História Invictus - Novos membros

7 meses depois

POV Arizona

-Como está lá dentro?- Trevor me pergunta quando saio do quarto onde Maggie está dando a luz.

-Ela está indo bem, Doutor Carson disse que está tudo indo muito bem e me pediu pra vir avisar vocês que podem ficar tranquilos.

Rick, Carl e Trevor pareceram suspirar juntos e eu me virei voltando para o quarto.

Maggie fazia força mais uma vez e o doutor a incentivava.

-Vamos Maggie, só mais um pouco.

Ela parou de fazer força e ofegou.

-Eu não consigo.- Falou com uma expressão cansada.

-Consegue sim, empurre!- Doutor Carson mandou mais uma vez.

Voltei pro lado dela pra segurar sua mão. Michonne estava do outro lado e vez ou outra passava um paninho molhado na testa de Maggie.

Maggie respirou fundo e então fez força, apertando minha mão e com um grito.

Não demorou e ela relaxou respirando fundo enquanto doutor Carson segurava um bebê que chorava a plenos pulmões.

-Parabéns Maggie, seu menino é um bebê bem saudável pelo visto.- Ele elogiou levando o bebê até a banheirinha que colocamos ali pra que ele fosse limpo.

Minha amiga sorriu meio cansada, com os olhos cheios de lágrimas.

Beijei a mão dela e sorri.

-Parabéns Maggie.- Eu e Michonne falamos juntas e rimos.

Depois de limpar o bebê, o doutor se aproximou com ele ainda chorando enrolado em uma manta. Maggie estendeu os braços e seu filho foi depositado em seus braços. Ela sorriu em meio a lágrimas e o bebê imediatamente se acalmou ao sentir o calor da mãe.

-Oi meu amor.- Ela sussurrou. -Você acabou de nascer mas eu já sei que é a cara do seu pai.

Ela falou rindo.

-Meu Deus, como você é lindo.- Falou fazendo um carinho no bebê.

-Qual o nome que esse rapaz vai receber?- Perguntei sorrindo pro pequeno.

-Hershel.- Ela disse. -O nome do meu pai.

-Lindo, Maggie.- Michonne disse sorrindo suavemente.

Olhei mãe e bebê, sorri e alisei minha barriga. Logo seria eu ali dando a luz.

-Eu vou avisar os homens ali fora.- Falei e fui até a porta.

Abri e eles me olharam apreensivos.

-O que aconteceu? Está um silêncio.- Rick perguntou.

-Ta tudo maravilhoso.- Falei. -O bebê nasceu, parece muito saudável, Maggie está ótima e colocou o nome dele de Hershel em homenagem ao pai dela.

Eles sorriram aliviados.

-E podemos ver eles?- Trevor perguntou.

-Espera um pouco, eu ainda não perguntei pro médico e ela acabou de dar a luz então seria melhor esperar um pouco.

Trevor ia dizer alguma coisa contestando mas Rick falou primeiro.

-Tudo bem, esperamos uns minutos.- Ele falou e olhou pro meu irmão.

Assenti e voltei pro quarto.

Maggie admirava o bebê em seu colo, sorria e chorava. Cruzei meus braços e sorri com a cena.

-Logo será você.- Michonne disse chegando do meu lado.

Concordei com a cabeça.

-Daqui dois meses.- Suspirei. -Não vejo a hora. Não me leve a mal, mas minha cria pesa muito.

Michonne riu.

-Acha que vai parecer com você ou com Daryl?

-Pelo jeito que ele é espaçoso, ou ela né, acho que vai parecer com ele.

-Ah é?

-Uhum, não conta pra ele que eu te contei isso mas Daryl se revelou um homem muito espaçoso dormindo.

-Disso eu não sabia.

Ri.

-Pois é, depois que casamos que eu notei isso. Na verdade acho que ele que começou a ficar cada vez mais confortável, o que é ótimo.

-Rick não é muito espaçoso.- Ela disse dando de ombros.

-Venham ver.- Maggie nos chamou.

Doutor Carson sorria terminando de juntar suas coisas. Eu e Mich nos aproximamos da cama e observamos o bebê.

Seus olhinhos ainda fechados por ter acabado de chegar ao mundo, as bochechas rosadas e a respiração calma. Ele tinha caído no sono nos braços da mãe, e era a coisa mais adorável do mundo.

