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História Into The Dead - Capítulo 7


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Muito obrigada por todos que estão lendo ITD! Até aqueles que não comentam e só olham mesmo (mas admito que ficaria mais feliz ainda se vocês mostrassem as caras e deixassem um "oi") kkkkkkkk
Obrigada se de algum modo você divulgou a fic!!
E cá estou eu novamente e pretendo voltar com mais rapidez.
Boa leitura e me perdoe por qualquer erro.

Capítulo 7 - Capítulo 7


LAUREN PDV
 

- Você está bem? – a voz da minha irmã me fez levantar o rosto. – Por que você está sentada aqui na varanda isolada de todo mundo?

- Eu precisava de ar fresco. – respondo, massageando minhas têmporas.

A imagem de Camila enrolada naquela toalha ainda rondava minha mente. Latinas sempre foram o meu forte e ver aquela ali com os cabelos ainda molhados e gotas escorrendo pelo pescoço... oh Deus. Eu sentia falta de sexo. Urgentemente. Mas eu me martirizava, dizendo que não seria com um membro de um grupo desconhecido que eu faria isso.

- O que aconteceu? – perguntou Taylor. Minha irmã me empurra para o lado sem minha permissão e se senta no banco.

- Nada, que droga! – rosno, franzindo o cenho.

- Desculpe, maninha, mas sua cara de cu não me intimida. – cantarolou Taylor, dando de ombros.

Eu lanço um olhar de soslaio para ela e a jovem dá de ombros, simplesmente. Ficamos em silêncio por alguns segundos apenas observando Sofia brincando com uma boneca de pano no jardim. Eu estava um pouco abismada em como a menininha parecia com a irmã.

– Vai... me diz... como está indo sua relação com a ladra de mochilas?

Encaro minha irmã com um olhar duro. Seria possível que eu fosse tão transparente assim ou era apenas aquela coisa que irmãs têm? Porque eu simplesmente não conseguia explicar como Taylor Jauregui sabia o que eu estava pensando.

Compenetrada em minha luta interna sobre responder ou não a pergunta de minha irmã eu não percebi os barulhos dos passos vindo a leste da casa de campo. Não notei os ruídos fracos dos três andarilhos se aproximando dos pequenos arbustos plantados na terra compactada, que serviam como uma leve proteção ao início do jardim.

- É sério, você deveria ser mais amigáv...

Taylor mal tem tempo de terminar sua fala, pois nossos corpos congelaram ao avistarmos os três seres cambaleantes já se desvencilhando dos galhos secos que haviam se prendido na pele necrosada e pegajosa de suas pernas. Eu jurava ter visto um pedaço de tecido epitelial ficar pendurado e pingando uma gosma negra.

A primeira zumbi loira vestia um blusão velho e rasgado, banhado por um sangue seco. O segundo morto estava sem camisa e seu peitoral estava cheio de arranhões tão profundos que era possível ver a caixa torácica entre os músculos podres.  O terceiro era um jovem, não tinha um braço e a mandíbula estava pendurada na pele de seu rosto.

Mas isso não era o problema.

O problema era que os três já tinham os braços esticados e mandíbulas batendo em direção de Sofia que brincava distraidamente, sentada na grama fofa do jardim.

- Oh meu Deus! – sussurro, levantando-me já em um supetão.

Os grunhidos típicos se tornaram ainda mais raivosos quando os mortos perceberam meus movimentos. A zumbi loira aumentou a velocidade de seus passos em direção da criança e já praticamente sorria ao ver um prato tão fácil de conseguir.

- SOFIA! – eu a alarmo.

A menininha levanta o olhar para mim assustada. Sofia olha para trás e se desespera ao ver os três andarilhos rosnando em sua direção. Ela começa a se rastejar para trás em uma tentativa frustrada de escapar dos mortos.

- Socorro! Socorro! Kaki! – ela grita compulsivamente, chorando enquanto engatinhava. – SOCORRO!

Pulo todos os degraus da varanda e corro até a menina, agarrando-a com um braço e a apertando contra meu corpo ao erguê-la. O andarilho sem camisa rosna perto do meu ouvido direito e eu dou um murro na lateral da sua cabeça com a gosma de sua pele negra grudando na minha mão. Ele rodopia, mas continua em pé e andando em minha direção. Sofia chorava alto contra o meu pescoço e meu coração batia descompassado.

