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História Intocáveis - 01 - DAVID (Cabelos negros)


Escrita por: Gusfaw

Notas do Autor


Hellow, olha só cheguei um pouco antes do prazo, espero que gostem.
Esse cap ta mais explicativo e introdutivo, e acabou mais longo do que eu esperava mas vida que segue!!

Capítulo 2 - 01 - DAVID (Cabelos negros)


Cabelos negros.

 

DAVID

 

Tell me what you don't have.

Tell me.

- David.

Tell me that you're not a stranger in disguise.

- DAVID.

Era aula de filosofia, a última antes do intervalo, pode-se dizer que sou um aluno que nenhum professor tem o que reclamar, mas as aulas de filosofia... eu realmente as odeio, e nem é por culpa da matéria ou conteúdo, a questão é que nosso professor é péssimo, horrível. E não sou obrigado a participar disso, para não atrapalhar a aula ou algo parecido eu sempre me distraio “fugindo” dali com fones de ouvido, como estava um tanto alto o volume não entendi muito bem o primeiro chamado e ignorei, já no segundo eu fui obrigado a retirar meus queridos fones.

- Oi, professor, pode falar. – Confesso que fico um pouco nervoso nessas situações, não sou muito acostumado. Dei aquela famigerada olhada pra Johana que segurava o riso na carteira ao lado da minha, na minha sala sentamos em dupla, e Jô é a minha.

- Eu não tenho muito o que falar, mas o que você tem a dizer pra mim? Atrapalhando a minha aula – Disse o professor calvo com tamanha ênfase no “você”.

Eu detesto esse professor, até o modo que ele fala me irrita, colocando tanta ênfase no “você”, eu podia muito bem vomitar ali na frente dele depois disso. Sem dizer que eu uso fones de ouvido justamente para não atrapalhar a aula dele e ficar no meu canto quieto daí vem ele me falar que estou atrapalhando a aula dele? Como isso?

- Peço perdão. – Eu não vou ficar me impondo a professor, por mais que ele esteja sendo um babaca, discutir com ele não me levar em nada além de uma relação ainda pior com ele, a minha última opção é discutir com um professor.

- Guarda o celular fazendo um favor. – Assim eu fiz e logo ele voltou sua atenção para classe no geral – Agora, classe [...]

Guardei meu celular no bolso da calça jeans e ele deu continuidade à sua aula da qual não prestei a mínima atenção desde quando as falas dele saíram do singular e se tornaram plural.

Era próximo das dez horas e eu estava esgueirado de fome, a única coisa que queria era que aquela aula chegasse ao fim e eu finalmente comesse algo, sem dizer que não teríamos as aulas depois do intervalo pois tinha jogo. Deixa eu explicar melhor, eu estudo em uma escola particular de classe média-alta e ela faz parte de uma rede de escolas particulares com um nome esquisito, e essa rede organiza campeonatos entre as escolas e as mesmas tem clubes que formam times e representam sua escola em diversos esportes, sendo eles: vôlei; futebol; tênis; e natação. Tem também as competições das artes, mas isso é mais pro fim do ano. Hoje é a final de vôlei entre a minha escola, Bartolomeu de Alcântara Nunes Prinbel, e a rival Ulisses de Alcântara Nunes Prinbel, todas têm o nome bem semelhante, só muda o primeiro nome, como uma família. Bartolomeu e Ulisses, que é como chamamos para não dizer aquele palavrão todo, tem uma antiga rixa em vôlei, todo ano a final é entre as duas escolas e eu como um bom estudante do segundo ano A não perderei por nada.

A aula finalmente acabou, parecia que aqueles minutos restantes nunca chegariam ao fim, cruzes. Levantei junto com a Jô e fomos logo de encontro com Lucia pra sairmos logo da sala, nós estudamos juntos desde o fundamental um e desde então não nos separamos nunca, é aquela amizade tão velha que você considera até como parte da sua família, sabe? Eu acho Johana extremamente linda, eu me apaixonaria por ela muito fácil se meu forte não fosse outro, ela é negra dos lábios cheios e cabelo crespo, e que cabelo, é preto e curto, um pouco acima da altura dos ombros e tem um volume lindo, sem falar de seus olhos verdes tom de verde lunar, que como se não bastasse caia muito bem em sua pele negra não muito escura, o mais próximo possível do pardo sem deixar de ser negro, e uma altura padrão, próxima dos 1,73. Já Lu tinha a pele clara como leite e longos cabelos loiros num tom tão claro que podia se quase confundir com cabelo platinado, olhos castanhos escuros num tom avelã e a altura não se deferia muito da de Jô, só alguns centímetros, 1,67.

