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História Into The Dead - Capítulo 50


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Olá, meus amores! Mamãe voltou.
E voltou bondosa, porque modifiquei a história e decidi colocar um pouquinho de Camren antes do previsto. Segurem-se, porque nosso navio está chegando.
Obrigada por todas as pessoas que vem comentando da fic no twitter! Isso ajuda muito na divulgação, estou super feliz com o fato de ITD estar ganhando mais leitores! Leio todos os comentários, podem ter certeza!

Cá está outro capítulo. Boa leitura, me perdoem pelos erros e escutem as músicas.

Capítulo 50 - Capítulo 50


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 50

NARRADOR PDV

Demetria alongou os braços e suspirou após mais um dia exaustivo no laboratório. A mulher mediana era chefe do departamento e ficava encarregada de continuar buscando uma possível cura para o Apocalipse.

Lucia Vives gostava de dizer que, por mais que amasse o mundo atual, ela queria ter em mãos a cura para ele. E acreditava também que dizer a um grupo de mulheres que há alguém buscando a cura é uma forma de mantê-las calmas.

O laboratório do campus não era um lugar grande. Na verdade, não passava de um espaço com quatro corredores e seis salas adaptado com algumas máquinas encontradas em buscas. A cientista trabalhava com mais duas colegas, uma engenheira química e uma bióloga.

A mulher terminava de fechar as portas de vidro do lugar, usando sua chave principal. As luzes no interior já estavam apagadas e a única fonte luminosa vinha de uma espécie de centrífuga que ficaria agitando uma solução durante a madrugada.

O toque de recolher havia sido acionado e Demi possuía apenas meia hora para deixar de fazer o que estava fazendo e voltar para seu quarto.

Enquanto caminhava pelas calçadas vazias e iluminadas pelos postes regados à gasolina, a mulher observava as penumbras das árvores. Ela estava cansada e a cabeça doía, por causa das possibilidades que tentara pensar naquela tarde.

Sim, ela havia encontrado indícios interessantes sobre o antígeno, mas preferia manter essas poucas informações para si.

Ao chegar à área de dormitórios da comunidade, a cientista adentrou no prédio certo.  Algumas serviçais ficavam na entrada, checando o horário de ida e volta de todas que moravam ali e anotavam para logo entregarem à Rainha. Demi as cumprimentou com um aceno, mantendo-se cordial, e subiu as escadas até o segundo andar.

Chegou então à porta da amiga e bateu à madeira.

Não demorou muito para que Allyson Brooke a atendesse e já abrisse a porta com um sorriso largo nos lábios, sendo a cientista a única que conseguia fazê-lo aparecer.

- Você demorou.

- Me desculpe... – Demi murmurou, entrando no quarto e fechando a porta atrás de si. – Nem vi as horas passarem e quando percebi o toque de recolher tocava.

- Eu comprei duas cervejas. Acho que elas ainda estão geladas. – Ally comentou, caminhando até a mesa central.

Todos os quartos eram padronizados, portanto, os mesmos móveis e os mesmos cômodos existiam para todas.

- Onde estão as crianças? – a cientista pergunta.

- Estão no quarto. Vai lá! – a loirinha ordena com a cabeça enquanto pegava um abridor de garrafas para as duas cervejas.

Demi afirmou e driblou alguns móveis, caminhando até a segunda porta do quarto. Bateu de leve na madeira, mas não esperou ser respondida, já abrindo. Um sorriso apareceu em seus lábios ao deparar-se com Sofia e Claire discutindo alguma coisa não trivial. As duas garotas praticamente se consideravam irmãs e portavam-se como tal, brigando praticamente o tempo todo.

A latina argumentava sobre um personagem da história em quadrinhos que ambas liam enquanto a loirinha retrucava dizendo o completo oposto. Taylor, conseguindo aos poucos ficar de pé dentro do berço, observava as duas garotas com os olhos azuis curiosos e uma chupeta na boca.

- Olá, pessoal. – a cientista anunciou sua presença.

- Tia Demi! – as duas garotas falaram ao mesmo tempo e então se entreolharam, meio tímidas.

- O que vocês estão aprontando?

- A tapada aqui sempre achou que o Homem-Aranha tinha teias de verdade, mas todo mundo sabe que ele criou um lançador de teia que prende no pulso! – Sofia resmungou, quase vitoriosa.

- Mas eu me lembro de ver o primeiro filme! Ele lançava teias! – Claire retrucou, cruzando os braços na frente do corpo.

 - O filme está errado, querida... – a latina disse lentamente, como se estivesse falando com uma pessoa possuidora de um raciocínio muito lento.

- Não fale comigo como se eu fosse retardada! – a loira rosnou, franzindo o cenho.

- A culpa não é minha se você não aceita estar errada! – Sofia retrucou.

- As duas parem, agora! – Demetria interferiu na pequena discussão, tentando ao máximo segurar uma risadinha por causa da fofura.

Um grunhido característico do bebê ressurgiu, demonstrando a presença astuta de Taylor observando tudo. Demi outra vez voltou a sorrir e foi até a criança no berço, o pegando nos braços.

- Você já está ficando pesado, campeão.

Taylor grunhiu de novo e abriu as mãozinhas, as colocando cada uma nas bochechas rechonchudas de Demi. O bebê piscou os olhos azuis claros e ladeou a cabeça, com os cachos loiros mexendo no topete.

- Ok... aprendam com ele. Fiquem quietas e não briguem! – a cientista repreendeu as duas garotas que continuavam a se entreolhar com raiva. – Não esqueçam que está quase na hora de ir dormir.

- Não somos bebês, tia Demi. – Sofia revirou os olhos, ficando de pé e indo até a sua cama.

O quarto possuía três camas de solteiro e um berçário. Um carpete felpudo forrava o chão, possibilitando que andassem descalças.

- Eu sei que estão longe de serem bebês. Na verdade, já são mocinhas. – Demi se corrigiu. – Mas não significa que não há ordens a serem seguidas!

