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História Into The Dead - Capítulo 43


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Olá, cês pensaram que eu não ia rebolar minha bunda hoje, né?!

Sei que querem me matar por causa do último capítulo, teve gente até dizendo que não imagina um final feliz pra estória depois disso. Venho cá, de dentro da mente da autora sádica, para dizer: “Não se desesperem”. Quem pegou a referência, pegou.
A morte do nosso querido foi necessária sim! Vocês vão ver isso futuramente!

Mas cá está outro famigerado capítulo! Peço, por favor, que fiquem de olho nas marcas temporais para não se perderem!
Boa leitura e me perdoem pelos erros!

Capítulo 43 - Capítulo 43


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 43

NARRADOR PDV

 

- ACORDE! Lauren!

A voz que implorava estava abafada, parecendo longe aos ouvidos de Lauren. A jovem se encontrava ainda meio desacordada, mas conseguia ouvir os gritos ao fundo.

Havia também os rosnados típicos dos zumbis.

- Lauren, você tem que acordar! – a voz gritou novamente.

A jovem sentiu seu corpo chocalhar, como se estivesse sendo balançada para frente e para trás, obrigando-a a despertar.

- ACORDA!

*SLAP*

Lauren arregalou os olhos assim que sentiu uma ardência na bochecha esquerda, onde o tapa forte foi desferido.

Assim que a jovem acordou definitivamente os vultos e o brilho das chamas ao longe arderam sua retina. Lauren piscou, totalmente atordoada, encarando a figura suada e ofegante de Shaun Ross.

Ele ainda mexia os ombros da mulher, tentando fazê-la ficar menos grogue. Além de sentir seu coração na garganta, Shaun também analisava a horda que se aproximava rapidamente no meio daquela floresta banhada pelas penumbras da Lua.

Lauren grunhiu, sentindo sua cabeça latejando como um tambor e a boca seca como o próprio deserto do Saara.

Ela olhou para o braço direito, sentindo-o pesar toneladas de forma anormal.

Mas logo ignorou isso ao começar a analisar o ambiente ao redor de si. Estava de noite. Árvores e mais árvores os cercavam, mosquitos zuniam, grunhidos característicos ecoavam na escuridão. Ela então girou o rosto, arregalando os olhos ao ver os zumbis marchando em ritmo constante, com as mãos esticadas, dentes estalando, fedor terrível em meio os galhos.

- Como nós saímos de lá?! – ela grunhiu enquanto colocava-se de pé com a ajuda do jornalista.

Havia algo de errado consigo. Cada fibra de seu corpo queimava como se houvesse corrido uma maratona durante dias. Seu estômago revirava, os olhos ardiam, o coração disparado, pulmões reclamavam, músculos doíam.

- Depois eu te explico. Precisamos correr! – Shaun ordenou, já a puxando pelo colarinho da regata suja.

Lauren arfou, cambaleando por entre os galhos dos pinheiros enquanto olhava constantemente para trás checando a distância dos mortos-vivos.

Os zumbis estavam nervosos e famintos. Os primeiros da pequena horda eram relativamente rápidos, em um grau de decomposição não tão avançado como os mais atrasados.

- Eu não vou conseguir... – Lauren sibilou, sem conseguir respirar.

A jovem diminuiu o ritmo por causa da ausência de oxigênio nos pulmões. Ela se encontrava fraca demais e a cada passo suas pernas bambeavam.

Shaun parou de correr imediatamente. Ele suspirou, exausto, e voltou às pressas já a agarrando pelo ombro.

- Não importa se você acha que não vai conseguir... – ele falou, encarando os olhos verdes. – Você apenas continua correndo, Lauren. Essa é a vida agora!

A jovem engoliu seco tentando ainda respirar e apenas fez um sinal de afirmativo com a cabeça. Reuniu então todo o restante de forças que continha e recomeçou sua corrida ao lado do albino em meio às árvores do lado noroeste da floresta.

Afobados, eles permaneceram nesse ritmo até que encontraram uma falésia que terminava em um buraco de quase quinze metros.

- Cuidado! – Lauren gritou, puxando Shaun pelo braço antes que o albino passasse direto.

A jovem empurrou o jornalista para o lado bem a tempo de ambos não caírem no precipício. A escuridão da noite havia perigosamente a encobrido, tornando-a quase impossível de se notar. Os zumbis, que já estavam incrivelmente perto, passaram direto e caíram grunhido.

Lauren inclinou o corpo e olhou lá em baixo, no fundo do buraco, as manchas dos crânios explodidos em meninges e massas cinzentas podres.

A jovem então se jogou no chão de terra, tendo o albino também caído ao seu lado. Os dois permaneceram ali, encarando a noite estrelada de Lua Cheia enquanto escutava-se ao fundo o crepitar das chamas e os rosnados da horda que ainda estava no manicômio, longe.

- Como você me tirou de lá?! – Lauren perguntou, ainda com a respiração pesada.

- Três pessoas me salvaram. Eu acho que eles eram prisioneiros também. – ele respondeu, encarando o céu.

- Eles morreram? Por que não vieram junto?

- Eu acho que sim. Separei-me deles quando o teto pegando fogo desabou. Também acho que foram eles quem começaram o incêndio. Por pouco consegui tirar nós dois de lá! Uma horda estava se aproximando e por sorte os fundos do prédio D estava momentaneamente com menos zumbis.

Lauren assentou no chão fofo e olhou para trás, ainda vendo o clarão das chamas tomando o manicômio logo acima da copa das árvores mais distantes.

Mal acreditava que ela e o albino haviam escapado com vida.

- Eu preciso voltar. – ela falou, convicta. – Eu preciso achar o caminho de volta para a Fazenda. Eles ainda devem estar lá...

- Que Fazenda? Quem vai estar lá?! – Shaun perguntou, sentando-se também.

- Antes de tudo isso eu morava com um grupo em uma Fazenda. – Lauren explicou enquanto colocava-se de pé com dificuldades por causa das dores musculares. – Éramos autossustentáveis. Tínhamos plantações, animais... Estava tudo ótimo até esses desgraçados surgirem!

- Você acha que eles ainda vão estar lá? Se esses filhos da puta estiveram lá... Lauren... eles estão todos mortos! Me desculpe... – Shaun disse com uma expressão de tristeza no rosto.

- E o Niall? – Lauren perguntou, ignorando por completo o comentário negativo do jornalista. – Você o salvou?

- Não... Eles me pegaram antes disso.

A jovem de olhos verdes expirou com força, passando as mãos pelo rosto sujo. Seu peito ardia, já cansado de ter sempre aquele sentimento ácido de morte a corroendo.

Já se encontrava cansada de perder pessoas.

- Eu vou voltar até a Fazenda. Você vai comigo? – Lauren foi sucinta, encarando o albino.

Shaun ponderou por alguns segundos, pensando se era uma boa ideia aventurar-se com uma – ainda – estranha. Mas logo chegou a conclusão que não tinha nada a perder. Lauren parecia ser uma boa pessoa, por mais instável que fosse. Além que ele não tinha objetivo, nem família ou amigos.

Estava sozinho.

O albino assentiu com a cabeça e então começou a seguir uma Lauren desolada por entre as penumbras geladas da floresta.

