Eles não irão, em primeiro momento, diretamente em direção do manicômio. Eles estarão passando em uma estrada que os delimita. É responsabilidade de Dinah e Normani mantê-los sobre controle até que o tempo se extrapole. Teremos exatos dez minutos para entrar, achar Ally, Lauren e Niall e sair de lá! Louis fez as contas... assim que esse tempo passar, os zumbis irão gastar mais cinco minutos para chegarem até o manicômio, por causa dos barulhos dos tiros que estarão ecoando.

- Eu sabia que Louis estava envolvido com isso... – Harry suspirou pesadamente ao fundo.

- Jesus Cristo... – Ally choramingou, temerosa. – Isso é loucura!

- Enquanto o confronto não começar, do lado de fora... – eu fecho os olhos para não pensar em como a enfermeira estava certa. – Harry e Louis vão jogar gasolina nas árvores próximas, nas paredes e vão carregar Coquetéis Molotov. Troy e Demi, no interior, vão ficar responsáveis por achar Allyson. Cara, Christopher e eu ficaremos responsáveis por achar Lauren e Niall.

- Como vamos nos comunicar com as pessoas do lado de fora se o outro Walkie Talkie estará com Dinah e ela vai conter a horda? – Troy perguntou, com os braços cruzados na frente do corpo.

- Nós achamos duas armas que disparam sinalizadores. Uma vermelha e a outra amarela. – explico e aponto na folha outra vez. – A vermelha ficará com Troy e a amarela comigo. Se as coisas derem errado de algum modo, vamos atirar para o céu, sinalizando onde estamos. Assim, Harry e Louis vão lançar os Coquetéis Molotov nos prédios, dando-nos chance de escapar. Mas, para que isso funcione e ninguém fique encurralado pelo incêndio, precisamos ser objetivos. Achem quem precisam achar e não mudem o plano! Tudo está extremamente calculado!

Pigarreio e então elevo o olhar para o grupo.

- Tudo entendido? – Christopher pergunta.

Eles assentem ainda em silêncio.

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Tarde de Quinta-feira, 12 de Outubro

 

Sentada nos três degraus da porta dos fundos da casa de madeira eu analisava as folhas mexendo por entre as copas das árvores altas. Sim, eu estava sendo maluca por estar do lado de fora da casa com malucos que localizam quem eles quiserem em questões de segundos. Mas eu precisava de ar fresco para tentar diminuir minha dor de cabeça lacerante.

Os pensamentos, o medo, as emoções eram tão intensas que fazia meu crânio parecer que iria quebrar ao meio.

Eu seria capaz de salvar Lauren? Niall? Eles ainda estariam vivos?

Eu precisava saber, caso contrário isso me perseguiria pelo resto da vida.

A cada vez que eu fechava os olhos imagens da minha mulher de olhos verdes voltavam à mente. Seu toque. Seu cheiro. Sua risada de bebê. Seus dentinhos tão fofos. Seus beijos.

- Não conseguiu dormir?

Olho por cima do ombro direito e vejo Christopher em pé atrás de mim escorado ao batente da porta, segurando em seus braços fortes um escudo caseiro, feito com madeira grossa.

- Não, deixei que dormissem mais para descansarem. – respondo, voltando a olhar para o horizonte. – Decidi arrumar a comida para eles e coloquei na mesa. Eles já acordaram?

- Demi está os acordando. Sofia perguntou por você.

- Sinto-me mal por não estar ao lado dela esses dias... – suspiro, passando as mãos por minha cabeça e fechando os olhos por causa do latejar em meu crânio.

- Você está focada em trazer Lauren de volta. Ela entende, Camila, não se martirize! – Christopher me repreende e passa ao meu lado, arrumando as tiras de couro que prendera na parte trás do escudo. – Agradeço por tudo que está fazend...

- Christopher, não comece com esse papo! – eu o lanço um olhar de soslaio. – Não venha me agradecer ou se despedir ou qualquer outra coisa! Somos igualmente capazes de salvar Lauren. E não é por que eu sou mulher, você homem, ou porque eu sou a noiva dela e você o irmão, que isso nos difere de algo. Só nos faz os mais desesperados por salvá-la. E vamos conseguir!