Taylor também já se encontrava de pé e tentava chamar a atenção do andarilho jovem para o outro lado jardim. A zumbi loira estava à minha direita e em um ato de desespero eu chuto sua coxa esquerda, fazendo seu fêmur frágil partir ao meio e ela cair desengonçadamente no chão.

- AAH! – eu escuto o grito de Sofia e sinto um par de mãos esqueléticas fortes segurarem meu braço direito.

- Droga! – eu rosno, tentando me desvencilhar das tentativas de mordida que o zumbi sem camisa tentava dar em meu braço. Novamente eu consigo atingi-lo de lado e ele cambaleia, tropeçando na zumbi loira que se rastejava pelo gramado fofo em minha direção.

Tudo aquilo havia acontecido em menos de 10 segundos.

Eu já colocava a mão livre em minha faca no cós da calça quando a porta principal abriu em um estrondo e Camila desceu os degraus da varanda correndo. Ao ver que sua irmã estava segura nos meus braços, ela se jogou sobre o zumbi sem camisa fazendo ambos caírem ao chão. Ela retira uma faca do interior de sua bota e o enfia bruscamente lateral do crânio do morto, recebendo em suas mãos um jato negro de gosma encefálica.

Tento colocar Sofia no chão para me livrar da zumbi loira, mas a menininha se agarra ainda mais forte em meu pescoço parecendo um bebê coala que se nega a desgrudar da mãe. Seu pequeno corpo estava trêmulo e ela ainda chorava com os olhos fechados.

- Pode deixar... – escuto a voz de Chris se aproximando.

Meu irmão rapidamente agarra um tufo de cabelo loiro da zumbi e enfia uma canivete na lateral do crânio da andarilha que para de se mover no mesmo instante.

Ao fundo Troy e Austin já haviam abatido o zumbi adolescente e Taylor estava sentada na varanda sendo amparada por Normani que a ajudava voltar a respirar com normalidade.

- Sofia! – Camila, ao colocar-se de pé, chamou a irmã e a pegou de mim.

- Kaki! - ela choraminga apertando os braços ao redor do pescoço da irmã.

Camila fechou os olhos e apertou ainda mais a irmã contra o corpo. Caminho um pouco para trás, dando-lhes espaço. Respiro fundo, por causa da adrenalina ainda em minha corrente sanguínea.

Ao fundo Chris avisava que não tínhamos mais companhia enquanto Dinah e Ally cuidavam de Claire e Regina na varanda.

E então Camila abriu os olhos e seu olhar se cruzou com o meu. Eu não sabia o que fazer, nem o que dizer. Eu queria ajudá-la. Queria sussurrar alguma coisa que passasse segurança para ela e para sua irmã, mas nada se formava na minha mente.

- Muito obrigada, Lauren. – Camila sussurrou quase inaudível por causa dos braços da irmã perto de sua boca. Mas seus olhos conseguiam expressar a gratidão completa.

- De nada. – sussurro de volta, ainda atordoada com sua imensidão de chocolate.

Nossos olhares continuaram conectamos por mais meros segundos. E em seguida Camila se distanciou para tentar acalmar Sofia dentro da casa e meu irmão caminhou até mim, preocupado.

- Você está bem? – pergunta Chris, com a mão no meu ombro.

- Sim. – respondo, afirmando com a cabeça.

- Tem certeza? – o rapaz passava a outra mão por meu rosto procurando por algum arranhão ou algo do tipo.

- Sim. Eu estou bem! – bufo, sem paciência. Odiava que me tocassem quando eu estava nervosa.

- Você salvou a vida da garota... você arriscou a sua própria. – ele parecia impressionado.

- Qualquer um teria feito o mesmo, Chris. Não seja hipócrita!

Christopher arqueia as sobrancelhas surpreso com minha resposta rude. Tiro sua mão do meu ombro e me distancio da cena, caminhando para o interior da floresta fria. Meu corpo estava trêmulo por causa da bomba de adrenalina que recebeu.

Eu quase havia morrido. Eu ainda podia ver os poucos centímetros que separavam os dentes podres do zumbi sem camisa do meu braço. Eu quase havia morrido de graça ali.

“De graça?” rapidamente uma voz interna me contrapôs. “Você salvou a irmã da Camila, sua idiota!”

Eu balanço a cabeça negativamente, negando-me a acreditar que eu estava criando algum tipo de ligação com aquele grupo. Não podíamos fazer aquilo! Iríamos nos separar em poucos dias e cada um seguiria seu caminho. Nós iríamos para o CDC da Georgia e eles que eles fossem para o caralho à quatro, mas que deveria ser para longe do meu grupo.

