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História Invictus - Assuntos escondidos


Escrita por: thisislari

Notas do Autor


Mais um capítulo!! Tô destruída do episódio de ontem, mas consegui terminar.
Aproveitem
Xx

Capítulo 6 - Assuntos escondidos


Fanfic / Fanfiction Invictus - Assuntos escondidos


 

POV Arizona


 

-Não Dakota! Você não vai lá fora.- Falei pela milésima vez.

-Por que não? Eu quero sair um pouco também, o Carl disse que é tranquilo. A Enid e ele tem tipo um lugar que eles ficavam de tarde, só querem pegar umas coisas. Vai ser rapidinho, eu juro.- Parei de amolar minha machadinha e olhei pra ela.

-Se Carl e Enid vão lá pra fora, problema do pai dele e de quem cuida dela. Você não vai.

-Isso é tão injusto. Você saiu ontem.

-Saí. Mas eu sou adulta e treinada. Não vou confiar a sua segurança nas mãos de outros adolescentes Dakota. Para de teimosia.- Ela bufou e correu escada acima batendo a porta do quarto. Revirei meus olhos.

-O que houve?- Trevor perguntou fechando a porta da sala.

-Ela quer ir lá fora com o Carl e Enid. Eu disse que não. Não sou louca de deixar ela sair sem a gente daqui.

-Sabe que ela tem que aprender a se virar né?

-Não interessa. Isso não vai acontecer hoje.

-Até concordo com você sobre não querer que ela se meta em merda, mas Dakota sabe se virar Nana.

-Você não tá do meu lado?

-Não foi isso que quis dizer Nana. Ela precisa se ver sozinha de vez em quando, pra amadurecer.- Encarei meu irmão e respirei fundo. Ele tava certo, odeio quando ele ta certo.

-Tá, beleza. Mas você chama ela.- Ele riu e gritou por Dakota que logo desceu emburrada.

-Que é?- Ela perguntou de braços cruzados.

-Você pode ir lá fora um pouco.- Falei me dando por vencida. Dakota abriu um sorriso e se jogou me abraçando.

-Obrigada Nana, eu prometo tomar cuidado.

-É melhor mesmo, porque senão eu mato você. Nada de se arriscar lá fora Dakota, rolou alguma coisa estranha é pra voltar imediatamente pra cá. Me ouviu?

-Ta booom Nana.- Ela pegou as facas dela, pegou um bastão de ferro que usava e saiu pela porta toda feliz.

-Se ela for mordida ou morta lá fora eu vou matar você.- Falei pra Trevor que riu e me deu um beijo na bochecha.

-Ela vai ficar bem Arizona, deixa de ser que nem a mamãe.- Se jogou no outro sofá. -Falando em mamãe, como acha que ta a Maggie?

-Se recuperando bem. Por que?- Respondi colocando minhas armas em cima da mesinha.

-Nada. Só curiosidade.- Trevor deu de ombros. Estreitei os olhos pra ele.

-Você não vai dar em cima dela.

-Que?

-Eu te conheço Trevor King, você já ta de olho numa mulher que acabou de perder o marido.

-Eu não tô de olho nela Arizona, só fiquei curioso.- O analisei, ele me olhava com a cara mais cínica do mundo. Trevor não me engana.

-Sei.- Fingi acreditar. Levantei e taquei uma almofada nele.

-Cadê Oliver?

-Ta no quarto, disse que o Carl emprestou umas revistinhas pra ele e vai ficar lendo a tarde toda. Você viu o Connor?- Perguntei. Talvez mandasse ele ir com Dakota e os outros dar uma volta lá fora. Era bom que ele protegia ela.

-Ta no muro.

-De novo?

-Ele só voltou pra tomar café. Disse que se ficasse dentro de casa ia enferrujar.

-Vou lá procurar ele.- Falei andando pra porta.

