História Intolerantes a Borboletas - Eu e você, sem direção

Eu já nem durmo mais, não
Só fecho os olhos e penso em você
Só fecho os olhos e tento entender
O que me trouxe aqui

Sei que te amo mais, mais
Bem mais do que eu te falei há um mês
E se eu não falo mais dessa vez
É porque finalmente entendi

Eu e você, sem direção
Me dê a mão e eu me perco mais
Eu e você, sem direção
Não solte a minha mão jamais
( Direção - Manu Gavassi)  

Paul Wesley

 

— Volta aqui maluca! - Segurei o braço de Phoebe quando ela começava a virar a esquina. Esqueci de como ela era rápida quando queria.
 

— Não sou maluca, me deixa em paz! - Puxou o braço com agressividade, estava ofegante e vermelha, assim como eu devido a nossa intensa corrida. Ela pra fugir de mim e eu para para-la.
 

— É maluca sim. - Revirou os olhos e começou a andar novamente. — Ainda não terminei! - A puxei novamente, dessa vez sem paciência e prensando seu corpo na parede mais próxima. — Você é maluca sim, mas é a maluca mais linda que eu conheço, a que me transforma em maluco por ela, então me ouve, por favor! - Declarei-me em súplica e ela pareceu imóvel depois de tudo que eu tinha dito.
 

— Paul... - Manhou agoniada. — Só queria ficar sozinha... Eu-eu... - Atrapalhou-se.
 

— Shiuu. - Abracei o corpo pequeno e a ouvi arfar em meus braços. — Não quero brigar com você Pho, não minto pra você, só preciso que entenda que aquilo não era assunto meu e eu não tinha esse direito. - Expliquei e pude suspirar aliviado quando senti os dedinhos dela acariciarem meus cabelos.
 

— Nina não admite que gosta do Ian, mas gosta dele e não é pouco Paul. - Separou-nos e olhou em meus olhos, eles estavam brilhantes pelas lágrimas que se acumulavam. — Quando ela souber da verdade isso vai acabar com ela. - Mordeu o lábio inferior para disfarçar o tremor.
 

— Eu sei amor, porém a história é mais que isso, preciso que volte comigo e escute o resto. - Pedi acariciando com cuidado suas bochechas e secando as lágrimas que caiam.
 

— Não quero fazer parte disso Paul, não vou conseguir mentir para ela. - Relutou negando diversas vezes com a cabeça.
 

— Não quero que você minta amor, só que é o Ian que precisa resolver isso... - A trouxe pra mim novamente, abraçando-a.
 

— A Nina é tudo que eu tenho Paul, ou o Ian conta logo, ou eu conto... - Decretou firme.
 

— Tá bem, tá bem... - Suspirei entregue. — Ele está apaixonado por ela, quando a verdade vier a tona Ian vai sofrer e ele já sofreu tanto...
 

— Nina também já sofreu muito, mas não vou julgar seu irmão sem saber da história toda, sei que me descontrolei. - Corou, envergonhada.
 

— Eu te amo tanto, não sei o que faria se você não me perdoasse, não vou mentir de novo. - Beijei suas bochechas repetidas vezes.
 

— Eu também te amo seu bobo. - Me abraçou pelo pescoço, com força e soltou uma risadinha fofa. — Eu que fui injusta, ele é seu irmão, no seu lugar eu teria feito o mesmo. - Levantou o rosto ficando de frente pra mim e beijou meus lábios demoradamente, é aquele beijo salgado pelas lágrimas e que se mistura com o doce sabor de um beijo de reconciliação.
 

— Podemos voltar pra dentro agora? Temos muito o que conversar... - Disse sério e ela assentiu, juntando seus dedos aos meus e de mãos dadas e agora bem mais leves retornamos ao meu apartamento.

[...]
 

— Olha Pho desculpe, por favor, não me odeia! - Ian saltou do sofá assim que eu abri a porta vindo em nossa direção, ele realmente estava pegando o jeito e seguindo a risca as recomendações médicas, quase novo em folha e tão ágil e habilidoso quanto antes do acidente.
 

— Ian... - Tentei chamar sua atenção para que ele nos desse ouvidos. Tudo em vão.
 

— Sei que parece tudo um absurdo, mas estou desesperado, é essa culpa, é sua irmã me odiando enquanto eu estou apaixonado por ela... - Parou por um instante e pareceu tomar fôlego, mas eu conhecia meu irmão o suficiente pra saber que era assim que ele reagia quando admitia algo importante em alto e bom tom. — Eu disse isso muito alto? - Fez um bico.
 