- Ok... – Claire concordou com um muxoxo.

A loirinha ficou de pé, e antes de ir até sua cama e deitar-se, ela foi até ao leito de Sofia e cobriu a latina com um lençol fresco – por causa do calor. As duas trocaram olhares e, por mais irritadas que ainda estivesse, sorriram.

Demi fechou a porta do quarto e voltou para a cozinha, ainda carregando um Taylor elétrico nos braços, que estava balançando a cabeça para lá e para cá em um ritmo inexistente de música.

- Ele demora a dormir. – Ally comentou, sentada a uma cadeira. – Só quando eu decido deitar que ele diminui a energia.

A cientista deu de ombros e puxou uma cadeira para se assentar, colocando a criança em seu próprio colo. A enfermeira então ofereceu a cerveja já sem a tampa e a mulher prontamente aceitou, bebendo um gole do líquido gelado que desceu refrescando sua garganta.

Demi fez uma breve careta e analisou a garrafa gelada em mãos.

- Gastou alguns créditos com isso?

- Nada exorbitante. – Ally deu de ombros, com um sorrisinho tristonho enquanto tomava mais um gole. – Me dou alguns luxos às vezes. Como foi o trabalho? Está presa naquele laboratório praticamente há dias.

- Nada fora dos padrões. – Demi resmungou, desacreditada. – Só mais testes falhos.

- Lucy apenas está mantendo isso por fachada, não é? Assim como no Acampamento? – a enfermeira questionou.

- Não... ela realmente nos dá recursos. Mas, mesmo assim, eu sou apenas uma cientista lá dentro. As duas mulheres me ajudam nos testes, mas sou apenas eu formada na área de micro. E eu ainda acho que não possuímos os recursos certos. Mas não é por falta de vontade da Rainha.

Demi fala e, com a mão livre, leva a garrafa até a boca tomando outro gole.

- E como estão as suas coisas? – ela praticamente rosnou, com a indignação expressa em seus olhos ao engolir.

- Demetria... – Ally murmurou, a repreendendo.

- Você sabe que eu amo você, Allycat. – a cientista levantou o olhar. – Eu amo você como uma irmã, eu te protegi como se fosse minha família e você é. Mas o que você está fazendo é errado.

- Eu apenas estou sendo esperta. – a enfermeira umedeceu os lábios. – E meus planos continuam no caminho certo.

- Quando elas descobrirem... elas nunca mais confiarão em você! – Demi acusou.

- Eu não me importo! – Ally deu de ombros, calma. – Eu disse para você se afastar enquanto havia tempo...

- Eu não vou! – a cientista franziu o cenho, séria. – Eu disse que você tinha a mim até o final!

- E eu sei disso. Obrigada! – a loirinha sorriu, de fato agradecida.

As duas então compartilharam um silêncio confortável, onde ambas observavam o pequeno Taylor brincar com os pezinhos descobertos. O príncipe estava absorto em seu próprio mundo, despreocupado com tudo o que lhe cercava.

- Como estão indo as coisas com a Selena? – Ally perguntou de repente, fazendo a cientista se assustar.

- Ally...

- Sério. Eu quero saber! – a loirinha sorriu verdadeiramente.

Selena Gomez e Demetria estavam conversando há semanas. A cientista nunca havia experimentado tentar algo com o mesmo sexo, mas, magicamente, houve uma pequena conexão fora dos padrões de amizade com a guia da comunidade. A mulher era inteligente, engraçada e fazia a cientista se sentir de um jeito que nunca se sentira antes.

Era bom.

Mas Demi temia qual seria a reação de Allyson. Não que a enfermeira nutrisse qualquer sentimento além da amizade, mas pensava que, talvez pelo fato de ter perdido o amor de sua vida, ela se sentisse mal em vê-la interessada em alguém.

Então decidiu apenas manter os detalhes dos encontros para si, contando simplesmente que eles aconteciam.

- Demi... – Ally chamou pela amiga, colocando uma mão em seu ombro ao ver a expressão triste dela. – Eu me sinto bem em saber que achou alguém, ok?! Em que mundo eu seria uma boa amiga se a obrigasse a ficar sozinha, apenas para servir como um ombro para mim? Mas é claro que eu estou feliz por você!

- Obrigada, Ally... – Demi sorriu de lado, extremamente feliz. – E sim, as coisas estão bem.

As duas começaram então a conversar sobre as coisas entre elas, sentindo-se leves a cada gole de cerveja e a cada minuto que desfrutavam da amizade, sendo ela, a única coisa que mantinha ambas sãs.

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- Amor, vamos para casa... – Normani ronronou, manhosa, com os olhos fechando por causa do sono.

A morena estava escorada à lataria de um Kia Cerato cinza. Do lado de fora a escuridão englobava o campus e os únicos barulhos audíveis vinham da parte de baixo do carro. Ela tinha um braço suportando o queixo e já perdera as contas de quantas vezes tombou o rosto, quase apagando por causa do cansaço.

O dia havia sido cheio na lavandeira e na manutenção do salão de beleza. Não era um grande número de mulheres que se importavam com a imagem, mas existiam e às vezes sobrecarregava. A verdade era que Normani sentia falta da adrenalina, da ação, da liberdade, já que seus dias se resumiam a ficar presa no interior daquele cômodo colocando sabão em pó dentro das máquinas.

- Você sabe que eu não posso... – a voz abafada de Dinah ressurgiu, debaixo do carro.

A loira tinha uma gota de suor escorrendo pela lateral do rosto enquanto estava deitada sobre uma esteira com rodas, que lhe dava liberdade para ir e voltar. Cavaletes seguravam o carro à medida que ela mexia nas peças, usando catracas e chave de fendas para tal.

- O toque de recolher já foi acionado. – Normani tenta argumentar.

- Mas foi a própria Rainha quem ordenou que eu arrumasse esse carro. Amanhã um grupo vai fazer rondas nele. – Dinah se justificou, sem sair de baixo do veículo. – Provavelmente passarei toda a madrugada aqui, então você deveria ir, querida. Você está cansada e merece um banho fresco por causa do calor!