Ter sentimentos por pessoas estava me dando medo. Eu havia passado tempo demais apenas com os membros do meu grupo e aceitar novos na altura do campeonato era arriscado.

Ainda mais depois do que aconteceu com alguns de nós...

Um pouco mais calma e talvez meia hora depois eu voltei para o interior da casa de campo. Todos agora compartilhavam daquele clima tenso banhado ao medo de mais intrusos aparecerem.

Austin deu a ideia – finalmente uma inteligente – de aumentarmos a guarda e colocarmos algo para anunciar quando intrusos chegassem. Com a ajuda de Normani, Chris e Taylor, ele pegou alguns rolos de barbantes que havíamos achado e amarrou nas árvores próximas. No fio estavam presas algumas latas de alimentos vazias e outros metais que fariam barulho caso algo ficasse enroscado.

A noite caiu e todos já se encontravam novamente reunidos na sala da casa. As expressões dessa vez estavam mais descansadas, melhores talvez por causa do banho e água abundante que agora tínhamos.

Troy e Normani já terminavam de preparar a simples sopa de cogumelos e peixes pequenos – alguns que conseguimos pescar.  Austin estava sentado afastado no lado leste, ao lado da porta, como vigia e Taylor perto da janela para observar ao longe. O restante conversava baixinho uns com os outros.

- Então... – Taylor falou um pouco mais alto, para chamar a atenção de todos. – O que vocês faziam antes do mundo virar essa merda?

Eu suspirei. Taylor sempre fora a irmã que mais queria se enturmar.

- Eu ajudava meu pai. – Dinah respondeu prontamente. Outra comunicativa...

- E ele fazia o quê? – pergunta minha irmã, virando-se na cadeira para poder conversar melhor com a mais nova ouvinte.

- Ele era mecânico. Às vezes também fazia bicos de carpinteiro.

- Isso explica sua habilidade com o machado, talvez? – Troy murmurou, com um sorriso amigável. Ele manejava o nosso jantar com maestria. Às vezes me perguntava se ele tinha todo aquele jeito cuidadoso porque precisou cuidar da filha sozinho desde o momento que ela veio à Terra.

- É... Os Hansen sempre foram durões. – responde Dinah brinca fingindo um ar de superioridade, enquanto brincava com os dedinhos da irmã. – Nossa família é enorme!

Seu sorriso contagiante foi diminuindo aos poucos e todos nós rapidamente entendemos o porquê.

- Pelo menos era. – ela completa, com um suspiro.

Camila estava sentada ao lado da amiga. A latina passou a mão esquerda pelo ombro da loira em um afago de apoio. Sofia estava sentada ao lado de Regina que estava no colo da irmã.

- Eu sinto muito... – Taylor sussurrou, com uma expressão chorosa.

- Não sinta. – Dinah retrucou, inspirando fundo para tentar esvair a tristeza. – Eu, na verdade, não sei como eles estão. Eles ficaram na Califórnia... Nós perdemos contato depois que os sinais de satélite caíram. A última vez que liguei para eles a família toda estava refugiada em uma área de quarentena organizada pelo estado.

- E isso foi há quanto tempo? – Chris perguntou.

O rapaz estava sentado ao lado da lareira na qual havíamos colocado algumas madeiras – pequenas, com o intuito das chamas não chamarem atenção – para nos aquecer um pouco.

- Eu acho que há nove ou dez meses atrás. – ela engoliu o bolo de choro que aos poucos se formava em sua garganta. – Eu nem sei se eles ainda estão vivos...

- Se eles estavam na área de quarentena pelo menos uma chance tiveram. – Taylor a encorajou. – Não se martirize por algo que não tem certeza.

- E como você veio parar aqui em Miami? – perguntou Normani. Ela estava de costas enquanto manejava a sopa dentro de uma panela grande.

Ergo uma sobrancelha ao ver a morena finalmente dirigir uma palavra à loira. De todos ali, a única que não havia se dado bem com o humor contagiante de Dinah Jane havia sido Normani Kordei. Ambas pareciam dois imãs opostos. Bastava um olhar entre as duas que o campo magnético ficava completamente louco.