— Não, imagina. - Ironizou Bárbara aos risos. — Só acho que você deveria dizer isso pra Nina, porque que você tá apaixonado por ela todo mundo sabe, só vocês que não admitem... - Adoro ter uma amiga advogada, Babi sempre sabia o que dizer e o primordial, as palavras eram totalmente verdade.
 

— Pare de graça Bárbara. - Ian a repreendeu emburrado.
 

— Sei que eu deveria arrancar suas entranhas por estar mentindo pra Nina Ian. - Minha namorada ameaçou. — Mas sei o quão importante você é pra ela...
 

— Sou importante pra ela? - A voz dele saiu eufórica e foi impossível não sorrir com isso.
 

— É Somerhalder, e sei que ela é importante pra você também... - Pontuou Phoebe prosseguindo sua fala. — Por isso eu vou te ajudar, mas você terá que me explicar essa história toda direitinho, caso contrário terei que te matar. - Deu um sorriso dissimulado e mesmo Ian não podendo ver só a voz maligna foi o bastante para faze-lo estremecer e eu óbvio que me diverti com isso, não é todo dia que seu irmão de 32 anos parece um adolescente todo apaixonado.
 

— Você é tão simpática cunhadinha. - Sorriu.
 

— Ah eu sei, Paul é um cara de sorte. - Ela me puxou dando-me um beijo estalado na bochecha.
 

— São tão fofinhos. - Ironizou Ian fazendo uma careta.
 

— Pare de ser chato Ian. - Bárbara deu-lhe um empurram. — Todo mundo aqui sabe que você gostaria de ter a médica gostosa na sua cama. - Viu o que eu disse? Bárbara é simplesmente a melhor.
 

— Realmente ela é gostosa. - Ian concordou e eu assenti, mas logo me encolhi com o tapa na nuca que recebi de Phoebe.
 

— Aí Pho! - Acariciei o local. — Tô elogiando sua irmã apenas, ela é a garota do Ian e você minha garota. - Fiz um bico de inocência e Pho continuava a me olhar ameaçadora.
 

— Cuidado hein Wesley! - Apontou pro meu rosto. — Ou arranco sua língua fora, pra não dizer outra coisa. - Sorriu perversa e seus olhos saíram do meu rosto, acompanhei seu olhar e vi que ela olhava para minhas calças.
 

— Essa garota é das minhas! - Bárbara vibrou aos risos.
 

— Não dificulta Bárbara! - Fingi estar bravo.
 

— Mas foco gente. - Minha namorada bateu algumas palminhas e logo recebeu atenção novamente. — Temos que por o plano cupido em ação.
 

— Plano cupido? - Ian fez careta. — Que porra de nome é esse?  - Protestou.
 

— Olha aqui soldado, tô tentando te ajudar, ou você pode continuar sendo idiota e Nina arranca seu coração. - Phoebe sempre tão delicada.
 

— Não está mais aqui quem falou. - Meu irmão deu um sorriso forçado.
 

— Sabe gente, acho que tive uma idéia. - Me manifestei, vendo ali a chance de reunir o casal cão e gato e contar logo a novidade que eu e Phoebe estávamos guardando desde a hora do almoço. — Que tal irmos acampar?
 

— Acampar? - Ian franziu o cenho e entortou a boca.
 

— Não vai me dizer que tem nojinho. - Phoebe riu. — Bem que a Nina fala que você é fresco. - Provocou.
 

— Eu não sou fresco. - Se defendeu. — A Nina fala que eu sou fresco mesmo? - Fez um bico e bufou, claramente injuriado com a revelação.
 

— Ela fala. - Phoebe colocou mais lenha na fogueira e eu só sabia rir, aqueles dois adoravam se provocar. — Talvez seja por isso que ela não quer ficar com você, fresco, uma hora fofo e outra um idiota.
 

- Pho! - Tentei contornar a situação, mesmo que eu concordasse com o que ela disse.
 

— Deixa Paul. - Ian deu de ombros. — Vou provar pra Nina  que eu posso ser melhor, eu só estou confuso, mas eu quero essa mulher na minha vida, me odiando ou me amando, eu quero cuidar dela... - Confesso a vocês que tive que comprimir as lágrimas para não deixa-las cair, nunca tinha visto meu irmão sendo tão sincero nessa vida.
 

