História Invictus - Voltando a rotina?

2 semanas depois

POV Trevor

Minha cabeça doía de tanto que eu pensava. Era a missão à base, montar uma estratégia, Connor mais quieto que antes, Dakota querendo sair o tempo todo, Arizona cheia de segredo.

Se tava tudo aparentemente bem, porque eu tinha a sensação de que não tava?

-Ei.- Olhei pro lado vendo Maggie se aproximar. Eu estava na varanda de casa, tentando pensar em um plano bom o bastante pra ninguém morrer.

-Oi.- Cumprimentei sorrindo. -Arizona não tava com você?

-É, ela estava sim mas precisou sair com Daryl e Michonne.- Me respondeu com um sorriso meio suspeito.

-Ela anda saindo muito com ele. Nessas duas semanas desde que o Connor voltou, só vejo Arizona de noite quando vamos comer.

Maggie se sentou do meu lado.

-Ela só ta ocupada. Mas dessa vez Mich ta com eles também.

-Pois é. Mas eu preciso da ajuda dela pra montar a estratégia das missões, tô quebrando a cabeça sozinho.- Falei passando a mão no rosto.

Sozinho eu não ia conseguir montar todos os planos. E mesmo que eu não quisesse admitir em voz alta, Arizona era um pouco mais engenhosa que eu. Só um pouco.

-Vai dar tudo certo, só relaxar um pouco. Parece que você ta muito tenso.

-Você não?

-Sim. Mas tô tentando deixar mais leve, porque eu tenho outro ser dentro de mim.- Disse passando a mão na barriga.

Lembranças me atingiram feito uma bala.

-É, tem que tomar cuidado.- Olhei para as minhas mãos e sorri meio triste.

-Ta tudo bem Trevor?

-Uhum, ta sim.- Pigarreei. -Só lembrei de umas coisas.

-Se quiser compartilhar.- Sorriu. -Talvez guardar pra você vai acabar te sufocando.

-Quer dar uma volta? Ir até o lago?

-Claro.

Ajeitei as facas no cinto me levantando. Maggie andava do meu lado bem quieta, eu sabia que teria de falar sobre isso com alguém sem ser meus irmãos algum dia. Na verdade nem com eles eu falava sobre isso, era doloroso demais.

-Eu tinha uma mulher.

Comecei a falar quando estávamos virando a esquina em direção ao pequeno lago.

-No início de tudo isso nós nos encontramos todos na casa dos meus pais em Hoover, onde fui criado. Eu e Ellie ainda passamos na casa da mãe dela, mas já era tarde. Quando começamos a evacuação, eu dirigi por dias e acabamos em um acampamento em Columbus, que é fronteira do Alabama com a Georgia.

Parei de andar em frente ao lago, encarando meu reflexo.

-Um dia saí pra caçar junto dos outros, meus pais ficaram junto com minha irmã mais nova e Ellie seguros no acampamento. Ou pelo menos eu achava.

Maggie me olhava, eu via pelo canto do olho.

-Só que não era. Não tínhamos nos afastado muito, os mais novos tentavam caçar uns esquilos e Arizona e eu tomávamos conta quando ouvimos tiros e gritos. Quando voltei com meus irmãos, estavam todos mortos. Meu pai, minha mãe, Blair e Ellie. Todos mortos, inclusive as poucas pessoas do acampamento. Ellie estava grávida, de sete meses.

Deixei as lágrimas caírem, fechando meus olhos.

-Eu sinto muito.- Maggie disse pegando uma mão minha. Abri os olhos e olhei pra ela, dei um meio sorriso.

-Não tem um dia que eu não pense nela, e no nosso bebê. Era menino, já tínhamos até escolhido o nome.

-Qual?

-Isaiah.

-É um nome muito bonito.- Assenti sorrindo triste. -Eles não foram embora totalmente Trevor.

Olhei pra ela, Maggie tinha os olhos marejados.