- Eu recebi uma proposta de emprego. A mãe de uma amiga minha disse que por aqui havia mais vagas para pessoas com pouca experiência e que não haviam terminado o Ensino Médio.  – Dinah respondeu e deu de ombros, fingindo que não se importava. – Eu não pensei duas vezes em trazer minha irmãzinha comigo. Meu objetivo era conseguir juntar algum dinheiro, mandar um pouco para casa e aos poucos me estabilizar e assim trazer mais gente para cá.

- E... como foi o início do Apocalipse para você? – Taylor perguntou. – Onde você estava?

- Vamos mesmo fazer isso? – perguntou Austin, incomodado.

- Sim, tio Austin, nós vamos. – Regina murmurou, com uma carranca fofinha. – Deixe minha irmã contar a história, ok?!

- É, tio Aus, fica quieto! – Sofia completou, dando uma risadinha cúmplice com a amiguinha.

A boca do rapaz se abriu ao ver o pequeno complô contra si. Eu, sinceramente, precisei colocar as mãos na frente da boca para não soltar uma risada alta. Nem Claire suportou e deu uma risadinha. E ver a loirinha rir depois de tanto tempo me fez um pouco mais feliz. Troy compartilhou um sorriso genuíno com a filha e eu vi o alívio em seu rosto.

Nem as crianças suportavam o cara. E naquele momento eu havia começado a gostar ainda mais de Sofia e Regina.

- Eu estava em meu apartamento. – Dinah começou contando, enquanto lançava um olhar cheio de carinho para a irmãzinha, que brincava entretida com Sofia. – Havia acabado de chegar do emprego temporário de secretária de uma pequena empresa. O cansaço era algo terrível e eu não estava acostumada em ter que pensar em tudo e fazer tudo. Mas, sinceramente? Sinto falta das minhas antigas preocupações. Naquela noite a única coisa que martelava na minha cabeça era que precisava arrumar mais dinheiro para conseguir fazer uma compra farta no final de semana, já que minha monstrinha aqui acabava com uma caixa de cereal a cada dois dias. Eu abri a porta do apartamento e coloquei minha bolsa na pequena poltrona antiga. Corri para o banho e depois de limpa, dei umas mordidas em uma maçã enquanto novamente me dirigia para fora do apartamento. Eu precisava pegar Regina na creche ali perto. Eu sempre utilizava aquela meia hora de diferença entre o fim do meu expediente e do fim do horário da creche de minha irmã para poder descansar... antes que ela chegasse e enchesse aquele lugar com suas risadas e humor infantil. – murmurou, com um sorriso bobo no rosto.

- O jantar está pronto. – Troy anunciou, desligando as chamas do fogão portátil.

Levantei-me e o ajudei a distribuir os pratos para todos. Austin também se voluntariou em buscar água e sumiu para o interior da casa de campo por alguns segundos. Franzi o cenho ao perceber o comportamento acuado do homem. Desde cedo ele não havia dirigido uma palavra a nós. Pelo visto eu não era a única incomodada ou temerosa com a união dos grupos.

- Era pra ser uma noite normal. – Dinah continuou e agora seu olhar estava perdido nas chamas da lareira. – Eu pegaria Regina, voltaríamos para casa e comeríamos cada uma caixa de cereal enquanto assistíamos a alguma serie no CW.  Fazíamos isso toda noite e amávamos isso. Mas então... quando eu saí do apartamento... algo estava errado.

 

NARRADOR PDV

 

Aproximadamente um ano e alguns meses atrás...

 

Dinah Jane odiava escadas. A loira de cachos volumosos que caíam até o meio de suas costas praguejava aos quatro ventos o quanto queria que seu apartamento tivesse um mísero elevador. Mas ela não podia pedir muito, pois já tinha além do que esperava ter.

Ela saiu pela porta da escada e caminhou pelo hall apertado onde, Todd, o recepcionista, ficava sentado em um banco de madeira encardida.

Geralmente o rapaz de 18 anos, sobrinho de um velho careca e nojento que fedia a tabaco – real dono do apartamento de classe média baixa onde vivia – não pensava duas vezes em jogar flertes para cima de Dinah. A loira até gostava, porque significava que mesmo focada em apenas conseguir algum dinheiro e não em sua beleza, os homens a notavam.

Todd era mediano, tinha algumas espinhas na testa por causa da adolescência, dentes bem arrumados resultantes de anos de aparelho e o cabeço bagunçando porque assim dizia ser mais “descolado”. Mesmo parecendo lento demais, era um bom rapaz. E Dinah gostava de às vezes passar o tempo conversando com ele no hall. Seus assuntos não eram os melhores, mas ele sabia a entreter enquanto tagarelava sobre alguma coisa que via na TV e com cantadas baratos.