Normani suspirou derrotada, sabendo que sua namorada possuía argumentos plausíveis. Mas ela não queria ir dormir sozinha na cama de casal que ambas possuíam no quarto em conjunto que compartilhavam. Ela sentiria falta do calor de sua loira, das conversas idiotas e das brincadeiras.

Aproveitando que a loira estava absorta em seu trabalho em baixo do carro, a morena abriu um sorriso safado e caminhou até o portão da garagem. Ela fechou as portas com cuidado e as trancou por dentro, desejando que ninguém as interrompesse.

Debaixo do carro, Dinah só percebeu que algo estava errado após longos segundos com o silêncio. Normani sempre fazia de tudo para irritá-la e ficar quieta apenas sinalizava uma coisa: estava aprontando.

*Music On* (Shut Up and Drive – Rihanna)

- Querida... você poderia me dar atenção nem que seja por um segundo? – ela escutou a voz da morena.

Dinah olhou para o lado e viu os pés da namorada, sendo a única parte visível já que ainda estava debaixo do Cerato. Ela revirou os olhos e soltou a chave inglesa, pegando um impulso e saindo dali graças à esteira abaixo de suas costas.

- Normani, meu amor, eu estou cheia de trabalho para f-fa-fa-fazer... – as palavras morreram no interior da sua boca quando seus olhos pousaram na figura à sua frente.

A morena usava nada mais que um sutiã negro rendado e um short da mesma cor, mas que, por causa do tamanho, parecia mais uma mera calcinha jeans. Dinah sabia que a namorada usava uma blusa antes, mas não tivera oportunidade de analisar o restante de sua vestimenta, pois quando ela chegara ali, já se encontrava debaixo do carro.

Normani sorria mordendo o lábio inferior e possuía uma chave inglesa pousando no ombro direito. Um pedaço de pano quadricular, estilo uma bandana, segurava os cabelos negros no alto da cabeça.

- Talvez se você me ensinar, eu passo a madrugada aqui com você trabalhando também. – a morena deu de ombros, fingindo inocência.

Dinah permaneceu em um estado de latência por alguns segundos, embasbacada com a beleza anormal de Normani. Seus olhos desciam e subiam por todo aquele corpo escultural, de cor tão maravilhosa.

- Amor? – ela cantarola, tímida pela forma com que Dinah a devorava com os olhos.

- Tudo bem, mulher. Você conseguiu minha atenção. O que quer aprender?

Dinah perguntou e devagar se colocou de pé com um sorriso galanteador. A loira vestia o seu típico macacão de trabalho, com a alça caída em um braço por causa do calor infernal que ele causava.

- Me diga você. – Normani retrucou, vendo a loira se aproximar. – O que vale a pena ser aprendido em tão pouco tempo?

- Algumas coisas... – Dinah ronronou, passando um braço pela cintura esculpida da morena e a trazendo para perto de si.

A garagem repleta de chassis, peças de carro, pneus, e ferramentas, se tornou pequena demais para ambas por causa do ambiente cheio de tensão que se instalou.

O coração de Normani disparou e ela soltou a ferramenta quando Dinah enfiou o rosto em seu pescoço e inspirou seu cheiro, passando de leve o nariz na pele sensível. A morena praticamente amoleceu nos braços da maior, que abraçou por completo, levando uma mão rapidamente até a uma das nádegas e a apertando com força.

- A primeira aula será no capô. – a loira sussurrou no pé do ouvido, mordiscando a pele o suficiente para deixar um beijinho molhado.

Normani arfou e levou as mãos até os cachos loiros da mulher mais alta, trazendo o rosto bonito até o seu. As bocas se chocaram com avidez e os lábios, reconhecendo-se, começaram a deslizar um sobre os outros dando espaço suficiente para que as línguas entrassem em uma batalha.

As duas então começaram a andar sem rumo pela garagem, esbarrando em tudo que havia pela frente já que estavam focadas demais no beijo e nas mãos bobas. Trombaram em caixas de ferramentas, em chassis, em cadeiras. Dinah precisou ser esperta o suficiente para se apoiar em uma mesa evitando que as duas caíssem, mas não esperta para evitar que todas as peças que estavam ali fossem jogadas longe.

Dinah girou as duas e, usando o quadril, empurrou Normani até que as costas da morena se chocassem no capô no carro. O beijo continuava intenso enquanto as mãos acariciavam os corpos, buscando sentir cada parte conhecida. Elas simplesmente não conseguiam explicar as sensações maravilhosas que compartilhavam quando estavam assim: uma nos braços da outra.

Normani mordiscou o lábio inferior de Dinah e sorrindo perversamente pegou um impulso para trás, assentando-se sobre o capô com as pernas bem abertas e apoiadas na lataria.

A morena puxa loira pelo macacão, obrigando-a a inclinar sobre si em cima do carro. Dinah se encaixou no meio das pernas de Normani, ainda de pé, e agarrou as coxas pressionando seu quadril no centro coberto pelo jeans negro.

 A morena arfava e segurava os cachos curtos, sentindo a língua da namorada deslizando por seu pescoço até o vale entre seus seios.

Em movimentos rápidos, Dinah escorregou a mão pelo abdômen tencionado de Normani e a guiou até o zíper do short. Rapidamente ela o abriu, e continuou a descer com a mão por baixo da calcinha até que seus dedos longos estivessem sobre o clitóris rígido da namorada.

A morena gemeu manhosamente com os dedos começando a fazer círculos sobre o clitóris molhado e ao sentir o prazer gostoso concentrando em seu centro.

Dinah abraçava com o outro braço a cintura da mulher, mantendo-a sobre o capô, enquanto explorava o vale entre os seios com a boca.

- Oh, amor... você parece tão tensa. Deixa eu te ajudar a relaxar, huh? – Dinah sussurrou no ouvido de Normani, que estava de olhos fechados.

