História Into You - "I will always love you"

Margarida se olhava no espelho a mais de quatro horas. Não conseguiu dormir a noite toda,não so por conta do velório,mas também porque a unica coisa que seus olhos conseguiam fazer era chorar. Ela passou o velório todo sentanda ao lado do caixão de Diana,segurando em sua mão,so saiu de lá quando Daniel e Mario a convenceram que ela teria que tomar um banho. Nenhum dos amigos ousava deixar margarida sozinha nesse momento, tinham medo de que a mesma cometesse algo ruim.

A caipira deslizou o vestido preto de mangas curtas e comprimento ate o joelhos,nos pés uma sapatilha bege,ela escovou os longos cabelos e fez um rabo de cavalo um tanto desajeitado e deixou algumas mecjas cairem sobre a testa. Suspirou pesadamente e passou apenas um rímel para disfarçar a cara de choro,o que não funcionou,mas ajudou a amenizar.

Ela desceu as escadas da casa do sítio da avó e caminhou ate a sala onde seus amigos a esperavam. No acidente,o carro da menina ficou totalmente destruido na parte da frente,e principalmente, no lado em que Diana estava. Logo após receberem a notícia do falecimento da Ayala,eles decidiram voltar para o sítio, foram recebidos por vera que lamentou junto com a neta a perda tão grande. Mario contatou imediatamente germano e Natália,mas os mesmos apenas sentiram muito e desligaram,como se Diana fosse apenas mais um conhecido na vida dos dois. Os pais da Garcia Zapata se encontravam no local também,mas diferente do que aparentavam,eles estavam satisfeitos com o fato,alias seria a chance oportuna de fazer marga "mudar de time".

A menina chegou na sala e sorriu triste enquanto os amigos faziam o mesmo,se levantando.

-daqui a pouco a gente vai seguir pro cemitério. Como você pediu eu não contatei ninguém, so meu pai,mas enfim... -Mário disse ja sentindo o sangue ferver ao falar sobre o pai.

-obrigado,Mario. Bem,vamos aguardar. Então os pais dela... 

-não vem!-o Ayala disse com amargura na voz e Marga apenas abaixou a cabeça. Ela tentava entender como que alguém poderia abandonar uma garota tão incrível quanto ela. Uma filha exemplar,sempre tirou notas incríveis na escola, ajudava a mãe em tudo,se esforçou para passar no vestibular e conseguiu,estava seguindo seu caminho,seu sonho,mas ele foi interrompido por um idiota que não tinha nada a perder. 

A menina de olhos verdes estava sentada no sofa pequeno,de olhos fechados,segurando o lenço da noiva em suas mãos. Ninguém no local ousava falar nada,nem mesmo Jaime que vez ou outra tentou fazer a menina e Mario sorrirem,mas não deu certo,então ele decidiu respeitar o luto.

Não demorou muito para o carro da funerária chegar,arrumar o corpo da menina e colocar dentro do carro. Logo os amigos se arrumaram em seus carros, Margarida foi junto com Davi, Valéria,Carmem e o irmão,enquanto vera aceitou uma carona no carro de Paulo. O caminho era extremamente doloroso,passar exatamente no local em que perdeu sua noiva era perturbador e fazia margarida querer se matar por não ter protegido a mulher que amava. 

Depois de um longo caminho eles chegaram ate o cemitério,desceram do carro e Daniel junto a Mário foram resolver os últimos detalhes do enterro. Todos se puseram ao lado do caixão assim que o mesmo foi colocado perto da cova onde a menina seria encerrada, a despedida seria ali,a pedido de Marga. 

As orações e sermões começaram,mas a Garcia so conseguia olhar para a noiva deitada naquele lugar. Seu rosto estava contorcido numa expressão um tanto feliz,como se estivesse sorrindo,ainda parecia a mesma menina com quem ela falou pela primeira vez. 

Assim que a missa acabou, um a um dos amigos foram se despedir da menina. E naquele momento qualquer um dos colegas que se mantinham fortes,desabaram literalmente. 

Valéria, Davi, Carmen, Jaime, Adriano,Cirilo e Majo se propuseram a ir primeiro. Ambos deixaram rosas e flores na cor lilás em cima do caixão, fora presentes pessoais. Os sete saíram dali em meio as lágrimas e deram espaço para Alícia, Paulo, Marcelina, Bibi e koki. Os irmãos guerra e o japonês deixaram duas fotos e uma bandana que koki levava na cabeça, na foto Paulo e Marcelina abraçavam a Ayala mais jovem, enquanto sorriam. 

-eu vou sentir sua falta, pigmeu, muito mesmo! -Paulo sussurrou levantando a irma que não se aguentava de tantas lágrimas. Alicia e Bibi foram até o caixao de mãos dadas e deixaram mais rosas. 