Nós geralmente compramos nosso lanche e então vamos em uma área livre na escola, cheia de arvores imensas criando grandes sombras e com uma grama fofinha, onde nos encontramos com outros amigos e comemos todos juntos, e assim o fizemos, chegamos lá e em cinco minutos já chegaram Eduarda e José.

- Oi pessoal – Eduarda sempre animada chega e já me surpreende com um abraço, ela tem definitivamente o melhor abraço.

Eduarda é mais alta que eu, bem atlética e tem sempre seu cabelo castanho escuro amarrado em um rabo de cavalo, diz ela que por causa da praticidade e falta de interesse em arruma-lo. Amo pessoas mais altas que eu pra abraça-las, e só pelo fato de ser Eduarda o abraço se torna ainda mais especial.

- Bom dia, Eduarda – E retribuí o seu abraço com todo o amor que eu podia passar em um abraço. – Bom dia, Zé.

- Bom dia, pessoal – Zé acena pra a gente e então sorri – Bom dia, Jô.

Olha, eu confesso que já tive um penhasco por esse sorriso, ele com certeza é dono de um dos sorrisos mais lindos que já tive o prazer de ver. José é alto, assim como Eduarda, tem a pele parda no tom mais claro possível e os olhos num castanho tão escuro que as pessoas dizem ser preto, sardas que percorrem a região das bochechas e nariz, e o cabelo, liso, preto e curto.

- Bom dia, Zé. – Johana levanta e abraça o José, o que não é algo que acontece muito frequentemente, e que longo abraço. Com isso dei uma olhada pra Lucia, e seus olhos me diziam que estava pensando o mesmo que eu, aquilo ali não era só um abraço, bem, não por enquanto.

Logo se ajeitaram na rodinha e começamos a comer, bem, as vezes nós mais falávamos do que comíamos, mas isto não vem ao caso. Ambos são do terceiro ano, José e Eduarda, o que é triste pois somos todos muito amigos e só de pensar que ano que vem eles não estarão aqui me dá um aperto no coração.

- Entããão – Falei alongando o “então” pra criar ênfase e quebrar um pouco da conversa simultânea que estava tendo ali – Quem ‘tá animado pro jogo daqui a pouco? Porque eu ‘to morrendo por dentro de ansiedade, e espero esse jogo desde que perdemos pra Ulisses no ano passado.

- Davi, todo mundo sabe que você só assiste os jogos pra ver homens lutando por uma bola. – Johana diz confiante e todos soltam alguns risos, e olha, ela realmente tem um bom ponto ali.

- Nah, não. – Digo em tom de negação e franzindo o cenho – Isso aí é em handebol, meu lance com vôlei é bem sério.

- Certeza? Eu juro ter visto você praticamente babando na semifinal semana passada – Lucia me acusa de ter babado, mas ninguém imagina de como ELA se comporta em jogos de basquete.

- P-Posso te garantir que era por causa da pressão, nós quase perdemos! – Droga. Por que eu tinha que me embaralhar nas palavras e gaguejar logo nessas situações? – E posso te perguntar sobre o que eram aquelas expressões que você fazia durante a semifinal de basquete?

- Mudando de assunto, quando é a sua final de natação, Duda? Tenho certeza que você vai arrasar!

Lucia disse num tom tão forçado e animado, parecia desesperada pela mudança de assunto, e então todos caímos nas gargalhadas, e ela, parecia confusa...? Não é sempre que entendo os motivos de Lucia, mesmo tendo convivido com ela tanto tempo.

- É na próxima sexta, Lu – Respondeu Eduarda em meio aos risos.