- Eu sei que vamos! – ele assentiu com a cabeça e, como eu, começou a olhar o silêncio da mata.

Ficamos assim por longos minutos, tanto que o restante do grupo agora já estava comendo o almoço. Não tínhamos muito, mas era o suficiente para que não ficássemos fracos.

Os recursos, os suprimentos, estavam cada vez mais escassos.

Levanto-me e com ele, adentramos na cozinha fechando a porta atrás de mim.

Cara e Demi estavam no corredor terminando de arrumar suas coisas. Troy e Allyson, usualmente, comandavam a comida, arrumando a mesa. Sofia e Claire, que segurava um Taylor desacordado nos braços, estavam sentadas no canto do cômodo mordiscando pedaços quase embolorados de pão.

- Você tem certeza absoluta que as crianças ficarão bem aqui sozinhas?! – Harry chegou próximo de mim e perguntou baixo, sem que ninguém mais escutasse.

- Não tenho certeza de nada, Harry... – replico, com um olhar pesaroso. – Mas precisamos de todos lá! Esse lugar é seguro, vamos trancá-los. Há comida para as duas e o bebê. Sofia é grande o suficiente para saber fazer a mamadeira caso seja necessário e Taylor não chora com Claire... É incrível. – digo e vejo a loirinha acariciando os cabelos do meio-irmão que dormia serenamente em seus braços. – E... – continuo, voltando a olhar a expressão preocupada do jovem. – Sofia sabe como atirar.

Falar aquilo ardeu minha garganta, porque, minha irmã só tinha noção daquilo graças a Lauren.

- Vamos deixar uma arma com ela? – Harry ergueu as sobrancelhas, um pouco surpreso.

Afirmo com a cabeça e ele engole seco, provavelmente enojado assim como eu.

Havíamos chegado ao ponto de deixarmos armas com crianças.

- Quando nós vamos? – pergunta Louis, terminando de olhar o pente de balas de sua pistola semiautomática.

- Agora. Já são próximo das três horas. – Christopher responde, ao meu lado. – A caminhada até o manicômio demora quatro horas, então ao chegarmos lá a noite já estará caindo. Vamos esperar por mais duas horas e analisar a situação por quanto tempo acharmos necessário.

Começamos então a organizar nossas mochilas com as poucas coisas que tínhamos. Cada um continha apenas meia garrafinha de água para sobreviver ao dia relativamente quente, o que nos obrigava a racionar. Colocamos nossas armas nas mochilas e vestimos nossas roupas: com todas as peças pretas para nos camuflarmos.

Terminava de vestir um moletom excessivamente grosso, o que me incomodava por causa do calor, quando minha irmã se aproximou de mim na sala de estar.

- Tudo vai ficar bem? – ela perguntou assim que eu me coloquei sobre um joelho, ficando um pouco menor que ela por causa dos centímetros que ela havia crescido. – Você? A Laur? O grupo?!

- Eu queria poder te dizer isso, querida, mas não consigo. – respondo-a, engolindo o bolo na garganta e ignorando a vontade de entregar-me às lágrimas. – Mas eu sei que você vai conseguir ser forte e que vai conseguir proteger a Claire e o Taylor, ok?!

- Ok... – ela exaspera, um pouco descrente.

Eu dou um sorriso tristonho e aproximo meus lábios de sua testa. Fecho os olhos e lhe dou um beijo terno ali enquanto afagava seu rosto.

- Eu amo você, ok?! – digo, procurando seus olhos calorosos. – Se alguma coisa acontecer... Nunca se esqueça disso!

- Eu amo você também, Kaki... – Sofia respondeu já com a voz embargada por causa do choro.