-Enquanto você não desistir e continuar vivo, eles estarão vivos em você. Glenn acreditava assim, e eu me agarrei a isso depois que perdi meu pai e irmã. E agora mesmo tendo o perdido, sei que ele não se foi totalmente.

Sequei as lágrimas e sorri.

-Obrigado Maggie, eu… vou tentar pensar desse jeito.- Ela sorriu como se me encoraja-se.

-Pode conversar comigo sempre que quiser.- Assenti sorrindo de lado. -Bom, vou voltar pra casa agora. Enid disse que me visitaria hoje, e quero fazer ela morar comigo. Preciso cuidar dela, é o que Glenn queria.

-Até mais então, eu vou até a construção ver se precisam de ajuda.

Maggie acenou e foi pro lado contrário ao meu. Segui em direção ao local de expansão, precisava ocupar minha mente.

POV Arizona

Entrei na rua principal da pequena cidade próxima a Alexandria vigiando e tentando localizar walkers. Fiz um sinal pra Michonne e Daryl se aproximarem.

-Nenhum walker nessa rua, parece bem quieto.

-Eles devem ter se deslocado, tinham vários da última vez que eu estive aqui.- Michonne falava baixo, todo cuidado era pouco.

Seguimos pela rua, sempre alertas e desconfiados. Não era sempre que não se encontrava uma viva alma, bom nesse caso morta, pelas cidades.

-Precisamos de uma loja de caça, ou Daryl vai acabar surtando e roubando meu Elvis.

-Elvis?

-É o nome que ela deu pro arco.- Daryl resmungou, Michonne riu.

-Você deu um nome pro seu arco?

-Claro, eu tinha quinze anos quando ganhei. Até meu violão tinha nome nessa época.

-Arizona, você é mesmo única.

-Obrigada Mich.- Falei fazendo uma leve reverência. Daryl meio que riu mas disfarçou, sorri de lado pra ele.

-Ei, uma loja de caça.- Falei indo na direção da loja. Parei na frente e olhei pelo vidro, nada. Bati no vidro de leve e esperei, Michonne e Daryl do meu lado. Nenhum walker veio então resolvi entrar. Abri a porta devagar e entrei com as machadinhas em punho. Era uma loja pequena e parecia que tinha sido revirada poucas vezes, raro hoje em dia. Andei até a frente do balcão e nada. Olhei pra trás e fiz um sinal pra Daryl entrar, Mich ficou na porta de guarda. Me virei de novo e fui em direção a uma porta do lado do balcão, respirei fundo e abri. Nada, nenhum walker. Abaixei as machadinhas e respirei aliviada.

-Tudo limpo.- Sorri pra Daryl que olhava desconfiado pra dentro do que devia ser tipo um armário e eu tinha acabado de abrir a porta.

-Arizona cuidado.- Ele falou dando dois passos na minha direção na hora que um walker saiu de trás de umas caixas no armário, me virei e ele avançou em mim me derrubando tentando tirar um pedaço de mim. Daryl cravou uma faca no crânio podre fazendo sangue respingar em mim. Tirei aquela carcaça de cima de mim e me levantei.

-Valeu.

Ele resmungou qualquer coisa se virando pras prateleiras nos cantos da loja. Peguei minhas machadinhas que tinham caído e fui atrás do balcão procurar algo útil. Na última prateleira tinha uma caixa escondida, me abaixei e tirei de lá colocando em cima do balcão, era um pouco pesada. Estava toda empoeirada, assoprei a poeira e sorri.

-Dixon.- Ele me olhou e eu o chamei. -Olha isso, uma crossbow novinha, não sei como não pegaram ainda.

Daryl abriu a caixa e sorriu de lado tirando a crossbow. A empunhou avaliando, cruzei os braços sorrindo.

-Bom, feliz natal bem adiantado eu acho né.- Falei dando de ombros.

-Encontrei umas caixa de flechas espalhadas dentro daquele armário.

Assenti indo em direção ao armário pra pegar as caixas. Eram poucas, três, mas cada uma vinha cheia então demos muita sorte.