-Maggie ele é lindo.- Mich disse.

-Com certeza ele é.- Falei.

-Obrigada.- Ela agradeceu sem tirar os olhos dele.

-Bom, eu tenho uma consulta pra fazer agora mas depois eu volto aqui pra ver como estão indo mamãe e bebê.- Doutor Carson disse.

-Tudo bem doutor, obrigada.- Maggie respondeu.

-E a senhora vá descansar logo, lembre-se que nesses últimos vezes você e o bebê precisam de repouso ao máximo.- Me falou.

Assenti batendo continência.

-Sim senhor.

Ele riu e saiu pela porta.

Não demorou e os homens lá fora entraram no quarto. Trevor parou no pé da cama sorrindo pra Maggie. Ela olhou pra ele e fez um movimento com a cabeça o chamando pra chegar perto. Eu e Mich fomos pra perto de Carl e Rick.

Meu irmão e Maggie tinham assumido um relacionamento há uns meses, mais ou menos uns quatro meses atrás. E mesmo que Trevor não seja o pai biológico do bebê, ele tinha se comprometido a ajudar Maggie em tudo. Pra minha amiga ainda era meio difícil lidar com o fato de que Hershel, como ela tinha nomeado o bebê, não ia conhecer seu pai mas ela e meu irmão pareciam felizes e isso era o que importava.

-Eu acho melhor deixarmos eles sozinhos um pouco.- Falei pros quatro comigo.

Eles concordaram e nós saímos do quarto.

-É.- Falei respirando fundo. -Eu acho que vou fazer o que o doutor falou e ir descansar.

-Faz bem, você precisa de descansar.- Mich disse. -Vou te acompanhar.

Descemos as escadas e antes de nos separarmos de Rick e Carl em frente a casa o mais velho me chamou. Me virei pra ele.

-Daryl me pediu pra te avisar antes de sair que não passou em casa antes de sair porque quer voltar cedo de Washington.

-Ah tudo bem, imaginei. Aaron e Paul foram com ele certo?

Rick assentiu.

-Obrigada por passar o recado.

-De nada, qualquer coisa mande me chamar.- Ele falou e acenou se afastando.

Entrei com Mich em casa e seguimos pra cozinha.

-Vou fazer um café, e algum bolo.

-Hm, nesse caso eu acho que vou ficar um tempinho por aqui.

Ri fraco pegando as coisas pra fazer o café.

-Ta um silêncio aqui.- Ela observou olhando em volta.

-Ah, é porque Oliver ta na escola e Dakota foi até Hilltop com um grupo pra pegar o carregamento dessa semana.

-Ah sim.- Ela riu nasalado. -É incrível essa história de escola, não acha?

Concordei com a cabeça.

-Concordo. Mas é ótimo que aos poucos as coisas voltem a ser normais sabe, mesmo nada sendo como antes.

Ela meneou a cabeça.

Terminei de fazer o café e comecei a fazer o bolo.

A vida tinha acalmado desde a guerra, desde a morte de Anne. Quase parecia normal. Mas ainda assim tinham os walkers, tinha o perigo. Com certeza ainda existiam comunidades hostis, afinal era o mundo e o mundo era hostil.

Mas isso, estar aqui em uma tarde de quarta-feira fazendo bolo e café, conversando e sem se preocupar de nosso barulho atrairia walkers era mais do que eu imaginei que aconteceria depois que a epidemia começou.

A relação com Washington nos proporcionou muitas coisas. Uma linha de comunicação melhor, mais carros, como conseguir mais roupas sem necessariamente invadir lojas, e também mais pessoas já que algumas pessoas de lá resolveram mudar pra Alexandria, Hilltop, O Reino e Oceanside.

Também haviam novas extensões das comunidades, como a perto de Oceanside e outra mais próxima a Hilltop.

Tinham acontecido muitas mudanças, e cada vez mais a perspectiva de futuro melhorava.