- Agora... – eu pigarreio, enxugando uma lágrima quente e ácida que escorrera por minha bochecha com o dedo. – Vá e fique dentro do quarto com Claire e o Taylor. Se você ouvir qualquer coisa... Não saia e nem faça nenhum barulho! Você sabe como usar uma arma... – digo e pego a pistola que estava no cós da minha calça velha, a estendendo para ela. – Ela já estará destravada e pronta para que você puxe o gatilho.

- Mas...

- Eu queria ter lhe dado a infância que tive, Sofia. Mas não consegui! – continuo, mesmo vendo sua expressão aterrorizada. – Mas isso não faz eu te amar menos e eu sei que você também me corresponde na mesma intensidade. – digo, e ela afirma com a cabeça freneticamente. – Eu sei que você consegue! Lauren viu que do você era capaz antes mesmo que eu conseguisse, e eu a agradeço. E é por isso que estou indo salvá-la e você vai ficar aqui, cuidando da casa.

- Eu consigo... – ela inspirou fundo e disse. – Vá e a busque de volta!

Eu engulo o bolo na garganta e afirmo com a cabeça, deixando outro beijo em sua testa. Passo meus braços ao redor de seu corpo e ela faz o mesmo comigo, envolvendo-me no calor fraternal de seu embraço.

Permanecemos abraçadas até que o tempo chegou ao fim.

Coloquei-me de pé e ela foi em direção do quarto onde ficaria com Claire e Taylor. Ela pegou a mochila que tinha comida e água, e, pela última vez, olhou-me antes de fechar a porta.

Giro meu corpo tentando segurar as lágrimas e caminho pelo corredor até a cozinha onde o restante do grupo me esperava, cada um com sua devida mochila nas costas.

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- Sério? Barro na minha cara?! – Allyson reclamou assim que eu passei dois dedos melados de lama por seus braços e principalmente em suas bochechas.

- Você precisa fingir que está vagando por aí desde que todos na Fazenda morreram queimados e que, Christopher... o único que te conseguiu te salvar... morreu também. Você está sozinha, com fome e sem seu filho. – a explico, ignorando seus resmungos e agora passando as mãos por seu cabelo, o embaraçando por completo.

- Cookoo... Cookoo... – Harry a zombou ao ver a juba de seu cabelo, utilizando a gíria para quando chama-se uma pessoa de louca.

- Vai à merda! – a enfermeira rosnou.

- Ignore-o, Ally... – Louis a instruiu, lançando um olhar mortal para Harry que parou no mesmo instante. – Agora vá! Você precisa ir na frente e tentar chamar a atenção deles...

- Espere... – Troy falou, se aproximando, mesmo contrariado, de onde arrumávamos sua amada. – Coloque isso... – disse e passou então um cordão com um crucifixo no pescoço de Ally.

- Amor... – ela martirizou, olhando-o com paixão e dor.

- Olhe... – o rapaz suspirou, cansado. – Eu nunca fui um cara religioso, Allyson... e... nunca achei que a vida tinha um propósito para mim. Mas o seu Deus colocou você no meu caminho. Eu já tinha um tesouro, que dominava metade do meu coração, chamado Claire. E quando você veio e dominou a outra parte... eu me senti inteiro pela primeira vez na vida. E como se não bastasse você me deu um filho. Um filho que foi a cola para as duas metades recém-encaixadas.

- Oh, eu amo você... eu amo você! – ela sussurrou lançando-se aos braços do amado que a agarrou com força em um abraço.

- Eu amo você também e irei até no Inferno para te buscar! – Troy murmurou com o rosto escondido nos cachos loiros da enfermeira. – Vá, faça a sua parte do plano que eu irei te buscar, amor.

Eu virei o rosto por mais linda que fosse a cena.

É o que dizem sobre os amantes amargurados: O amor alheio faz lembrar-se daquele que você perdeu.

Os dois permaneceram abraçados por mais alguns momentos até que Ally tomou coragem e deu um passo à frente, começando a caminhar pelos galhos sinuosos da mata em direção de onde Dinah e Normani nos disseram que o manicômio ficava.

Troy encarou a amada até que ela sumiu de nossas vistas.

Estarmos nos separando fazia um sentimento ruim apertar meu peito.

