História Into You - Mom - Parte 2

Só podia ser brincadeira. Como assim sua mãe estava ali? Na sua casa? Ela deveria estar no interior apenas vivendo do dinheiro que Alícia mandava,mas ela estava ali? Era um pesadelo. 

-ma...mamãe? -Alícia se pronunciou pela primeira vez. Mariana entrou no local e parou de frente com a filha. Não houve palavras,apenas o estalo do tapa disparado no rosto de Alícia. Carmen e majo arregalaram os olhos ao ver a cena e bibi ficou irada com a cena.

-mamãe, eu sinto muito....

-cala a boca. Céus, onde foi que eu errei Alícia? -perguntou a mulher em tom de deboche. -eu criei você com todo amor e carinho pra você simplesmente me dar um desgosto desse? Melhor,prefere que eu te chame de Alícia ou luana? Meu Deus eu tenho que lavar minhas mãos depois desse tapa,por que o cheiro de puta está impregnado em sua pele...

Sabe aquele momento que você vê toda uma situação, mas não consegue simplesmente falar nada ou nem sequer se mexer? Alícia estava assim. Seus olhos lagrimavam, ouvir aquelas palavras da boca da mulher que sempre foi a sua razão de viver era horrível, seria um momento que ela nunca ia esquecer, nunca mesmo. Todo o amor e admiração que tinha por sua mãe, havia acabado ali.

-eu sinto nojo cada vez que penso que eu fui salva por causa desse dinheiro sujo... -mariana rosnou. 

-eu fiz isso por você, mamãe. Pra salvar a senhora- Alícia choramingou para a mãe que apenas a olhou com nojo.

-Eu preferiria morrer ao me.submeter a isso...-a mulher abriu a bolsa e tirou de lá um pacote com várias notas,Alícia ao ver aquilo sentiu o corpo queimar em raiva,sua mãe só poderia estar brincando. -Eu só vim aqui te deixar isso,pagar minha dívida e dizer pra você nunca mais colocar os pés em minha casa e esquecer de vez que você teve uma mãe, passar bem vagabunda!

O pacote foi jogado no chão e logo depois a porta bateu fortemente. Alícia caiu no chão, devastada, Carmen se ajoelhou até a amiga e a abraçou, enquanto Majo ainda digeria tudo o que viu. Bibi estava quieta num canto,apenas repassando toda a cena,as palavras de ódio e decidiu que nunca mais deixaria alguém falar com sua irmã assim,sim,irmã,era isso que elas eram.

-essa velha vai me pagar.... -dito isso a ruiva saiu correndo assustando a amigas que não hesitaram em segui-lá,teriam que segurar a ruiva para ela não matar a mãe de Alícia. 

Bibi viu a silhueta de mariana no ponto de ônibus e sorrio diabolicamente, atravessando a rua e sem demora,pulou no pescoço da Gusman mais velha. 

-seu projeto de demônio....nunca,nunca mais diriga a palavra a mim ou as minhas irmãs....você acha que pode chegar aqui e foder tudo? Foi muito legal usufruir do dinheiro que a sua filha conseguiu e depois jogar na cara. Acha que ela tá errada por fazer isso? Então vamos jogar na rodinha: você é um ser ainda pior por abandonar sua filha no momento que ela chora todas as noites com saudades suas... -bibi aproveitou a deixa para pegar o pacote de dinheiro e jogar na cara da mulher que estava sangrando. -agora você pega a porra desse dinheiro e enfia no cu e se esquece de mim e das minhas irmãs, passar bem!

Majo ria e aplaudia a amiga,Carmen segurava Alícia que anda chorava e logo depois ambas já estavam no apartamento. 

-Bibi, eu cheguei a conclusão de que você não presta! -Majo disse ao passar remédio na mão ferida da amiga que apenas observava Alícia, que estava quieta deitada no colo de Carmen que fazia um carinho de leve no cabelo da morena. Bibi passou pela mesma coisa que Alícia, mas no seu caso foi o pai, na época bibi mentiu dizendo ter arrumado um emprego como vendedora,mas em uma das noites na boate o pai a viu dançar e no camarim aproveitou para não só agredi-lá,mas também para tentar arrancar dinheiro dela o que não deu certo já que Alícia fez questão de dar uma bela surra no homem que ficou cego de um lado do olho e nunca mais apareceu. E ali estava o motivo de ela sempre defender com unhas e dentes as amigas, Alícia sempre foi a mãezona da casa,Carmen aquela que age na razão e da conselhos, Majo a que sempre tá ali quando precisamos chorar com alguém e ela,bem,era a leoa da casa e se orgulhava disso.