Ficamos ali um tempo generoso, o sinal bateu indicando que deveríamos voltar as salas, mas hoje não teríamos as aulas depois do intervalo e sim jogo, então nos dirigimos até o ginásio principal e logo tomamos nossos assentos, só mais alguns minutos e o jogo começaria.

- Eu não consigo não aguento mais, começa logo ou vou ter um ataque de ansiedade. – Eu dava pulinhos e gritinhos e... Nossa eu estava muito hiperativo esperando que começasse logo.

- Calma, Davi, já vai começar, toma um fini pra te acalmar. – Não que eu seja interesseiro, mas eu amo o fato da Lucia ser tão dependente de doces quanto eu, ela sempre tinha um doce pra me oferecer.

- Opa, obrigado! – Comi o fini regaliz com uma mordida só, que é aquele doce em tubinho que se assemelha aparentemente a um alcaçuz, o que me entreteve até que acabou –  Johana me segura que eu vô passa mal. Ah meu deus vai começar, Johana, vai começar.

Quando vi nosso time já estava sacando, eu realmente amo jogos de vôlei, é tudo tão rápido e excitante, e então vem as cortadas e recepções, nossa, é o único esporte que me envolvo completamente durante o jogo, é como se eu estivesse sentindo as emoções de alguém lá na quadra.

Durante o primeiro set a Jô me ameaçou inúmeras vezes porquê eu vivia gritando o nome dela por motivo nenhum, não tenho culpa se era muito libertador gritar o nome dela no meio dos momentos que a excitação aumentava. O primeiro set foi nosso, bem disputado se me permite dizer, Ulisses tinha um forte ataque, mas nossa escola tinha um A+ na defesa e então ficava mais nesse equilíbrio. João faz parte do time titular, atacante, acho que ele é o que as pessoas chamam de “Ás”, que seria nada mais nada menos do que o maior marcador do time, dizem que vieram alguns olheiros atrás dele umas semanas atrás e espero que dê certo pra ele porquê olha, eu o considero bem incrível na quadra, sem falar que adoraria assistir um jogo do Brasil e me gabar dizendo que já estudei com João Vasconcellos, e que se não bastasse fui seu melhor amigo no ensino médio.

O segundo set não correu tão bem quanto eu esperava, o time da Ulisses forçou bastante no ataque e o perdemos por dois pontos, mas não tinha nada perdido, ainda tínhamos como vencer o terceiro set e consequentemente o jogo então vida que segue.

- Puta que pariu.

- David, para de gritar.

- Johana, isso são meus sentimenFILHO DE UMA MENTIROSA, JOHANA.

- O QUE FOI?

- AAAAAAAAAAAHHH. TOMA ESSA GAROTO RUIVO – Ele era lindo, mas eu peguei um ódio tão grande por aquele garoto ruivo que puta merda, ele era ridículo, toda hora ultrapassava nosso bloqueio e marcava.

Passados uns 15 minutos desde o início do segundo set o treinador da Ulisses pediu tempo e com isso fez uma troca de jogadores, eu não costumo prestar muita atenção nos jogadores e sim no jogo, mas esse, ele, chamou a minha atenção de um jeito, nunca tinha me sentido tão atraído por alguém.

Dos cabelos negros amarrados em um coque. Do corpo invejável. E presença forte. Eu não conseguia tirar meus olhos dele. E como jogava, ele substituiu o garoto ruivo que era um dos atacantes principais e não desmereceu o cargo que tomou, logo de início já deu quatro pontos de vantagem pra Ulisses, normalmente eu estaria urrando de nervosismo por estarmos quatro pontos atrás no placar, mas eu não estava mais assistindo a final e sim o garoto do coque, quando me vi já estava indiretamente torcendo pro time rival.

- Davi, o que houve você ‘tá bem? – Lucia me pergunta num tom de preocupação.

- Hã? Sim, tudo bem. Por quê? – Respondo aparentando estar um tanto distante.

- Nada, é que você do nada ficou quieto e concentrado, isso não é do seu feitio em jogos de vôlei, ainda mais pra uma final.

- Uhum.

Eu estava totalmente perdido naquelas madeixas negras.