Juntos éramos mais fortes.

Mas, aquele era o único jeito de tentarmos ser uma família outra vez.

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NARRADOR PDV

Na Casa – Noite de Quinta-feira, 12 de Outubro.

 

- Você acha que eles vão conseguir? – Claire sussurrou.

A loirinha estava olhando para baixo, mais especificamente para o rosto adormecido do meio-irmão. O pequeno Taylor estava em um sono bom e segurava em meio aos dedinhos o polegar da maior, que o ninava.

- Eles têm que conseguir... – Sofia respondeu, de pé.

A latina estava perto da janela do quarto, olhando sorrateiramente através do vidro. Não era estúpida para ficar totalmente exposta, pois sabia que alguém poderia vê-la ali. Mas estava atenta caso algum imprevisto surgisse, como, por exemplo, mortos-vivos.

- Nós vamos conseguir, Claire... – a latina falou, girando seu corpo para a outra que estava sentada no chão frio.

- Como você pode ter tanta certeza?! – a loira retrucou, com os olhos começando a lagrimejar. – Todos sumiram! Simon morreu! Até mesmo a Vic morreu...

- Não sabemos se ela morreu... – Sofia fechou a expressão, séria. – Nós nem sabemos o que é morte!

- Você por acaso a viu sair da casa?! – Claire falou, com uma lágrima escorrendo. – Porque eu não vi! É isso que a morte é! As pessoas somem! Taylor sumiu, Austin sumiu, Keana sumiu, Chelsea sumiu... a Regina! A nossa Regina sumiu!

Sofia grunhiu, com o choro querendo extravasar sua garganta apertada. Ela ainda tinha pesadelos com a noite que vira a amiguinha com a mordida e isso a fazia associar ao dia que em que o pai deve o mesmo Destino.

Ela estava com medo e queria sua irmã.

Mas não deixaria isso transparecer. Não mais.

- Cada um tem a sua tarefa! – Sofia ergueu a cabeça, olhando Claire que continuava chorando e ninando o Taylor. – Olhe para mim...

Claire hesitou, mas, mesmo com as bochechas marcadas pelas lágrimas, a olhou.

- Mesmo se eles não conseguirem... – Sofia murmurou, se aproximando da amiga. – Nós vamos conseguir! Nós vamos proteger o Taylor, essa é a nossa tarefa!

- Nós somos apenas crianças! – Claire tentou retrucar. – Nós temos apenas quase oito anos...

- Nós podemos ser crianças, mas não podemos é ter medo! Nós precisamos ser corajosas! Ser corajosas assim como as pessoas grandes!

- Eu sei que você não quer ser corajosa! Eu não quero! Eu quero o meu pai... – Claire tremeu o queixo, quase se entregando às lágrimas.

- O meu sumiu e ainda assim eu estou aqui... – Sofia murmurou, sentando-se ao lado da loira e o bebê.

- O que você quer dizer com isso? – Claire questionou, com um bico extremamente fofo.

- Que mesmo as pessoas sumam... nós continuamos aqui. – a latina completou, encarando a parede do quarto.

Claire franziu o cenho, tentando, com a sua cabeça de criança, raciocinar a fala da amiga. Mas Sofia, diferente da outra, já estava começando a conectar as cenas brutais que via no mundo atual com as reais coisas que estavam acontecendo.

Sofia estava amadurecendo contra a própria vontade.

As duas ficaram em silêncio por alguns segundos, observando o ressonar do bebê.

- Esses estranhos vão se dar mal... – Sofia sussurrou, olhando o Taylor dormir.

- Por quê? – Claire girou o rosto para a latina, que tinha uma expressão fechada.

- Porque eles se meteram com o grupo errado...


Notas Finais


... NA SUA CARA VOU JOGAR AH AH E REBOLAR AH AH

Sofia com o espírito Cabello aflorado, adoron

O que acharam desse plano louco? Vai dar certo? O que vai dar errado? Se alguém acertar vem capítulo até quinta-feira!

Beijos de luz, walkers!


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