 

 

- Lauren, por favor... ande mais devagar. – Shaun ofegou, já fraco.

A jovem de olhos verdes parou e fez uma careta, aproveitando o fato que o albino não conseguia ver sua expressão por estar de costas.

Lauren virou-se lentamente, encarando o jornalista que tinha um olhar morteiro e uma mão, inconscientemente, sobre a barriga.

O rapaz estava faminto, com as pernas doendo e com sede. E sabia também que Lauren estava assim, mas ela permanecia em silêncio.

- Estamos andando há mais de dez horas e paramos para descansar apenas quarenta minutos. Por favor, só diminua o ritmo! – ele choramingou, escorando-se a uma casca grossa de um pinheiro.

O céu já havia mudado de negro para claro. O Sol, por mais que o inverno chegasse lentamente com o final do ano, castigava os corpos de ambos expostos aos raios quentes. Já se passava das três horas da tarde e a fome e o cansaço atormentava.

Os dois evitaram transitar por interestaduais, entre os condados, escolhendo então as matas ciliares das adjacentes.

Entretanto, mesmo exausta, Lauren estava longe de desistir. Pedidos internos e mantras positivos estavam em looping constante em sua mente, tentando desviar os pensamentos negativos.

Sua única esperança era que seu grupo ainda estivesse na Fazenda...

Porque se eles não estivessem lá ela não teria mais objetivos na vida.

Não demorou muito para que Lauren colocasse Shaun para caminhar novamente. Ela não teria paz até que chegasse àquele lugar e visse, com os próprios olhos, o que aconteceu a partir do momento que apagara na varanda.

Os dois caminhavam em silêncio pela lateral de uma estrada asfaltada e abandonada. As folhas estavam espalhadas, acumulando-se por toda a extensão. Pássaros cantarolavam alegremente nas copas das árvores, alheio a qualquer desgraça que acontecia no mundo.

Shaun estava inquieto. Observava, atentamente, o perfil de Lauren buscando entender toda a áurea misteriosa que a cercava. Não era uma mulher de falar sobre seus demônios, mesmo com ele tagarelando quase todo o tempo.

O jornalista franziu o cenho, encarando a jovem cabisbaixa que balançava o dedo anelar como um tique nervoso.

- Você usava aliança? – perguntou repentinamente, fazendo Lauren erguer um olhar confuso.

- O quê?

- Você... hãm... fica mexendo o dedo sem razão alguma. – o jornalista explicou, meio sem graça.

Institivamente Lauren fechou a mão, não gostando nenhum pouco de ter aquele tique notado.

- Era casada? – Shaun continuou, sem se importar com a carranca dela.

- Noiva.

- Ele morreu antes ou durante o Apocalipse?

Lauren, ao contrário do que ele esperava, apenas deu uma risadinha nasal achando graça por breves segundos antes de ficar séria outra vez.

- Não era exatamente “ele”... – ela retrucou.

Shaun franziu o cenho, semicerrando os olhos por causa da confusão momentânea.

- Oh... – ele balbuciou, arregalando os olhos ao perceber a situação. – Entendi...

Ele pigarreou, totalmente sem graça agora, e começou a encarar as árvores balançando pelo vento para tentar disfarçar sua gafe.

- Eu... eu acho que eles a mataram...

Shaun precisou então girar o rosto outra vez e ver a expressão desolada de Lauren para saber que ela falara algo, pois seu tom de voz não passou de um sussurro doloroso.

- O tatuado... ele... ele disse que ela morreu. E duas amigas minhas... eu... acho que falaram isso também, mas eu não tenho certeza.

Shaun expirou com força, tentando não parecer insensível com a situação.

- Eu sinto muito, Lauren... Mas... você sabe muito bem que eles não hesitam em matar caso não haja uma razão para tal.

Lauren travou o maxilar assim que as lágrimas começaram a aquecer seus olhos. Sua garganta fechou automaticamente por causa do choro, mas ela se negou ao ato. Não choraria, porque ainda tinha esperanças, chulas por sinal, de ver todos bem na Fazenda.

- Mas... eu realmente espero que eles estejam bem. – o jornalista tentou animá-la, mas sem sucesso.

Shaun calou-se por todo o restante do dia. Os dois, cansados, ao cair da noite, decidiram dormir em uma loja de ração para cavalos à beira da estrada. Apenas uma zumbi, caquética, estava presa por entre as estantes. E usando uma pedra, Lauren facilmente a abateu com uma pancada na cabeça. Eles então protegeram o lugar, colocando mobílias na frente das portas e janelas.

O jornalista de fato conseguira cochilar sobre um estofado furado e ruim, mas a jovem de olhos verdes ficou acordada por toda a noite escorada a um balcão caindo aos pedaços.

Os pensamentos não a deixavam dormir. As lembranças eram torturantes. Lauren encarava o lugar onde sua aliança, que ficou por tão pouco tempo, costumava estar.

Na manhã seguinte os dois se levantaram pouco depois que o Sol nasceu. Decididos a não perder qualquer luz do dia, eles pegaram qualquer coisa que serviria de arma e continuaram sua caminhada. Lauren conseguira arrancar um pedaço enferrujado de cano do assoalho do local, aproveitando que era pontiagudo o suficiente para servir como estaca. Shaun encontrara uma faca mal afiada, mas útil.

E tudo o comeram foram os sacos de rações para coelho, que encontraram no estabelecimento. Era isso ou cair de fraqueza por causa da fome.

Mantiveram-se focados em seu objetivo por todos os três dias que passaram vagando. Não continham um mapa, então a jovem precisou acreditar nos conhecimentos do homem, já que Shaun, incrivelmente, sabia localizar-se muito bem em espaços abertos.

Ensinara para Lauren como guiar-se simplesmente estudando as estrelas no céu. O albino havia aprendido aquilo com o pai, que foi um professor de Física. A ensinou sobre o Cruzeiro do Sul, sobre a Constelação de Órion, sobre a estrela Polaris e outras mais.

Com o passar do tempo, Lauren conseguia ver que Shaun era um bom rapaz. Tagarela e excêntrico, mas um bom rapaz. Sentia-se um pouco sortuda por ter o ter encontrado, pois, além de ele ter salvado a sua vida, ainda evitava que ficasse sozinha com seus pensamentos autodestrutivos. Ele sempre falava sobre os mais estranhos assuntos, mas respeitava seu espaço quando necessário.

Ele se encaixaria no grupo muito bem.

Na tarde, do quarto dia vagando, os dois chegaram finalmente ao Condado de Marion.

Lauren já percebera que as coisas não estavam bem quando viu que os zumbis estavam mais aglomerados ali.

Sabia que algo havia chamado a atenção deles.

O desespero lentamente corroeu a jovem que começou a matar os zumbis, mesmo com Shaun pedindo para que ela ficasse a calma. O jornalista se manteve ao encalce, protegendo sua retaguarda, enquanto ela corria por entre os galhos dos pinheiros que cercavam o campo aberto da Fazenda.

E assim que Lauren chegou ao campo aberto e, dali de longe viu apenas os destroços da Fazenda, o mundo pareceu desabar sobre seus ombros.

Tudo que suas órbitas verdes conseguiam focar era na fuligem, nos campos queimados, nas madeiras negras amontoadas no chão.

