História Into you - Inesperado

SPENCER POV

 Acordei com o despertador tocando um barulho estridente. Eu havia dormido muito, não tinha noção do quanto estava cansado até perceber todo o tempo em que passei entregue a Morfeu. Estava agora bem desperto, mas me lembrei por que estava aqui em Quantico e não em Los Angeles e fiquei alegre. Pus-me de pé e me arrumei, não fiz café em casa. Eram 7:00 quando saí, eu gostava de chegar sempre com antecedência aos lugares, apesar de que iria passar em um café no caminho. Meu celular fez um barulho, avisando que tinha mensagem. Quando estacionei o carro para ir até o café, a li. Era o pessoal da equipe me desejando boa sorte e dizendo que não fazia sentido me sentir inseguro, pois eu era brilhante. Garcia tinha feito um gif meu lendo e fazendo anotações. Achei muito fofo. Iria agradecer pessoalmente mais tarde. Entrei no café e fiz o meu pedido: um duplo extrafote e biscoitos de canela. A minha avó fazia esses biscoitinhos para mim quando criança, e havia muito tempo que eu não os comia, então comprei, mesmo sabendo que o sabor não seria o mesmo. Nada se compara a comida da vovó: é maravilhosa! Peguei o meu pedido e voltei para o carro onde eu comi. Eu não gostava de comer no carro, mas hoje eu não queria correr o menor risco de me atrasar para chegar à reunião. A minha expectativa era grande e na minha habitual bolsa eu carregava blocos de anotação, meu notebook, canetas e cinco impressos do meu trabalho renovado. Eu estava começando a ficar ansioso e, assim que terminei de comer em menos de 5 minutos (pouco tempo demais), dei partida no carro e segui meu caminho.

BELLA POV

Apesar de ter uma reunião marcada, passei a noite trabalhando em meu apartamento. Tomei muito café e, para não dizer que não dormi nada, cai no sono por umas duas horas. Quando eu acordei já era 7:00 da amanhã e então lembrei que tinha reunião. Coloquei os meus óculos e foi ao banheiro me arrumar e, quando vi aminha imagem  refletida no espelho, percebi que a minha aparência não era das melhores. Não que eu me importasse com isso, mas o problema é que eu estava com uma cara de destruída. Tinha olheiras profundas, meus olhos estavam um pouco vermelhos e ardendo. Minha expressão era de puro cansaço e meu cabelo estava todo bagunçado. Tomei um banho rápido e um pouco mais frio do que era acostumada a tomar, para me despertar. Terminei o banho, pinguei um colírio daqueles que umidificam os olhos para ver se melhorava a ardência, coloquei os óculos e sequei o cabelo. Então fui trocar de roupa. Coloquei um vestido soltinho preto com um cardigan vermelho por cima. Calcei os meus sapatos tipo Marry Jane na cor nude, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo alto. Eu só me vesti assim porque iria a uma reunião, e tentava me vestir melhor para disfarçar o fato de eu não saber fazer maquiagem. Eu nunca fui muito vaidosa e também não cuido da minha aparência. Eu só me assusto com a minha fisionomia se eu estiver como eu estou hoje: revelo cansado e doença, mesmo sem estar doente. Peguei minha bolsa, que eu nunca tinha que arrumar, pois eu sempre mantinha nela tudo o que eu precisava: notebook, papel, caneta, agenda e por aí vai. Saí apressada de casa e peguei uma banana para comer. Tomaria café na empresa, pois John sempre me oferecia quando eu ia lá. Tranquei o apartamento e fui para o estacionamento pegar o meu carro. Quando cheguei nele, entrei e dei partida sem acionar o GPS, pois já conhecia o caminho.

SPENCER POV

Cheguei ao escritório e ele era bem estruturado. Tinha que passar por uma portaria, então, dirigindo, fui até ela.

 -bom dia, Sr. Em que posso ajudá-lo?

 -Eu tenho uma reunião marcada com o Sr. John Parks.

 -Seu nome, por favor?

 -Spencer Reid.- ele procurou em uma lista.

-Pode entrar senhor, e estacionar onde quiser. Siga até a recepção e eles te levarão ao local correto. Obrigado e tenha um bom dia-

Ele liberou a passagem. A construção era enorme e bem arquitetada, havia pontos que coletava energia solar, canaletas que indicavam que eles aproveitavam água da chuva que caia do telhado e de onde era impermeabilizado por asfalto ou concreto. Tinha jardim por todas as redondezas da construção que passava a imagem de pessoas que realmente se preocupavam com a natureza. As paredes eram de vidro nas laterais da construção, para poder aproveitar melhor a luz do sol.