— Acho que eu fiz certo em voltar a atrás, a uns meses atrás um cara disse que queria cuidar de mim e agora eu sou tão feliz. - Phoebe olhou pra mim emocionada e eu sabia que ela estava se lembrando do dia em que nos encontramos no estúdio de fotografia. — Só não pise na bola de novo Ian. - Advertiu.
 

— Pode deixar. - Ele fez sinal de continência e minha namorada riu.
 

— Acho que vou indo então Wesley, tenho que convencer uma médica jogo duro a ir num acampamento. - Phoebe continuou indo dar um abraço em Bárbara, mas a fala de Ian vez com que ela parasse no meio do caminho.
 

— Não vai querer que eu te conte a história do Austin? - Ele retornou ao assunto que havia dado tanta confusão.
 

— Bom Somerhalder. - Phoebe deu meia volta e parou na frente dele, dando tapinhas em seus ombros. — A única que você deve satisfação sobre isso é a Nina, e tenho certeza de que você contará a ela.
 

Ian deu um sorriso tão bonito, aquele típico sorriso colgate, era bom vê-lo feliz.
 

— Obrigado pelo voto de confiança cunhadinha. - Ele se permitiu dar um abraço nela e mesmo com os protestos de Phoebe de que ele estava amarrotando sua roupa, ela também retribuiu o carinho.
 

— Espero não me arrepender. - Bateu na testa dele e voltou pro meu lado, abraçando meu braço. — Preciso ir Paul. - Beijou-me calorosamente e eu só me dei conta de que não estávamos sozinho quando Ian pigarreou alto.
 

— Alguém quer uma camisinha? - Ian brincou e pela primeira vez conseguiu deixar Phoebe com vergonha, pois ela escondeu o rosto em meu pescoço.
 

— Ou se quiser a gente sai e vocês podem transar na mesa, é muito bom... - Bárbara continuou com a zombaria.
 

— Espere Somerhalder e logo será sua vez. - Ameacei já desconfortável.
 

— Está blefando Paul. - Ele rebateu com um ar presunçoso.
 

— Se você já está todo bobo sem a Nina, imagina com ela. - Phoebe seguiu minha linha de raciocínio entrando no meu jogo. É por isso que eu amo essa mulher, e por várias coisas mais né? 
 

— Vocês são uns palhaços. - Saiu pisando duro indo em direção a seu quarto e trombando em alguns móveis no caminho. — Droga de vaso. - Resmungou.
 

— Mais tarde eu voltarei com sua donzela Ian! - Phoebe continuou a implicar com meu irmão. — Esteja de banho tomado.
 

— Ei! - Colocou a mão no peito ofendido. — Sou bem cheiroso.
 

— É mesmo. - Bárbara concordou, levantando a moral dele.
 

— Pra mim você fede, então tá um jeito, pra minha irmã só o melhor. - Essa era Phoebe Tonkin, a maluca pelo qual eu era completamente apaixonado. Isso sim é amar o diabo.
 

— Não abusa em Dobrev. - Ian grunhiu. — Mas vou dar meu melhor e além disso por ela, vale muito a pena. - Abriu a porta assim que falou e entrou as pressas no quarto, ele estava envergonhado.
 

— Alguém tem alguma dúvida de que ele realmente se apaixonou pela médica gostosa? - Babi questionou brincalhona.
 

— Não a dúvidas. - Eu e Phoebe falamos juntos.
 

— Ganhamos a aposta pequeno Somerhalder! - Ela ergueu a mão para que eu batesse minha mão na dela.
 

— Que aposta é essa? - Indagou Pho.
 

— Bárbara sempre disse que o Ian ia se apaixonar pela Nina. - Expliquei e elas riram.
 

— Babi pode me dizer os números da loteria? - Zombou minha namorada e todos riram.

                                                                                                 [...]

Phoebe Tonkin
 

 — Qual é Nina! - Coloquei as mãos na cintura parando na frente dela inconformada com sua preguiça.
 

— Não quero ir Pho, brinquei com a Florence e Candice praticamente o dia todo... - Fez muchocho.
 

— E agora você curte três dias de folga com sua irmã, seu cunhado e um cego inofensivo num acampamento... - Argumentei. — E nem adianta dizer que vai trabalhar porque encontrei com a Candice na portaria e ela já me contou.
 

— Candice boca de trapo. - Resmungou. — O Ian vai mesmo? - Fez careta.
 