Dinah até prometera ao garoto que sairia com ele no próximo Sábado para assistirem a um jogo de basquete.

Mas naquele fim de tarde Todd não a esperava com um sorriso genuíno nos lábios. O rapaz estava de costas para ela e encarava compenetrado a pequena TV de 21 polegadas em cima do balcão apertado.

- O que aconteceu, Todd? – Dinah se debruçou sobre o pequeno balcão e tentava ver o que o rapaz tanto olhava para TV.

O rapaz se assustou com a voz repentina e colocou as mãos sobre o peito.

- Jesus... DJ! Não faça isso! – o rapaz pediu. Seus olhos estavam arregalados e um leve brilho de suor estava em sua testa, deixando claro seu possível nervosismo ou medo.

- O que aconteceu? – dessa vez Dinah perguntou mais receosa.

Na TV o repórter cobria algum tumulto em uma praça no lado noroeste de Miami.  Era um homem já mais velho, alguns fiapos de cabelo branco já pareciam lhe dando um pequeno charme e ele vestia um terno fino. Atrás dele pessoas gritavam e se expressavam como se estivessem em uma espécie de manifestação.

Pelo menos foi isso que Dinah entendeu por suas expressões.

- Parece que atiraram contra um monte de gente nessa praça. – Todd explicou, voltando a encarar a TV. Policiais tentavam controlar o povo. A loira franziu o cenho ao perceber que em vez de manifestarem, eles estavam eram correndo de algo.

- Sem nenhuma razão? – Dinah retrucou, indignada.

- Pelo visto sim. O câmera não quis mostrar, mas as pessoas estavam descontroladas quando os policiais atiraram contra elas. Elas... estavam estranhas.

- Como assim estranhas? – ela bufou.

- Como se estivessem tendo um ataque de raiva, sei lá. – Todd se virou para a loira e engoliu seco. – Eles estavam pulando em cima de outras pessoas!

- Isso é sério? – Dinah sussurrou, temerosa. Seu coração já estava apertado.

- Sim... Olha, DJ... eu acho que você deveria ir buscar a Regina e voltar logo. Já está começando a escurecer. Sei que o tumulto está longe daqui, mas é melhor você se prevenirem. – Todd falou. Seu tom voz realmente transmitia seu nervosismo. – Você quer que eu lhe acompanhe até a creche?

- Não precisa. – Dinah respondeu e um pequeno sorrisinho nasceu em seus lábios. O rapaz era realmente fofo, pensou. – São apenas quatro quarteirões daqui. Volto em menos de vinte minutos.

A loira deixou um leve beijo na bochecha do rapaz e seguiu para fora do apartamento. A jovem se aconchegou melhor em seu suéter rosa bebê e apertou a bolsa contra o corpo. Os vestígios do fim do dia bailavam pelo horizonte de Miami e céu estava uma mistura de cores linda.

Ela caminhava rente à calçada enquanto cantarolava uma canção aleatória. Faltava apenas mais uma esquina e ela já podia avistar a creche onde sua irmãzinha estava. Fazia planos para o dia seguinte, já que teria de procurar um salão de beleza para se arrumar com o intuito de ir pelo menos apresentável Sábado.

Todd era um cara legal e sua mãe implorava que ela achasse caras legais.

Tudo continuava dentro na normalidade até que a loira ergueu o olhar e percebeu que as expressões das pessoas que passavam perto de si na calçada não estavam nada felizes. Claro que com o final do expediente e do dia chegando, cansaço era algo que se esperava ver no rosto das pessoas em seus ternos e roupas de trabalho.

Mas não medo.

Não desespero.

Não lágrimas.

- Que merda está acon... – a loira mal teve tempo de terminar de falar quando um grito de dor ecoou pela rua.

Dinah virou-se rapidamente procurando pela origem do som e seus olhos se arregalaram ao ver a cena que acontecia na esquina atrás de si. Uma mulher estava prensada contra a parede de uma loja de conveniências e implorava por misericórdia enquanto um homem de aproximadamente quarenta anos rasgava sua jugular com os dentes.

Isso mesmo... rasgava sua jugular com os dentes.

Dinah sentiu suas pernas bambearem por alguns segundos com a cena violenta à sua frente. O homem puxava a pele da mulher entre os dentes e a mastigava como se fosse um prato muito suculento. O fluxo de sangue jorrava em todas as direções, os gritos aumentavam, as mãos do homem penetravam na barriga da mulher criando buracos com suas unhas. Seus olhos estavam esbranquiçados e ele grunhia algo incompressível.