Se o mundo todo fosse assim, viveríamos em um lugar melhor. Estacionei meu carro não muito longe da recepção. Desci e fui caminhando até chegar à porta principal. O ar do local era leve, dava vontade de ficar ali para sempre. Agora eu entendi o porquê de o escritório ser mais longe da cidade do que os outros. Era para causar esse efeito magnífico. Só de pensar que eu teria a chance de fazer parte dessa grandiosidade já me deixava satisfeito com a minha vida. Entrei e uma moça bonita falou

-Bom dia! Em que podemos ajudar?- Ela sorria um sorriso diferente, e não consegui detectar o que era.

 -Eu vim para uma reunião com o Sr. John Parks, meu nome é Spencer Reid.

 -Siga-me.- Ela usava uma roupa justa, com forte apelo sensual. Ela era muito bonita, mas eu não acho que teria coragem de um dia ter um relacionamento com uma mulher como ela: não se mostra envergonhada, não aprecia ser sutil, parecia gostar de festas e de noites badaladas. Eu sou totalmente a favor de que uma mulher é livre para ser e agir como quiser, mas eu não me refiro ao comportamento dela e sim aos gostos diferentes que teríamos. Dificilmente imagino que teria um programa de deixasse nós dois felizes. Para falar a verdade eu nem saberia como iniciar uma conversa. E, apesar de ela ser muito bonita, não fazia o meu tipo. Subimos de elevador até o terceiro andar e quando o elevador chegou ao seu destino e abriu suas portas, dei de cara com uma sofisticada sala de espera. Havia sofás, alguns quadros na parede, algumas flores em vasos sobre mesas, revistas e uma maquina de café.

-Fique a vontade! Sr. Parks já deve chamá-lo

-obrigada.

Sentei-me na sala, tirei meu trabalho e comecei a reler. Depois de um tempo, resolvi pegar um café. Levantei-me e escutei a porta do elevador se abrir novamente e virei para ver quem havia chegado. Então eu a vi. No mesmo instante, parecia que o chão tinha saído de debaixo dos meus pés.

BELLA POV

 Cheguei ao escritório e passei direto pela portaria, pois meu carro já estava registrado pela placa uma vez que John me adicionou como colaboradora da empresa quando ele me convocou pela primeira vez. Estacionei perto da entrada, ao lado de um carro preto que eu não reconhecia a marca. Saí do carro e caminhei até a porta. Para a minha infelicidade, Hanna Simons ainda trabalhava por aqui. A gente já se conhecia antes de eu vir ao escritório pela primeira vez, pois ela tinha estudado comigo no colegial e foi uma das poucas líderes de torcida que conversou comigo alguma vez. E o motivo foi maldade. Tudo porque um dia eu estava sem absorvente na aula e minha menstruação desceu. Havia pouco tempo que tinha ficado menstruada pela primeira vez e ainda não tinha hábito de carregar absorventes comigo. No final das contas acabei toda suja e só levantei da carteira na hora de ir embora e quando achei que não tinha mais ninguém na sala. Mas Hanna e suas amigas estavam e viram tudo. No outro dia na aula e com todos na sala aguardando o professor, Hanna gritou bem alto pra mim “E aí Isabella, já aprendeu a se limpar sozinha, ou ainda não sabe que ficou menstruada?” Todo mundo começou a rir de mim. E eu passei a odiá-la depois desse episódio

Então ela me viu chegando e, com um sorriso falso, disse

 -Oi Bella, quanto tempo! Você por aqui novamente? Em que posso ajudar?

 -Em nada, eu já sei o meu caminho! Obrigada e tenha um bom dia.

Entrei no elevador, pensando se não tinha sido rude demais. Eu geralmente não era rude e bruta, só agia assim quando estava estressada ou chateada com alguma coisa.

Então apertei o botão para o terceiro andar. Quando as portas se abriram, vi que havia um rapaz na sala que estava pegando um café. Ele se virou para ver quem havia chegado. E, quando vi o seu rosto pela primeira vez, senti um frio na barriga e uma euforia maluca. Eu não estava pensando direito.  Ele era muito bonito e parecia um nerd. Abaixei minha cabeça e saí do elevador. Fui até e o sofá e me sentei. Quando olhei para frente vi que o rapaz ainda me olhava com uma expressão estranha e desejei não estar com a mesma cara.