-Não vai falar pra ele ir com a Dakota, vai?- Parei antes de abrir a porta e olhei pra ele sorrindo igual criança que foi pega fazendo bagunça.

-Talvez.- Trevor revirou os olhos.

-Deixa ela ir sem ele, se ele for convidado tudo bem mas se ele não quiser ir não se mete.

-Tanto faz, não vou forçar. Mas quero achar ele, ele precisa descansar.- Trevor resmungou concordando e eu saí pra procurar meu irmão.

Chegando no portão encontrei Spencer no caminho.

-Boa tarde.

-Boa tarde, você viu meu irmão?

-Qual deles?- Perguntou andando do meu lado.

-Connor.

-Ah sim, ele saiu com Carl, Enid e sua irmã.- Nem precisei pedir nada. Eles iam ficar bem, pensei sentindo a preocupação.

-Então falo com ele depois.- Falei me virando pra ir ver Maggie, ainda não tinha ido ver ela hoje.

-O jeito que se preocupa com eles é bonito.- Spencer falou ainda andando do meu lado.

-Eles são minha família, eu meio que tenho a obrigação de cuidar deles.

-Claro. Você só tinha eles antes de tudo isso?- Achei engraçada a forma como ele achou de me perguntar se eu tinha alguém antes do apocalipse.

-Não. Eu tinha o Paul também. Jesus sabe, o de Hilltop.

-Ah sim. Eu vi que se conheciam. Vocês deviam ser bem próximos.- Ele se atrapalhava com as palavras, eu tava achando uma graça. Mas me controlei pra não rir.

-Somos ainda. Só ficamos um tempo sem contato. Não tem como ligar e mandar e-mail nesse caos né.- Spencer riu. Riu até um pouco exagerado pro nível de graça da minha não-piada. Parei na frente a casa de Rick e olhei pra ele.

-Como conheceu ele?

-Meu ex e ele foram criados juntos, eram melhores amigos. Mas aí meu ex morreu numa missão e Paul e eu nos aproximamos muito.

-Ah entendi. Ele parece ser bem legal.

-Ele é o melhor. É como se fosse um irmão.- Vi que uma sombra de alívio por eu ter falado a palavra “irmão” pra descrever Jesus surgiu nos olhos dele.

-Você parece estar indo fazer alguma coisa, não quero te atrapalhar.

-Na verdade tô sim.

-A gente se fala outra hora então. Pode me procurar quando quiser.- Me disse com um olhar que eu acho que ele julgou sedutor, mas parecia que ele estava com dor. Assenti mordendo o lábio querendo rir e acenei subindo os degraus da casa de Rick. Spencer deu meia volta e foi embora. Ri batendo na porta. Rick abriu com Judith no colo.

-Oi, vim ver a Maggie.

-Ela ta na sala. Pode entrar.- Deu passagem e eu entrei indo até a sala, Rick fechou a porta e veio atrás. Encontrei Maggie sentada na sala com Daryl, Michonne, Abraham e Eugene. Sorri pra ela e cumprimentei os outros.

-Vim só ver como está.- Falei encostando na lateral do sofá que ela tava sentada.

-Estou bem. Cansada de não fazer nada.

-Parece que todos aqui tem essa inquietação.- Disse e olhei pra Dayl que, olhem só que novidade, me encarava.

-Você também parece não conseguir ficar quieta.- Abraham disse.

-Nunca tive porquê.

-Nem nós.- Daryl disse.

-Mesmo quando passar mais esses dois dias, acho melhor não fazer tanto esforço. Nada de dar uma de mulher maravilha.- Maggie sorriu.

-Tudo bem. Prometo me comportar.

-Eu tava pensando.- Falei lembrando de uma ideia.-  Além das armas que podemos pegar na base, podemos pegar muitas outras coisas por lá. As bases costumavam ser bem abastecidas de comida, água, equipamentos médicos e eletrônicos. Não precisa ser uma missão só com fim militar.- Olhei pra Maggie que sorria, eu tinha comentado isso com ela.