-Podemos ir então, já achamos o que viemos procurar.- Falei colocando as caixas no balcão, Daryl ainda admirava a crossbow nova que nem uma criança. Me olhou e assentiu colocando a crossbow nas costas, tinha ajeitado todo o equipamento já.

-Obrigado.- Resmungou corando, totalmente contraditório ao jeito de dono do mundo dele. Sorri e não me contive puxando ele pela mão e dando um beijo delicado na bochecha daquele homem maravilhoso.

-Vem.- Falei pegando as caixas, que ele tirou da minha mão pra carregar.

Fora da loja tudo tranquilo, ainda bem; Michonne esperava a gente atenta olhando pros lados.

-Ouvi um barulho, mas como nada mais aconteceu não entrei. Ta tudo bem?

-Ta sim, era só um walker.- Respondi. -Olha o que achei pro Daryl.

Michonne viu a crossbow e sorriu.

-Agora ele ta bem mesmo.- Ri assentindo, Daryl sorriu de lado. -Vamos voltar então.

Concordamos e seguimos o caminho de volta.

Alexandria estava bem agitada, pelo que Olívia me disse só vinha sendo assim desde que Rick contou sobre Negan e que antes disso o ritmo não era tão acelerado.

Antes de ir pra casa passei na casa de Rick, Eugene falou quando chegamos que ele queria conversar comigo. Entrei na casa junto com Mich e Daryl, Rick estava na sala com umas folhas pela mesinha acompanhado de Maggie.

-Eugene disse que você queria falar comigo.

-Sim, precisamos começar a planejar a missão até a base que você e Trevor mencionaram.

-Ah sim.- Falei batendo a mão na testa. -Minha mente ta tão desligada esses dias que eu tinha até me esquecido que tem a missão.

-Sem problemas, pensei em amanhã nos reunirmos com você e seu irmão pra acertar tudo.

-Claro.- Assenti séria. -Uma coisa é certa, a missão tem que iniciar um dia depois de uma das coletas, porque se eles ficarem nos vigiando vai dar a impressão de que estamos saindo pra busca dos suprimentos.

-Eu concordo.- Maggie disse. -Acho que seria interessante conversarmos com o pessoal de Hilltop também, talvez eles queiram entrar na luta.

-Posso falar com Paul, só esperar ele voltar pra me visitar.- Falei dando de ombros.

-Sim, vocês são bem próximos certo?- Michonne perguntou. -Ele pode convencer a comunidade, porque vai ter motivo pra isso.

-Paul nunca fugiu de uma boa briga, acreditem em mim.- Ri.

-Só falar com ele então.- Daryl resmungou de braços cruzados, tinha uma expressão impaciente. Virou as costas e subiu as escadas, olhei confusa pros outros.

-Daryl não gosta muito de Paul.- Rick disse sorrindo de lado. Abri a boca em um “oh” entendendo a reação dele.

-Bom, amanhã nos reunimos aqui mesmo.- Maggie disse.

-Até amanhã então.- Falei me virando. -Se importam de eu ver se minha irmã está aqui?

Perguntei apontando pra escada.

-Sem problemas, ela está com Carl e Enid lá em cima.- Rick apontou distraído com os papéis.

Michonne e Maggie sorriram de lado pra mim, rolei os olhos e subi. Na verdade eu ia me despedir de Daryl mas era bom falar com Dakota pra ver se estava tudo bem.

Andei pelo corredor e encontrei Daryl dentro de um dos quartos com a porta aberta, ele estava sentado no parapeito da janela que dava pra minha e mexia na crossbow nova.

-Vim só dar tchau, já que você saiu do nada da sala.- Ele continuou mexendo na crossbow.

Me aproximei e cruzei os braços o encarando, Daryl levantou os olhos na arma e me analisou.

-Até amanhã.- Falou baixo. Ri e me aproximei tirando a crossbow da mão dele, colocando em cima de uma mesinha de canto.