Outro grito ecoou. Dessa vez na esquina à sua esquerda. Dinah virou-se rapidamente e viu uma jovem correndo desesperadamente pedindo por socorro. Uma outra mulher, gorda e com roupa manchada de sangue a perseguia com os braços esticados e grunhindo raivosamente.

De repente tudo se tornou um caos.

Pessoas corriam em todas as direções.  Imploravam por ajuda. Outros diziam “ASSASSINOS!”. Os carros freavam bruscamente no meio da rua porque as pessoas passavam pelo asfalto correndo. Alguns indivíduos entravam nos veículos para se proteger dos outros seres raivosos que batiam contra os vidros tentando entrar.

Dinah não pensou duas vezes e começou a correr em direção da creche. Seu coração batia tão forte dentro de seu peito que li estava dando leves vertigens.  Seu estômago embrulhava de medo de ser atacada por uma daquelas pessoas malucas.

A loira abriu o portal do jardim da creche com suas mãos trêmulas e entrou no local amplo já gritando pelo nome da irmã. Ela mal pensou que ali poderia ter crianças dormindo ou tranquilamente brincando. Ela só queria sua irmã em seus braços e dar o fora dali, pensando até que Todd poderia fechar o apartamento e as proteger.

Regina que estava concentrada em colorir algumas folhas de papel ouviu os gritos da irmã e rapidamente se assustou.

- Vamos, querida. Vamos! – Dinah a chamou já com a mão estendida.

Dona Maria apareceu por entre um dos corredores e estranhou o comportamento da loira maior.

- O que foi, Senhorita Hansen? O que aconteceu? – A mulher de trinta e cinco anos perguntou. Ela usava um vestido florido que, pelo menos um pouco, conseguia desfaçar suas gordurinhas.

- Tem um bando de loucos aí de fora. – Dinah respondeu, exasperada. – Eu preciso levar minha irmã embora. – disse e voltou a olhar para Regina que a encarava com os olhos arregalados. – Vamos, querida. Pegue sua mochilinha e vamos! – pediu dessa vez com um tom mais brando para não assustar tanto a criança.

Regina prontamente concordou com a cabeça, ainda meio desconfiada. Sua irmã não costumava se portar daquele jeito, mas talvez ela só estivesse estressada demais com o trabalho. O que ela quis dizer com pessoas loucas? Dona Maria uma vez havia lhe dito que pessoas loucas eram aquelas que não costumavam pensar e agir como as pessoas normais. Por que então que as pessoas lá fora agora estavam assim?

Pensando nisso a menininha correu até a sala de estar da creche e pegou sua mochilinha da Frozen. Ela amava aquele desenho.

- Onde estão as crianças? – Dinah perguntou olhando para os lados e vendo que mais ninguém se encontrava na creche.

- Você foi a última, senhorita. Aparentemente algo fez os pais buscarem as crianças mais cedo hoje. Eles estavam um pouco preocupados como você. Algo estranho está acontecendo, mas nenhum conseguiu me explicar com clareza. – Dona Maria falou, docemente.

- Você não ligou a TV hoje? – Dinah perguntou. Ela se sentia culpada por ter passado o dia todo enfurnada no trabalho e não ter se informado sobre nada nos veículos de mídia. Nem um maldito telefone com internet a loira tinha.

- Não. As crianças estavam mais agitadas hoje e apenas brincadeiras ao ar livre as acalmaram. Não tive tempo. Por que pergunta? – Dona Maria agora estava visivelmente preocupada. – O que quis dizer com bando de loucos?

Dinah olhou ao redor para ver se a irmã não estava escutando e se aproximou da dona da creche.

- Eu vi um cara arrancar a jugular de uma mulher a menos de cinco minutos. As pessoas enlouqueceram e estão correndo atrás das outras. Deve ser algum surto de raiva ou algo do tipo, eu não sei! Eu só sei que preciso pegar minha irmã e voltar urgentemente para o meu apartamento! Lá estaremos seguras!

Ao ver que Regina estava demorando demais, Dinah foi até o seu encontro. Não esperou muito e a ergueu em seus braços, obrigando a irmã a agarrá-la de qualquer jeito, mas firmemente. A loira não esperou que Dona Maria a questionasse mais e tratou de caminhar com passos rápidos para fora da creche.