- Oh, amor... – Normani respondeu, ofegante e com um sorriso safado. – Apenas cale a boca e dirija!

Dinah mordeu o lábio inferior com o desejo e também sorriu, penetrando dois dedos no interior quente da namorada e fazendo Normani gemer alto.

- Sorte sua que sou ótima com carros potentes...

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No dia seguinte...

Assim que Camila chegou à frente da porta de seu quarto, ela expirou o ar preso nos pulmões e apoiou a testa na madeira cor creme. Mesmo com o acontecimento ocorrido no dia anterior, seu estômago ainda lhe incomodava ao pensar na cena onde a língua de Brenda era arrancada.

A latina acabara de adentrar no seu prédio com o coração ainda acelerado por precisar subir aqueles lances de escada. Ela não havia conseguido dormir bem na última madrugada, pois seu cérebro estava ocupado demais pensando em tudo o significava se tornar guarda-costas da Rainha e nos segredos que isso envolvia. Por breves momentos ela conseguiu entender uma mísera parcela do porquê de Lauren ser assim.

Camila, ainda com a cabeça escorada à porta, olhou para o próprio corpo e analisou a jaqueta recém-lavada. O presente de Lucy havia sido levado para a lavanderia e entregue naquela manhã, após retirados os respingos de sangue.

O cheiro da Rainha ainda estava impregnado no tecido, fator que foi decisivo para Camila retirar a jaqueta às pressas do corpo, sentindo uma repulsa forte de quão psicótica e controlada a mulher conseguia ser.

A jovem dependurou a jaqueta na maçaneta da porta e continuou a tomar aqueles segundos para si, inspirando e expirando o ar com calma para colocar os pensamentos em ordem. Era fácil demais se levar pelo impulso nos dias atuais.

Após tomar seu café da manhã, a latina decidiu passar um pouco no laboratório, procurando por Demetria. A cientista estava focada em seu trabalho, mas a recebera com um sorriso amigável no rosto. Camila logo justificou o porquê de estar ali, não sendo nada mais que extrema saudade que sentia de sua irmã. Camila não fora diretamente até Ally, pois temia alguma outra reação explosiva após aquela pequena recepção que teve alguns dias atrás.

A cientista não hesitou em levá-la até a pequena escola improvisada em um prédio na área B de Lésvos. Era uma grande sala com as cadeiras e mesas utilizadas anteriormente pela Universidade, onde diversas garotas estudavam em livros e cadernos encontrados em buscas. Havia cerca de quinze garotas ali e alternavam entre as mais diversas idades: algumas na faixa de cinco a dez anos, outras na faixa de dez a quinze, e apenas duas adolescentes com dezessete anos.

Existiam três professoras e cada uma era responsável por uma faixa etária, tentando mesclar todas as matérias possíveis para ensinar às garotas. A professora de Sofia se chamava Maria e era uma mulher de cabelos encaracolados ruivos, negra e com um sorriso simpático.

Quando a pequena Cabello viu a irmã mais velha um enorme sorriso nasceu em seus lábios. Só Deus sabia como ela sentia falta de seu abraço protetor. Mas Sofia já era esperta o suficiente para entender que elas não podiam fazer isso.

Não agora. Não enquanto o seu grupo não estivesse no comando daquele lugar.

Então ela apenas soube sorrir, vendo a irmã lhe encarar através de uma janela de porta de madeira escura, do lado de fora da sala de aula.

Camila ansiava que Dinah conseguisse outra oportunidade para levar Sofia até ela, pois a saudade estava lhe sufocando. Os braços amorosos de sua irmã eram a única certeza que ela possuía no momento.

 “Tudo vai ficar bem. Basta você ter paciência e coragem para tal”. Demi disse, quando a latina saiu da escola.

E agora cá estava a latina, de frente ao seu quarto, tentando reunir coragens para mais um dia fingindo ser uma pessoa fria o suficiente para ver outras pessoas morrendo injustamente.

- Esposa?! – a voz doce surgiu ao fundo, no corredor.

Camila não gostava de admitir, mas seu coração acelerou ao notar a dona do tom calmo. Ariana se aproximava sorrateiramente, com um sorriso reconfortante e olhos castanhos cheios de carinho.

Camila suspirou, sôfrega.

- Olá, esposa. – a latina murmurou, desencostando a cabeça da porta e ficando de pé no modo certo.

- Hãm... – Ariana hesita, um pouco tímida. – Você parecia um pouco estranha no café hoje cedo.

- Estranha? – a latina ergue uma sobrancelha.

- Sim... – a baixinha responde, torcendo os lábios de um jeito fofo para Camila. – Algo está te incomodando, não é? Aposto que já ficou sabendo de coisas ruins sobre a Rainha. Ela fez algo contra você?

- Se calme... – a latina dá um sorrisinho pela preocupação da outra. – Ela não fez nada contra mim.

- Mas você ficou sabendo sobre coisas ruins, não ficou? – Ariana sibilou.

A mulher baixinha se preocupava com a integridade da outra e isso era visível em seus olhos. Camila abre a boca para responder, mas então as ameaças de Lucy voltaram à sua memória.

Ela não podia contar para ninguém fora da elite.

Ariana percebeu a hesitação e suspirou, concordando em silêncio, pois sabia que não podia saber de tais coisas.

- Eu... – ela pigarreou e trocou o peso das pernas, ponderando. – Eu vim aqui para te contar uma coisa estranha que percebi hoje.

- Do que está falando? – Camila franziu o cenho.

- Eu estava caminhando pelo campus e passei perto do portão principal. E, concidentemente, dois caminhões de carga estavam entrando aqui. O estranho... foi que eu não consegui ver o que estava dentro. Tipo... os caminhões nem sequer foram abertos para checar o que estava no interior, eles apenas foram despachados para o lado Sul. Halsey estava responsável por isso e eu vi quando ela começou a sussurrar com outras mulheres no portão, não deixando ninguém mais se aproximar.