Cheguei perto dele e segurei uma de suas mãos, coloquei minha outra mão no maxilar dele passando a ponta dos dedos ali.

-Como você vai do homem que me pega pela cintura do que fica sem saber o que fazer só porque eu tô perto assim?- Falei soltando um riso pelo nariz depois.

-Já falei que você me deixa confuso.- Resmungou. Subi a mão e tirei os cabelos dos olhos dele.

-Por que ta nervoso?- Perguntei com o rosto muito perto do dele. -Não gosta muito do meu melhor amigo né?- Daryl olhou pro lado, ri mordendo o lábio. -Paul é meio irritante pra quem não ta acostumado, mas vocês vão se dar muito bem ainda.

-Duvido.- Falou com a voz muito rouca. Virei o rosto dele pra mim e sorri de lado.

-Tenho que ir, nos vemos amanhã?- Ele assentiu. Dei um beijo delicado nele e me afastei saindo do quarto.

Dakota me encontrou no corredor da casa de Rick e contou que Oliver ia muito bem nas aulas, e que até ficava tentando corrigir as outras crianças. Não tinham muitas crianças na cidade, mas as poucas foram instruídas a participar da aula com Dakota todos os dias, o que era bom porque mantinha ela ocupada e eles também.

Fui pra casa e dei comida pros mais novos e Trevor, depois eles subiram e eu ajeitei tudo.

Cheguei no quarto deles, Connor estava no banho, Dakota ainda estava fora, mas Oliver estava sentado na cama com um dos gibis que Carl emprestou pra ele.

-Ei Oggy.- Falei entrando me aproximando da cama dele.

-Oi Nana.

-Já tomou banho?

-Uhum.

-Dentes?

-Confere.

-Pronto pra dormir?- Perguntei vendo ele revirar os olhos.

-Não são nem oito horas ainda.

-Só tô perguntando.- Falei levantando as mãos, ele riu.

-Você vai me levar lá fora quando?- Tinha dois dias que ele não parava de me pedir isso.

-Só quando as coisas se acertarem.- Ele bufou. -É perigoso demais Oggy, não vou arriscar a sua vida.

Ele colocou o gibi de lado e me encarou.

-Nana, eu tô grande já.

-Sei que ta, e por ser grande vai ter que entender que só vai sair quando puder. Você sabe que Alexandria não está totalmente segura agora.

Ele assentiu rendendo, sorri e dei um beijo na testa dele.

-Oito e meia quero você dormindo.- Falei da porta.

-Nove?- Perguntou fazendo cara de cachorrinho abandonado. Estreitei meu olhos.

-Oito e quarenta e cinco.

-Ta bom.- Disse suspirando e pegando o gibi de novo. Ri e pisquei pra ele que jogou um beijo.

Saí do quarto encontrando Trevor no corredor.

-Ficou fora a tarde quase toda.- Falou fingindo desinteresse.

-É, fui numa cidadezinha aqui perto com Mich e Daryl.- Falei indo em direção ao meu quarto, precisava de um banho, estava toda suja do sangue do walker da loja e de mais dois que matei no caminho.

-Dixon?

-E tem outro?- Perguntei divertida, ele riu sem graça. -Ta, o que foi?- Trevor suspirou e riu.

-Só acho que ta saindo demais com ele.

-Ciúme de irmão mais velho não Trevor, já passamos dessa fase.- Falei levantando uma sobrancelha.

-Só me preocupo com você.

-Eu sei, e aprecio isso mas pode ficar tranquilo. Daryl Dixon não é homem encrenca.- Pelo menos não muito, pensei.

-Se você diz.- Deu de ombros. -Vou pro posto de vigia, qualquer coisa já sabe.

-Pode deixar.- Bati continência o fazendo rir seguindo pra escada. -Se cuida.- Gritei pra ele que tinha descido as escadas.

-Sim senhora.- Respondeu e ouvi o barulho da porta batendo.

