História Intocada - Famous

Sakura Haruno

— Um brinde, aos nossos filhos!

Continuei comendo calada, enquanto eles brindavam ao casamento, esperando então que eu dedicasse o meu tempo a brindar com eles, uma coisa que era definitivamente forçada.

— Sakura querida, está tudo bem?

Encarei os orbes de Mikoto, que pronunciou tão baixo ao meu lado, que era quase inaudível.

— Está! — falei com ódio, ódio por ela tão ter impedido toda essa palhaça.

Ela sabia que eu estava grávida do filho dela, que nós nos amávamos, que queríamos passar mais tempo juntos, e talvez até construir uma família, mas se bandeou para o lado do meu pai, como se ele nunca tivesse feito nada de errado nessa vida.

A minha vontade, era de aproveitar a deixa que estávamos todos reunidos, e dizer tudo que eu guardava para mim a tempos, jogar as cartas na mesa, mostrar pra todos que o Pastor que pregava, também pecava.

Me levantei, levando o prato direto para a pia, pronta para subir as escadas e ir me deitar, quando meu pai chegou ao meu lado, e sussurrou também de forma baixa, como se não quisesse que os pais de Sasori escutasse suas patifarias.

— Desfaça essa cara agora! Volte para a mesa, e aja como se estivesse feliz, esse casamento vai acontecer.

— Esse casamento nunca vai acontecer, porque não é os planos do Senhor! Você pode até tentar papai, mas garanto, você não vai muito longe. — falei com petulância, vendo sua expressão ficar brusca.

— Não me faça te bater na frente das visitas Sakura...

— Só ira mostrar que é mais covarde do que eu imaginava!

Então ele segurou meu braço com força, fazendo um vergão no mesmo. Dei um tranco, com o rosto fechado e subi direto as escadas, o escutando dar uma desculpa esfarrapada aos pais de Sasori, ele não era uma pessoa ruim, e merecia alguém que realmente o quisesse.

...¬

— Você não devia ter batido de frente com ele Sakura! Isso só ira piorar a situação entre vocês dois, agora que ele irá querer mesmo que vocês se casem.

— Eu não vou me casar com ele Mikoto, nem que pra isso eu tenha que fazer o impossível, mas eu não vou!

— Não fique calada querida, corra atrás dos seus sonhos, mas já vou logo te dizendo, Sasuke não é o rapaz certo pra você, pode ser agora que tudo está no inicio, não espere nada dele, e também não espere um casamento com ele.

— Porque está dizendo isso? — perguntei, ela falou dele, como se fosse a pior pessoa do mundo.

— Talvez com ele seja igual, talvez ele sinta o mesmo como você, isso pode e não pode dar certo, então querida o que nos resta e esperar.

— Preciso de um tempo, pra pensar, pra organizar as ideias. E tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo...

Ela deu um beijo na minha testa se levantando, e logo deixou o quarto. Já caia a madrugada e nada do Sasuke chegar.

Mas não me preocupei com ele, até porque entendia seu lado, e para ele, ficar perto do meu pai era quase impossível, mas aquilo iria ter um fim, eu estava disposta, a fazer da vida dele...

Um verdadeiro inferno.

Sasuke Uchiha

— Daqui um tempo, a barriga dela vai começar a aparecer Sasuke... E vai ser impossível esconder.

— Como se eu soubesse Temari! Temos mais alguns meses, ou dias. Só até decidirmos o que vamos fazer, por mim a gente já teria metido o pé daqui. — traguei o cigarro, jogando o ar dos pulmões para fora.

— Se eu fosse ela, já teria contado sobre o estupro, sobre ter sido bolinada. Cala que eu não iria ficar!

— Você não entende que isso machuca... E como carregar um trauma, sem poder contar a ninguém!

Ela ficou em silencio, terminando de comer a pipoca, olhei para o relógio encima do criado mudo, e vi que estava quase na hora de voltar para casa, hoje, iríamos a casa da família de Sasori.

Como se não bastasse eu ter que aguentar tudo calado, ainda vê-la submissa aos toques daquele fedelho me tirava do serio, mas eu sabia que tinha de me controlar. A questão, era saber até quando eu iria aguentar.

...¬

Ajeitei aquele terno apertado, fazendo o nó na gravata borboleta, minha mãe insistiu que deveríamos ir todos elegantes, e a minha vontade de mandar todos eles se foder era grande.

— Já esta pronto meu filho?

Minha mãe perguntou do corredor, logo aparecendo na porta com um vestido azul claro, ela estava linda.

— Quase! Onde Sakura está? — perguntei sem rodeios, fiquei o dia todo sem a ver, e agora, a saudade apertava.

— No meu quarto se banhando, aproveite que Kizashi não está lá... Mas não demore.

— Ela não vai com a gente?

Perguntei, já que todos nos estávamos prontos, e ela mal tinha começado a se arrumar.

— Ela quer ir de taxi, convenci Kizashi a dar um tempo a ela. E muita pressão para a coitadinha.

Ela me deu um beijo na bochecha, e logo desceu as escadas fazendo barulho com o salto.

Somente borrifei meu perfume e caminhei em direção ao quarto, a porta estava semiaberta, e ao longo vi sua silhueta na penteadeira, alisando os longos cabelos.

Ela se virou assustada e sorriu ao me ver.

— Porque sumiu?

Perguntou me apertando contra seu peito, seu perfume de cereja exalava entre minhas narinas, toquei a carne de sua cintura, massageando a mesma.

— Eu não queria ter de ver seu rostinho triste. — toquei seu rosto, ela fechou os olhos sentindo o carinho e logo atacou meus lábios.

Nosso beijo era simétrico, nossas línguas se entrelaçavam e suas pequenas mãos puxavam meus cabelos da nuca, senti o fogo subir, mas sabia que não poderia passar dali, quem sabe na próxima.

Nos separamos, ainda recuperando o fôlego, grudei nossas testas curtindo aquele breve momento.

— Juro que tudo isso vai acabar Sasuke...

— Eu sei que vai!

— Já estão indo? — falou carinhosamente, alisando a minha pele.

— Daqui uns minutos, queria poder impedir tudo isso.

Mas ela não disse nada que motivasse, absolutamente nada. Só deu um sorriso de lado, e logo atacou meus lábios novamente.

Sakura Haruno

Do quarto de Mikoto escutei o taxi buzinando.

Teria de agradecê-la por um bom tempo, por ter convencido meu pai a ter deixado eu não ir com eles.

Desci as escadas encontrando tudo silencioso, tranquei a porta e entrei no taxi, eu mal poderia esperar para essa festa de noivado.

...¬

Toquei a campanhinha daquele castelo branco onde Sasori morava, e depois de alguns segundos uma mulher abriu, deveria ser a avó dele.

Ela sorriu minimamente abrindo a boca em seguida.

— Desculpe querida, deve ter errado de casa. Aqui é uma festa de noivado, talvez aja outras festas no quarteirão.

Soltei uma risada debochada, adentrando a residência a força.

— Pois bem, ele é o noivo. — apontei para Sasori, que apareceu na sala, boquiaberto ele gesticulou para os pais. — E eu sou a noiva!

E junto com os pais dele, veio o meu. Sasuke estava mais atrás e sorriu ao me olhar dos pés a cabeça. Já o meu pai estava intacto, sem reação.

— Eu não queria estar na sua pele... Papai.