— Vai! - Respondi prontamente animada.
 

— Mais um motivo pra não ir. - Ok, aquilo tinha sido um banho de água fria.
 

— Nina! - Gritei.
 

— Phoebe...- Sussurrou.
 

— Sua vadiazinha... - Xinguei. — Você. Vai. Sim. - Disse pausadamente e no tom mais ameaçador que consegui.
 

— Não quero vê -lo Phoebe. - Justificou aflita.
 

— Nina ele só vai estar lá, vocês nem precisam se falar, mas quero te ver lá, por favor. - Implorei manhosa. — Sua irmãzinha que tá pedindo. - Admito que agora até eu me surpreendi com tamanho drama.
 

— Odeio essa sua cara de cachorro que caiu da mudança. - Suspirou. — Tá bem, eu vou. - Finalmente se rendeu.
 

— Você é incrível. - Dei um abraço apertado nela. — Te amo muito. - Espalhei beijos por seu rosto.
 

— Está me babando, sua maluca. - Empurrou minha cabeça pra frente. — Também te amo muito. - Apertou minhas bochechas.
 

— Vamos arrumar nossas mochilas! - Comemorei saltitante e a puxei comigo.
 

— Céus quanta felicidade. - Ela riu.

                                                                                                        [...]
 

— Ian roubou pão na casa do João! - Horas depois cá estamos nos, eu e Paul na frente e nos bancos de trás Ian e Nina separados pelo orgulho que os separa e que a gente une.
 

— Phoebe não estamos mais no jardim de infância, então cala a boca. - Ian grunhiu ameaçador e Paul riu.
 

— Lamento Ian, fico empolgada em viagens... - Expliquei voltando a cantar. — Então você roubou pão na casa do João mesmo Somerhalder? 
 

— Sou cego. - Ele se defendeu. — Não conseguiria achar a casa do João e muito menos o pão. - Deu uma risadinha.
 

— Isso que eu chamo de rir da própria desgraça. - Paul comentou aos risos.
 

— Aprendi com uma pessoa que eu deveria parar de reclamar. - O vi virar a cabeça para o lado de minha irmã pelo retrovisor e percebi Nina se remexendo desconfortável no banco.
 

— Essa pessoa está coberta de razão. - Concordei risonha e senti Nikolina me fuzilando com o olhar.
 

— Vejam só, estamos chegando. - Paul anunciou mudando de assunto e melhorando o clima.
 

— Graças a Deus, minhas pernas estão me matando. - Nina que passou o trajeto todo calada finalmente se manifestou, infelizmente era pra reclamar.
 

— Pode esticar as pernas no banco Nina, não me importo. - Vejam só, Ian Somerhalder sendo cavalheiro, o que uma garota não faz.
 

— Pode deixar, já estamos chegando. - Ela falou baixinho quase se fundindo a porta do carro, para ficar o mais afastada possível do meu cunhado.
 

— Não vou roubar suas pernas Nina. - Ele bufou se abaixando e puxando as pernas dela pra cima, apoiando-as em cima de suas coxas. — Pronto, agora você tá confortável. - Sorriu satisfeito e Nina ficou corada.
 

— Obrigada. - Deu um meio sorriso, sem graça.
 

— Não precisa agradecer Dobrev, é um prazer. - Ele sorriu de novo.
 

Senti alguém cutucando meu braço e olhei para cima dando de cara com Paul com um sorriso lindo no rosto.
 

— Eles são lindos. - Falou sem som e eu li seus lábios.
 

— Sim. - Concordei lançando uma piscadela para ele.

                                                                                                         [...]
AUTORA
 

— Então, o que vocês tinham pra falar? - Nina se sentou em um tronco, Ian no outro e Paul e Phoebe sentaram juntos de frente pra eles. Já fazia umas duas horas que eles haviam chegado ao local de camping, montaram cada um sua barraca e agora estavam sentados em volta da fogueira, tudo perfeito se não fosse pelo anúncio de Paul e Phoebe.
 

— Abandonamos a faculdade. - Falaram juntos e Nina arregalou os olhos, já Ian engasgou com o marshmallow que comia.

— O que? - Nina gritou desesperada e pronta pra matar alguém.
 

– Tem mais... - Phoebe continuou.
 

— Não vai dizer que você tá grávida Pho! - Ian disse de forma esganiçada.
 

— Não estou... - Ela riu e Paul também.
 