Mas parou de andar no momento que viu uma cena que fez a maçã que havia comido remexer dentro de seu estômago.

Uma mulher estava inclinada sobre um homem na calçada. Ela já havia abrido a blusa social do cara e agora mordia e rasgava seu abdômen fazendo sangue se espalhar por todos os lados. O homem gritava de dor e isso fez Regina se remexer em seus braços. Dinah tampou os olhos da irmã a impedindo de ver aquilo.

A mulher puxava o intestino delgado do homem para fora e o mordia como se fosse um simples estilete de macarrão mole. O homem ainda estava acordado, mas agonizava a se ver sendo devorado vivo.

- SOCORRO, POR FAVOR! – ele berrou ao ver que Dinah o encarava aterrorizada. Ele esticou o braço trêmulo em direção da loira que continuava petrificada na porta da creche. Dona Maria também estava ao seu lado, boquiaberta.

A zumbi que estava saboreando as entranhas do homem se virou na direção de Dinah, Regina e Dona Maria. A mulher soltou um grunhido monstruoso e lentamente se colocou de pé, já começando a rastrear suas novas presas. Seus passos eram atrapalhados, ela pisava errado com os pés, a cabeça constantemente pesava para um lado e sua mandíbula batia. Sua pele estava pálida onde veias roxas e volumosas apareciam.

Aquilo não era humano, Dinah rapidamente concluiu.

- Entrem... – Dona Maria sussurrou ao lado de Dinah. A mulher já dava passos temerosos para dentro da creche. – AGORA!

 

Lauren PDV
 

Atualmente...
 

- Dona Maria... – Taylor murmurou. Seu prato já estava vazio assim como de todo mundo ali. – O que houve com ela?

- Nós passamos a noite na creche. Muita coisa aconteceu... e... – sua voz falhou e eu percebi que ela não queria mais falar sobre aquilo.

- Está tudo bem. – eu murmuro e ela ergue o olhar cheio de lágrimas para mim. – Nós podemos falar sobre isso depois. Tome seu tempo.

Dinah deu um sorriso tristonho para mim e agradeceu silenciosamente. Meu foco de visão seguiu e eu percebi que Camila me encarava. Sua imensidão chocolate estava diferente das últimas vezes que a estudei. Parecia que havia algo diferente ali. Gratidão?

- Eu sinto falta do cereal. – simplesmente Regina murmurou, com um muxoxo infantil.

Aquele comentário genuíno fez todos ali darem pelo menos um sorriso. Mesmo com o medo estampado em nossos rostos cansados, uma jovem e inocente alma de criança ainda era o melhor daquele mundo. Até Normani e Austin que tinham carrancas em seus rostos estavam rindo daquela cópia de Dinah Jane.

Até eu sorria, mesmo estando em uma luta interna:

Dar ou não espaço para o grupo de Camila se integrar?

 

 

Naquela noite eu fiquei de vigia com Troy e acabei adormecendo na sala de estar. Quando acordei percebi que estava em uma posição nada confortável no chão gélido e empoeirado. Isso no mínimo me daria um bom torcicolo.

Sento-me na almofada antiga e estico meus braços tentando retirar toda aquela preguiça matinal. Ainda meio grogue eu olho para meu tornozelo direito e vejo que o inchaço já era quase imperceptível. Apenas algumas manchas amareladas estavam ali ou aqui, mas pelo menos eu já não mancava ou sentia dores.  

Coloco-me de pé e amarrando meus cabelos em um coque frouxo caminho em direção da cozinha da casa. Me deparo então com um mapa esticado em cima da mesa de centro.

Meu irmão estava escorado à pia e vestia um moletom preto e, finalmente, havia feito a barba. Agora mais do que nunca o rapaz parecia ser apenas um adolescente.

Normani estava sentada em cima da mesma pia e vestia jeans surrados e uma camisa grande. Mesmo estando simples a morena ainda era irresistivelmente linda. Chegava a dar até raiva.

E Dinah estava em pé encarando o mapa em cima da mesa. Seus braços estavam sobre a mesa e ela tinha um cenho franzido, como se pensasse na solução de um problema. A loira vestia uma jaqueta azul marinho e jeans.

Pelo visto eu havia acordado tarde demais e todos já haviam ido ao lago se banhar.

- O que é isso? – pergunto, com os olhos semicerrados por causa da claridade. – Quantas horas são?

