História Inverse? - Challenge

POV Sana

O tempo voa rápido, e o inverno logo deu lugar a primavera. E a primavera, ao verão.

Estávamos na época de nos prepararmos para o vestibular, onde decidiríamos em qual universidade gostaríamos de entrar.

Era domingo, estava eu e Dahyun na sala estudando juntas no nosso último dia de férias de verão.

Se passaram alguns meses desde o dia em que nos beijamos pela primeira vez, e confesso que nossa relação não mudou muito desde então. Mas também não brigávamos da mesma forma que antes, passamos a nos entender um pouco mais.

Posso até arriscar a dizer que eu passei a gostar um pouco mais dela...

– Por que está me olhando com cara de retardada? – Dahyun me tira de meus pensamentos.

– O que disse? – Perguntei confusa.

– Nada. – Bufou. – Foque nos estudos, as provas estão chegando. – Voltou a escrever.

– Não quero estudar, isso é tão chato. – Me jogo no sofá. – Está calor. – Me espreguiço. – Por que não damos uma pausa e saímos para tomar um sorvete? – Pergunto animada. 

Me levanto do sofá e me sento ao seu lado no chão.

– Não tenho tempo para isso. – Disse ainda focada em resolver alguns cálculos.

– Por favor, vamos comprar sorvete. – Digo chorosa, e ela nada responde. – Não seja cruel! – Começo a sacudir seu corpo. – Você me fez limpar seu quarto uma vez, o que custa ir comprar sorvete comigo? – Digo emburrada.

– Você limpou meu quarto, mas disse que eu estaria te devendo uma. – Me empurrou, me fazendo parar.

– Ah, é verdade! – Coloco a mão no queixo pensativa. – Será que devo usá-lo agora? – Dahyun revira os olhos. – O que?

– Você é muito idiota, nem parece que é inteligente. – Dahyun abriu o livro de matemática.

– Yah! Eu ainda quero sorvete. – Começo a balançar seus ombros novamente. – Vamos, por favorzinho! – Faço aegyo.

– Como você é chata! – Fechou o livro. – Vamos logo, antes que você me deixe louca. – Se levantou, indo em direção a porta. Sorrio.

– Ninguém resiste aos meus aegyos! – Sigo ela saltitante.

POV Dahyun

Saímos da loja de conveniência com diversos sorvetes.

– Uau... Você comprou muitos. – Sana disse impressionada.

– Toma, é todo seu. – Entrego o saco para ela.

– I-Isso tudo é meu? – Me olhou espantada. Assinto. – Mas são muitos.

– Espero que não me perturbe mais. – Suspiro.

Um sorriso largo surge em seu rosto.

– Você é a melhor! – Me abraçou animada. – Vamos nos sentar lá. – Apontou para alguns bancos que ficavam de frente para o Rio Han.

– Ok... – Reviro os olhos, logo sendo puxada pelo braço.

Fomos até o pequeno campo e nos sentamos no banco. Observo Sana escolher qual sorvete iria comer dentre todas aquelas variedades, ela estava realmente focada naquilo, como se quisesse fazer a escolha certa.

Deixo escapar uma risada.

– Do que está rindo? – Perguntou.

– Nada. – Pego um sorvete.

– Ei! Eu ia escolher esse. – Disse tentando tirar de minha mão.

– Tarde demais. – Abro rapidamente a embalagem de papel e o mordo. Um bico surge em seus lábios. – Você ainda quer? – Ofereço meu sorvete. Sana assente.

Aproximo o sorvete até sua boca, mas ao invés de deixa-la morder, acabo sujando propositalmente sua boca e nariz.

Começo a rir do seu rosto sujo. Sana parecia ter ficado frustrada.

– Sinto muito. – Digo aos risos. – Deixe-me limpar para você. – Seguro seu rosto e aproximo minha mão com um guardanapo.

– Não. – Ela afasta minha mão.

– Por que não? – Pergunto confusa.

– Limpe com um beijo. – Coro.

– O-O que? – Gaguejo.

– Você não estava me devendo uma? – Um sorriso malicioso surge em seus lábios.

– E-Eu não posso fazer isso. – Digo nervosa.

– Quer que eu te mostre como faz? – Sana pega um pouco do sorvete com o dedo, logo passa no meu nariz e por fim escorrega o dedo até minha boca. – Vou te mostrar.

Ela se aproxima lentamente de mim, e ao chegar bem perto do meu rosto, me encara por alguns segundos antes de beijar a ponta do meu nariz.

Meu corpo se arrepiou por completo ao sentir seu toque, meu coração parecia querer saltar pela boca e meu rosto provavelmente estava completamente vermelho.

Sana se afastou um pouco e começou a me encarar novamente. Seu olhar que antes fitava meus olhos, passou a fitar meus lábios. Por impulso, me afasto até o final do banco, encostando as costas no braço do mesmo. Sana se aproxima rapidamente e segura a gola da minha blusa com as duas mãos para que eu não fugisse.  

– Não precisa fugir, eu não mordo... A não ser que você seja uma má menina. – Sussurrou próxima ao meu ouvido. Começo a sentir meu corpo esquentar com sua ação.

Mantenha a calma, Dahyun, mantenha a calma... Droga, ela está perto demais!

Sana me assusta novamente com sua aproximação repentina, seus lábios estavam a centímetros de distância dos meus. Fecho os olhos com força, esperando um segundo beijo acontecer.

De repente, ouço risadas. Abro os olhos, vendo Sana cair na gargalhada.