Estava tudo queimado.

Tudo acabado.

E ninguém ali.

Lauren perdeu as forças nas pernas e caiu de joelhos na grama fofa. Sua expressão começou a ficar desolada e as lágrimas, que havia segurado por tanto tempo, ganharam a luta e escapuliam por seus olhos mediante ao choro compulsivo.

Ou eles estavam mortos ou eles haviam fugido.

Mas sem ela.

- Eles ainda podem estar vivos! – a voz de Shaun parecia distante enquanto ela entrega-se ao choro. – Eles ainda podem estar vivos, Lauren! Mantenha a fé!

Mas a jovem estava entorpecida demais, encarando os restos da Fazenda.

Ela estava sem objetivo agora.

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2 de Novembro – Aproximadamente duas semanas depois – Arredores de Missouri

 

O rosto de Christopher se encontrava com tons vermelhos e com as veias sobressaltadas por causa da intensa força que fazia para não gritar. A dor queimava seu músculo lacerado da panturrilha esquerda, onde o sangue coagulado havia formado uma crosta perigosa de infecção.

Cara estava ofegante, com o suor escorrendo pelas laterais do rosto bonito. Segurava na mão direita uma faca que havia encontrado no cinto de uma pessoa morta aleatória, a qual apenas a carcaça estava jogada em meio à floresta.

Christopher rolou no chão repleto de folhas velhas e secas, tentando rastejar até o pedaço grosso de madeira que estava próximo. Sua panturrilha doía como o inferno, ainda mais por estar correndo a dez minutos de sete zumbis que sentiram o seu cheiro.

Cara Delevingne já havia acabado com dois e agora retirava a sua faca do interior do crânio podre do terceiro. Ela puxou a lâmina e o líquido fedorento espirrou em sua bochecha.

O Jauregui havia caído quando tentara abater quarto zumbi que o abordou. O homem mancava muito e mal conseguia manter-se de pé. Tentou acertar uma ruiva com o rosto desfigurado, mas a dor em sua perna o fez cair no chão.

Christopher rastejou no chão e, desesperado, agarrou o pedaço de madeira. Girou o corpo, com a ponta para cima, bem a tempo de enfiar a parte afiada na traqueia podre da ruiva. O sangue coagulado e negro caiu em seu rosto, fazendo-o fechar os olhos e a boca para não entrar em contato com aquilo. Porém, a zumbi ainda estava “viva” tentando agarrá-lo com os braços desengonçados. Chris, mesmo de olhos fechados, girou para o lado lançando o corpo e o pedaço de pau o mais longe possível.

- Merda! – Cara murmurou consigo mesma ao ver o sexto zumbi se aproximando das costas do rapaz que limpava o rosto, de olhos fechados.

A arquiteta chutou o quinto zumbi que aproximava e jogou-se em cima do corpo podre de uma andarilha branquela, mas que agora já estava cinza por causa do tempo. Ela cheirava terrivelmente, com os dentes à mostra. Cara fez uma expressão de nojo e, sentada sobre suas pernas, enfiou a lâmina na testa dela.

Nesse momento Chris já havia conseguido limpar pelo menos os olhos. Ele pulava com uma perna só em direção da zumbi com o pedaço de pau enfiado na traqueia, fugindo do sétimo zumbi o perseguia. O rapaz precisou ser ágil para arrancar o pedaço de pau, puxando junto alguns tecidos podres, e enfiar o outro lado bem na órbita do zumbi que já estava às suas costas.

Mesmo no chão, ele retirou o pedaço de pau da órbita do zumbi que estava devidamente eliminado e enfiou o mesmo outra vez na lateral do crânio da zumbi sem traqueia que se rastejava na direção dele.

Christopher, ao ver que os mortos haviam acabado, caiu outra vez para trás, completamente exausto. Ele fechou os olhos e deixou que o corpo esgotado se estirasse na terra fofa, sentindo a ardência corrosiva em sua panturrilha. E, como se não bastasse, também em seu dedo mindinho que nunca sarou por completo.

Cara resmungava, tendo dificuldades em retirar a lâmina da faca do interior do crânio do sexto. E assim que conseguiu, virou-se em direção do Jauregui que estava deitado no chão.

- Você está bem?!

Christopher se restringiu em apenas concordar com a cabeça.

Cara expirou com força para tentar acalmar o coração acelerado pela adrenalina e guardou a faca no cós da calça. Olhou por entre as árvores próximas se mais mortos-vivos se aproximavam, mas apenas suspirou feliz ao ver que estavam sozinhos outra vez.

Sentou-se ao lado do Jauregui que analisava, com caretas de dor, a própria panturrilha inchada. As veias ao redor estavam avermelhadas, a pele estava com um aspecto horroroso de infecção.

- Precisamos dar um jeito nisso. – Cara falou, olhando o machucado do rapaz. – Se isso piorar...

- Além do dedinho, não vou ter uma perna também. É, eu sei... – Christopher rosnou, rasgando um pedaço não tão sujo da sua blusa e envolvendo na panturrilha, dando um nó.

Os dois permaneceram em silêncio por um tempo indeterminado, tentando recuperar as forças. Não comiam a mais de um dia e nem sabiam mais onde estavam.

Christopher estava mais fechado do que antes. Não conversava nada além de coisas triviais com Cara, que, honestamente, não se dava ao trabalho de buscar conversa.

Cada um era mais silencioso que o outro.

Christopher achou que, pelo fato de já ter perdido Taylor, a dor de perder a sua outra irmã seria mais razoável. Pensou que já estaria acostumado com o sentimento de incompetência. Mas estava enganado. A dor era pior, porque agora sabia que estava sozinho no mundo.

Sabia que toda a sua família estava morta e apenas ele restara.

Eles estavam devidamente seguindo Camila naquela noite. A latina estava abrindo um caminho por entre os mortos-vivos e ele jurava acreditar que, os três, sairiam vivos. Mas então, em questões de segundos, mais zumbis surgiram. Era sempre assim. Aqueles desgraçados sempre surgiam mais fortes e mais famintos. E quando Christopher notou, Cara já estava o puxando em outra direção, pois, caso continuassem atrás de Camila, iriam ser devorados vivos. A arquiteta achou uma brecha e puxou o debilitado, rezando para que Camila conseguisse sair de lá viva.

Chris sentia-se ainda mais culpado por ter deixado a latina sozinha também.

Cara viu que o rapaz estava se perdendo em pensamentos outra vez e então se colocou de pé. Por mais que ela não falasse muito, ela se importava. Christopher era sua única companhia e estar com ele era melhor do que estar sozinha.

Ela bateu as mãos na calça para tentar limpá-la, por mais que fosse um ato estúpido, e estendeu a mão para o rapaz.

Christopher ergueu uma sobrancelha, meio sem entender.

- Vamos achar remédios para você... – Cara murmurou.

O Jauregui hesitou, ainda cansado. Sua perna repuxava sozinha, ele não conseguia dar um passo sem sentir espasmos dolorosos. Mas precisava continuar, porque a noite estava chegando com o frio.

Ele então segurou a mão de Cara e colocou-se ereto sobre apenas um pé, usando o ombro da arquiteta como apoio para mancar entre as árvores.