Fazia um tempo que eu não saía em missão. Depois de quase perder o bebê de novo eu tinha passado por um período de duas semanas indo no máximo até a varanda. E quando estava certo de que estava tudo bem eu comecei a ir em pequenas viagens até as outras comunidades, mas nada que me fizesse fazer muito esforço. A partir do sétimo mês de gestação era a hora de ficar em casa, e já faziam duas semanas que eu só ficava por Alexandria. Doutor Carson acabou se mudando pra cá de vez, pra monitorar minha gravidez e a de Maggie. E segundo ele era melhor que eu mais descansasse que ficasse andando pela comunidade. O que Daryl concordava totalmente e era imensamente grato ao doutor por me passar essa recomendação.

Falando em Daryl, a vida de casado ia muito bem. Cada dia mais eu descobria alguma coisa dele que eu sabia que ele não mostrava pra mais ninguém. Como o fato dele conversar com nosso bebê na minha barriga toda noite que não estava de vigia, ou também o fato de que ele adorava morango e ficou feliz como uma criança no dia que os arbustos perto de casa estavam cheios deles. Daryl era esse cara com uma expressão de durão, e um humor não muito amigável que escondia um homem doce e de gostos simples que só queria viver em paz. Eu me apaixonava cada vez mais por ele a todo o momento.

Meus irmãos adoravam Daryl, ele tinha realmente cativado a todos. E eles estavam também muito bem. Dakota namorando com Carl e se revelando forte e independente, Trevor com Maggie conseguindo deixar seu passado doloroso pra trás. Connor tinha voltado a ser meu menino ambicioso e o equilíbrio da família, eu desconfiava até que ele estivesse quase de namoro com uma menina da nossa comunidade. E Oliver, meu amorzinho, crescia tanto a cada dia e me surpreendia demais mostrando o quanto ele ia deixando de ser meu pequeno e ia se transformando aos poucos.

Alexandria tinha encontrado seu rumo. Éramos uma comunidade próspera e a capital de treinamento da nossa rede de comunidades. Os sacrifícios e lutas tinham valido a pena.

Estava anoitecendo quando Mich e eu resolvemos sentar na varanda pra admirar o pôr do sol. Eu desconfiava que Daryl tivesse pedido a ela pra ficar de olho em mim hoje, porque eu estava inquieta de manhã. Mas eu não reclamo, adoro ela e sempre tinha ótimas conversas com ela.

-Ei, olha quem vem lá.- Ela apontou com a cabeça e no fim da rua vinha ele mesmo, Daryl Dixon.

Ele chegou perto e subiu os degraus.

-Oi.- Cumprimentei.

Ele sorriu de lado e me deu um selinho rápido.

-Mich.- Falou acenando com a cabeça. -Ela se comportou?

-Uhum, só ajudamos no parto da Maggie hoje.

-Eu sabia!- Falei. -Michonne, você estava me vigiando esse tempo todo.

Ela riu.

-Estava, mas também estava passando um dia com você. Uni duas coisas.

Ela falou com um sorriso aberto.

-Espera aí, parto da Maggie?- Daryl disse olhando pra nós duas.

-Sim, ela deu a luz hoje mais cedo. E foi tão lindo.- Falei. -O bebê é lindo e saudável.

-Eu preciso ir ver eles.- Ele falou se virando. -Já volto.- Gritou por cima do ombro.

-O que deu nele?- Paul perguntou subindo os degraus.

-Foi ver a Maggie e o bebê.

-Bebê?- Ele falou arregalando os olhos.

-Exatamente, Maggie teve o bebê hoje.- Mich respondeu.

Paul nem disse nada e correu na mesma direção que Daryl.

Eu e Michonne rimos.

Entrei em casa não muito tempo depois e tomei um banho. Me deitei e Daryl entrou no quarto com um sorriso bobo.

-Vejo que também adorou Hershel.- Falei sorrindo.

Daryl assentiu tirando a camisa e sentando na cama.

-Ah não amor, toma um banho antes de deitar.

Ele olhou pra mim erguendo uma sobrancelha.

-Ta dizendo que eu tô fedendo?

-Tô.- Falei com um sorrisinho.

Ele riu.

-Mulher!- Falou fingindo indignação.

-Vai logo, vai vai vai.- Falei o empurrando de leve.

Daryl balançou a cabeça e entrou no banheiro rindo.

Respirei fundo e alisei minha barriga. Tinha resolvido crescer horrores de uma hora pra outra e agora estava bem pesada. Meus pés estavam enormes, sem contar no meu rosto que estava meio inchado. Mas eu estava adorando estar grávida.