Nosso time estava no limite e jogavam como nunca, ambos os times. Apesar d’eu ter perdido metade do jogo quase apreciando o garoto misterioso, voltei a prestar atenção no jogo pra ver o final dele, e nós perdemos com uma diferença mínima de dois pontos, dois pontos e venceríamos o jogo e o set, eu fiquei uns três minutos sentado na arquibancada refletindo.

- Davi, nós temos que descer pra nos encontrarmos com o José – Johana me alertou.

- É... vamos.

Em três minutos o ginásio estava quase totalmente esvaziado, bom, pelo menos nós não passaríamos por todo aquele esfrega, esfrega que tem em saída de torcidas e eu não sentiria falta alguma. Descemos os degraus discutindo os minutos finais e o que faríamos em seguida.

- A gente podia todo mundo reunir na casa da Lucia e assistir alguma coisa ou só sei lá a gente decide depois. – Eu amo a casa da Lucia, é uma mansão aquilo não devia ser chamada de casa, e eu sou apaixonado pela área livre que tem lá.

- Super apoio a gente assistir uma animação – Diz Johana animada com sua própria ideia, ela é apaixonada pelas animações da Disney.

- Todo mudo quem?

- Ah, todo mundo, eu, Jô, Duda, José. Ao não ser que esteja pensando em chamar mais gente.

- Não acho que dá, minha mãe vai estar em casa e...

- Ah, okay então.

Seguimos o resto do caminho em silêncio, e logo avistamos José e Duda mais à frente no refeitório conversando.

- Oi! – Me introduzi sem maiores delongas apoiando as mãos na mesa – Entããão, estava me perguntando o que a gente vai fazer agora com todo esse tempo livre, alguém tem alguma ideia?

- Eu topo uma pipoca na casa da Lucia! – Sugeriu José mandando uma piscadela pra Lucia e esboçando um sorriso.

- Não dá, a mãe dela vai estar lá e por algum motivo isso é um problema – Disse Johana.

            - Zé, não tem aquela festa hoje? – Questionou Duda.

- Que festa?

- Que festa, a festa que organizaram pra hoje depois do jogo seu bocó, que horas é?

- AAAH a festa, não é bem uma festa, é que a gente combinou com o pessoal da Ulisses de ir numa burgueria aí mais tarde, eu nem ia mas se vocês estiverem afim de ir eu vou com vocês.

- Lógico que nós vamos, né?

- Eu não vou - Todos então direcionaram seus olhos pra Lucia, mas ela não é mesmo muito afim de “confraternizar” - Não se preocupem, só quero passar a noite com as minhas séries. Aliás eu já vou indo, tchau pra vocês.

- Ela anda meio estranha né, Jô?

- Eu também notei, Davi – Johana faz uma pausa – Deve ter acontecido alguma coisa entre ela e a mãe, de novo.

- Okay... – Agradeço a Eduarda por nos interromper, não queria falar sobre isso agora – Vamos esquecer isso por enquanto, eu tenho que ir então... A gente se vê mais tarde? Zé, manda o horário e endereço no grupo por favorzinho.

- Mando sim.

Ela então distribuiu abraços de despedida e se foi.

- Tchau pessoal, até mais tarde!! – De longe Duda grita pra nós e eu aceno como resposta.

E por alguns minutos o silencio predomina, só tinha restado eu, Johana e José, e como não sou bobo nem nada logo notei que seria interessante deixá-los sozinhos, e assim o fiz.

- Eu vou indo também, esqueci completamente que tenho uns serviços pra fazer em casa e se não os fizer duvido que me permitem sair à noite. – Dei um abraço em cada um e segui meu caminho.

Na verdade, eu não tinha nada pra fazer em casa, nós tínhamos uma diarista que fazia esses servicinhos básicos, e como só tem gente em casa da parte da tarde pra noite, não tem tanta coisa a ser feita, eu só teria que alimentar meus gatos, sim, meus, tenho dois gatos lindos dos qual adotei ainda no ano passados, a de pelagem branca e olhos verdes, Willow, e a rajada como um tigre, dos olhos castanhos, Beta. Eu as amo com todo meu coração.