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10 de Novembro – Aproximadamente um mês depois – Arredores de Arkansas

 

- Harry, desista! – Louis suspirou, de modo impaciente, pela segunda vez.

Porém, mesmo ouvindo o cientista, o jovem de cabelos longos continuou marchando à frente. Ele empurrou alguns galhos que estavam em seu caminho, de forma impaciente.

Harry estava disposto a seguir pegadas no chão macio, esperançoso de conseguir rastrear qualquer um dos seus amigos.

- Harry! – Louis rosnou mais uma vez.

- Nós não podemos ter sido os únicos sobreviventes, Louis! – o jovem de cabelos longos girou o corpo de forma abrupta, encarando agora com raiva o cientista.

- Você viu mais alguém sair daquele lugar?! – o menor retrucou. – Não!

Harry bufou, sem acreditar no que ouvia.

Ambos estavam com suor acumulado sobre a pele, fazendo a sujeira ficar evidente. Os cabelos estavam grudados na cabeça, as olheiras sob os olhos marcantes, o corpo repleto de arranhões por causa das corridas desesperadas que necessitaram fazer para fugir de hordas de zumbis durante os dias.

- Logo você dizendo isso?! – Harry voltou a olhar para Louis, incrédulo. – Logo você que faria de tudo por nosso grupo?!

- Essa não é a questão, Harry! – Louis replicou, passando uma mão no rosto cansado. – Eu apenas estou sendo realista! Matematicamente falando, se eles, magicamente, conseguiram fugir em meio à horda, com certeza estão agora a quilômetros daqui! – disse, apontando para uma direção aleatória. – Nós dois fomos os únicos que voltamos para essa porcaria de região! E olhe o que estamos fazendo! Estamos seguindo pegadas que podem ser de quaisquer pessoas!

Harry continuou com a expressão fechada, negando-se a aceitar o fato que ambos agora estavam sozinhos.

- Ter um pouco de fé não irá te machucar! – rosnou o maior.

- Fé não nos ajudou em nada. – Louis zombou de forma ácida. – Na verdade, foi essa maldita fé quem quase nos matou!

Dessa vez Harry não demostrou nenhuma expressão como resposta. Apenas ficou encarando o rosto cansado de Louis, que retribuía na mesma intensidade.

O jovem de cabelos longos, após alguns segundos, deu um suspiro sôfrego. Balançando a cabeça negativamente, ele apenas continuou a andar sem agora olhar para trás.

Louis fechou os olhos por alguns segundos, exausto. Ele então começou a seguir o rapaz em meio às árvores que balançavam seus galhos com a brisa fria do quase Inverno chegando.

Harry era cabeça dura, mas nunca o deixaria fazer aquilo sozinho.

Os dois estavam nos arredores do manicômio, longe o suficiente para não serem alvos de possíveis sobreviventes. Haviam conseguido fugir da horda, por pouco não sendo vítimas graças ao fato de Harry ter encontrado uma mini van abandonada em uma rodovia.

Entretanto, quando se viram longe do perigo iminente, Harry estava convicto que deveria voltar para tentar achar o restante do grupo. Ele acreditava fielmente que eles não foram os únicos sobreviventes.

Não poderiam ser.

Eles eram uma família e assim seriam.

Mas eles já estavam nessa há mais de duas semanas. Haviam rondado toda a floresta local procurando por pegadas que batessem com algum dos integrantes do grupo. Mas o chão estava uma bagunça por causa da horda que massacrou todas as gramíneas e a terra fofa.

Nunca iriam achar a direção certa.

- Espere... – Louis murmurou, assoviando baixo.

Harry, ainda irritado e expressão fechada, girou o corpo em direção ao cientista.

Louis apontava com a cabeça para um pequeno pé de frutas vermelhas. A árvore de pequeno porte estava lutando contra as adversidades do meio, principalmente pela ausência de água mediante o Inverno chegando.

Ambos estavam famintos. Os dois se assentaram em uma pedra polida e começaram a puxar as frutas do pé, colocando-as quase desesperadamente dentro da boca.

Harry estava com os lábios e dedos todos melados de vermelho. Louis o encarava quase se entregando às risadas, mas sabia que não deveria fazer isso, pois o outro já estava irritado o suficiente com ele.

Porém Harry percebeu isso.

- O quê?! – o jovem alto murmurou, limpando a boca com as costas da mão.

- Nada... – o franzino respondeu, mordendo os lábios.

Harry decidiu ignorar a situação e começou a encarar a mata silenciosa. Ouviam apenas o cantarolar dos pássaros e cheirava à relva.

- O que vamos fazer agora? – ele perguntou com o olhar ainda perdido para o nada.

Louis estudou o perfil do rapaz mais forte. Na visão do cientista Harry era um homem maravilhoso. Tanto externamente quanto internamente. Sabia ser uma mistura de delicadeza e firmeza, coisa que conseguira ver apenas nele.

E vê-lo assim tão perdido fazia seu coração apertar, principalmente pelo fato de tê-lo visto tão feliz nos últimos meses. Fora difícil trazê-lo de volta quando Keana morreu. Louis havia se sentido extremamente feliz em ter sido o ombro de apoio do jovem e, por mais que não gostasse de admitir para si, sabia que estava começando a nutrir sentimentos além da amizade.

Mas Harry nunca saberia disso, pois não havia demostrado qualquer outro interesse por ele.

- Eu não sei... – Louis murmurou, desfocando-se de seus pensamentos ao ver que agora Harry o encarava, esperando uma resposta. – Eu realmente não sei...

- Como vamos viver sem um objetivo? – Harry rosnou, irritado.

Ele não estava com raiva de Louis, longe disso. O jovem de cabelos longos nunca conseguiria odiar o rapaz que o salvou de um abismo de tristeza pela morte de sua melhor amiga. Harry estava com raiva do mundo, estava com raiva das coisas que aconteceram com ele e com o seu segundo grupo.

- Vamos achar! – Louis falou, com carinho no tom de voz. – Nós só... – ele hesitou, olhando ao redor para conseguir pensar em alguma coisa. – Nós só temos que focar nas coisas básicas agora! Precisamos achar um lugar para passar a noite, precisamos achar comida, precisamos achar armas. Só... precisamos manter a cabeça ocupada.

Harry expirou com força e então ergueu o olhar, o direcionando para o rapaz franzino. Louis manteve o contato visual, ameaçando um sorriso para tentar acalmar o outro.

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28 de Novembro – Aproximadamente um mês e meio depois – Arredores de Oklahoma

 

- Shhhhh... – Demi pedia silêncio para Taylor, que chorava com todos os seus pulmões.

O pequeno bebê estava com cólicas e irritadiço. Ele esperneava, com a fome também o atormentando. As lágrimas quentes escorriam de seus olhinhos, fechados com força, e a boca estava escancarada por causa do choro alto.

- Não grite tão alto, querido... Por favor... – Demetria choramingou também, quase se entregando ao desespero.

A cientista andava de um lado para o outro no interior do galpão escuro e úmido, que havia felizmente encontrado antes da noite cair.

- Você             quer ajuda?! – Sofia se aproximou da jovem, já com os braços esticados. – Ele costuma ficar mais calmo com a Claire, mas...

