História Inverno - Decodificar

Como eu posso decidir o que é certo?

Quando você está confundindo minha mente

Não consigo ganhar sua luta já perdida sempre

Você não tomará meu orgulho

Não, não desta vez

Não desta vez

 

A verdade está escondida nos seus olhos

E está pendurada na sua língua

Apenas fervendo no meu sangue

Mas você acha que eu não consigo ver

Que tipo de homem você é

Se você é mesmo um homem

Bem, isso eu vou descobrir sozinha

 

(Eu estou gritando "Eu te amo tanto", mas meus pensamentos

você não pode decodificar)

 

Você vê o que temos feito?

Nós vamos nos fazer de bobos

Você vê o que temos feito?

Nós vamos nos fazer de bobos

 

Como chegamos aqui?

Eu costumava te conhecer tão bem

Como chegamos aqui?

Bem, eu costumava te conhecer tão bem

Eu acho que sei

Eu acho que sei

Tem algo que eu vejo em você

Isso pode me matar

Eu quero que seja verdade

-Paramore, Decode.

Ainda em Janeiro, Dia Primeiro de 2557

Eu pulei da cama assim que a mensagem pipocou na tela, corri para frente do computador, sentindo o maior dos alívios ao ver que a origem da mensagem vinha de Anee. Eu obviamente mande uma mensagem de volta,  questionado-a sobre a veracidade do fato, então ela me mandou uma foto da Anna dormindo no sofá da casa em que ela divide com seus demais companheiros de Hack.

               Ela disse que precisava me encontrar o mais rápido possível, mas que seria dificílimo sair da cidade grande em direção às suas fronteiras sem passar por escombros da cidade baixa (ou vielas do antigo Canada). Ela me passou coordenadas de uma cidade próxima a onde estamos, me pedindo para encontrá-la lá.

               Eu não confirmei nada, precisava ter certeza que aquela era realmente Anee. Eu não duvidava da veracidade da foto, mas sim de quem a mandou. Então, novamente, caí de cabeça em linhas de códigos e rastreamento, eu passaria a madrugada toda nisso, se não fosse às batidas na minha porta que não me deixavam concentrar-me.

- Por deus, entra logo!- Me virei na cadeira, ficando de costas para os monitores e de frente para a porta. Eu vi entrando por ela Becca, que antes de começar a explicar o motivo de estar ali, sentou-se na “minha” cama.

- Nós precisamos conversar sobre o vídeo e sobre como vamos resgatar o Jack da ONI.- O tom de voz dela era sério, mas ponderado. – Vamos começar com o fácil, o que você já descobriu sobre o vídeo?  Fale toda a verdade, por favor.- franzi a testa um pouco.

- Não estou aqui para mentir.- Me virei para o computador, abrindo o vídeo novamente.- O vídeo foi cortado de forma tendenciosa. Aquilo no final foi uma interferência forçada, cortando a parte que o Master Chief provavelmente tira o capacete. – Suspirei, decepcionada com a falta de conclusões que consegui. -  Infelizmente, é só isso. Eu tenho alguns achismos meus, só especulações extras e pessoais. Mas de dados que consegui, só.- Finalizei, com um certo nó na garganta.

- Isso definitivamente não ajuda muito.- Me virei novamente para ela.- Pelo menos não nos ajuda em relação ao Jack.- Me senti um pouco ofendida, mas não alterei minha expressão facial. - Não que essa informação seja de todo inútil, quero dizer, se você está correta, o Master Chief voltou a ser um possível aliado, não? - cruzei meus braços,  desinteressada naquele assunto.

- Aliado em qual sentido? - lhe questionei. - Porque eu duvido muito que ele vá se colocar contra a ONI para nós apoiar. - Becca bufou.

- Mesmo quando eles perseguem civis indefesos?- ri de sua afirmação.

-Óh, vamos lá Becca, nós como civis? Isso é piada, certo?- ri ainda mais com a careta dela. - Acho que, falando por mim agora, temos muita bagagem podre no porta-malas.- Um sorriso de canto brotou no seu rosto.