-obrigado por ter entrado em nossas vidas, baixinha, te amamos muito! -dito isso Alícia beijou a testa da menina, que cumpriu sua promessa de guardar o segredo da gusman. 

Assim que Daniel e Mário avisaram a Margarida que era o momento, a garota respirou fundo e segurou na mão do irmão. Seus olhos correram pelo caixão e chegaram ate o rosto da noiva, nesse momento Margarida desabou em lágrimas fortes, se apoiando sobre o caixão, Daniel apertou forte a mão da irmã tentando controlar o próprio choro. 

-por que, meu amor? Por que você teve que ir? Por que não me levou junto? Você prometeu que iríamos ficar juntas pra sempre... -Margarida enterrou mais o rosto na curva do pescoço da amada, sua pele ja não tinha mais o cheiro de camomila, seus cabelos já estavam perdendo o brilho, mas mesmo assim, Diana ainda era a garota mais linda que Margarida ja viu. 

-Eu te amo tanto, Di... Eu... Eu sinto que não vou conseguir sem você... Eu... Eu sinto que meu mundo acabou no dia que você se foi, eu não quero viver sem você do meu lado, não quero sonhar meus sonhos sem você, não quero! -a Garcia gritou com a voz embargada. 

-Marga,vem! -Daniel pediu abalado por ver a irma naquele estado. 

-não, Dan. Eu quero ela de volta, ela tem que voltar... -a voz da menina morreu, sendo substituída pelo choro forte. Nesse momento todos os presentes tentaram sentir a dor da menina, mas era impossível, pois só a Garcia sabia o quanto doía ver a noiva ali sabendo que seria a última vez. 

Daniel abraçou a menina, tentando confortá-la, nesse momento Mário chegou mais perto da irmã, o menino deu um sorriso fraco e se abaixou para beijar o topo da cabeça da menina, e não demorou muito para seu coração apertar e sua garganta doer e logo um choro silencioso começar. 

-eu não vou mentir, pequena, mas logo que eu soube que a Natália tava grávida eu te odiei, por que eu sabia que iria ficar de canto, mas quando você nasceu e eu te vi, nossa, foi o melhor presente que eu poderia receber, você foi crescendo e se tornou minha melhor amiga. -Mario pausou a fala para suspirar e tirar um colar que tinha no pescoço onde havia a letra "M". -quero que leve isso com você e se lembre de duas pessoas que sempre estarão aqui, lembrando de você e sentindo sua falta! Eu te amo Maninha! -o menino finalizou e logo depositou o colar no peito da menina. Após isso, Margarida voltou sua atenção ate a garota e sorriu,beijando seus lábios logo em seguida, e então o caixão foi fechado e em seguida lentamente colocado na cova. Antes de tudo alí se acabar, antes de Margarida ter a certeza que nunca mais a veria, ela pegou uma foto em que as duas estavam de mãos dadas, no primeiro aniversário de namoro e jogou na cova e depois viu a terra cobrir o caixão. 

Margarida fechou os olhos, virou sua cabeça em direção ao céu cinzento e sorriu, enquanto lágrimas inundavam sua face. 

-Você é e sempre vai ser a unica garota que eu amei na vida. Obrigado! 

E então o céu desabou em chuvas dando fim aquele dia que nenhum dos amigos gostaria de lembrar. 

[…]

Alicia subiu as escadas sendo sustentada por Carmen,que tinha o rosto vermelho. Elas entraram e colocaram as malas para dentro. Majo e Bibi foram direto para o quarto enquanto as amigas sentaram no sofá,ainda abraçadas.

-não era pra ser assim,Car. Ta tudo errado. Ela não deveria ter morrido,era uma pessoa incrível! -Alícia disse inconformada.

-tudo acontece com um propósito,Ali. Se ela se foi,bem, talves Deus tenha uma vontade maior para todos nós! -Carmen disse tentando consolar a amiga.

-Você acredita nisso? 

-acredito! Acredito que Deus ele tem um propósito certo para cada coisa e cada pessoa, acho que ele precisava da Diana lá no céu! -a nerd falou bondosa.

-mas Car, a Di era bissexual, tem aquela história toda,enfim, acha que Deus recebeu ela? Sabe? 

-e por que ele não receberia? Deus não é sinônimo de amor,ele é amor,então tenho certeza que ele esta nesse momento ao lado da Diana, olhando para nos e pedindo pra que essa dor passe! -dito isso Alícia sorriu e fechou os olhos.