Bocejei e fechei os olhos pra esperar Daryl sair do banho.

Acordei sentindo a cama afundar do meu lado.

-Ei, sou só eu. Pode voltar a dormir.- Daryl disse se ajeitando.

Olhei pra ele.

-Como foi seu dia?

Ele deu de ombros.

-Até que foi tranquilo, o pessoal tem aprendido bem.

-Sr. Dixon, deve ser bem engraçado você ensinando.

Ele riu.

-Eu não levo muito jeito não, mas é só esse mês então logo passa.- Ele virou pra mim.

Daryl chegou perto e me beijou.

-Amanhã.- Disse soltando meus lábios. -Eu vou até O Reino com Rick e os outros de manhã, e volto cedo pra montar o berço da nossa cria.

-Hm, finalmente vai montar o berço.- Brinquei. -Achei que ia ter que colocar nosso bebê pra dormir com a gente na cama e ele sofrer o risco de ser esmagado pelo pai.

Ele rolou os olhos.

-Sua mãe é uma exagerada, não escuta isso não.- Ele sussurrou perto da minha barriga me fazendo rir. -Além de muito ansiosa também.

-Ansiosa não, precavida. Meu filho tem que ter tudo prontinho quando resolver sair de dentro de mim.

-Vai estar tudo pronto.

-Sei.- Cerrei os olhos.

-Como eu disse, ansiosa.- Ele sussurrou de novo.

-Para.- Dei um tapinha nele rindo e ele riu.

-Boa noite minha cria.- Beijou minha barriga. -Boa noite amor.- Me deu um selinho e se ajeitou virado pra mim.

-Boa noite.

Fechei meus olhos e logo dormi.

2 meses depois

Acordei sentindo dor, muita dor. Desde antes de o sol nascer eu estava sentindo um pouco de dor, mas não dei muita importância. Só que agora ficava mais e mais intensa, o que me fez despertar completamente. Parecia uma cólica mais forte, e o doutor tinha me explicado que essas seriam as dores do trabalho de parto. Respirei fundo, tinha chegado a hora. Daryl tinha passado a noite na vigia e eu estava sozinha no quarto então precisava chamar meus irmãos. Me levantei e andei até a porta, quando a abri senti algo escorrer e olhei pra baixo. A bolsa tinha estourado. Dakota abria a porta do próprio quarto bem na hora e me olhou confusa. Mas quando olhou pra baixo arregalou os olhos.

-Trevor!- Ela gritou e meu irmão gritou de volta do quarto dele, ele ainda morava conosco.

-Que foi?

-É a Nana.- Ela falou nervosa.

Ele saiu do quarto apressado e olhou pra mim com a testa franzida.

Eu não conseguia dizer nada, só olhar de um pro outro.

-Puta merda, a bolsa estourou.- Ele falou passando a mão no rosto. -Arizona, ta fazendo o que em pé? Vai deitar agora. Connor!!- Ele gritou e Connor apareceu da escada. -Chama o doutor Carson agora e rápido.

Connor olhou dele pra mim, assentiu e saiu correndo. Trevor saiu logo atrás.

-Eu vou buscar Daryl e Paul.- Gritou descendo as escadas.

Eu voltei pro quarto com a ajuda de Dakota e me deitei respirando fundo.

Oliver apareceu no quarto coçando os olhos.

-Por que essa gritaria?

-Oggy, a Nana vai ter bebê.

Ele pareceu despertar.

-Eu vou ser tio?

Dakota riu ajeitando meus travesseiros.

-Sim Oggy, agora volte pro quarto e fique lá quietinho.

-Tudo bem, vou ficar lá.

Ele voltou pro quarto e eu ouvi a porta batendo.

-Dakota.- Falei entre dentes sentindo as dores aumentarem.

-Respira Nana, um dois um dois.- Ela falou e começou a fazer como eu deveria respirar e eu imitava.

A dor só aumentava e eu ficava com cada vez mais calor.

O doutor chegou apressado e sorriu ao me ver.

-Chegou a hora Arizona, está pronta?- Perguntou abrindo sua maleta.

-Pronta não é bem a palavra.- Falei me controlando pra não gritar de dor.

-Dakota, pegue toalhas limpas por favor. E Connor, água morna.