-É uma ótima ideia. Eugene tem algumas ideias sobre o sistema elétrico da cidade, faremos uma reunião para definir tudo.- Rick disse balançando Judith de leve.

-Acho que vou indo. Tentar fazer o Oliver comer alguma coisa, ou sair daquele quarto.

-O que ele tem?- Maggie perguntou.

-Vício em histórias em quadrinhos.- Maggie, Rick e Abraham riram. -Agradeça o Carl por mim Rick.- Falei rindo.

-Ele me disse que emprestou algumas revistas.

-Na verdade ele viciou Oliver. Ele não para de ler desde ontem de noite. Precisei tirar da mão dele pra ele dormir.- Falei me desencostando do sofá. -Vou lá, até mais.- Apontei a porta com a cabeça, eles deram tchau e eu fui pra casa.

 

Depois de quase uma guerra pra fazer Oliver pra ele tomar um banho e comer alguma coisa, fui até o portão ver se Connor e Dakota já estavam de volta. Ainda nada.

-Você pode esperar eles voltarem aqui ou tomando um café lá em casa.- Aaron falou, ele estava por perto quando perguntei pra Rosita sobre meus irmãos. Olhei pra ele e sorri de lado assentindo. Ele sorriu e fez um sinal pra eu o seguir.

Chegando na casa dele, ele me guiou até a cozinha. A casa de Aaron era um pouco menor que a que eu e meus irmãos ganhamos, mas era igualmente linda.

-Gosta de bolo de cenoura? Eric fez, é realmente gostoso.

-Claro, adoro bolo de cenoura.

-Pode se sentar.- Ele falou pegando as coisas e colocando em cima da mesa.

-Não quer ajuda?- Perguntei antes de sentar.

-Que isso, que nada. Você é minha convidada.- Sorri. Aaron era um amor.

-Eric é seu…

-Companheiro.

-Ah sim. Imaginei, pelo jeito como ele falou com você na noite que te conheci.

-Ele estava bem aliviado em me ver.- Falou sorrindo e se sentando na cadeira próxima de mim que ficava na ponta da mesa.

-Imagino. Deu pra perceber.

-Pode se servir.- Apontou pra mesa. Cortei um pedaço do bolo e coloquei no pratinho, logo depois enchi minha caneca de café. Peguei um pedaço do bolo, e nossa tava mesmo muito bom.

-Esse bolo ta incrível.- Falei depois de engolir.

-Te falei que era bom.

-Muito bom.

-Mas e você?- Me perguntou e o olhei confusa.

-Eu o quê?- Rebati a pergunta com a boca cheia. Aaron riu.

-Tinha alguém antes dos walkers?

-Meu último namorado, que virou meu noivo, morreu em missão há uns quatro anos.

-Ficou então um dois anos solteira antes de tudo?- Ele parecia curioso, e eu estava confortável com a conversa.

-Oficialmente sim.- Respondi sorrindo de lado.

-Ah entendi.- Aaron riu. -Eu e Eric nos conhecemos depois que tudo começou.

-Não sei se isso vai acontecer comigo.- Me olhou confuso.

-E por que não?

-Gasto mais tempo com meus irmãos que comigo, não tenho muito tempo pra me concentrar em um relacionamento.

-Acho que é só questão de tempo. Você além de linda é uma pessoa incrível, alguém com certeza vai se apaixonar.

-Será que eu vou?

-Bom, isso depende de você se abrir pra isso.- Sorriu pra mim.

-Eu não sei.- Um barulho alto de coisa caindo surgiu. Me levantei alerta junto de Aaron. Empunhei minha faca e fomos na direção. Era na garagem. Olhei pra ele e fiz sinal de que ia abrir a porta. Abri rápido e avancei com a faca levantada. A cena era Daryl meio atrapalhado no meio de várias peças de, o que eu julguei ser, moto e o esqueleto de uma caído no meio da garagem. Ele estava fazendo esforço.