- Bom, isso meio que me define também.- Seu sorriso sumiu enquanto eu sentia um aperto no peito, tentei ignorar.- Diferente de você ou Katsu, eu não fui criada pela UNSC ou uma mente brilhante para feitos brilhantes. Eu fui criada por um cientista de quinta para ajudar um cafetão nos seus negócios. Não foi das melhores vidas, mas foi o que me ensinou como as coisas funcionam. - Ela fez um pausa, algo me diz que ela estava prestes a chorar. - O Jack… Ele foi como um anjo para mim. Eu estava condenada. E diferente de você e ou da Katsu, eu não tinha ninguém que fosse sentir minha falta se eu não voltasse para casa no outro dia, eu nem sequer sabia o que era uma casa!- Sua voz trêmula falhou um pouco.- Mas ainda assim, aquele cabeça dura não desistiu de mim, e eu não vou desistir dele. Então, eu posso entender a sua dor e a sua luta para achar a sua filha, mas…- Ela recompôs a compostura e se levantou. - Se o Master Chief pode ser um aliado, faça-o ser. Acima de tudo, quem teve a ideia Inicial disso tudo foi você, arque com a responsabilidade. Conversaremos sobre o Jack amanhã, todas juntas.- A porta foi fechada com força, me deixando sozinha no quarto com meus pensamentos.

               Suspirei, aquela conversa havia sido pior do que eu esperava. Não que eu esperasse ter esse tipo de conversa com a Becca, mas a rapidez que ela jogou as palavras na sala e saiu, foi ainda mais...insano. Voltei minha atenção para o monitor, tendo mais uma mensagem da Anee:

BRl*: Talvez isso explique o ódio do 117, me avise quando eu puder jogar essas informações na web, os internautas vão surtar com mais essa manipulação!

               Era um arquivo de vídeo, pelo tipo de vídeo, era do capacete de algum soldado, pelo peso do arquivo, significava ser algo sobre os últimos meses. Sem questionar, comecei a baixar o vídeo. O download terminou em minutos, e o conteúdo do vídeo me foi liberado.

               Pelas configurações do  HUD do soldado, significava que quem estava gravando aquilo ali (provavelmente sem querer) era Linda, companheira de time do John. Pela data da gravação, significa que foi gravado a meses atrás, na época da ativação das Instalações Forerunners (se eu não me engano, denominadas Guardians).

               Por falar em Forerunners, Ela e o Blue Team estavam em uma instalação deles, uma que eu nunca vi antes, parecia mais sofirticada e até mesmo mais moderna. Eles andavam em formação,  Chief chamava meu nome, com a convicção que eu lhe responderia. Depois, um promethean ou algo semelhante a um, aparecia.

-Você concede  uma audiência a eles, você arrisca tudo em nome...de que Cortana?- O promethean cita meu nome, enquanto puxava john do mesmo modo que Didata uma vez fez, em Requiem, o pulso de Linda aumenta em frequência

-Warden, não.- Uma voz estranhamente semelhante a minha fala, suavemente.

- Eles vão arruinar seus planos, Vão dispersar seus Guardians.- O promethean fala, seu tom de voz robótico claramente desesperado, olhando para os lados.

-Warden, vá embora.- Então, como mágica e com um grito desesperado, o tal ‘Warden’ some da visão de Linda, os batimentos cardíacos diminuindo gradualmente. -Desculpe, não pensei que ele pudesse chegar até aqui.- A voz semelhante a minha tentou se justificar.

-Chega de Jogos.- Chief cortou as desculpas da voz.- Para quê você trouxe essas coisas para cá?- Em “coisas” eu penso que ele se refere aos tais “Guardians” citados pelo promethean antes de sumir.

- Os Forerunners os usavam para manter planetas baderneiros na linha, pretendo fazer o mesmo.- Um arrepio frio subiu por minha espinha, isso não cheira nada bem para mim.

-Você o que?!- A voz indignada de Kally foi ouvida , mas foi cortada pela “Falsa eu”.

-Sem problemas, não há motivos para disciplina.- Com isso, comecei a comprovar a falta de sanidade da pessoa que pronunciava tais palavras.-Tenho trabalho a fazer,John. Venha até mim.- A voz erroneamente refere-se somente a Chief, ignorando completamente a equipe azul.