Meus irmãos foram buscar o que ele pediu e ele se virou pra mim.

-Vou olhar a dilatação e ver se já pode começar a empurrar.

-Ta bom.- Falei respirando fundo.

Meus irmãos voltaram com as coisas que ele pediu e Daryl entrou logo atrás afobado.

-Arizona! Você ta bem? O que eu faço? E o bebê?

-Calma Daryl, calma.- Doutor Carson disse. -Você vai ter que esperar lá fora.

Paul entrou também.

-Angel.- Falou num sussurro com um sorriso.

-Você também Paul. Na verdade, só Dakota aqui dentro.- Doutor Carson fala os expulsando do quarto.

Eles saem emburrados mas saem. Daryl ainda me olha uma última vez e diz “eu te amo” sem som.

-Vai dar tudo certo Nana.- Dakota diz segurando minha mão.

-Ok, essa dor está incomodando faz quanto tempo?

-Desde antes do sol nascer.- Respondi.

-E a bolsa estourou quando levantou, certo?

-Uhum.- Falei sentindo a dor vir mais uma vez. Os intervalos estavam diminuindo.

-Bom, você está quase pronta pra começar a empurrar. Vou checar daqui a uns minutos de novo, porque a dilatação ainda não ta boa pra começar a empurrar. Dakota, vai colocando uma toalhinha molhada na testa dela que eu já volto.

Ele saiu do quarto. Ouvi um falatório e uns minutos depois ele tinha voltado.

-Seu marido consegue ser bem esquentado.- Falou me fazendo rir. -Vamos ver a dilatação mais uma vez.

Depois de mais duas vezes checando como ia meu progresso, o doutor olhou pra mim e sorriu.

-Ok Arizona, está na hora finalmente. Quando a dor vier de novo eu preciso que faça força, mas toda a força que conseguir ok?

Assenti sentindo o nervosismo me dominar. Minha irmã segurou minha mão e apertou.

-Você consegue Nana.- Sorriu me acalmando.

Respirei fundo e me preparei.

A dor veio e com ela veio meu grito. Eu empurrei, e quando parei era como se tivesse corrido uma maratona.

-Mais uma vez Arizona, aí vem.- Escutei o doutor dizer.

Veio, e eu empurrei mais uma vez.

-Eu não consigo, tô fazendo toda a força que tenho.- Falei me jogando no travesseiro de novo.

-Consegue sim Arizona, seu bebê está dependendo de você. Vamos lá, de novo!

De novo a dor veio e eu respirei fundo empurrando mais uma vez. Nada de novo.

-Isso Arizona, estou vendo a cabeça.

Ofeguei sem forças nenhuma mais. Eu precisava empurrar de novo, precisava.

-Ok, essa vez é a mais importante Arizona. É agora!

Eu não sei como mas juntei cada resto de energia que eu não sabia que ainda tinha no meu corpo, toda a vontade da minha alma e quando a dor veio eu fiz força. Gritei, apertei a mão da minha irmã e senti um alívio enorme depois, seguido de um som de choro.

Eu comecei a chorar e a rir ao mesmo tempo ouvindo aquele chorinho. Era o meu bebê que estava dizendo que tinha chegado ao mundo pra valer.

Olhei pra minha irmã em meio a lágrimas e sorriso. Ela sorria pra mim, também com o rosto todo molhado de lágrimas.

-Aqui está ele.- Doutor Carson disse.

-É menino?- Falei surpresa. Eu e Daryl só queríamos descobrir no parto.

Meu coração se encheu de alegria e amor quando meu filho veio para os meus braços.

-Oi bebê.- Falei sorrindo pra ele que foi se acalmando aos pouquinhos. -Oi meu amor, bem vindo ao mundo filho.

-Ele é perfeito Nana.- Minha irmã disse.

-É sim, um bebê saudável.- O Doutor disse. -E qual vai ser o nome?

Olhei pra ele.

-Eu e Daryl não decidimos, pode chamar ele pra mim?

Ele assentiu e abriu a porta. Entraram todos os meus homens, incluindo Oggy.

-Arizona.- Daryl disse baixo vindo pro meu lado.

-É um menino.- Falei e ele sorriu.