Botei os fones de ouvido e me direcionei pro ponto de ônibus, aguardei o mesmo e não demorando muito o que pego diariamente chegou e embarquei, é um percurso rápido, em cerca de quinze minutos eu já chego em casa. Minha casa é de porte médio-alto, tem um quintal generoso nos fundos, uma garagem com dois carros na frente e uma casa extensa de dois andares. Entrei dentro de casa e logo fui recebido pela Will jogada no sofá da sala, peguei ela no colo e continuei até o meu quarto, subi as escadas, abri a porta, e na minha cama estava Beta, dormindo como um anjo, me deitei ao lado dela e coloquei Will do meu outro lado, e fiquei ali um tempo, tirei meus sapatos com os pés e joguei minha calça em algum canto do quarto, vestindo assim somente uma camiseta e uma boxer. Ainda deitado cheguei minhas mensagens, tinha mensagem do José avisando que a “festa” começará às vinte horas numa burgueria nova que abriu semana passada, okay, agora são treze horas, até lá eu ainda tenho cerca de... hm... seis horas, e como não tenho nada melhor à fazer, vou dormir.

Acordei com a minha mãe puxando meu pé, sim, puxando meu pé, depois que ela descobriu que eu acordo no pulo quando puxam meu pé ela não parou desde então.

- Opa! Acordou!

- Hã? Sim? – Logo abro meus olhos me deparando com a figura de minha mãe esboçando-me um sorriso.

- Com certeza você acordou, agora vamos, levanta e toma um banho pra jantar que já são seis horas – Disse minha mãe em tom animado.

- Okay... – Respondo sonolento.

Esqueci de dizer pra ela que eu não jantaria em casa, mas isso eu falo depois, eram seis e trinta e oito e minhas gatas não estavam mais dormindo comigo, levantei e fui direto pro banheiro do meu quarto, tomei uma ducha rápida de dez minutos e abri o meu armário. Eu nunca sei o que vestir, mas como estamos em setembro e setembro tem um clima mais de frio e chuva, certamente faria frio à noite, então peguei um blusão bege claro, quase branco, vesti uma social branca só pra deixar o colarinho e o fim da camiseta de fora, uma jeans clara e um adidas preto, passei meu perfume preferido, e sem esquecer meus óculos, desci.

Desci as escadas e fui pra cozinha onde espero encontrar minha mãe, e ela realmente estava lá preparando a janta chegando lá encostei no batente esperando ela notar a minha presença.

Minha mãe é um pouco mais baixa que eu, não sei exatamente sua altura mas fica perto dos 1,64, tem o cabelo castanho liso, agora preso num rabo de cavalo, os olhos castanhos escuros e pele clara como a minha. Depois de alguns segundos ela parece finalmente ter me notado.

- Oi, querido – Ela então me olha de cima em baixo e me olha sugestivamente – Onde você vai todo arrumado? E cheiroso, esse é aquele perfume novo?

- Oi, Mãe – Saio do lado do batente e dirijo a ela um beijo na bochecha – Eu ‘tava pensando em sair pra comer com uns amigos naquela burgueria nova, e adoraria se você me buscasse, posso?

Ela então para pra fingir que está pensando numa resposta, eu sei que é sim.

- Eu juro que não vai demorar tanto! – Digo animado.

- Okay, Davi, com quem você vai?

- Ah, os mesmos que você já conhece, José, Johana, Eduarda.

- Quer que eu te leve?

- Não precisa, eu vou passar na casa da Johana e de lá a gente vai junto, a mãe dela vai nos levar.

- Tudo bem... – Disse ela concentrada em picotar seus legumes – Que horas eu te busco?

- Eu te ligo! – Beijo sua bochecha novamente em despedida, agora um pouco mais longo, e me direciono pra sala.

- Não esquece de avisar o seu Pai! – Grita ela da cozinha.

- Tá, mãe! – Grito em resposta.

Chegando na sala meu pai estava tão concentrado com algum documentário do Animal Planet, que decidi não o incomodar, isso que significa ter pais biólogo, só disse que eu estava saindo e ele me respondeu com um “okay”, depois que saí de casa eu juro ter ouvido do quintal minha mãe gritando da cozinha com o meu Pai por ele não ter notado que eu estava saindo ele só respondeu um “okay”, meus pais são hilários.