- É um mapa rodoviário da região. Achamos no meio de algumas coisas. – responde Dinah, ficando ereta e menos concentrada no que estava fazendo. – Não é muita coisa, mas dá para ter uma ideia de onde estamos. Pelo sol a pico já são mais do meio dia, dorminhoca. – ela cantarolou, levantando o olhar para me provocar. Eu bufo, coçando os olhos.

- Aqui. – apontou Chris, colocando o dedo em um ponto do mapa. – É a casa de campo. E aqui... – ele continua, deslizando o dedo pelo papel. – É o lago.

- Precisamos de mais suplementos se vamos ficar por mais algum dias aqui. – comentou Normani e eu fico admirada finalmente por seu comportamento em grupo.

- Podemos voltar até Miami. – a voz de Camila alarmou a todos. Dou um passo para o lado para olhá-la.

Ela estava encostada a uma antiga geladeira atrás de mim. Seu semblante parecia calmo e tinha os braços cruzados na frente do corpo. Vestia uma camisa xadrez vermelha grossa e uma legging que marcava muito bem suas pernas torneadas. Em sua bota preta estava sua faca, ao alcance.

- É muito arriscado voltar pelo mesmo caminho que viemos. – digo, não querendo retrucá-la, mas já o fazendo. – A horda pode ter nos seguido e o mínimo barulho que fizermos vai atraí-la para cá.

- Não precisa ser pelo mesmo caminho. – Camila replicou, me lançando um olhar de soslaio. Ela dá um passo à frente e coloca o dedo em um ponto do mapa. – Aqui é rodovia que viemos, certo? – Chris afirma rapidamente que sim. – Olhe essas adjacentes... – ela diz. Inclino-me e vejo mais três rodovias seguindo a leste de Miami. – Elas também adentram em Miami e aqui é um bairro mais afastado da cidade. Era uma espécie de condomínio. Já fui lá antes de tudo acontecer...

- As estradas podem estar interditadas com carros abandonados. – Normani comentou, cruzando os braços na frente do corpo para desafiá-la. – Muitas pessoas devem ter fugido de lá ao mesmo tempo...

- Além que o condomínio pode estar repleto de zumbis. – Dinah murmurou, sendo racional. Ela dá um sorriso triste para amiga dizendo “Sim, infelizmente eu concordo com a Normani”.

- Os zumbis podem ter ido para a cidade. – mas Chris retrucou, sendo otimista. – Os barulhos podem os ter atraído...

- Só saberemos se formos lá. – Camila diz, dando de ombros.

 E então todos olham para mim esperando por minha resposta.

- Bem... – falo, ainda pensando. – Pelo que posso ver a rodovia que leva ao condomínio é a menor. Não podemos desperdiçar tanta gasolina. Temos apenas meio tanque no meu carro.

- Meio tanque é o suficiente para ir por essa. – Chris falou, convicto. – Provavelmente há algum posto de gasolina lá.

- Então vamos amanhã? – perguntou Dinah.

- Sim. – respondeu Chris. – Amanhã cedo partiremos.

- Quem vai estar no grupo? – perguntou Normani.

- Eu vou. – Chris anuncia. – Dinah, Camila? – ele perguntou, cordialmente. – Vocês parecem ter experiência e são rápidas.

- Nós vamos. – Dinah responde por ela e Camila que apenas assente com a cabeça.

- Acho que não seria uma boa você ir, Christopher. – Normani murmura baixo. – Não quero parecer indelicada... – diz, olhando para Dinah e Camila. – Mas alguém precisa permanecer aqui para ficar de olho no amigo de vocês.

- Austin? – perguntou Camila, erguendo uma sobrancelha.

- Não me sinto segura com ele. Desculpe-me. – a morena deu de ombros.

- Tudo bem. – Dinah suspira, cansada. – As ações dele fizeram por merecer.

- Eu vou. – digo. Os três olham para mim, agradecidos. – O Troy também é rápido e como ele mesmo disse, conhece de plantas. Mapas não serão problemas.

- Vou falar com o Troy. – meu irmão fala saindo da cozinha.

Suspiro e massageio minhas têmporas. Pensar que precisaria sair por aí novamente já me cansava. Eu só queria alguns momentos de paz.

Mas pelo visto tínhamos que ter comida para ter momentos de paz.

E um pressentimento ruim me dizia que algo ruim estava prestes a acontecer por causa disso... Algo bem ruim...


Notas Finais


E aí? Alguém tem alguma sugestão para o que pode acontecer?


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