A latina murmurou e olhou por cima do ombro a amiga sentada no canto extremo do galpão que cheirava a gasolina. Era uma antiga borracharia, portanto latarias, pneus velhos e outras coisas mais estavam espalhadas por todo o chão empoeirado.

Claire estava finalmente dormindo, mas as marcas das lágrimas ainda estavam em sua bochecha suja.

Lembrava-se perfeitamente do momento que chegou à cabana de madeira naquela noite fatídica, arrombando a porta com a adrenalina. Allyson estava em completo choque, com os olhos arregalados e chorando. As mãos da enfermeira tremiam e ela não sabia responder a qualquer chamado, ou muito menos a dizer algo.

Assim que abriu a porta do quarto onde as crianças estavam, Sofia já portava a arma e estava firme para apertar o gatilho, mas só não o fez porque logo reconheceu a cientista. Afobada, Demi não teve muito tempo para explicar às duas o que havia acontecido e apenas pegou as mochilas, as conduzindo para fora da cana antes que a horda, que estava apenas minutos atrás, as cercassem.

Claire simplesmente não aceitara o fato de o pai ter morrido. Chorou durante noites e noites, chamando pelo nome do ex-motorista que nunca mais apareceu.

Demetria precisou se manter forte, pois, por mais que estivesse também em pedaços, ela era a única ali que não tinha laços tão fortes quanto os de Claire, Ally e Sofia.

Sofia chorou também, desesperada por sua irmã. Mas, de modo surpreendente, dentro de quatro ou cinco dias a latina havia se estabilizado. Não chorou mais. Demi a questionou se estava tudo bem, temendo que ela entrasse em um Estresse Pós-traumático.

Mas então Sofia simplesmente respondeu: “Eu sei que minha irmã está viva. Eu sinto isso!”.

Demi não ousou contestá-la dizendo que as chances eram pequenas, pois, ela também preferia acreditar nisso. Ela preferia acreditar que elas não foram as únicas sobreviventes.

- Sim, querida, eu aceito sua ajuda... – a jovem murmurou entregando Taylor, ainda chorando, para a latina.

Sofia pegou o bebê nos braços, já sussurrando uma canção e o embalando com maestria.

Demi analisou o perfil de Sofia, se surpreendendo mais uma vez com a maturidade que ela adquirira em tão pouco tempo. A latina não tinha mais o par de olhos amedrontados que costumava ter. Aparentemente havia aceitado a situação, começando a compreender com outros olhos.

E agora sem sua irmã, Sofia estava convicta que precisava ser uma boa garota. Que precisava ser forte para encontrara sua única familiar viva.

Sofia pegou o bico que estava no bolso desgastado de seu jeans e o colocou na boca de Taylor, tentando silenciá-lo. O bebê relutou por alguns segundos, mas, cansado e faminto, abocanhou a borracha e começou a sugá-la com força.

Estava noite lá fora. Tudo o que sentiam era a brisa fria e os animais noturnos fazendo barulhos típicos em meio à escuridão. A Lua era Minguante e iluminava as copas que se mexiam preguiçosamente.

Demetria se aproximou da figura que estava escorada ao batente de uma janela.

Allyson tinha o olhar perdido lá fora, com os pensamentos fervilhando sua mente como uma lava. As órbitas da enfermeira não tinham brilho e estavam morteiras. Ela não havia pronunciado uma sequer palavra desde o manicômio.

Ela simplesmente não conseguia. Não conseguia expressar qualquer outra coisa, pois as imagens dos mortos-vivos destroçando o corpo de seu amado repassavam incansavelmente na frente de seus olhos.

Foi brutal.

- Eu sei que tudo parece irreal... – Demi sussurrou, escorando-se ao outro batente, de frente para Ally. – Eu apenas... apenas quero dizer que sinto muito. Ele... – a cientista hesitou, mexendo os dedos de forma nervosa. – Ele foi um bom homem. Ele estava feliz, você o fez feliz! Foque-se nisso, Ally!

A enfermeira então, pela primeira vez, ergue o olhar em quase um mês e meio sem responder ao contato visual com alguém.

- Por que ele? Por que nós?! – questionou, com acidez na voz. – Nós estávamos felizes! Essa porcaria não era nosso problema e agora...

- Ally, não! – Demi a censurou, com o olhar repreensivo. – Eu sei que está magoada e tudo isso é apenas o seu lado defensivo falando. Éramos uma família! Estávamos dispostos a fazer aquilo por qualquer um!

- E agora, huh?! – Allyson se exaltou repentinamente, abrindo os braços de forma abrupta.

- Ally... por favor! – Demi pediu, olhando por cima do ombro para as crianças.

Claire havia se assustado e acordado, e agora coçava com as costas das mãos os olhos. Sofia analisava tudo atentamente do outro lado do galpão, ainda ninando um Taylor mais calmo.

- Agora estão todos mortos e eu estou sozinha com duas crianças no mundo, Demetria! E agora?! Huh? O que vou fazer?! – Ally continuou com a voz alterada.

Os olhos da enfermeira expressavam pela primeira vez algo: desespero misturado com raiva. Ela não teria mais o homem que a amaria, que a confortaria, que a protegeria. Ela não teria mais o cara que faria tudo para fazê-la sorrir, que faria de tudo para dar o que ela precisava.

- Você não está sozinha! – Demetria retrucou, agarrando Ally pelos ombros para tentar fazê-la parar de andar de um lado para o outro. – Allyson, você não está sozinha! Eu sou aqui! Sofia está aqui! Claire está aqui!

A enfermeira suspirou sofregamente, com as lágrimas chegando ainda mais quentes e intensas. E sem perceber, caiu em um choro doloroso. Demi, sem saber ao certo o que fazer, simplesmente abriu os braços e apertou a pequena contra si tentando acalmá-la amigavelmente.

- Você não está sozinha... – sussurrou, soltando-a logo em seguida. – Vamos dar um jeito! Vamos dar um jeito por essas crianças, ok?!

Ally tinha os olhos avermelhados e fungava. Seu peito queimava na pior dor que sentira em toda a sua vida:

Perdera o seu grande amor.

- Você é uma mãe agora, Ally! – Demetria continuou, olhando no fundo dos olhos da outra, tentando encorajá-la. – Claire e Taylor precisam de você mais do que nunca! É isso que o Troy queria! Que você tomasse conta deles!

- O que vamos fazer agora? – ela fungou, tentando respirar em meio aos soluços.

- Nós vamos sobreviver... – a cientista murmurou e olhou pela janela, encarando a escuridão. – Vamos sobreviver porque é isso que somos! – falou e virou-se para Ally que também olhava para o nada lá fora. – Nós somos sobreviventes!

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30 de Novembro – Aproximadamente um mês e meio depois – Arredores de Missouri

 

Cara Delevingne tinha o olhar atento através da janela, analisando no horizonte o por do Sol. Estavam na área sudeste do estado de Missouri, este tendo como característica o clima temperado. Por causa do frio cortante naquele estado, o Inverno que chegava já estava incomodando a jovem dona da expressão fechada.

Enquanto a mulher estava de vigia perto do vidro da Agência de Turismo, Christopher estava sentado em um estofado velho tentando tirar um cochilo. Os dois encontraram aquele lugar na periferia da cidade de Dent, sendo ele perfeito para que descansassem depois de passarem quase dois dias sem dormir na mata.