Então, o promethean denominado Warden voltava. Armado até os dentes e com sua cavalaria, ele comprou briga com a equipe azul. Ele falava sobre quando essa “Outra Cortana” havia entrado no planeta dele e como ele jurou protegê-la e a auxiliar no que lhe fosse possível. Enquanto a equipe azul lutava, o sentimento de traição era mútuo entre todos os quatro Spartans II. Ao mesmo tempo, Linda se posicionava a distância com sua Sniper atirando nos inimigos.

-O que essa louca pretende?- A voz dela foi capturado pela gravação de áudio do capacete, tão magoada e raivosa quanto um lobo no deserto. A batalha durou por mais algum tempo, Até que o Warden foi finalmente derrotado.

-Bom trabalho John. O Warden nunca admitiria, mas você o deixou impressionado.- A voz desse ser estava começando a me deixar nauseada. Como se não bastasse, essa put@ comecou a usar táticas psicológicas com o Chief, fingindo uma felicidade ao vê-lo junto com a equipe azul, ou como ela mesma disse, uma família.

John já é um adulto, ele não caiu nesse truque sujo dela, nem ele nem ninguém da equipe azul. John jogou as cartas na mesa, á perguntado se ela sabia quantos tinham morrido na ativação dos tais “Guardians”, ela ficou muda.Mais uma horda de inimigos chegou, e a voz do Warden começou a ser ouvida novamente. Ele provocava a “Outra eu” de uma forma ainda mais psicológica do que o que ela mesma tinha tentado a minutos atrás com a equipe azul.

- A Cortana tá permitindo isso, ela podia deter o Warden se ela quisesse.- Kelly parecia tensa, mas com sua voz serena.

-Eu pensei o mesmo.- Linda concordou, nervosa.

-O que vamos fazer,Chief?- Chief não precisou pensar no que responder para Fred. A resposta saiu no automático.

-Ela vai me ouvir.- o Tom autoritário dele foi o suficiente para não gerar mais perguntas dos outros espartanos. O promethean voltou a aparecer, questionando o Chief se ele ajudaria a “Cortana” com seu plano ou se ele ajudaria sua espécie. -Ela já sabe a resposta.- foi a única frase que ele dirigiu ao promethean, o Warden ironicamente concordou com o Chief, e então mais uma batalha se seguiu, e durou um longo tempo, tendo pequenas pausas e voltando cada vez mais fervorosa. No final, depois de enfrentar o Warden e passar por um portal, a equipe azul reencontra o maldito, que se multiplica em milhares, encurralando a equipe em um abismo. Até que a outra eu, em uma demonstração de poder, para o promethean e o faz cair de joelhos.

-Meu objetivo era proteger você deles.- Warden falou, melancólico.

-Isso não é necessário.- Uma não azulada aparece no ombro do Warden. -Ele é a última pessoa de quem você deve me proteger.- O promethean sumiu, e então um holograma semelhante ao meu, só que com vestes apareceu, interferindo na gravação. A última coisa que eu pude ouvir do vídeo, mesmo com a tela escura, foi a voz daquela IA dizendo um singelo “Olá John” e então para meu desespero, o vídeo chega ao fim.

Meu cérebro positrônico se recusava a acreditar no que meus olhos viram. Era alguém claramente se passando por mim, com a minha voz, Até alguns dos meus trejeitos! Quem quer que seja aquela vadia, ela sabia o suficiente da minha vida, e isso me assusta.

Eu salvei o vídeo e enquanto passava ele e outros arquivos para um Pen-Drive, corri para a porta e gritei o mais alto que pude no corredor. Não me importando de ser madrugada, ou se Katsu,Becca e Atsila viriam a  acordar de mau humor, elas precisavam saber disso.

Atsila abriu sua porta primeiro, ela era a que dormia mais perto do meu quarto. Ela tinha uma cara de sono nada convidativa, na verdade. Ela me olhou com os olhos vermelhos sangue de cima a baixo, vendo meu leve tremor nas pernas. Do outro canto do corredor, mais duas portas se abriram, enquanto Katsu e Becca demonstram uma clara cara de desaprovação.

-Qual é o seu problema?- Katsu parecia estar pronta para me matar, mas também notou a minha tremedeira e se assustou um pouco. -Reformulado, que merda você descobriu?-  eu queria responder, mas estava incapaz de formar uma frase decente.

-Eu…- Minha voz morreu, passei a minha mão direita pelo rosto, nervosa.