- O que você acha que era a carga?

- Eu não tenho ideia. – Ariana respondeu, séria. – Mas nenhuma outra mulher se aproximou dos caminhões. E eu os segui. Eles entraram na fábrica de balas. Outra coisa que é estranha, porque ninguém que eu conversei nesses dias trabalha lá.

- O quê? – Camila fez uma careta de confusão. – Alguém tem que trabalhar lá, Ariana. Como eles produzem munições?

- Apenas as serviçais de Lucy trabalham nessa fábrica. As mesmas mulheres que tem aquelas caras feias e vivem rondando a mansão, servindo como guardas tanto para o arsenal quanto para os quartos. – Ariana retrucou, colocando as mãos na cintura. – Agora me diga... você acha que apenas cerca de quinze ou vinte mulheres conseguiriam produzir a quantidade de balas que essa comunidade consome com buscas e aniquilação de zumbis?

- Você está dizendo que...? – Camila esperou, semicerrando os olhos.

- Eu acho que aquela fábrica é apenas fachada. – Ariana alegou. – Assim como a área de plantações! Olhe quantas mulheres nos temos aqui dentro! São muitas bocas para alimentar!

Camila fechou a expressão, entendendo o raciocínio da mulher menor. A área de plantação de Lésvos não passava de três blocos relativamente cheios legumes, verduras e frutas. Havia vários animais, mas mesmo assim a demanda por alimentos era alta pelo fato de quase cem mulheres viverem ali.

Mas o que nenhuma das duas imaginava era que uma mulher dona de olhos verdes irados caminhava pelo corredor adjacente, interrompendo a conversa.

- Bonito... Que bonito, hein?! – a voz rouca as alarmou.

As duas viraram os rostos e avistaram Lauren na interseção do corredor, com os olhos focados nelas e se aproximando com passos rápidos.

- Senhorita Ariana Grande... – Lauren cantarolou, com tom banhado no sarcasmo. – Que surpresa ver você logo aqui...

Camila já tinha o coração batendo na garganta, assustada com a aparição repentina da mulher. Sabia que ela estava alterada pelo simples fato de suas órbitas estarem mais gélidas, indicando que Ariana poderia estar em grande perigo.

Na verdade, não só ela tinha esse pressentimento, mas também a própria Ariana que já dava um passo para trás recuando.

- O que você quer, Jauregui? – Ariana semicerrou os olhos.

- Eu fui ao seu quarto, onde você deveria estar, para lhe dizer que agora você tem um trabalho. – Lauren grunhiu, visivelmente se controlando. – Mas eu não te achei. Então eu parei e pensei por alguns segundos... “Quem a Voldemort estaria incomodando?” – ela zombou, fazendo uma leve careta. – Bingo! Não demorei dois segundos para adivinhar a resposta.

Camila mordeu o interior da bochecha, tentando segurar o sorriso vitorioso ao perceber que aquilo não passava de ciúmes por parte de Lauren.

- E qual seria o trabalho? – a baixinha cruzou os braços na frente do corpo, sem querer se intimidar.

- Você fará parte de um grupo de buscas. – Lauren respondeu, cruzando os braços também.

Camila revirou os olhos com a cena.

- Eu terei minha espada de volta?

- Sim. Sempre que precisarmos de seus serviços você será chamada e vai receber sua espada para ir lá fora.

- Hum... – Ariana cantarolou, incomodada. – Interessante.

Um silêncio altamente constrangedor se instaurou entre as três mulheres, que só pioraram a situação ao começarem a se entreolhar.

Camila estava em pânico por dentro, pois via como Lauren e Ariana se encaravam. Ela temia que a qualquer momento a guarda-costas sacasse uma Desert Eagles e enfiasse uma bala no meio da testa da baixinha.

- Hãm... – Ariana murmurou, irônica. – Você já pode ir, Lauren.

- Como é que é? – Lauren ergueu uma sobrancelha.

- Você. Pode. Ir. Agora. – Ariana respondeu, pronunciando cada palavra em uma lentidão provocativa. – Eu terei de desenhar?!

Lauren ficou alguns segundos estática, mas lentamente um sorriso galanteador e sarcástico foi nascendo em seus lábios. Ela deu uma risadinha nasal e pousou a mão sobre o coldre que portava uma de suas armas douradas.

“Ai meu Deus do céu...” Camila gritou dentro de si, arregalando os olhos.

- Você não me manda, Voldemort! – Lauren rosnou.

Ariana, percebendo as reações da outra, continuou o pequeno jogo.

- Me desculpe, eu me esqueci de que você é apenas putinha da Rainha. – ela retrucou, sorrindo do mesmo jeito.

E foi naquele momento que Camila decidiu interferir ao ver a expressão de ofendida de Lauren.

- As duas, parem! Agora! – ela falou, dando um passo à frente e ficando entre os dois corpos assim como um muro entre uma guerra.

- É, Lauren, é melhor você obedecer como sempre faz! – Ariana continuou a onda de provocações e deu um empurrão de leve no ombro da maior.

Isso quase fez Lauren perder a cabeça, ao cambalear para trás. A dona dos olhos verdes bufou, irritada ao máximo.

- Você quer brigar, tampinha? – a guarda-costas gritou, tentando passar por Camila. – Um murro e você nem lembrará mais seu nome!

Camila estava assustada, pois as duas mulheres realmente queriam aquilo. A latina tentava erguer os braços, evitando que qualquer uma passasse para o outro lado.

Ela girou o corpo para Lauren e a encarou, séria.

- Lauren, pare!

- Ela está me provocando, não vê?! – a dona dos olhos verdes aponta um dedo para a nova participante dos grupos de busca.

- Sim, eu estou vendo! – Camila rosnou e girou seu corpo dessa vez para Ariana, a encarando. – Trate de parar também! Quantos anos vocês duas tem? Por acaso são crianças?!

- Não é culpa minha se ela está com ciúmes porque a ex-noiva dela está comigo. – Ariana deu de ombros, calmamente.