– Você tem que ver sua cara nesse momento. – Disse com um pouco de dificuldade. – Você achou mesmo que era sério? – Ria com a mão sobre a barriga.

– I-Idiota. – Desvio o olhar envergonhada.

– Sou bem vingativa, eu sei. – Bufo.

– A graça já acabou, vamos ir embora. – Me levanto e saio em passos largos.

– Mas... Espera por mim! – Ouço Sana gritar.

POV Sana

– Por que está com raiva de mim? – Pergunto ao entrar no apartamento com Dahyun. – Você que começou!

– Vou estudar no meu quarto. – Recolheu seus livros e foi até seu quarto, batendo a porta ao entrar.

– O que deu nela? – Penso alto.

POV Dahyun

Jogo os livros na mesa de estudos e me sento na cadeira. Pego o livro de Física e o abro, tento processar todas aquelas informações, mas estava sendo em vão.

– Vamos, se concentra! – Digo para mim mesma. – Aish! O que está acontecendo comigo? – Coloco as duas mãos sobre a cabeça.

Por favor cérebro, colabora comigo. Preciso estudar.

Volto a encarar o conteúdo do livro, mas ainda não conseguia me concentrar. Suspiro com minha tentativa falha.

Me levanto da cadeira e me jogo na cama. Enterro meu rosto no travesseiro, me rendendo aos pensamentos que insistiam em invadir minha cabeça.

Mesmo depois de terem passado meses após aquela festa, eu ainda não conseguia me livrar daqueles pensamentos, mais especificamente, do nosso beijo.

Algum tempo atrás, até tinha conseguido me livrar desses pensamentos, mas as memórias acabaram voltando quando Sana fingiu querer me beija.

Como eu a odeio por isso!

Não entendo, eu mesma tinha dito que foi apenas um beijo. Mas por que não consigo me convencer disso?

Me viro e começo a fitar o teto.

Será que eu quero beijá-la novamente?

Coloco meus dedos em meus lábios, flashbacks do beijo se repetem em minha cabeça.

Sinto meu coração acelerar.

POV Sana

Era segunda-feira, estávamos em nossa classe escrevendo em uma folha qual universidade gostaríamos de entrar como o professor havia mandado.

Olho para o meu lado esquerdo, vendo Dahyun observar a janela com sua folha em branco sobre a mesa. Ela ainda estava meio estranha comigo, mas não parecia estar com raiva de mim. Sempre que eu falava com ela, seu rosto ficava vermelho e ela tentava de todas as formas acabar com o assunto.

Resolvo tentar puxar assunto com ela novamente, até porque, estranhei em ver sua folha em branco.

– Dahyun, qual universidade você quer entrar? – Dahyun se assusta ao me ouvir.

– O-O que disse? – Seu rosto cora. Franzo o cenho.

– Você não vai escrever em qual universidade vai querer passar? – Encaro-a. Dahyun desvia o olhar.

– Não me decidi ainda. – Disse com o tom de voz baixo.

– Ah... – Volto a olhar minha folha. – Antigamente, meu sonho era passar para a SNU, uma das melhores universidades do mundo. Eu estive me preparando desde muito nova só para entrar nela, mas como algumas coisas mudaram, eu não penso tão grande atualmente. Para ser sincera, talvez eu nem tenha chances, então a minha escolha por agora é a Hanyang. Não é uma das universidades da SKY, mas é boa também. – Suspiro.   

Ficamos em silêncio por algum tempo, até eu ver Dahyun começar a escrever em sua folha. Olho-a confusa.

– Acho que me decidi. – Disse.

– E qual foi sua decisão? – Pergunto curiosa. Dahyun pega a folha e estende até a mim. Encaro a folha de boca aberta. – S-SNU?! – Volto a encarar ela.

– O que? Você acha que eu não tenho chances igual a você? – Disse.

Ela está tentando me provocar?

– Não, apenas me surpreendi um pouco. – Digo seca.

– Está com inveja por saber que eu vou fazer parte da SKY e você não. – Disse provocadora.

– Inveja? – Rio incrédula. – Eu não ligo.

– Sim, porque você sabe que eu sou melhor do que você e que eu vou ser a única dessa escola a passar para a SNU.

Por que ela está agindo assim comigo? Ela está realmente com raiva daquilo?

– Você não é melhor do que ninguém! – Altero um pouco a voz.

– Não? Por que não tenta provar o contrário? Eu te desafio a passar para a SNU, vamos ver se você é tão inteligente assim. – Engulo a seco. – Se você passar, eu passo a te respeitar. – Fico estática. – Não vai aceitar? Não sabia que você era tão covarde... – Revirou os olhos, logo voltando sua atenção para a janela.

Sinto meu sangue ferver, eu realmente estava ficando furiosa com sua atitude. E eu ainda achei que estávamos nos entendendo, parece que me enganei.

Peguei a caneta e risquei “Hanyang” da folha. Em baixo do risco, comecei a escrever “SNU”. Escrevi com tanta força que quase rasguei a folha. Peguei a mesma e estendi para Dahyun.

– Aceito seu desafio. Vou passar para a melhor universidade da Coreia do Sul! – Digo determinada.

Dahyun encara a folha por um tempo, e logo me lança um sorriso, o qual me deixou confusa. Eu não conseguia decifrar aquele sorriso.

O que ela quis dizer com ele? Eu realmente queria saber o que ela pensa. Mas de qualquer forma, não vou desistir desse desafio.