A casa de Johana não era tão longe da minha, só algumas casas à frente, o que facilitava muito nos encontrarmos, sempre combinamos de um ir na casa do outro quando fossemos sair pra irmos juntos e hoje eu iria na dela. A casa de Johana só era um pouco menor que a minha, mas nada de mais, até porquê a minha que era grande o que a tornava normal. Nada muito marcante lá, conversei um com a Tia Ju, que é como chamo a mãe de Johana, Juliana, e então saímos.

A burgueria era linda, tinha todo um clima rustico de churrascaria, eu a achei maravilhosa, sem falar que tinha uma área livre em volta dela que me chamava pra lá de todo o jeito possível, eu amava lugares abertos assim, sem falar no clima frio mas não que te maltratava, era aconchegante. E eu amo sair na noite, é tão libertador, lindo como o céu se comporta e aquele lugar só demonstrava que ele se tornaria mais um dos meus preferidos. Depois que entramos de cara avistamos a mesa que estávamos procurando, eles tinham ocupado cerca de 6 mesas de quatro cadeiras cada uma, era uma reunião gigantesca, quando chegamos lá tínhamos lugares reservados na mesa que José e a Duda se encontravam, eles estavam entretidos rindo de algo que desconhecemos e logo sentamos sem nos pronunciarmos.

- Uow! Duda, olha quem chegou! – José diz surpreso.

- “Tãdá”! Chegamos!

- “Tãdá” o que, Johana, ‘tô aqui morrendo de fome esperando vocês chegarem, vieram a pé? – Diz Eduarda querendo soar inconformada, mas ela só ‘tava fazendo graça.

- Ah, não, sei lá.

- Tá, tudo bem, vamos fazer os pedidos logo que eu ‘tô esgueirado de fome aqui – Sugeriu José e logo nos estregou o cardápio.

Eram inúmeras as opções, fiquei bastante indeciso mas escolhi um que me chamou a atenção pela aparência do hambúrguer de frango e por ter um molho especial dele.

Não tardou e logo nossos pedidos chegaram, eu estava muito contente com o meu, não me senti enganado pela ilustração do cardápio.

- José seu lanche é imenso...

- Davi eu ‘tô morrendo de fome, tu não sabe o quanto.

- ‘Tá, mas come devagar pelo menos, civilizadamente. – Exclamou Johana.

Conversamos sobre tudo, o jogo que havia ocorrido mais cedo, a escola, sentimentos, planos, realmente tudo, todo tipo de assunto foi abordado naquela mesa de madeira vernizada, eu cheguei a até mesmo esquecer o resto do pessoal com quem deveríamos estar interagindo também, só me lembrava deles quando alguém chamava pelo José. Saímos para conversar na área livre, deitamos, brincamos, rimos e gritamos. Estava ficando tarde e todos, menos eu, já haviam até mesmo tomado suas sobremesas, estavam de partida, o pai do José tinha ficado de busca-los e deixar cada um em sua casa, o que era muito legal da parte dele, eu também iria, mas já tinha avisado minha mãe que diria a ela pra quando quisesse que me buscasse e ela não gosta muito de surpresas, então eu a mandei uma mensagem.

“Oi, pode me buscar já, me avisa quando estiver chegando. Sex, 22:45”

“Vou ficar te esperando . Sex, 22:45”

Todos já tinham ido embora e minha mãe ainda não havia chegado, eu estava agora sozinho na mesa que antes tinha quatro pessoas e como tinha acabado de mandar a mensagem pra minha mãe me buscar, decidi ir em uma daquelas mesinhas pra dois na região externa que eu tinha admirado no início e pedir um milk-shake de morango, levantei, peguei minhas coisas e me dirigi pra lá, fiz meu pedido e aproveitei pra já quitar minha conta também. Eu observava o céu quando logo chegou minha sobremesa e voltei a observar o céu, pensando distante junto das estrelas.