Me sentei no sofá da sala, Connor estava na poltrona amolando uma faca. Suspirei e encostei a cabeça no encosto do sofá.

-Você ta legal?- Perguntei inclinando um pouco a cabeça.

-Tô sim, só tô pensando.- Respondeu ainda amolando a faca.

-Se quiser conversar Connor, sabe que pode me contar tudo.- Falei vendo ele parar de amolar a faca e me encarar.

-Ainda não.- Disse e se levantou. -Vou dormir, boa noite Nana.- Falou já subindo as escadas.

-Boa noite.- Respondi preocupada. O que Connor não queria me contar? Essa pergunta não saia da minha cabeça. Ele estava mais fechado do que já era desde que foi devolvido, isso me assusta.

-Oi Nana.- Dakota me cumprimentou entrando em casa. Olhei no relógio de parede em cima da lareira.

-Quase dez da noite Dakota, onde você tava?

-Com o Carl, e a Enid.Você sabe, até me viu lá na casa dele.- Levantei uma sobrancelha a encarando, ela sorriu cínica. -Ta, agora era só o Carl, a gente tava só conversando.- Falou se jogando do meu lado.

-Eu não disse nada.- Dei de ombros rindo.

Dakota me encarou e sorriu, fiz cara de confusa não entendendo o porque do sorrisinho.

-Que foi?

-Já gostou tanto de alguém que parecia que seu coração ia saltar do peito?- Sorri com a pergunta.

-Você ta gostando de alguém?

-Não me respondeu Nana.

-Tá ou não?- Perguntei rindo, ela assentiu ficando vermelha. -Que bonitinha, de quem?

-Do Carl né Nana.- Ela falou toda envergonhada encarando as próprias mãos no colo.

Encarei minha irmãzinha e sorri.

-Gosta mesmo dele?

-Gosto. Quer dizer, acho que sim. Eu às vezes quero socar a cara dele, mas outras vezes eu quero só ficar deitada com ele conversando. É normal isso?

-É sim.- Respondi rindo. -Mais normal do que você imagina Dakota.- Ela riu e me olhou.

-Tenho medo de só sentir isso porque ele é um dos únicos adolescentes sobreviventes no planeta.

Gargalhei, Dakota tinha cada uma.

-Claro que não Dakota, se você sente que gosta mesmo dele é verdadeiro.

-Mas e você Nana?- Mudou de assunto apoiando o braço no encosto do sofá e a cabeça na mão sorrindo.

-Que que tem eu?

-Não gosta de ninguém de Alexandria?

-Gosto de todos de Alexandria.- Falei estalando os dedos.

-De ninguém em específico?- Inquiriu, sorri de lado. -Eu sabia.

-Sabia de que?

-Que você ta afim de alguém.

-Dakota, tô muito mais preocupada em proteger vocês e a cidade do que “ficar afim” de alguém.- Respondi fazendo aspas com os dedos. Ela estreitou os olhos, continuei impassível.

-Ta, quando estiver pronta pra me falar o que eu já sei é só me procurar.- Falou me abraçando.

-Pode deixar, agora vai dormir vai. Não esquece de tomar banho antes, por favor.- Ela me deu um beijo na bochecha e riu.

Dakota subiu e eu continuei na sala, com zero sono. Olhei pra televisão, que saudade que eu tava de assistir filme. Tinha um rádio na sala também, um desses vintage bem legais, eu adorava essas coisas quando o mundo não era desse jeito.

Levantei e andei até o rádio, levei a mão ao botão de ligar mas não apertei. Ri e me virei pra ir pro quarto, mas parei e voltei pro rádio de novo. Liguei e o ruído baixo preencheu a sala, suspirei e desliguei o aparelho.

Bufei e resolvi ir deitar, melhor tentar dormir do que passar a noite constatando o que eu já tô cansada de saber. Tenho coisas demais que exigem minha atenção pra ficar dando lugar pra ilusão de que alguma voz ia sair daquele rádio.