-Então eu tenho um nome.- Falou antes mesmo de eu iniciar o assunto sobre o nome.

-Tem?- Ele assentiu. -Qual?

-Mark.- Daryl disse me pegando de surpresa. -Porque foi alguém especial pra você, e eu acho que é um bom nome.

Sorri. Olhei pro meu filho, ele me olhava como se estivesse hipnotizado.

-Gosta de Mark?- Perguntei e ele fez um barulhinho. -Acho que gosta não é? Então será esse, Mark.

-Ah Angel, que bebê lindo. Com certeza puxou a você.- Paul disse alfinetando Daryl que resmungou se sentando do meu lado.

-Ele é inchadinho, não dá pra saber com quem se parece ainda.- Oliver falou dando de ombros nos fazendo rir.

-Tem razão Oggy.- Concordei. -Mas acho que esses olhinhos aqui parecem com os do pai.

Daryl sorriu meio sem jeito.

-Talvez.- Disse.

-Eu estou ferrada, não vou conseguir negar nada pra esses olhos.- Falei sentindo meu bebê agarrar meu dedo.

-Até parece.- Connor disse. -Boa sorte sobrinho, sua mãe é bem rigorosa.

-Ei.- Falei ofendida.

Ele riu.

-Ok, acho que agora precisamos deixar mamãe, bebê e papai sozinhos.- Doutor Carson disse. -Eu volto daqui a pouco.

Todos saíram nos deixando a sós.

Voltei a olhar para Mark, que agora bocejava.

-Ele é lindo.- Sussurrei.

-É sim, nosso filho é muito lindo.- Daryl disse passando um braço por meu ombro. -Fiquei muito preocupado se daria tudo certo.

Olhei pra ele e lhe dei um beijo delicado.

-Olha só pra ele.- Falei. -É tão pequeno, mas eu o amo tanto. Será que é possível amar um serzinho desse tanto assim?

Daryl riu.

-É sim, porque eu também amo demais esse garoto.

-Quero só ver você acordando pra dar mamadeira, ou trocar fralda.

-Eu vou me esforçar.- Ele respondeu respirando fundo parecendo receoso.

-Vai dar tudo certo amor, vamos ser bons pais.- Sorri pra ele. -Você vai ver.

Daryl sorriu e eu deitei minha cabeça em seu ombro.

Ficamos olhando Mark até ele pegar no sono e depois disso. Eu acho que não me cansaria nunca de olhar pra esse pequeno. E Mark! Nossa, Daryl tinha me pego de surpresa. Era o nome perfeito, e nosso pequeno parecia gostar pelo barulhinho.

Se era possível explodir de felicidade, eu acho que isso aconteceria comigo a qualquer momento. E nada de sentimentos de que algo ruim virá depois.

Mark chegou pra me dar a certeza de que tudo ia sim ficar bem. E se eu tinha minha família,  a família que ganhei em Alexandria e a que eu estava começando com Daryl tudo ia ficar ótimo.

Se há uns anos alguém chegasse pra mim e me contasse essa história louca de tudo que aconteceu até agora, eu com certeza ia rir da pessoa porque ia parecer uma maluquice muito improvável.

Mas sim, tudo teve que mudar pra que tudo se encaixasse de uma maneira estranha e cheia de bagunça. E essa era a vida não era? Então acho que o apocalipse não era o fim, e de certa forma nunca tenha sido. Ele era o recomeço. Era um erro humano o que tinha acontecido, mas junto desse erro nos veio a chance de consertar e dar um rumo ao mundo.

E olhando meu filho aqui em meus braços, em um sono tranquilo sem saber os perigos que o cercam, me davam uma sensação de paz que eu não tinha experimentado antes. E acho que contagiava o pai dele também, porque Daryl sorria tímido olhando Mark ressonar.

Doutor Carson me perguntou mais cedo se eu estava pronta. E agora eu posso dizer que sim. Eu estou pronta. Mas estou pronta para o futuro, pra minha nova missão. Afinal, uma Delta não vive sem uma missão. Minha missão é meu propósito. E agora minha nova missão era fazer de tudo pra ajudar a consertar o mundo e dar um futuro ao meu bebê. Eu já tinha conquistado o amor, e agora uma família, o que vier é lucro.

E algo me dizia que eu ia adorar o que vinha pela frente.