-ally? -a ruiva perguntou vendo a morena a olhar com os olhos ainda marejados. -eu sei que tá doendo agora e ainda vai doer por muito tempo e também sei que nenhumas de nos três vai poder substituir sua mãe, mas quero que saiba que nos estamos aqui,estamos por você e sempre,independentemente de qualquer coisa, nós te amaremos! -bibi foi até Alícia e a abraçou forte,deixando que a amiga desabasse em seus braços,Majo e Carmen também se aproximaram, tornando aquilo um ninho de união, amor e principalmente, refugio. Elas eram a salvação uma da outra e nada poderia mudar isso. -você me salvou no dia que meu pai acabou comigo e eu me sentiria horrível se não te salvasse hoje,morena. Você não é nada disso que sua mãe disse,você é melhor e nos temos orgulho da mulher que você tem se tornado a cada dia! Nos te amamos ally!

Alícia apenas sorriu entre as lágrimas e deu um beijo no topo da cabeça de cada uma.

-eu sempre achei que eu fosse a heroína de vocês, mas a verdade é que vocês que são minhas salvadoras, eu amo vocês! 

E ficaram ali,abraçadas, apenas se consolando em silêncio, compartilhando da amizade que Deus proporcionou a elas.

[...]

Era domingo de manhã quando Marcelina acordou,sem a menor vontade de estar viva. 19 anos e ela não estaria do lado de seu irmão. Só de pensar nisso seus olhos deram indícios de um choro forte e ela se permitiu chorar. 

-marce? -a voz de Valéria surgiu do outro lado a porta, fazendo a baixinha limpar os olhos e sentar na cama.

-entra,Val. 

A Ferreira entrou sorrindo com uma caixa branca na mão. Sentou ao lado da amiga e a abraçou. 

-feliz aniversário minha pequena, espero que hoje seu dia seja incrível e mesmo que seu coraçãozinho esteja doendo,nos estaremos aqui pra te ver sorrir! -valeria disse fazendo a amiga rir. -abre seu presente! -mandou a maior ansiosa.

Marcelina desfez o laço e abriu a caixa revelando um álbum e uma caixinha com um colar. A menor pegou o colar e sorriu ao ver "Marilina" escrito numa plaquinha de coração. 

-Val,você não presta! -a guerra disse rindo.

-mas você me ama,e para de reclamar que o Mario adorou! -Valéria disse fingindo irritação. 

-eu amei amiga,sério,muito obrigado, mas....e esse álbum aqui? -perguntou a menor curiosa. 

-bom,isso você vai ter que ver sozinha... -dito isso, valeria saiu do quarto e Marcelina ficou sem entender nada,mas se ajeitou na cama e abriu o álbum que na verdade carregava um tablet.

A baixinha olhou encucada pra aquilo e ao ligar viu na tela três vídeos. Sem hesitar deu play no primeiro e sorriu ao ver a imagem na tela.

~/~

-diga oi pra sua irmãzinha, Paulo! -Lilian aproximou a câmera do rosto de Paulo.

-meu bem,ele ainda tem só um aninho,não entende isso!-Roberto riu da atitude da esposa.

-oras,mas é claro que entende roberto, olha ele ta sorrindo, amor! -Lilian ginchou emocionada e focou a câmera no rosto de Paulo que sorria ao olhar dentro do bercinho.

-é sua irmã meu amor,sua maninha Marcelina! -roberto falou e colocou o filho sentado dentro do berço. Paulo olhava para Marcelina curioso,alternou o olhar entre o bebê e os pais. Se aproximou da menininha e passou a mão pelo rosto gordinho da irmã. Marcelina sorriu ainda sonolenta,como se estivesse sonhando e Paulo arregalou os olhinhos surpreso e se dirigiu até a câmera com um sorriso enorme.

~/~

Marcelina sorria de forma linda após ver o vídeo, queria ter forças para ver os outros dois,mas a dor e a saudade que se instalou em seu coração era maior. Ela abraçou o tablet contra o corpo e deixou suas lágrimas correrem livres. 

-eu queria tanto você aqui comigo,Paulo...mas não você tinha que ser um idiota...

-me xingando desse jeito eu vou embora... -Marcelina ergueu os olhos e sorriu ao ver o irmão parado na porta com uma expressão cansada. -feliz aniversário, pequena. 

Marcelina não esperou mais palavras,apenas saltou da cama e correu até o irmão, pulando em seus braços.

-eu te odeio tanto, tanto, Paulo,mas eu não consigo me ver sem você... -a baixinha confessou grudada nele que chorava enquanto afagava os cabelos curtos da irmã. 

-eu fui um idiota,Marce, mas o japonês me falou umas coisas que me fizeram pensar e ele tem razão. Eu não quero esperar acontecer algo pior pra finalmente ver que,querendo ou não, você é minha irmã! -o guerra mais velho disse e a irmã o olhou, sorrindo, feliz.

-sabe, Paulo, a gente pode até não compartilhar o mesmo sangue,mas compartilhamos o mesmo coração e isso já é o suficiente, mano!-aquela palavras fizeram Paulo se desarmar completamente e ele abraçou Marcelina, chorando como uma criança assustada.