“Puta merda...” foi tudo o que a Camila conseguiu pensar ao fechar os olhos.

Lauren retirou a latina de seu caminho, fazendo-a cambalear para o lado. A jovem não perdeu tempo e, banhada pela raiva, ergueu o punho fechado em um murro forte. Mas Ariana, por ser pequena e ágil, conseguiu se esquivar a tempo desse e se abaixou. Ela aproveitou a posição e abraçou a cintura de Lauren, que estava desequilibrada por dar o soco no ar, e começou a empurrá-la para trás até que ambas se chocassem contra a parede.

Lauren rosnou com a dor nas costas. Ela começou a dar cotoveladas nas omoplatas desprotegidas de Ariana, que continuava pressioná-la contra a parede em um abraço desengonçado.

Porém, a baixinha foi mais esperta e deu um passo para trás sacando uma das Desert Eagles no coldre axial da mulher.

Ariana, ofegante, ergueu a arma e a apontou para a cabeça de Lauren.

- Ariana! – Camila gritou, com os olhos arregalados e coração quase escapulindo do peito.

- Eu não sou sua inimiga, Lauren! – Ariana vociferou mais alto, com a arma mirando o meio dos olhos de Lauren, que continuava escorada contra a parede, a analisando. – Pare de fingir que eu sou sua inimiga enquanto nós duas sabemos quem realmente é!

Lauren semicerrou os olhos, expirando para recuperar a respiração branda.

Ariana ponderou por alguns segundos e olhou para a latina. Ela então bufou e abaixou o braço, girando a Desert Eagles na mão, de forma que o cano de apoio ficasse para Lauren.

- Ela é sua. Você só precisa saber usá-la para o Bem. – Ariana murmurou, oferecendo a arma de volta.

Lauren ergueu as sobrancelhas completamente surpresa pela ação da ação de Ariana. Camila estava do mesmo jeito, porém orgulhosa.

Ela ficou devidamente de pé e, lentamente, pegou a arma dourada das mãos da baixinha. Lauren guardou a Desert no coldre, meio acuada.

- Você contou para ela? – Lauren direcionou seus olhos verdes frios para Camila.

A latina quase abaixou a cabeça, envergonhada, mas decidiu não o fazê-lo.

- Nós não escondemos segredos uma da outra. – Camila retrucou à altura.

Lauren sentiu aquela resposta como um murro em seu estômago. As bochechas coraram por uma vergonha que não sabia explicar. Ela, finalmente, estava sentindo vergonha do que fazia.

- Eu também estou aqui para levar a Camila para o novo quarto. Ela irá viver agora na casa da Rainha. – a dona dos olhos verdes se explicou.

- Com a elite?! – Ariana caçoou, erguendo de leve as sobrancelhas. – Tudo bem...

- Ari... – Camila suspirou, ao ver a expressão entristecida da amiga.

- Está tudo bem, sério. Eu já vou indo... – ela disse. Mas antes de girar o corpo e seguir o corredor, ela encarou Lauren nos olhos. – Se você ousar fazer alguma merda com ela, sua idiota, não vai me importar se você é a nova Anderson Silva da comunidade. Eu vou te matar!

Lauren revirou os olhos e apenas deu uma risadinha nasal.

- Ameaça registrada, tampinha!

Ariana bufou e olhou com carinho para Camila antes de seguir seu caminho pelo corredor, deixando as duas mulheres sozinhas em frente à porta creme.

- Você é uma estúpida! – Camila rosnou.

- Obrigada... – Lauren respondeu sarcástica.

Camila revirou os olhos e girou o corpo para a porta, pegando a jaqueta que estava sobre a maçaneta. Ela abriu a porta e adentrou em seu quarto, sem ao menos se dar o trabalho de convidar a mulher que estava do lado de fora.

- Pegue as suas coisas e vá até a Biblioteca! A Rainha não irá precisar de seus trabalhos por agora, pois está em uma reunião. – Lauren falou, escorada ao batente.

- Obrigada, secretária. – Camila rosnou cínica.

Lauren fechou os olhos, buscando manter a calma, enquanto a latina caminhava em direção do guarda-roupa.

- Eu estou começando a perder a paciência com você, Camila.

- Oh... sério, bebê? – a mais nova girou o corpo e ergueu uma sobrancelha sugestiva. – Porque a idiota da história é você e não eu.

- Ok... – Lauren deu de ombros, com uma careta de “foda-se”. – Quer me colocar como vilã, pois coloque! Eu não dou à mínima!

- Tudo bem então... – Camila imitou os mesmos movimentos. – Eu também não dou à mínima!

- Você não me engana! – Lauren riu, meio sem graça. – Acha que não sei que entrou nesse torneio e se tornou guarda-costas da Rainha para simplesmente se aproximar de mim? Isso é um plano, por acaso?! Um plano seu e da Dinah para se vingarem?

Camila, que havia voltado remexer no interior do guarda-roupa para retirar suas peças, parou seus movimentos e novamente girou o corpo para Lauren que continuava escorada no batente da porta.

- Talvez sim... Talvez não... – a latina sorriu, galanteadora. – Por que eu não poderia fazer isso por mim? Talvez eu esteja querendo crescer dentro da comunidade assim como você e... conseguir regalias.

Lauren abriu a boca para retrucar “Você não teria coragens para tal!”, mas então engoliu as palavras. Dizer isso no mundo atual era um grande erro, porque as aparências não significavam mais nada. Ela sabia que conheceu Camila um dia, mas o que impedia da latina ter realmente mudado?

Nada.

As duas permaneceram estáticas, naquela troca de olhar silenciosa.

O verde encarando o castanho. O castanho buscando respostas no verde.

--------------

Lauren não demorou muito para ir embora após o silêncio reinar entre as duas. Aquele momento era muito semelhante a diversos que compartilharam, onde nenhuma palavra era necessária. Ele fazia lembranças voltarem, lembranças que faziam os corações de ambas doerem de saudade.