SPENCER POV

 Eu só conseguia olhar para ela. Ela abaixou a cabeça e saiu do elevador, sentando-se no lugar ao meu lado e parece que ela não tinha percebido esse detalhe. Ela parecia constrangida e eu não havia entendido o porquê. Será que é porque estou olhando para ela? Até tentei mudar a direção do meu olhar, mas não conseguia. Era como se um imã estivesse no comando: ela era o pólo sul e meu olhar o pólo norte. Então ela fitou-me e estava ligeiramente ruborizada. Ela era linda, exatamente o tipo de mulher que me atraía, apesar de eu quase não ter tido contato com mulheres como ela, tive alguns quando eu topava com algumas assim quando fazia doutorado, mas elas eram sempre mais velhas. Essa parece ser jovem, usava óculos e parecia ser bem inteligente, pois, apesar de estar envergonhada, ela era observadora e seu olhar parecia captar tudo ao seu redor.

Uma porta se abriu, tirando-me momentaneamente do meu devaneio.

 -Bom dia! Olá Bella, como está? Há quanto tempo!

Ela sorriu e respondeu:

- Oi, John. Tem tempo mesmo.

Fui obrigado a me virar para olhar o homem, afinal era com ele que eu iria falar.

-Você de deve ser o Dr. Spencer Reid, certo?

-So-sou eu!-Gaguejei.

-Antes de qualquer coisa, quero que saiba que acho todos os seus trabalhos magníficos e admito que sou seu fã! E não estou falando só das pesquisas não, estou falando do seu trabalho no FBI também! Eu sou John Parks, como você já deve ter deduzido. E essa, venha cá, minha querida –A garota se levantou- .Essa é Isabella Bloom, Dra. em engenharia química, química e microbiologia.

--É um prazer conhecê-los- eu disse rapidamente, desviando o meu olhar para a garota. Ela prendia toda a minha atenção.

Eu não sabia explicar o que estava acontecendo comigo e com a minha mente. Parecia que eu não conseguia pensar direito e isso era raro de acontecer.

BELLA POV

AH! Então esse é o Dr. Spencer Reid, o que eu teria que ajudar nos horários de laboratório. Pelo menos acho que foi esse nome que o Dr. Sawyer disse. Se fosse mesmo ele, eu estava perdida. Não saberia como agir na frente dele, ele me deixava nervosa, mas de um jeito bom. E ainda por cima ele trabalhava no FBI. Ele continuava me olhando e eu não entendia o porque dos olhares. Eu era estranha, só podia ser por isso. Mas aí me lembrei de que estava horrível. Ele deve estar pensando que passei a noite toda acordada em uma festa, pensando no quão irresponsável eu havia sido.

-Vamos entrar?- Convidou John.

Seguimo-lo por um corredor com várias portas, cada uma pertencia a uma sala. Estávamos quase no fim do corredor quando chegamos a uma sala com uma mesa grande e 6 cadeiras. A sala era branca e a mobília, marrom escuro. Da lateral, toda feita de vidro, dava para ver o jardim e o céu. O jardim tinha flores, rosas vermelhas, as minhas favoritas. E o céu estava com um azul lindo, com algumas nuvens fofas e branquinhas. O dia era bem ensolarado.

-Podem se sentar e fiquem à vontade.

John se sentou à cabeceira da mesa e eu ao seu lado direito. Olhei para o Dr. Reid e, pela primeira vez, ele não me olhava. Ele retirou sua pasta e a colocou sobre a mesa e escolheu sentar à esquerda de John. Portanto, ficamos um de frente para o outro. Olhei para John. Ele começou a falar.

-Antes de começarmos, preciso te fazer uma pergunta, Dr. Reid.

-Sim?

- Eu sei que você é muito ocupado com o seu trabalho, e, como já te disse, sou um admirador. Eu me encarreguei de falar com você não só para te conhecer pessoalmente, mas também para te dar maior liberdade. Dependendo de quem você pegasse, ele iria te exigir restrição ou que você saísse de seu outro trabalho. Mas o que você faz é muito importante, então não vou exigir horários, Você só precisará cumprir prazos e esses serão razoáveis. Isabella é muito talentosa e eu sugiro uma parceria entre vocês. Ela, como já disse é engenheira química, estão pode te ajudar a transformar o seu projeto, Agora basta saber se vocês estão de acordo.

O Dr. Reid sorriu e pareceu bem feliz. Era o sorriso mais sincero que já vi. No momento em que ele sorriu, desisti de recusar a oferta. Eu iria recusar, pois não saberia lidar com a presença dele. Mas eu perderia a chance de trabalhar com uma pessoa que parecia ser maravilhosa e que deve ter salvado muitas vidas.

-Muito obrigada pela consideração, Sr. Eu não vou esquecer e sempre serei grato. Eu aceito.- Ele disse e vi, de relance, ele me olhar com uma certa expectativa.