-eu so não queria ter sido enganado,Marce,apenas isso. Eles prometeram nunca mentir pra mim e olha só...

-eu te entendo, mano,se fosse comigo eu também ficaria assim,mas eles são nossos pais e se não fosse por isso eu nunca teria conhecido o irmão mais incrível do mundo. Você é meu herói, Paulo! -a irmã disse beijando o rosto de Paulo que sorriu agradecido. -só espero que um dia você perdoe a mamãe e o papai,mas ter você de volta já é o melhor presente de todos! -a baixinha pulou animada.

-então vai tomar seu banho, escovar essa boca podre e descer pra aproveitar sua festa! -o guerra disse tampando o nariz recebendo um tapa da irmã. 

-idiota! -ela disse e beijou o rosto do irmão correndo para o banheiro. 

-eu te amo,minha princesa! -Paulo falou encarando uma foto dele e Marcelina, vestidos de bela e a fera no aniversário de cinco anos da menor. -independente de qualquer coisa!

[...]

-ally? -Carmen balançou a amiga que dormia. -amiga,você não vai pro almoço da Marcelina...

-to sem cabeça pra isso, Car e também não quero correr o risco de encontrar o Paulo. Luana se deu bem,mas a Alícia ainda está fora desse maldito jogo... -bufou Alícia já lagrimando. 

-eu entendo. Você quer que eu avise ela? -perguntou a melhor amiga compreensiva.

-não. Deixa que eu aviso. Volta a dormir,Nerdzinha, o Dan vai te querer bem disposta mais tarde!-a morena falou recebendo língua da amiga.

Alícia levantou sonolenta e foi até o banheiro. Tomou um bom banho e escovou os dentes. Vestiu uma camisa grande preta que lhe servia de vestido e pós uma calcinha qualquer,calçou as sandálias e pegou o celular saindo do quarto. 

Abriu a geladeira e não sentiu vontade de comer absolutamente nada,então apenas pegou um copo de água e sentou na mesa. Observou o chão da sala e lembrou da sua mãe, ou melhor,lembrou de Mariana, aquela mulher que a agrediu com palavras e gestos.

Merda.

A quem ela queria enganar.

Mariana sempre seria sua mãe, mesmo com todas as atitudes bostas, ela ainda era a mulher que passou pelo inferno por ela,não havia saída pra esse sentimento, mas seu coração doía em rancor pelas palavras e Alícia sabia que demoraria a se curar.

Despertou de seus pensamentos e tratou logo de ligar para a irmã de Paulo. Foi até o registro do aparelho e apertou no botão de ligar. Esperou alguns segundos e logo a voz fina e doce de Marcelina soou do outro lado da linha.

-Ally! Estamos esperando você, já tá vindo?

Havia tanta animação na voz da baixinha que Alícia sentiu culpa por não ir a festa dela.

-primeiramente, feliz aniversário Marce, e bem,eu não vou poder ir,acordei super mal por causa de umas coisas aí,mas prometo entregar seu presente amanhã na faculdade e muito obrigado pelo convite! 

Alícia falou relutante. Marcelina respirou fundo por um tempo e logo depois soltou uma risada doce.

-tudo bem então, espero que fique bem. Beijos ally!

E depois disso o celular apitou avisando o fim da chamada. Alícia suspirou cansada e foi até a sala. Ligou a TV e ficou vendo um filme qualquer até cair no sono.

[...]

-Paulo, preciso de ajuda! -falou a guerra mais nova puxando o irmão pela mão até um canto mais afastado.

-aconteceu alguma coisa? -perguntou Paulo preocupado.

-a ally não vem,disse que tá com um problema,mas creio que não seja isso,você tem que ir buscar ela! -Marcelina disse naturalmente, como se estivesse perguntando as horas.

-tá doente,Marce? -zoou Paulo, passado a mão na testa da irmã que o olhou sarcástica.

-claro que não, idiota. Vamos, mano, vai buscar ela! -pediu a menor de forma infantil,com aquele olhar pidão que Paulo não resistia.

-Marcelina,entende uma coisa. Eu e a ally não temos mais nada...

-mas vocês estavam de cabeça quente aquele dia e que eu saiba você que terminou tudo!

-eu não posso mana,sinto muito,mas...a ally me odeia! -Paulo sorriu triste.

-Eu tenho certeza que não, mas se ela odeia é com razão. -falou Marcelina vendo o irmão revirar os olhos. -Paulo, por favor,é meu aniversário e eu quero a ally aqui,ela é muito legal e gosta de você! 

Paulo encarou a irmã que sorria docilmente e bufou derrotado.

-você me paga,pirralha! -o guerra entrou no carro e deu partida até o apartamento da Gusman.

-e eu te amo! -gritou Marcelina rindo.