-Foi mal por isso, eu perdi a força no braço tentando sustentar a moto.

-Não tem problema. Quer um café?- Aaron perguntou.

-Tem problema sim. Eu deixei bem claro que você não podia fazer esforço com o braço, e você tenta segurar uma moto?- Falei sentindo meu sangue ferver. Aaron olhou de mim pra Daryl sem dizer nada.

-Eu não preciso da sua permissão pra fazer nada.- Idiota.

-Na verdade precisa sim, já que fui eu quem salvou a sua vida.- Daryl se ergueu e estufou o peito chegando perto de mim.

-Se fica jogando isso na minha cara é porque ta arrependida.

-Arrependida não, só fico indignada que você não consegue seguir as minhas recomendações.- Falei chegando perto dele e cerrando os punhos.

-Não preciso de ordens.

-Ordens não Dixon. São pro seu bem.

-Er..eu vou lá dentro.- Aaron falou e saiu, mas eu tava tão irritada que nem olhei pra ele.

-Você é uma garotinha muito mimada. Acha que as coisas tem que ser como quer?

-Não é possível. Você é ou se faz de lerdo muito bem. Isso é pra você não perder a porra do seu braço.

-Mimada.- Cuspiu me encarando com ódio.

-Imbecil.- Sustentei o olhar. Se eu tivesse visão raio laser, adeus Daryl Dixon.

-Vê se não me enche. Vai dar ordens pra outro.- Ele falou chegando ainda mais perto.

-Que se dane, perca o braço se quiser.- Respondi. Estávamos tão perto um do outro que eu quase sentia o calor da pele dele, seu cheiro me tomou. Era um cheiro de graxa, floresta e menta. Cheiro de homem. Me senti meio tonta, mas não parei de encarar ele. Daryl desceu o olhar pra minha boca e depois mais um pouco. Subiu o olhar, um olhar que irradiava raiva, confusão e algo mais.

Me afastei, incomodada e irritada com o formigamento entre as minhas pernas. Eu devia estava com raiva, eu estava com raiva.

-Vai em frente.- Falei com a voz rouca. -Pode continuar tentando perder o braço. Eu não dou a mínima.- Me virei pra sair dali, mas antes que eu saísse Daryl veio atrás e segurou meu braço me virando pra ele. O encarei, ele respirava rápido. Umedeci meus lábios.

-Ótimo.- Falou com a voz mais grave que o normal. Me arrepiei, uma carga de energia que irradiava da onde a mão dele me segurava passava por todo meu corpo. Daryl soltou meu braço e se afastou. Saí da garagem tão rápido que quase tropecei.

-Está tudo bem?- Aaron perguntou me vendo chegar afobada na cozinha.

-Ta sim, eu só preciso de um copo de água.- Tentei sorrir e ele pegou um copo com água pra mim. Me sentei e franzi a testa, confusa. Que sensação era aquela? Meu corpo parecia queimar, eu estava com falta de ar. Ainda podia sentir a sensação da mão dele no meu braço. Não era uma sensação ruim, como quando eu sentia nos piores dias da minha vida. Era diferente, gostoso.

Aaron falava alguma coisa, balancei a cabeça e prestei atenção nele.

-...E por isso vamos ter que ir na igreja.

-Desculpe, não entendi o que disse.

-Você tem certeza que ta bem?- Me perguntou preocupado.

-Tenho sim. Só viajei.

-Eu disse que Eric chegou aqui falando que Rick está muito preocupado, que falou com ele agora pouco e pediu pra avisar quem conseguisse que vamos fazer uma reunião. E por isso vamos nos reunir na igreja.

-Ah, entendi. Tudo bem.

-Já sei o que ele vai dizer.

-Foi sobre o que aconteceu com vocês?

-Também.- Aaron disse fechando o semblante. Eu conhecia essa expressão, era o medo e a raiva misturados.