— Ufa! Menos mal. - Ian colocou a mão sobre o peito tragando o ar.
 

— Mas o que fizeram largar a faculdade então? - Nina retomou o foco do assunto, ela estava pronta para matar alguém.
 

— Eu recebi uma proposta muito boa do estúdio pra fotografar para eles viajando o mundo. - Paul explicou animado.
 

— E quanto a mim, fui convidada a modelar oficialmente pela Zoom, ou seja não vai dar pra ficar mais fixa aqui. - Phoebe continuou com a história.
 

— Céus! - Nina passou a mão pelos cabelos. — Vocês vão pro outro lado do mundo. - Ela estava atônita.
 

— A chance era muito boa Nina, não tinha como recusar. - A Dobrev mais nova tentou acalmar a irmã.
 

— Eu sei, por isso é tão surreal. - Nina quebrou o espaço abraçando Phoebe. — Minha garotinha vai ganhar o mundo, como sempre sonhou. - Falou orgulhosa da conquista da mais nova.
 

— Não vai falar nada Ian? - Paul perguntou apreensivo.
 

— Você está feliz com seu trabalho? Está feliz indo viver essa aventura com a sua garota? - Fez um questionário enquanto se levantava para ficar mais perto.
 

— Muito feliz. - Respondeu Wesley sem pestanejar.
 

— Então eu não tenho nada a dizer. - Deu um tapa nas costas de Paul, também orgulhoso. — Que você seja feliz. - Ambos riram com o abraço meio desajeitado que deram.
 

— Vou morrer de saudades de vocês. - Nina secou as lágrimas. — De quem eu vou cuidar agora? 
 

— Você pode cuidar de mim. - Ian provocou.
 

— Cala a boca Ian. - Mostrou o dedo do meio mesmo que ele não visse.

                                                                                                      [...]

Ian Somerhalder
 

— Por que está chorando? - Me sentei ao lado dela numa pedra mais afastada, depois do jantar Paul e Phoebe foram dormir e eu não conseguia pegar no sono tendo-a ali tão perto.
 

— Agora eu fico sozinha de novo. - Fungou e eu me aconcheguei mais perdo dela, que se afastou na mesma proporção. — Mas esse é o sonho dela, Pho está tão feliz.
 

— Você não está sozinha Nina, estou aqui com você... - Tentei confortá-la. — Fiquei feliz que você veio... - Confessei.
 

— Não dificulte as coisas Ian, eu não posso... - Relutou soluçando ainda em lágrimas.
 

— Eu não quero magoar você. - Fui movendo minha mão até que eu encontrasse a dela.
 

— Você não pode me beijar de novo. - Foi categórica.
 

— Eu sei. - Assenti.
 

— Obrigada por compreender. - Ouvi ela se levantando e foi aí que entrelaçei nossos dedos, um encaixe perfeito.
 

— Mas você pode me beijar se quiser, assim só pra título de informação. - Sorri dando os ombros.
 

— Droga Ian! - Ela bateu o pé gemendo com uma voz manhosa, parecia estar em uma sangrenta guerra interior. E foi assim, no silêncio da noite, tendo a lua como testemunha que eu senti aqueles lábios viciantes nos meus novamente. A língua percorreu a minha com avidez e curiosidade, deixei que ela tomasse o controle de tudo, eu não tinha pressa alguma. Algumas verdades são irrefutáveis, uma delas era que eu definitivamente poderia ter aquela boca na minha pra sempre.
 

Ao final do beijo eu gemi de nervoso, irritado e excitado pela mordida que recebi no lábio inferior, separando-nos.
 

— O que? - Falei meio atordoado.
 

— Dizem que quando a gente gosta de alguém, a gente se permite. - Ela sussurrou me dando um beijo na bochecha e eu me condenei mentalmente por não ter virado o rosto.
 

— Pode fazer isso sempre que quiser. - Sorri tocando meus lábios, eles formigavam querendo mais daquele beijo.
Ela riu baixinho.
 

— Boa noite Ian. - As palavras que saiam da boca dela agora eram música.
 

— Boa noite Nina. - Respondi com um sorriso. E quando finalmente tive certeza de que ela tinha ido para sua barraca, me permitir dançar e pular no meio daquela floresta, eu estava tão feliz que dormiria com aquele beijo nos meus sonhos.

                                                                                "Só quero sentir seu beijo
                                                                                     Nos meus lábios"