-Carmen,eu sei que não sou a melhor pessoa pra isso,e talvez ele não vá querer me ouvir,mas... Ora comigo? Você sempre diz que isso te acalma nos momentos de desespero e dor! -Alícia pediu acanhada, Carmen apenas sorriu orgulhosa da coragem da amiga e segurou em suas mãos, fechando os olhos em seguida. Dando início a uma oração verdadeira e silenciosa.

[…] 

Mário se jogou no sofá do pequeno apartamento respirando fundo. Mesmo depois de tudo ele preferiu ficar sozinho, ainda que Marcelina tivesse quase implorado para ficar com ele, o Ayala insistiu para ficar sozinho,pois era ali,no silêncio que ele poderia finalmente demonstrar o quão doloroso aquilo era. Ele fitava uma fotografia de Diana enquanto lágrimas escorriam por seu rosto, tudo estava se tornando tão incerto agora. Quem ele chamaria quando quisesse assistir a algum jogo? Quem ele irritaria so pra fazê-la sorrir? Não havia ninguém,não mais.

Mesmo com a dor,Mário estava preocupado,ele sentia que ainda não tinha caído a ficha, sentia que ainda quebraria em algum momento e tinha medo disso. Ele não estava preparado para finalmente ver que Diana nunca mais voltaria. 

[…]

Germano e Natália estavam abraçados em sua cama. Um tentando se apoiar no outro,tentando encontrar forças,mas não tinham. Qualquer vestígios do coração de pedra que haviam nos dois desabaram no momento daquela ligação. A filha que eles tanto rejeitaram e odiaram partiu. Se foi. Sem ao menos dizer adeus. Nesse momento o casal viu que todo o ódio e rancor não serviu de absolutamente nada.  

O pior de tudo foi que apenas depois de perder a filha,eles reconheceram que deveriam ter dado valor a mesma enquanto ainda estavam aqui. O problema era que remorso não adiantava de nada agora. Diana havia ido embora para sempre, tudo o que restava da linda garota de pele branca e de um gênio doce e calmo, eram as lembranças. 

[…]

Seus lábios vermelhos cantatolavam um canção conhecida,enquanto ela chorava silenciosamente ao lado do irmão,que estava abraçado a ela. Margarida fitava a lua grande do lado de fora pela janela e tentava entender se ainda havia jeito para recomeçar, se ainda havia como se recuperar, se tinha jeito de ela amar novamente. Sua mente dizia que sim,que ela poderia seguir em frente,mas seu coração, esse ainda sangrava e só trazia a certeza de que ela jamais conseguiria amar alguém como amou Diana. Talvez,apenas talvez, ela pudesse encontrar alguém, simpatizar, casar, ter filhos,enfim. Uma vida instável de qualquer pessoa. Nada demais.

[…]

Já era a décima vez que Jorge ligava para o celular de Diana, e a mesma não atendia. Ela havia pedido o dia de folga do estágio durante o final de semana e Jorge cedeu com tanto que a menina trabalhasse na segunda,terça e quarta para pagar, mas a garota não apareceu na segunda e nem hoje.

-Vamos Diana,preciso de você! -o loiro rosnava andando de um lado para o outro, já estava tão acostumado a entregar os problemas financeiros nas mãos da garota que agora tinha perdido o jeito com números, tinha medo de se atrapalhar. 

A garota não atendia,então se lembrou que as vezes Diana pegava carona com Luana e as amigas, decidiu então ligar para a mesma. 

Depois de dois bipes a voz sonolenta e embargada da gusman soou do outro lado da linha.

"Jorge?"

- Luana,finalmente. Eu já estava desesperado, a Diana não atende e eu preciso dela aqui! -o cavaliere disse suspirando aliviado. Nesse momento Alícia fechou os olhos, sentindo novas lágrimas. 

"você não sabe,não é?" -a menina perguntou e jorge franziu a testa.

-não! O que houve? Ela ta doente? -o homem perguntou sentando em sua cadeira.

"Jorge...a Diana morreu." -nesse momento o loiro arregalou os olhos e prendeu a respiração.

-como assim, Luana? -ele gritou nervoso.

"Na volta do sítio, depois que viemos do aniversário da namorada da Di, houve um acidente com o carro dela e... A Diana foi a mais atingida." - Alícia falou como se um filme passase em sua mente.

-ai meu Deus,eu... Eu sinto muito,Luana... Nossa! -o loiro ainda estava sem acreditar. Em um momento Diana era uma garota cheia de sonhos e projetos, agora era mais uma jovem que entrou nas estatísticas de morte em acidentes nas estradas. -sinto muito...

E tudo o que jorge conseguiu fazer depois disso foi desligar o celular e se jogar contra sua cadeira. Seria difícil se acostumar sem a presença da garota ali.

-espero que você esteja em um bom lugar, Ayala!