-Aaron.- Falei pegando sua mão por cima da mesa. -Vamos dar um jeito, seja o que for.

-Você não entende, isso é muito maior.

-Meu pai me disse na nossa última conversa que esse era um mundo novo, e um mundo assustador, cruel, que traria a tona o pior da humanidade. Mas que nada nunca ia ser tão grande, ou impossível que não pudéssemos enfrentar. Porque temos motivos maiores pra nos dar força de passar por cima de tudo.- Ele me olhava com os olhos marejados, provavelmente lembrando do horror que ele e os outros passaram.

-Não sei.

-Confia em mim. Eu quase desisti uma vez, quase me esqueci do que meu pai me disse. Já senti como se nada que eu fizesse nunca fosse me fazer vencer o que me feriu, e as vezes ainda penso se vale a pena viver num mundo que me causou tanta dor. Mas daí eu lembro dos meus irmãos, e do quanto eles precisam de mim. Eles sofreriam se eu desistisse. E com isso em mente, eu vejo os meus demônios apenas como pequenos testes. Eu tenho uma causa.- Aaron sorriu. Percebi que uma lágrima tinha molhado minha bochecha.

Meus demônios não tinham sido completamente derrotados.

-Obrigada Arizona.

-Pode contar comigo. Eu acabei de chegar, mas já sou sua amiga.- Ele assentiu e se levantou vindo me abraçar. Retribuí o abraço meio sem jeito pela surpresa.

-Vamos até a reunião?- Concordei. -Vou só chamar o Daryl.- Aaron foi até a garagem e logo voltou com Dixon a tiracolo.

Daryl olhou pra mim. Me virei e fomos encontrar todos na igreja.

 

Chegando na igreja me sentei no meio com Aaron e Eric que já estava lá. Daryl foi falar com Rick que tinha a expressão abalada que vi no rosto dele quando nos conhecemos. Olhei pros lados vendo quase todos lá. Logo Connor e Trevor chegaram e se sentaram comigo.

-Sabe do que se trata?- Trevor perguntou passando o braço por meu ombro.

-Acho que tem haver com a morte do marido da Maggie, e o que aconteceu com eles.

-Não tô com um bom pressentimento.- Connor falou estalando os dedos.

-Obrigado pela presença de todos.- Rick começou a falar da frente da igreja. -O que tenho pra dizer hoje não são boas notícias. E não vejo outro jeito de dizer isso sem ser direto.

Todos prestavam atenção.

-Não sou mais eu quem tem o controle de Alexandria.- Nada, nem um barulho. O choque era geral pra todos de Alexandria. Olhei pra meus irmãos, confusa, eles também tinham expressões confusas.

-O que aconteceu há umas noites não foi apenas um contratempo. Fomos obrigados a começar a trabalhar para os Salvadores. E agora quem manda em nós é o Negan.

-Foi mal, eu não entendi.- Meu irmão disse se levantando. Eu gelei. -Quer dizer que, todos estão sujeitos a vontade desse cara?

-Infelizmente sim. De outro jeito, ele mandará matar a todos.

-Isso é ridículo.- Me levantei irada, e com medo. Isso não me trazia boas lembranças. -Ele não tem o direito de mandar em nós.

-Ele nos ameaçou, e matou um dos nossos. Vocês ainda não estavam aqui, mas nós atacamos uma base dele em troca da aliança de Hilltop.- Ri incrédula, não acreditava que eu tinha instalado a minha família achando que tudo ia ficar bem.

-Você não mencionou isso pra nós.- Trevor disse trincando o maxilar. -Que a sua autoridade tinha sido destituída. E nós prometemos ajudar.