O Jauregui estava tendo calafrios, estes provenientes da febre alta que lhe queimava. Por mais que os dois procuraram por antibióticos ou quaisquer coisas para impedir a infecção de Christopher, não conseguiram evitar que, tanto a panturrilha do rapaz quanto o dedo dele, tivessem esse fim.

Cara, nesse momento, olhava para o rapaz com pena. Ele tentava se cobrir com um pano velho e as gotículas de suor já brotavam em sua testa suja. As olheiras estavam marcadas, as veias vistas através da pele pálida, lábios trincados.

Ela tinha certeza que Christopher não aguentaria mais dois dias.

Entretanto, assim que voltou a olhar através do vidro da janela, Cara avistou duas silhuetas atravessando o quarteirão.

Eram duas mulheres, ambas segurando mochilas pesadas nos ombros, roupas limpas, cabelos arrumados.

Ambas portavam fuzis militares, além de uma ou duas facas nos coldres das cinturas.

Tudo indicando que eram alimentadas e bem cuidadas.

Cara abaixou-se e permaneceu as estudando dali. Elas não haviam lhe notado enquanto pareciam fazer uma espécie varredura pelo quarteirão. Elas saiam do interior das casas segurando sacolas, certamente cheias de suprimentos.

O peso da consciência caiu sobre seus ombros e ela olhou para Christopher, cogitando a possibilidade da ideia que passou por sua cabeça.

E se elas pudessem ajudar o Jauregui?

Naquele tempo em que Cara e Christopher vagaram pelas florestas, sem que ambos quisessem, uma espécie de amizade floresceu. Eram calados, introspectivos, mas defendiam um ao outro quando a morte vinha chegava.

E Cara não poderia deixar que o rapaz que a salvou no começo, que lhe ofereceu comida e abrigo, morresse.

A jovem de olhos claros então suspirou pesadamente e pegou o facão que portava. Deixou Christopher ali, dormindo, e deu a volta pelas cadeiras e mesas que decoravam o salão da Agência de Turismo. Saiu pela porta lateral do lugar e caminhou pela grama alta do jardim, deixando claro que ela não estava indo à espreita.

Logo, por estar andando no centro da rua, as duas mulheres rapidamente a avistaram.

Elas, que eram treinadas ao extremo, ergueram seus fuzis rapidamente.

- Solte o facão, agora! – uma ordenou, mirando a cabeça de Cara.

Cara assentiu e lentamente colocou o facão no chão, já ficando de joelhos. Enquanto a que mirava a cabeça dela se aproximava, a outra dava a volta e pegava a lâmina, guardando-a no cós de sua calça escura.

- Eu preciso da ajuda de vocês! – Cara falou, erguendo as mãos em sinal de rendição. – Eu tenho um amigo e ele está morrendo de infecção. Por favor, nos ajudem!

Cara, temerosa, ergueu o olhar e analisou as expressões das duas mulheres bonitas. Porém, ao contrário do que esperava, franziu o cenho ao ver sorrisos debochados nascerem nos lábios delas.

- Você disse amigo no masculino? – uma perguntou, com um sorriso quase demoníaco.

- Sim... – a arquiteta engoliu seco.

As duas mulheres se entreolharam e deram uma risadinha em coro, como se houvessem acabado de descobrir o real objetivo da viagem delas.

Cara arfou, assustada, ao sentir o cano frio do fuzil tocar sua testa de forma ameaçadora.

- Oh, pode ter certeza que ajudaremos seu amigo...

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12 de Janeiro – Aproximadamente três meses depois... – Arredores de Kansas.

 

- Eu não aguento mais esses malditos mosquitos! – Harry rosnou, irritadiço, enquanto dava tapinhas nos braços. – Estamos em pleno Inverno e essas desgraças estão me atormentando!

- Deve ser porque estamos no meio do mato?! – Louis revirou os olhos.

Harry bufou audivelmente.

- Quer arriscar a vida em uma cidade grande então? – o maior zombou. – Dodge City está bem perto daqui... – continuou e colocou até as mãos no cós da calça, tentando imitar um cowboy já que a cidade costumava ser conhecida por isso.

- Eu não disse isso! – Louis retrucou, mordendo os lábios para não rir enquanto arrancava os galhos de uma árvore para passar. – O quero dizer que isso é normal, Harry...

O jovem de cabelos longos torceu os lábios, não querendo admitir que o menor estivesse certo. Louis, ao contrário, continuou a colher as maçãs um pouco velhas de um pé que estava à deriva de um barranco. O estado de Kansas, na sua região oeste, era regado de pés bonitos de árvores frutíferas e estas conseguiam às vezes sobreviver aos Invernos rigorosos.

O maior se aproximou sorrateiramente das costas do menor e, tocando-o de forma proposital, inclinou-se para colher uma maçã que estava em um galho mais acima.

Louis congelou ao sentir Harry pressionando a pélvis em sua bunda.

Já havia alguns dias que as coisas começaram a ficar estranhas entre os dois. Louis temia que finalmente Harry houvesse percebido os olhares que, sem querer, o cientista lançava para ele.

Principalmente em uma ocasião especial: os dois tomavam banho em um pequeno lago, há dois dias.

Ver Harry Styles nu fez Louis quase enfartar.

Coxas grossas, abdômen com tatuagens, braços fortes por causa dos esforços na Fazenda, cicatrizes que se tornavam marcas de vitórias.

E, quando o cientista percebeu, seu amigo lá debaixo já dava sinais de incômodo. Louis não tivera tempo de esconder a ereção, o que gerou uma gargalhada alta de Harry ao notar o “amigo” excitado.

Mas não passara disso naquele dia.

Porém, hoje, Harry estava atentado. Para ele Louis era um cara legal e ficava extremamente sexy quando defendia aquilo que acreditava. Além que o corpo dele era uma pequena tentação.

- Harry... o que você está fazendo? – Louis sussurrou, ainda petrificado no mesmo lugar.

O maior jogou a maçã para cima, a pegando outra vez, e lançou um olhar galanteador.

- Estou comendo. Não vê? – zombou, abocanhando um pedaço com o barulho da casca se rompendo ecoando.

Louis bufou, rindo.

Porém, o contato visual perdurou por mais tempo que acharam possível.

Devagar Harry mastigou a maçã em sua boca, analisando a expressão angelical de Louis. O cientista não se intimidou e fez o mesmo, vendo aos poucos a intensidade dos olhos do maior mudar.

Louis exasperou, ao perceber o quê Harry estava prestes a fazer. Jogou a maçã mal mordida de lado e dera um passo à frente, ainda com o olhar focado.

Ele queria beijá-lo.

Mas barulhos de galhos estralando ecoaram antes disso, fazendo os dois se alertarem.

Tarde demais, porém.

Quando giraram os corpos, procurando pela fonte do som em meio à floresta, eles conseguiram avistar apenas os vultos já próximos a si.

Mãos firmes e femininas os agarram pelos ombros, os imobilizando agilmente.