Eu nem havia notado uma presença a mais até que ouvi alguém limpando a garganta, saí dos meus pensamentos e então voltei meu olhar pra figura a minha frente, que supreendentemente era o garoto misterioso da Ulisses que chamou minha atenção na final hoje mais cedo. Eu nem tinha lembrando que havia uma possibilidade dele estar ali, já que era uma “festa” pra ambos os times. Ele era ainda mais lindo de perto, uma parte dos cabelos estavam presos em um coque meio que samurai, mas não tanto? Não entendi ao certo, mas uma parte estava em um coque e o restante solto nos ombros, era o cabelo mais preto que eu já vira, tinha a cor dos olhos num castanho tão escuro quanto o cabelo, pele parda no tom mais escuro que se permite um pardo ser, moreno, uma coisa que eu não havia notado nele no jogo, já que me encontrava distante, era o grande número de pintas que percorriam seu rosto, pescoço e ombros, o que o dava um charme a mais, sabia da parte dos ombros pois ele vestia uma regata branca colada marcando os músculos.

- Oi? – Sua voz era um pouco grossa e grave, sedutora – Meu nome é Carlo.

Carlo.

- Cansou da “festa”?

Talvez ele tenha mesmo me notado na arquibancada.

- Ah, não. É que meus amigos foram embora então eu decidi vir pra cá e esperar minha mãe vir me buscar – Eu parecia um tanto atrapalhado, mas estava indo bem, acho.

Foi quando recebi uma mensagem e meu celular, em descanso em cima da mesa piscou indiciando a mensagem da minha mãe.

“Okay, já ‘tô chegando. Me espera do lado de fora – Sex, 23:02”

- Algo importante? – Perguntou Carlo atenciosamente.

- Ah, não exatamente.

- Não exatamente?

- Bem, sim. Minha mãe pediu que eu espere ela lá fora que ela ‘tá chegando.

- Esse foi o fora mais inusitado que eu já levei. – Disse ele brincalhão esboçando um sorriso, e que lindo sorriso.

Já me levantando soltei um riso do que ele falara e ele levantou junto.

- Não foi bem um fora. – Respondi em meio a um sorriso.

- Já que ainda tenho chance, deixe eu te acompanhar até a saída.

Não tive tempo de terminar o meu milk-shake então deixei cerca de metade no copo e o deixaria lá, mas Carlo vendo o que eu faria tomou posse dele, entrelaçou nossos braços e parecia disposto a me acompanhar. Ele estava dando em cima de mim descaradamente.

Não conversamos muito, até porquê de onde estávamos até a fachada do estabelecimento eram poucos metros, só trocamos informações básicas como idade, nome e etc, uma conversa casual. Chegando na fachada logo avistei minha mãe.

- Opa, ela já ‘tá me esperando. Até outra hora!

- Até mais “David Jones”. – Ele disse ter amado meu nome e como parecia ter saído de um filme americano. Nos abraçamos num ato de despedida e juro ter sentido algo ter tocado minha bunda, eu acusaria ele, mas foi um toque tão leve e rápido que decidi ignorar, talvez fosse coisa da minha cabeça.

Quando entrei no carro e olhei pela janela ele estava lá parado observando eu ir, e tomando meu milk-shake de morango, parecia adora-lo.

- Aquele eu não conhecia. Eu deveria gravar a feição dele? – Disse minha mãe num tom um tanto sugestivo.

- Ah, pode ir parando aí, Mãe. – Dei um tapinha na coxa dela e logo começamos a rir.

Chegando em casa eu não queria mais nada além de me jogar na cama e dormir, amanhã eu me preocupava em tomar outro banho. Tirei minhas roupas e um papel caiu do bolso da minha calça jeans, era um número, agora eu entendi o que era aquele toque na minha bunda, ele colocou discretamente seu número no meu bolso. Peguei meu celular e me joguei na cama, vestindo já um pijama.

“Você ‘tá acordado? – Sex, 23:30”

“Uhum. Pensei que você não encontraria meu número hoje. – Sex, 23:32” 


Notas Finais


Eu não revisei muito bem o final então não me matem se tiverem encontrado algum erro
Esperarei vocês nos comentários, vamo bate um papo ♥♥


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