-Eu estou de acordo- E olhei direto para ele, que se ruborizou e sorriu. Quando olhei seus olhos, fiquei abobalhada. Eles, ao mesmo tempo em que eram verdes, pareciam castanhos. Com certeza era o olhar mais diferente que eu já vira na vida. Estava feito, havia embarcado em um trabalho ao lado do Dr. Spencer Reid, do FBI.

SPENCER POV

 Eu resolvi parar de olhá-la quando estávamos andando pelo corredor, e não foi fácil. Parece que eu havia perdido o controle sobre o meu olhar. Com muito esforço, consegui. Chegamos na sala, me sentei e prestei atenção em cada palavra que o Sr. Parks falava. Ele realmente me considerava, e eu não pude deixar de ficar muito grato. Quando ele mencionou que Dra. Isabella poderia fazer parte do meu trabalho, nem pensei duas vezes: eu iria aceitar. Não me importava em dividir o lucro, caso desse certo. E seria uma honra trabalhar com alguém como ela. Então, quando ele terminou sua pergunta, aceitei de imediato. Olhei com uma esperança enorme para Isabella, queria muito que ela aceitasse também. Ficaria muito feliz. Ela pareceu deliberar por um momento, mas aceitou. Eu fiquei radiante e não consegui conter um sorriso. Que diabos estava acontecendo comigo? Passamos o resto do dia discutindo, e eu e Isabella conseguimos um alto capital de início. Passei aos duas cópias de meu trabalho com as modificações que eu tinha feito. Eles leram e me elogiaram, sendo que a Dra. Isabella parecia impressionada e muito entusiasmada com a mina ideia. Então assinamos um contrato e tudo estava feito. Sr. Parks me passou seu contato e o da Dra.  Isabella, e, para ela, deu o meu. Terminamos a reunião e eu e ela saímos juntos, em silêncio. Andamos pelo corredor, meu coração acelerado sem motivo aparente. Quando chegamos à recepção, a recepcionista falou:

-Tchau Spencer, foi um prazer te conhecer! Espero te ver por aqui mais vezes.

Sem entender o porquê disso tudo, me despedi com um aceno de mão e andei até o carro. Isabella ainda estava ao meu lado, em silencio, mas já não estava com uma expressão muito feliz. Andamos lado a lado no estacionamento ainda em silencio, e comecei a achar que ela não tinha ido com a minha cara. Cheguei ao meu carro e percebi que o dela era o que estava ao lado. Era branco e grande. Ela se virou para mim, estendeu a mão e disse

-Tchau Dr. Spencer Reid. Entre em contato quando achar necessário.

Peguei a mão dela, que era macia e pequena, mas estava fria e suava muito. Demos um aperto de mão.

-Entro sim. Muito obrigada, por enquanto. Tchau!

Ela entrou no carro e deu partida. EU fiquei ali olhando até o carro dela desaparecer pela portaria.

BELLA POV

Aposto que eu havia dito alguma bobagem, estava muito estranha ou tinha sido rude, pois o Dr. Não me olhava mais. Saímos juntos da reunião e fomos andando lado a lado, em silêncio. Eu nem tinha idéia de como puxar assunto. Quando chegamos à recepção, Hanna sorriu de orelha a orelha se levantou, dizendo para o Dr. Reid :

-Tchau Spencer, foi um prazer te conhecer! Espero te ver por aqui mais vezes.

SPENCER? Como assim, será que eram íntimos? O modo como Spencer reagiu, com uma clara interrogação na expressão, já dizia que não. Senti uma repentina raiva ou sei lá o que, só sei que não gostei dela se insinuando para ele. Acho que fiquei com uma cara de mal humorada. Seguimos para o estacionamento e íamos para o mesmo caminho. Percebi que o carro dele estava estacionado ao lado do meu. Meu estranho humor me deu coragem e então me dirigi à ele, oferecendo a mão para um aperto de mãos.

- Tchau Dr. Spencer Reid. Entre em contato quando achar necessário.

Ele pegou a minha mão e ela era muito maior que a minha, mas também era macia e seu cumprimento foi gentil. Ele respondeu alguma coisa, mas não dei atenção. A última coisa que vi antes de entrar no meu carro foi seus olhos. Os olhos mais intrigantes que eu já tinha visto em toda a minha vida. Comecei a dirigir e, ao olhar pelo retrovisor, vi que ele ainda estava parado ao lado de seu carro, me observando ir embora. Senti que a minha vida iria mudar bastante, mas não sabia explicar o porque.