-É por isso que reuni a todos.- Me sentei puxando Trevor pra se sentar também. -Nós vamos obedecer. Só enquanto pensamos em um jeito de detê-los. Peço que todos mantenham a calma. Vamos dar um jeito nisso, mas por enquanto não temos nada que possa superá-los. Mas só por enquanto, Trevor e Arizona nos ajudarão em uma missão até uma base militar para nos prepararmos e equiparmos. Até lá, vamos trabalhar. Negan chegará em quatro dias para pegar o que ele acha que é dele.

-Mal conseguimos conseguir comida pra nós.- Spencer disse. Frio, eu estava sentindo frio.

-Eu sei.

-Agora temos que alimentar outras pessoas que sequer moram aqui?- Uma mulher disse assustada. Uma risada ecoou na minha mente.

-É terrível, sabemos disso. Mas é necessário. Nós vamos nos erguer.

-Tem certeza?- Toby, um homem de meia idade, questionou. Rick não respondeu. Me forcei a levantar e encarei as pessoas ali.

-Vamos seguir com a rotina, e cientes das novas exigências. Vamos conseguir passar por isso.- Falei sentindo Trevor apertar minha mão em conforto. Essa situação não era novidade pra nós. Infelizmente.

-Podem voltar às suas tarefas.- Michonne disse de pé. Todos foram se dispersando. Ficamos alguns ainda. Eu e meus irmãos, Rick e os envolvidos naquela noite, Eric e Spencer. Olhei pra Trevor assustada.

-Trevor..nós não estamos seguros.- Eu não sentia os dedos das mãos, me sentia gelada, e sem chão.

-Nana..- Ele tentou dizer alguma coisa, mas desistiu e se calou. Olhei pra Connor, ele estava imóvel e com raiva.

-Preciso tirar Dakota e Oliver daqui.- Disse levantando. Trevor segurou seu braço e o fez sentar.

-Você não a lugar nenhum.

-Não ouviu Trevor? Estamos sob o poder de um louco. Não vou deixar isso acontecer de novo. De novo não.- Connor disse desesperado, atraindo a atenção dos demais pra nós. Eu só ouvia, mas minha mente estava em um dia que tudo mudou pra mim e meus irmãos. Senti minhas pernas fraquejarem, meus olhos ardiam.

-Arizona.- Ouvi a voz de Trevor, olhei pra ele mas não conseguia focar. Meu peito começou a doer, eu estava deixando o pavor me dominar.

De novo não.

-Faz alguma coisa vocês dois.- Era a voz de Rosita. Mãos pelo meu corpo.

Sabe quando você sente suas forças esvaindo pelas extremidades do seu corpo? Eu sentia isso. Sentia frio. Cheiro de álcool. Gritos dos meus irmãos, gritos meus.

Tentei andar, eu queria sair daqui. Caí de joelhos no corredor da igreja. Nada de lágrimas, eu não conseguia chorar. “PARA DE CHORAR” ouvi aquela voz como se estivesse vivendo tudo de novo.

-Arizona olha pra mim.- Trevor disse e eu o vi ajoelhado na minha frente. Segurou meu rosto nas mãos e eu me afastei como se tivesse levado um choque.

-Mas que merda.- Connor gritou.

Eu tinha noção de tudo, mas não tinha controle.

-Arizona, você ta segura. Olha pra mim por favor.- Trevor falou tentando se aproximar e eu ofeguei.

-O que ta acontecendo?- Era a voz de Daryl.

-De novo não.- Resmunguei com a voz embargada. Trevor chorava tentando me fazer voltar. Vozes, mas eu não conseguia entender.

-Nana.- Connor disse tocando meu ombro. Olhei pra ele e não consegui. Foi como se uma barragem tivesse acabado de se quebrar e toda a água presa estivesse finalmente saindo. Comecei a chorar. Eu não ia aguentar isso de novo.

-Ei, olha pra mim Arizona.- Daryl falou perto. Agitação em volta, mas eu estava travada.

-Me ajuda.- Falei sussurrando. -Por favor.- Senti alguém passando um braço por minhas costas e outro pelas pernas. Eu não tinha mais força, me deixei levar, me agarrei em quem me carregava. Senti aquele cheiro de menta, sensação de segurança. E tudo se apagou.

