História Inverso. - Prólogo.

• Prólogo.

Os raios solares atingiram os cabelos de corvo de Rin assim que ela pisou os pés fora da casa da sacerdotisa Kaede. A pele pálida como a de quem não admitia tomar sol, os lábios rosados demonstrando pureza, as mão finas de dedos longos que significavam delicadeza.

A emboscada perfeita para garantir um futuro marido, isso era exatamente o que Rin precisava agora.

Garotas mais novas que ela já estavam casadas, e da sua idade já tinham filhos, 23 anos era um atraso imperdoável para uma mulher. Rin não queria casar com um homem da aldeia, ela queria ter uma vida diferente se casando com alguém nobre ainda que nem ao menos tivesse um sobrenome, gostaria de passar o resto de seus dias com conforto, e depois de tantos anos de espera nada era mais justo que a vida que merecia.

A imagem atenciosa de Kagome apareceu, segurando uma cesta com possíveis ervas medicinais. Rin sorriu para a miko que retribuiu seu sorriso amavelmente.

— Rin, já acordada tão cedo?

A mulher deu de ombros.

— Resolvi visitar a senhora Kaede antes de sair.

— Sair?

— Eu fui convocada para escrever uma carta para o imperador. — disse com um entusiasmo discreto. — Parece que terei que viajar até as terras do leste.

— Incrível. — Kagome disse parecendo animada. — Rin fez bem, como escrivã não vai demorar muito para ficar famosa.

— Onee-san, você acha? — podia notar um pequeno brilho em seus olhos. — Se eu ficar famosa, acredito que não vai demorar a ter pretendentes na minha porta!

— Rin, você já tem muitos. — uma gota de frustração caiu da testa da sacerdotisa.

— Todos pobres e velhos. — cruzou os braços. — Rin não precisa de alguém que não tenha condições nem para comprar um kanzashi.

— Quando você se tornou tão ambiciosa, Rin-chan?

A mulher mais jovem bufou virando de costas.

— Há momentos que temos que aprender a separar fantasia de realidade, Onee-san. — olhou para Kagome por cima do ombro. — Se me der licença, tenho que me aprontar.
Sesshoumaru.

Era resposta de tal revolta, Kagome sabia que Rin não era uma má menina, mas conforme ela foi envelhecendo houve uma mudança súbita em sua personalidade. Começou a se vestir com mais elegância, aprendeu sozinha a escrever e ler, era uma jovem culta e vaidosa demais para os padrões do pequeno vilarejo e depois que Sesshoumaru deixou de aparecer para visitá-la situação ficou um tanto extrema. Ela ainda tinha as cartas e presentes do daiyoukai em sua casa modesta e um pouco afastada das demais, Rin ainda vestia os kimonos que o cunhado de Kagome lhe enviava, mas as vezes parecia que o uso das vestes eram mais por ela não querer usar os tecidos da vila do que para agradar o Inuyoukai.

Rin cresceu e Sesshoumaru estava muito longe para observar seu crescimento, tudo isso dava a perceber que talvez o amadurecer estava fazendo com que ela esquecesse seu antigos sentimentos amorosos por ele.

Rin molhou os lábios com vermelho, o rosto salpicado com pó de arroz.
Por muito tempo viveu esperando, esperando e amando um homem impossível, sempre soube que era frágil e humana, que não podia viver nem metade da longevidade de seu mestre. Entretanto, tinha uma fé infantil de que poderia ficar ao lado do youkai para sempre, com o conhecimento vêm o abandono da ignorância e desta forma tinha notado que enquanto envelhecia esperando por seu mestre a vida passava cada vez mais rápido diante de seus olhos.

Prendeu os cabelos negros com o ornamento floral, o branco se destacava na escuridão de seus fios de ébano, calçou as geta e sobressaltou ao ouvir batidas em sua porta.

— Rin-sama. — alguém chamou por ela, sabia que deveria ser uma pessoa do imperador.

— Estou saindo.

Esta Rin tem que aprender a se cuidar sozinha.