Então Lauren foi embora, ordenando que Camila não demorasse. A latina ficou ainda alguns segundos estática no centro do quarto, processando tudo. Mas, por fim, voltou a colocar suas roupas no interior de uma mala, ponderando se estava tomando a decisão certa.

Ela estava indo para dentro da toca do lobo.

Agora, tudo o que latina escutava era os cochichos e o significativo clima pesado que se instaurou entre as mulheres. Elas estavam acuadas e conversando baixo desde o dia anterior, quando a notícia de que Brenda estava no hospital sem a língua se espalhou.

Camila caminhava pelas calçadas de cabeça baixa enquanto segurava a alça da mala com suas roupas. Às vezes analisava ao redor e percebia que as mulheres lançavam olhares amedrontados para ela, evitando até entrar em contato visual.

Ela simplesmente suspirou e continuou sua caminhada até que chegou aos degraus do prédio vitoriano. Subiu os degraus e logo reconheceu as duas mulheres, serviçais, que estava cada uma de um lado da porta como guardas. A latina abriu a boca para se apresentar, mas não fui necessário, pois, antes mesmo de qualquer som sair, as duas mulheres abriram a porta principal e fizeram movimentos cordiais pedindo para que entrasse.

Camila engoliu seco.

Ela dá um passo à frente e entra no cômodo amplo cheirando a limpeza que era o primeiro de recepção. Ele fora modificado, onde se você seguisse a direita entraria no grande escritório da Rainha, se seguisse ao meio chegaria ao auditório, à direita os outros cômodos usuais de uma casa – cozinha, sala de TV e etc. – e se seguisse as escadas acima, iria para o segundo andar, para os quartos.

- Olá! – uma voz feminina lhe surpreendeu, fazendo Camila olhar para o lado.

A dona da voz era uma jovem mediana, cabelos loiros pintados e curtos na altura dos ombros, rosto redondo e olhos castanhos. Ela usava trajes de empregada, com avental.

- Eu sou Bea Miller. – ela se apresentou ao perceber o silêncio da latina. – Você deve ser Camila Cabello, certo?! Gosto de me chamar de governanta daqui, mas sei que não passo de uma empregada. – murmurou, divertida.

- Ah ta. – Camila balbuciou, sem saber ao certo o que falar.

Bea pigarreou, notando que a novata era uma daquelas tímidas.

- Seu quarto é no segundo andar, terceiro corredor à esquerda. A porta está entreaberta. Não há como errar. – Bea explicou prestativa e com um sorriso leve.

- Onde fica o quarto da... – a latina hesitou, tentando não parecer muito desesperada pela informação. – Rainha?!

- No segundo corredor, no final.

- Obrigada...

- Qualquer coisa que precisar me chame!

Camila escuta a voz de Bea ao fundo, pois já havia girado o corpo e subia os degraus em direção do segundo andar. Ela simplesmente fez um afirmativo com a cabeça para não deixar a governanta sem resposta e seguiu seu caminho até terminar os degraus e virar à esquerda. As paredes eram limpas, os quadros clássicos bonitos e sofisticados.

Uma mansão.

No segundo corredor, Camila esticou o pescoço e estudou a distância que o último quarto ficava e viu também uma mulher de pé ao lado da porta, servindo como guarda.

 “Jesus, ela possui guardas em todos os lugares!” pensou, surpresa.

Camila, para evitar qualquer desconfiança, apenas fez um sinal educado com a cabeça. Era uma mulher mediana e forte, que a latina se lembrava de ter duelado nas eliminatórias do torneio. A mulher, de cachos negros, apenas fechou ainda mais expressão por reconhecer à vencedora.

Com uma risadinha sem graça e temerosa, Camila logo tratou de ir até o terceiro corredor e abrir a porta do seu quarto, saindo dali antes que a guarda decidisse se vingar do golpe que recebeu na garganta – e que foi o responsável por sua derrota. A latina, no interior do quarto escuro, levou a mão até o interruptor e o acendeu, iluminando o lugar.

Uma cama king com lençóis brancos e macios, frigobar, TV grande na parede pintada de salmon e guarda-roupa amplo.

Sabendo que não possuía muitas opções, a jovem pegou sua mala e a colocou em cima da cama, puxando o zíper para abri-la.

*Music On* (I Don’t Wanna Live Forever – ZAYN & Taylor Swift)

Entretanto, como uma cômica contradição, enquanto organizava suas roupas nos cabides, os seus pensamentos ficavam cada vez mais caóticos.

Camila parou no meio do quarto e passou as mãos pelo rosto cansado. Não era nem ao menos meio-dia e já queria que tudo terminasse para que pudesse descansar.

Sabia que o incômodo não vinha de cansaço físico. Ele vinha de seu peito. De seu emocional.

Tentar retirar Lauren de seus pensamentos estava sendo muito degastador. Precisar bloquear aquelas ondas de lembranças estava levando muito da sua energia, que até hoje não estava 100% recuperada, pois sabia que só estaria quando estivesse ao seu lado.

Uma voz interna dizia que a mulher não merecia seu sofrimento, não merecia sua angústia, que ela era grandinha o suficiente para diferenciar o “bem” do “mal”. Mas seu estúpido coração, aquele que batia como um louco quando ela surgia em seu caminho, gritava que sentia falta de seu corpo. Gritava que precisava sentir o seu toque de novo, ouvir seu tom de voz, sentir o seu gosto.

Era uma sensação amarga, como se alguém segurasse o seu coração e o apertasse com força.

Saudades, era o nome.

Ela esperava um sinal da mulher, qualquer coisa concreta que indicasse o seu real lado naquela história. Qualquer coisa concreta que sinalizasse que ela a queria também.

Por quê?

Porque estava ficando sem esperanças, pois parecia que suas ações aconteciam em vão.

Porque estava beirando à loucura, pois cada partícula de seu corpo gritava por Lauren.

Porque não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo, nesse exato momento, onde tudo o que desejava era sair daquele quarto e caminhar até a porta vizinha.