 

POV Daryl

 

Ver ela caindo de joelhos, o olhar de criança assustada, e os irmãos desesperados me fez sentir dor. Tinha dor nos olhos dela também. E por algum motivo eu queria fazer aquilo passar, eu sentiria a dor dela se isso fizesse ela não sentir.

Corri com Arizona nos braços até a enfermaria. Ela não respirava direito. Deitei ela na maca e os outros chegaram logo atrás.

-O que ela tem?- Sasha perguntou, ninguém respondeu.

-O que ela tem porra?- Perguntei gritando.

-Ela teve um ataque de pânico.- O tal do Connor respondeu. -Mas nunca foi assim, nunca tão forte. Trevor, acorda! A Nana ta desmaiada.- Ele gritou com o mais velho que pareceu acordar de um transe e vir rápido pra perto da maca. Ele segurou o braço dela no pulso.

-Ela ta com taquicardia.

-Não ta respirando direito.- Falei desesperado. Arizona precisava voltar. -O que eu faço?

-Eu faço, ela é minha família.- Falou se atrapalhando e derrubando uma bandeja.

-Você não tem condições. Senta e diz o que é pra fazer.- Michonne disse.

-Ela precisa respirar. Coloca a máscara nela.- Ele falou e Connor pegou, colocando em Arizona.

-Bombeia, um dois apertando, um dois soltando.- Trevor disse tomando alguma coisa que Rosita entregou pra ele. Fiz o que mandou.

Rick entrou com Maggie.

-Ela ta voltando.- Falei vendo Arizona começar a abrir os olhos. Respirei aliviado. Trevor levantou e mexeu nos armários procurando alguma coisa. Veio pra perto com uma ampola, seringa, e bolsa de soro. Tava mais calmo, e me pediu pra continuar bombeando ar enquanto ele fazia a medicação nela.

Arizona olhou pra mim, deu um meio sorriso e fechou os olhos de novo.

-Ela desmaiou de novo.- Falei.

-Não, eu apliquei a medicação. Um calmante pra ela dormir um pouco e a pressão voltar ao normal. Temos que esperar.- Assenti. -Já pode parar de bombear ar, a respiração dela normalizou.- Ele disse respirando fundo.

-Ta bem?- Connor perguntou pra ele.

-Tô. Desculpa.

-Não se desculpe, eu entendo.

-Por que ela teve um ataque de pânico?- Maggie perguntou.

-Acho que só poderemos falar disso quando ela acordar.

-Trevor, nós estamos assustados.- Rick disse preocupado. -Ela começou a passar mal do nada. Depois do assunto da reunião.

-É um assunto delicado, mas nós vamos esclarecer.- Connor disse se sentando.

-Eu preciso ir pro meu turno, mas me avisem.- Spencer disse saindo da enfermaria. Dos que restaram na igreja depois da reunião agora só eu, Rick, Maggie, Abraham, Mich, Sasha e Rosita estavam ali.

-Vamos esperar ela acordar se não se importa.- Michonne disse pra Trevor que assentiu.

-Não dei uma dose grande, só o bastante pra ela dormir essa noite.

-Também vamos pra nosso turno, mas passamos aqui depois.- Sasha disse saindo com Abraham. Rosita olhou os dois saírem e bufou.

-Eu vou pra casa, qualquer coisa me chamem.- Falou saindo e fechando a porta.

 

Tinha passado quase uma hora e meia que estávamos esperando ela acordar. Rick e Michonne acabaram indo pra casa, prometeram chamar a Dakota e o pequeno, Oliver, pra dormir lá porque Connor e Trevor iam passar a noite na enfermaria. Eu também quis ficar. O clima era pesado, não tanto quanto na noite que aquele desgraçado matou o Glenn, mas pesado.