Harry já estava pronto para livrar-se da mulher que o prendia, mas então um pano vermelho foi colocado sobre a sua boca. O mesmo aconteceu com Louis e ambos tentaram gritar, o que fez somente que inspirassem ainda mais do clorofórmio embebido no tecido.

Os sentidos dos dois homens foram aos poucos ficando cada vez mais lentos.

As pernas pesaram e os corpos amoleceram, anestesiados.

E então ambos caíram desmaiados nos braços das duas mulheres.

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05 de Fevereiro – Aproximadamente quatro meses depois – Arredores de Oklahoma

 

- Claire, me passe a fralda, por favor... – Ally pediu à loirinha que estava sentada ao seu lado.

- Eu não sei como uma criança pode cagar tanto, pelo amor de Deus... – Claire resmungou, fazendo uma careta de nojo ao encarar as fezes do irmãozinho na fralda suja.

- Olhe o palavreado! – a enfermeira a repreendeu de modo singelo.

A loirinha abriu a mochila que carregava e pegou uma embalagem branca, a entregando para a loira mais velha.

O pequeno Taylor tinha os olhos abertos e sorria com a baba escorrendo pela boquinha. As bochechas estavam ainda mais fofas, os cabelos loiros mais acumulados no alto da cabeça branca. Ele tentava agarrar os próprios pezinhos cobertos por uma meia de bolinhas, testando ao máximo a sua coordenação bagunçada. Às vezes ele esperneava e dava chutes no ar, principalmente quando queria ser pego nos braços por qualquer uma das mulheres ali.

Enquanto isso uma Demetria e uma Sofia faziam a vigia.

As quatro estavam nos arredores do final da pequena reserva vegetal do estado de Oklahoma. Tinham o objetivo de encontrar um lugar seguro para parassem a noite que se aproximava rapidamente.

Demetria, por mais que estivesse focada nos galhos que mexiam com o vento, às vezes lançava olhares para Sofia.

A Cabello tinha um boné velho de beisebol na cabeça e segurava firmemente em mãos uma pistola semiautomática que haviam encontrado há uma semana, em um posto à beira da estrada.

A criança não sorria há tempos, mantendo apenas um olhar gelado para o nada. Focada, como se esperasse a todo tempo que alguém iria aparecer.

Sofia estava mudando e a cientista via.

E ela estava preocupada com isso.

- Prontinho... – Ally murmurou, erguendo o Taylor nos braços assim que o bebê estava devidamente trocado e cheirado decentemente outra vez.

Ele grunhiu alguma coisa desconhecida e mexeu os bracinhos de forma desesperada.

- Já está com fome de novo? – a enfermeira suspirou, exausta.

Aproveitou que Demi e Sofia estavam de vigia e sentou-se em um tronco seco próximo, já acomodando o filho no colo. Retirou o seio esquerdo para fora do blusão e o direcionou até a boca de Taylor, que o sugou com maestria.

Ally começou a analisar os olhinhos brilhantes de seu filho, vendo que ele o encarava atentamente. Taylor ergueu a mãozinha e tocou o rosto da enfermeira, que não aguentou aquele ato e sentiu as lágrimas quentes chegarem ao ver como os olhos do bebê pareciam com os de Troy.

- Garota com o boné, solte a arma, por favor!  A outra mulher, a que não está com o bebê, solte a sua também! – uma voz surgiu por entre os troncos da floresta, alarmando as quatro ali.

Todas travaram, com medo de quem seria e o que queria.

- Não vamos machucar vocês! Só soltem as armas! Vocês estão na mira das nossas, então não façam nada estúpido.

Demi resmungou audivelmente ao girar a cabeça de um lado para o outro buscando a dona da voz ácida, mas não a achando. Sofia, com uma expressão neutra, já havia colocado sua pistola no chão e erguido as mãos.

Allyson segurava Claire e Taylor contra si, assim como uma mãe Ursa.

- Siga o exemplo da criança! – a voz ressurgiu. – Não vamos pedir de novo!

Demi rosnou, decepcionada.

Ela então colocou a sua arma no chão.

E assim que fez isso, três silhuetas surgiram detrás das árvores próximas. Eram mulheres bem-vestidas, limpas e com expressões calmas. Todas portavam armas e tinham expressões aparentemente amigáveis no rosto.

- Vejo que vocês precisam de ajuda... – uma falou, olhando para o bebê que estava agora assustado e a beira de começar um choro, agarrado a Ally.

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24 de Fevereiro – Aproximadamente quatro meses e meio depois... – Arredores do Colorado

 

A cada tossida Lauren jurava conseguia sentir seus pulmões queimarem.

O Inverno estava caminhando para o seu fim, mas a gripe que fazia sua pele queimar em febre não.

A jovem mal conseguia respirar por causa da garganta infeccionada, que estava inchada. Os olhos lagrimejavam sem que percebesse, as órbitas viviam assustadas encarando cada movimento das árvores como suspeito.

Suas mãos estavam marcadas de sangue seco que ela já não tinha mais noção se: era dela, foi de Shaun ou de zumbis.

Apenas o barulho do pedaço de ferro ecoava na estrada. O metal, que deixava uma marca branca no asfalto, se arrastava no chão gerando um barulho irritante com o atrito.

Os braços da jovem estavam tão fracos que ela mal sentia os dedos ainda agarrando o bastão.

Ela vagava assim como uma zumbi, cambaleando pela rodovia abandonada.

Os cabelos estavam embaraçados, o corpo completamente imundo, as roupas maltrapilhas.

Apenas o coração batendo a separava dos mortos.

A culpa a corroía.

As vozes gritavam que ela era incompetente por ter mais uma morte sobre os ombros.

Lauren grunhiu então, chegando ao seu limite. As pernas da jovem bambearam e quando percebeu seu corpo já se chocava contra o asfalto frio da rodovia.

Ela caiu de costas, com os braços abertos como se estivesse receptiva à morte.

Lauren queria morrer.

Ela não aguentava mais.

Todos que ela se importou um dia estavam mortos, ou possivelmente: Camila, Christopher, Taylor, Ally, Troy, Dinah, Normani, Shaun... sua família tanto sanguínea quanto não sanguínea.

Quando Lauren notou as lágrimas já escorriam do canto de seus olhos enquanto encarava o céu limpo daquela tarde. Ela não sabia mais em que dia estava, muito menos o mês. O tempo havia parado e todos os dias pareciam exatamente iguais, porque ela apenas fazia uma coisa: sobrevivia.

A morte de Shaun ainda estava vívida em sua memória.

Os dois estavam no interior de um carro abandonado, passando a noite ali. Era um Volvo do seu mais antigo modelo que estava sem gasolina. Acharam que seria um ótimo lugar para dormir, esperando o frio do final do Inverno passar para continuarem a vagar por aí procurando alimento.

Ela e o jornalista haviam se tornado amigos. Shaun lembrava muito o jeito extrovertido de Dinah, principalmente por não saber calar a boca quando mais precisa.

Ele conseguira a fazer rir – mesmo raramente. Ele conseguira fazê-la continuar a vagar por aí, mesmo sem nenhum objetivo. Ele conseguira mostrar que ainda existiam pessoas boas no mundo.

Mas tudo aconteceu tão rápido...

Quando os dois perceberam o carro já estava rodeado por no mínimo duas dúzias de zumbis. A pequena horda havia chegado sorrateiramente no meio da madrugada quando ambos caíram no sono por causa do cansaço extremo.