E finalmente ter o que queria.

Camila choramingou com o coração acelerado e encarou a porta, fechando os punhos para tentar inutilmente segurar aquele desejo louco.

Ela precisava, nem que fosse por alguns segundos.

#

E esses mesmos pensamentos atormentavam Lauren.

A jovem estava sentada em uma cadeira fofa, no canto esquerdo de seu quarto. Ainda era manhã, mas a escuridão do lugar proporcionada pelas janelas fechadas demonstrava fielmente como estava o interior de sua alma com os questionamentos que confundiam a sua mente.

Ela estava desviando-se de uma bala ou perdendo o amor de sua vida?

Lauren sabia que estava ficando louca.

Tudo que queria entender era o que estava acontecendo consigo, que não conseguia, nem por um mísero segundo, parar de pensar que Camila Cabello, a mulher de sua vida, estava no quarto ao lado.

Viver com esse peso nos ombros estava se tornando insuportável e ela não queria viver assim para sempre. Lauren já estava cansada de fingir o tempo todo, de enlaçar seus desejos por aquela mulher e evitar que eles viessem à superfície.

Era como se seu coração gritasse o nome dela.

E então ela tomou a decisão.

Deixou-se levar pelo desejo.

Lauren levantou-se da cadeira com o coração disparado e a boca seca. Deu passos rápidos até a porta, girou a maçaneta e escancarou para sair no corredor. Entretanto, ela parou no meio do caminho quando viu a figura angelical diante de si.

Camila estava em pé à sua porta e possuía a respiração irregular e os olhos lagrimejando por causa da quantidade absurda de coisas que eles transmitiam.

Quando elas se encararam, por breves momentos, um silêncio as envolveu.

Um silêncio que gritava toda a vontade guardada, todo o amor escondido, toda a conexão que ligavam as duas almas.

Elas se pertenciam e sabiam disso.

Mas as coisas não eram tão simples assim.

E, mesmo ciente, Camila foi a primeira a jogar um “foda-se” para todas as consequências ruins que isso traria e deu um passo à frente.

Ela afagou o rosto de Lauren com as mãos e, trazendo-o até o seu, uniu os lábios em um beijo faminto.

Lauren arregalou os olhos, surpresa, mas no segundo seguinte seu corpo já se derretia nos braços da latina. Ofegante, ela abraçou sua cintura e a puxou para o interior do quarto, fechando a porta com um baque.

As bocas se uniam, os lábios se tocavam, as línguas reconheciam os gostos que por muito tempo ficaram separados.

As duas suspiravam, desejosas, e as mãos tocavam as curvas buscando cada parte. Elas cambalearam pelo quarto até que Camila conduziu Lauren ao criado-mudo, chocando as costas da mulher na madeira dura com o beijo cheio de luxúria ainda acontecendo.

Os corpos estavam em chamas, as mãos desesperadas, os corações disparados gritando felizes, cada um, o nome da outra por estarem juntos outra vez.

Lauren mordeu com força o lábio inferior de Camila, pensando que se não fizesse isso iria morrer por desejar aquela boca carnuda. A latina gemeu, manhosa, e desceu as mãos até a bunda redonda da lutadora, apertando-a com a mesma força e provocação.

Lauren passou um braço pela cintura de Camila e as girou com rapidez. Ela conduziu a latina até que ela chocasse as costas contra a parede, a encurralando entre a pintura gelada e seu corpo quente. O beijo continuava faminto entre os suspiros e as línguas que se entrelaçavam com violência.

Ambas se sentiam como dependentes químicas que finalmente usufruíam de sua droga preferida.

Camila arfou e desceu a língua pela mandíbula da mulher, que soube apenas gemer baixinho. Lauren fechou os olhos ao ter os seios apertados sobre a camiseta e o centro pressionado pelo joelho esquerdo da latina.

E, sentir a fincada em seu útero, foi o fator decisivo para fazer Lauren acordar do transe em que entrara.

- Camila... – ela suspirou, sentindo a latina mordiscando o seu pescoço em direção da sua clavícula. – Pare...

- Me dê uma boa razão... – Camila ronronou ofegante e ergueu o rosto, encarando a mulher a sua frente.

- Aqui é muito perigoso... Eu não posso te submeter a isso. – Lauren explicou, com os olhos verdes cheio de dor.

- Lauren... – Camila choramingou, abaixando a cabeça.

- Por favor, Camila... – ela implorou, com a voz embargada.

A latina amava como o nome saía em forma de canção por seus lábios e isso lhe afetava mais do que gostava de admitir.

Lauren afagou o rosto latino, acariciando suas bochechas com o polegar. Ela então levou os lábios até sua testa e deixou um beijo terno, fechando os olhos durante o processo.

Camila engoliu o soluço quando sentiu as mãos soltando seu rosto e o corpo descolando do seu, se distanciando.

Ambas se analisaram, sentindo os corações gritarem pela separação, até que a latina entendeu o recado e andou, cabisbaixa, em direção à saída. Ela chegou a olhar para Lauren parada no centro do cômodo antes de sair e fechar a porta atrás de si.

Camila, desmanchando aos poucos a expressão chorosa, parou no corredor.

E, se sentindo uma vadia vitoriosa, abriu um sorriso diabólico à medida que se distanciava do quarto, com o seu objetivo cumprido após aquela pequena cena.

Sabia que era arriscado voltar ali.

Mas ela nunca ligou para o perigo.

Ainda mais agora... que Lauren Jauregui estava em suas mãos.


Notas Finais


AAAAAAAAAAAAAAAAAH ~esquilo gritando~
KARLA, É VOCÊ? LAUREN CAINDO NA LÁBIA DA MALDITA? NORMINAH UI... ALLY TRAINDO? ARIANA PEGANDO OS ESQUEMAS TODOS? ... Saberão mais no Domingo, na próxima atualização.

Quero saber os comentários, as ideias, as sugestões... tudo!
Até a próxima, mamãe ama vocês.


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