-Becca, Katsu, Voltem a dormir, eu ajudo a Cortana aqui.- Atsila se aproximou de mim, enquanto eu me apoiava na porta do meu quarto.

-Se não fosse madrugada, eu compraria briga.- Becca virou de costas, entrando no seu quarto. Katsu não falou nada, e fez o mesmo que a outra. Minha tremedeira não havia passado, pelo contrário.

- Cortana.- Atsila se aproximou, lentamente. Ela parecia mais calma do que eu esperava. - O que aconteceu?- Ela estava a poucos metros de distância, então eu só puxei seu pulso e entramos no meu quarto novamente.

-A Anee...Rebelion, me mandou um vídeo, o veja..- eu não consegui falar muita coisa a mais, eu estava em choque.

Atsila me olhou verdadeiramente preocupada, mas seguiu o meu pedido sentando-se na cadeira em frente ao computador e dando play na gravação que ainda estava aberta. Eu fiquei sentada na cama, me concentrando para não prestar atenção no vídeo, naquela IA se passando por mim e manipulado John, causando intriga entre ele e seus irmãos. E mesmo que eu tentasse, minha mente ainda tentava achar uma resposta lógica para aquilo. Uma resposta que ainda não chegou.Atsila viu o vídeo  de forma cortada, pulando as partes de batalha, o que não me ajudava no meu estado atual.

Quando o vídeo terminou, Atsila se voltou para mim, preocupada com o meu estado.

- Antes que pergunte, eu estou bem. Foi só o choque.- Ela franziu a testa, mas eu falava a verdade. Em parte, eu estava feliz pelo fato do John não estar com raiva de mim. Por outro, preocupada com o poder que essa IA possui.

-Não foi o que me pareceu a.. dois ou três minutos atrás.- Suspirei pesadamente, ela levantou-se da cadeira e veio até mim. -Na verdade, a sua atitude foi até infantil. mas levando em conta os últimos acontecimentos, eu posso dizer que todas nós somos um pouco infantis.- Ela sentou-se ao meu lado na cama e eu abracei minhas pernas.

- Eu sei.- murmurei. - Só… minha filha está envolvida nisso.Eu sei que não é desculpa para agir feito criança, só que eu sinto como se tudo ao meu redor sempre estivesse prestes a ruir.- Desabafei. Atsila concordou com a cabeça, olhando-me de forma fraterna.

-Eu não te julgo… eu falo isso por Becca e principalmente pela Katsu. Ela ainda meio surtada por causa de você. - eu sabia da história, havia ouvido tudo. - E então, o que vamos fazer?- Ela perguntou.

-Vou passar o vídeo para Anee… e revelar a minha identidade na internet, só assim vou limpar a minha barra sem sujar a de vocês.- Atsila suspirou do meu lado, não contente.

-Eu temia ouvir isso, mas não posso te impedir, não é?-  Ela suspirou e se levantou. - Isso me lembra um jogo de damas.- Ela murmurou indo para a porta.

- Me parece mais xadrez.- respondi-a, ela me olhou de canto de olho sorrindo. Lhe sorri de volta. - Onde“No final do jogo, o rei e o peão vão para a mesma caixa”.- me levantei também, indo para o computador.

- Eu vou preparar sanduíches e cafés para nós duas e volto aqui, mas não me espere para começar seu trabalho.- Ela fechou a porta antes que eu pudesse respondê-la. Suspirei, enquanto sentava na frente do monitor e ligava o computador.

    Novamente, linhas e linhas de códigos (azuis, roxos, vermelhos e verdes, muitos verdes)  começaram a possuir minha tela, então entrei na DW, o unico lugar seguro por hora.Eu entrei em contato com Anee e mandei meu plano para ela e esperei retorno. Esfreguei as mãos contra o rosto e comecei a pensar em como eu iria por esse plano em prática.

    Eu não poderia simplesmente fazer um topico em um forum revelando minha identidade, nem um site só para isso. A internet precisa de provas mais palpáveis do que alguns conjuntos de letras(Sei bem disso, pois eu sempre tinha que apresentar algum documento extra quando eu publicava em fóruns).Como um estalo, olhei ao redor em busca do meu celular. Eu usaria a câmera dele para gravar um vídeo curto, explicando os meus motivos, sem dar maiores detalhes.

    Franzi a testa, isso está me parecendo fácil demais.