Olhei pro Trevor, como ele ficou daquele jeito quando a namorada tava passando mal.

Eu estava com raiva. Tinha uma mulher que nem ela e não era homem pra cuidar. Desviei meu olhar pra Arizona, ela dormia calma. Nem parecia que tinha acabado de ter um ataque.

Por que eu tava preocupado com ela? Essa pergunta não saía da minha cabeça. Ela era uma mimada mandona que achava que só porque sabia alguma coisa de medicina podia me dar ordens.

Mas ela é tão bonita.

Tão bonita? Que merda é essa Dixon? Eu quase ouvia a risada de Merle.

-Me desculpa ter pego a sua garota no colo.- Falei encarando Trevor, ele me olhou confuso.

-Minha garota?

-É, não se pega a mulher de outro nos braços assim. Mas se eu não fizesse você ia continuar com aquela cara de bunda.- Trevor e Connor começaram a rir. -O que é tão engraçado?- Perguntei irritado.

-Minha garota. Que nojo. Ela é minha irmã.- Ele falou rindo. Ta, essa eu não esperava. Realmente achava que eles eram um casal, pelo jeito como se tratavam.

-Irmã?- Perguntei.

-É, mesmo sangue e DNA. Achou o que? Que nós estivéssemos juntos e os mais novos eram nossos filhos?

-Pra isso Nana teria que ter me dado a luz aos cinco anos.- Connor riu e eu não conseguia sentir raiva do deboche. Senti meu rosto vermelho.

-Ah, foi mal.- Falei tentando encerrar o assunto.

-Ta tudo bem.- Trevor disse rindo.

-É que vocês..

-Somos muito próximos.- Completou minha frase e eu concordei. -É, eu sei.

Fiquei quieto. Eles dois aos poucos foram se calando também, e eu agradeci JC que os outros não estavam ali.

Ficar sabendo disso me deu um alívio muito grande. Pelo menos eu não tava cobiçando a garota de ninguém. Porque sim, eu me sentia muito atraído por ela.

Olhei pra garota dormindo e reparei nos detalhes do rosto dela.

Desde que eu acordei e vi aqueles olhos verdes me encarando, e aquele cabelo ruivo, eu não parava de pensar nela. O que só tava me dando mais raiva. Eu tava pensando em uma garota como a droga de um adolescente com os hormônios a flor da pele. Só que eu não conseguia controlar, foi instantâneo. Só foi olhar naqueles olhos que eu me rendi. Me senti como se tudo na minha vida nunca tivesse tido importância, e eu só começasse a viver de verdade depois de ver aqueles olhos verdes. Lembrei de ontem, quando saímos. Ela concentrada, e atira tão bem. Não que eu vá dizer isso em voz alta.

Quando eu olhei pra ela, e nossos olhares se cruzaram, senti todo o meu sangue acelerar.

Aquela garota mandona tava fazendo alguma coisa comigo.

Respirei fundo e encostei minha cabeça na parede  sentado no chão. Não ia dormir até ela acordar. Algo me dizia que o que eles tinham pra contar era mais sério do que parecia.


Notas Finais


Tenho que começar essa nota com um: QUE EPISÓDIO FOI AQUELE ONTEM? MEU DEUS!! Eu me tremia toda, nunca fiquei tão tensa assistindo TWD que nem ontem. Quase tive um ataque quando Daryl levantou dando soco no Negan.
E aaah, meu palpite tava certo!! No fundo eu sentia que o Abraham também ia morrer..mas não quis colocar isso aqui em Invictus.
Agora falando sobre um assunto do capítulo... hmmm olha os segredos vindo a tona. Nana não é muito frágil, como vocês já sabem, mas tem um assunto que afeta muito ela e no próximo vocês vão saber porquê.
Não tenho muito o que dizer, só quero agradecer vocês por estarem acompanhando nossa Nana. Muito obrigada.
Enfim, vou tentar postar o próximo até quarta.
Xx


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