Os dois acordaram completamente assustados com as órbitas brancas os encarando através do vidro. As bocas estavam escancaradas com gosmas nos dentes. As unhas lascadas arranhavam a lataria, querendo entrar de qualquer maneira.

E Shaun cometera um único erro que lhe custara a vida.

Esquecera a sua porta do carona destravada.

Lauren não sabia explicar como o zumbi gordo, com as entranhas penduradas e faltando um globo ocular, conseguiu a proeza de apertar a manete do carro. Mas ele conseguira e abriu a porta o suficiente para que os outros puxassem a perna esquerda de Shaun para fora.

Lauren tentou, e como tentou, puxar Shaun para o interior do Volvo outra vez. Agarrou às mãos do jornalista que gritava de forma tão dolorosa e desesperadora que ela nunca mais se esqueceria daqueles berros.

Shaun implorava para que Lauren não o soltasse, berrava isso enquanto sentia os dentes dos zumbis arrancando pedaços de suas panturrilhas que já estavam para fora da porta do carro.

A jovem chorava intensamente, segurando as mãos do albino. Ela estava em choque, por causa do ato repentino. Tentava puxar o rapaz com toda a sua pouca força.

Mas então ela, com as órbitas arregaladas, percebeu que a porta do carona aberta estava deixando com que os outros zumbis entrassem também. Uma velha caquética já escalava o corpo de Shaun, ignorando os gritos do jornalista, pois estava completamente focada em agarrar Lauren.

“LAUREN, NÃO ME SOLTE!” “LAUREN, NÃO!” “NÃO! EU TE IMPLORO, NÃO!”

Shaun começou a berrar, desesperado, ao ver a dúvida nascer na expressão apavorada de Lauren.

Dentro da cabeça dela, as vozes gritavam: ela ou ele?

Ela ou ele?

Ela ou ele?

Lauren então fechou os olhos e soltou as mãos de Shaun, fazendo o jornalista ser arrastado para fora do Volvo bruscamente.

A jovem deu chutes desesperados na velha que tentava entrar no veículo e felizmente conseguiu jogá-la para trás, levando mais dois outros mortos-vivos que também queriam acompanhá-la.

Lauren fechou a porta com as mãos trêmulas e a travou, vendo os zumbis chocando-se contra os vidros, irritados.

E principalmente: ouvindo os gritos agoniantes de Shaun do lado de fora.

Lauren permanecera em um estágio de tamanha latência que os zumbis pensaram que ela estava morta, saindo de ao redor do veículo quando a manhã chegou. A jovem estava petrificada no banco do motorista, congelada e com as mãos tremendo.

Em choque.

Tamanho estresse que perdurava até agora.

Tudo havia se acumulado: as coisas que vivera no Acampamento Militar, a perda de sua Camila, a perda de seu grupo, a perda de seu amigo, as mortes, os gritos, os sangues...

Estava há duas semanas vagando sozinha por aí, sentindo-se mais morta que os próprios zumbis.

Lauren não se sentia.

Todos estavam mortos, assim como ela.

Deitada ali, com os braços abertos, encarando o céu azul de alguma região desconhecida por não saber mais onde estava, Lauren havia desistido de tudo.

*Music On* (Come With Me Now – KONGOS)

Ela simplesmente ficou deitada escutando os passarinhos cantarolem nas árvores, sentindo a brisa do Inverno em sua pele febril.

E isso perdurou até que ouviu o barulho de um motor se aproximando.

Lauren não se deu o trabalho de se levantar, pois talvez, com sorte, esse carro mágico passasse por cima dela e a matasse de uma vez por todas. Só esperava que fosse por cima de sua cabeça, para que não voltasse como uma maldita zumbi.

Ela apenas fechou os olhos e esperou.

Continuou estirada no asfalto frio mesmo ouvindo o Jeep turbinado diminuindo a velocidade até parar.

Continuou encarando o céu azul mesmo ouvindo a porta do motorista se abrindo e o barulho de botas no chão ressurgindo no silêncio.

- Você só pode estar brincando comigo, não é?!

Os olhos de Lauren se abriram abruptamente com o susto que arrepiou todo o seu corpo.

Ela reconhecia aquela voz.

Oh, como conhecia!

Lauren, lentamente, se assentou no asfalto gelado. Calafrios se espalhavam por seu corpo fraco, o olhar continuava parado no horizonte cogitando se aquilo era uma alucinação ou não.

Ela ouviu passos se aproximando, certamente após a pessoa cansar de esperar uma reação. A silhueta contornou seu corpo sentado, já com o fuzil militar mirando o meio de sua testa.

Lauren Jauregui então ergueu o rosto e encarou a expressão séria de Veronica Iglesias.

Enquanto Lauren estava pálida pensando ver um fantasma, Veronica tinha uma expressão de incredibilidade no rosto, não acreditando em ter a encontrado exatamente um ano depois de modo tão aleatório.

E de um modo tão semelhante como se conheceram...

A jovem estava ainda mais bonita se possível. O corpo mais definido, a áurea mais confiante, os cabelos mais sedosos, pele mais limpa. Vestia jeans apertado e um moletom universitário, além de conter num cinto a sua faca e uma pistola em um coldre. O seu fuzil continuava o mesmo, mirando o meio da testa de Lauren.

Surpreendendo Vero, Lauren começou a rir.

Ela gargalhava como se entendesse finalmente a piada. Era um riso desesperado, porque sabia muito bem que estava fodida agora.

Veronica analisou, com uma sobrancelha erguida, o estado da outra. Lauren Jauregui estava em um terrível estado, quase pior que uma andarilha.

- Me mate... – Lauren implorou em meio às gargalhadas desesperadas. – ME MATE! – berrou, abrindo ainda mais os braços de forma receptiva.

Mas Vero não fez isso. Ao contrário, ela abaixou o fuzil militar e abriu o seu tão característico sorriso galanteador.

- Acha mesmo que vou te matar? – perguntou e deu uma risadinha. – Acha mesmo que vou estragar esse momento com algo tão insignificante como sua morte? Me desculpe, querida, mas você está longe de morrer!

Ao ver a mudança na expressão da mulher de pé, Lauren automaticamente engoliu o riso, ficando séria.

- O Destino é mesmo um filho da puta... – conseguiu dizer momentos antes de ver o movimento abrupto.

Vero ergueu o fuzil e, usando o cano, atingiu a lateral da cabeça da jovem fazendo-a cair apagada na estrada.

Ela analisou o corpo desmaiado e sorriu maliciosamente.

Havia finalmente encontrado Lauren Jauregui.

 


Notas Finais


AAAAAAAAAAAAAH ESTÃO OUVINDO OS MEUS BERROS?! FINALMENTE A MOZÃO VAI ENTRAR DEFINITIVAMENTE PARA A FIC!
O QUENGARAL VAI QUEIMAR AGORA, PREPAREM PARA A NOVA FASE DA FIC!

QUERO SABER AS OPINIÕES DE VOCÊS!!!!!! QUEM AÍ JÁ TEM TEORIA PARA TUDO O QUE ACONTECEU?!

Bjs de luz da autora, walkers!


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