História Invictus - Uma coisa a menos, e outra a mais

POV Daryl

Eu com certeza não imaginei quando chamei ela pra dar uma volta que isso ia acontecer. Só que ela é tão linda, e o jeito que morde aquela boca. Não aguentei mais, precisava tomar ela nos meus braços e provar o gosto dela. Amoras, no momento ela tinha gosto de amoras. E acho que amora ia se tornar minha fruta preferida agora.

Minhas mãos queriam mais dela, apertei tanto a sua cintura que já devia estava ficando roxa. Eu estava em chamas, completamente rendido e desejando ainda mais.

Arizona partiu o beijo e sorriu.

-Melhor a gente voltar pra Alexandria, acho que não vou conseguir me concentrar muito no caminho.- Falou ajeitando o cabelo e sorrindo de lado.

-É, vamos voltar.- Falei sentindo que tinha algo pra disfarçar. Engoli seco. -O que acontece agora Arizona?- Eu tinha que perguntar. Não sou bom com essa história de relacionamento, e a gente ainda nem tinha um.

-Não faço ideia, mas tô louca pra descobrir. Vamos.- Ela falou e se virou pra voltar.

Fui o caminho todo querendo parar e beijar aquela boca de novo, mas só o que fiz foi olhar. Olhar pra ela também não era muito fácil, era uma tortura. Lembrar que tínhamos nos beijado, que as mãos dela puxavam meus cabelos da nuca e de vez em quando faziam um carinho no meu pescoço só me fazia ficar mais quente.

Só de pensar no que mais poderia ter acontecido.

Balancei a cabeça. Que isso Daryl? Acabou de beijar a moça e já ta pensando nisso? Vai com calma.

Calma, eu tava tendo muita calma toda vez que ficava perto dela.

Arizona tinha despertado em mim coisas que eu nem sabia que existiam. Era o desejo, mas um desejo fora do normal, como se fosse me consumir. E era uma sensação esquisita toda vez que ela sorria. Sentia que queria abraçar ela e nunca deixar nada de ruim atingir aquela garota.

Merle com toda certeza deve estar rolando de rir de mim agora. Ele sempre dizia que sentir qualquer coisa além do tesão era burrice e coisa de homem frouxo.

Não importa, isso deve ser só desejo mesmo. Era isso, eu estava a tanto tempo sem sexo que agora que essa mulher maravilhosamente sexy ta perto eu não consigo reprimir o desejo.

Eu sabia que não era só isso, e isso era o que mais me assustava.

O pior não era saber que eu tava fodido, era saber que ela podia estava só sendo movida pelo desejo e não por mim como pessoa.

Não posso culpar ela. Sou um cara cheio defeitos e com um passado conturbado, que mulher ia querer essa confusão na vida? Ainda mais ela que tinha quatro irmãos pra se preocupar e tinha seu próprio passado conturbado. Uma mulher linda que nem ela não ia querer nada comigo além de sexo. Eu sei que não, eu já tinha passado por isso.

Chegamos em Alexandria pra descobrir que a irmã de Arizona e Carl tinham sumido, e sem avisar pra ninguém pra onde iriam.

Arizona estava furiosa, Rick não sabia o que fazer. É, ia ser um longo dia.

POV Arizona

-Sumiu? Como assim ela sumiu? Não se perde dois adolescentes assim Trevor.

-Acontece que eles saíram sem avisar ninguém, e só deixaram um bilhete com o Oliver.

-Ah, e eles ainda meteram o Oliver nessa?- Perguntei furiosa. Dakota ia se ver comigo.

-Parece que ela acordou e só deixou o bilhete com ele.- Michonne disse.

-Eu vou matar a Dakota!- Falei andando de um lado pro outro. -E o Carl também não disse nada pra ninguém?

-Não, o bilhete é dos dois.- Rick respondeu meio aéreo.

-Ta, me deixa ver isso.- Falei pegando o bilhete das mãos de Trevor.

-Nana, porque sua boca ta vermelha?- Trevor perguntou desconfiado. Os presentes olharam pra mim e eu sorri nervosa.

-Amoras.- Daryl falou e eu quis rir. -Encontramos um arbusto de amoras e ela atacou.

-Eu sozinha Dixon?- Falei olhando nos olhos dele sorrindo de lado. Ele deu um sorriso sacana e eu ri.

-Amoras, entendi.- Michonne disse olhando de um pro outro.

-Podem me deixar ler?- Falei querendo acabar com aquilo.

Desculpem, mas não consegui ficar parada só pensando no Connor. Decidi fazer alguma coisa de útil. Arizona não fica com raiva de mim, por favor. Eu sei me cuidar, e o Carl ta junto. Não venham atrás de nós.

Dakota.

-Há quanto tempo eles saíram?- Daryl perguntou.

-Acho que pouco depois de vocês terem saído. Oliver acordou umas oito e meia e correu pra me mostrar o bilhete.- Trevor respondeu.

-Vamos seguir o rastro deles.- Falei seguindo pro portão.

-Nada disso.- Rosita falou. -É melhor esperar um pouco pra ver se eles voltam,

-Se eles voltam? Meu irmão foi praticamente sequestrado e a outra agora sumiu. Eu não vou ficar aqui sentada esperando a boa vontade da Dakota de se tocar e voltar.

-Arizona, você precisa se acalmar. Vamos atrás deles, mas você tem outro irmão menor aqui que ta sozinho.- Maggie disse e eu ponderei. -E Rick, você não vai se entregar como fez quando a Lori morreu. O Carl só fugiu com a Dakota, ele não ta morto. Cada um vai pra sua casa, de noite se eles não tiverem voltado começamos a nos organizar em dois grupos de busca pra ir atrás deles amanhã.- Ela falou firme. Rick assentiu e se virou indo pra casa com Michonne. O resto do grupo se dispersou pra seus afazeres.

Olhei pra Trevor e suspirei.

-Vamos nos preparar Trevor, não vai adiantar nada irmos sozinhos.- Ele assentiu e foi pra casa andando junto com Maggie.

Me virei pra Daryl.

-A Dakota ainda vai me fazer ter um ataque.

-Ela é só adolescente, eles fazem merda mesmo.- Ri.

-Sei disso, mas eu já tenho um irmão em perigo pra me preocupar e ela me faz uma dessa.

-Vai dar tudo certo, vamos encontrar ela e o Carl.- Sorri e fomos andando pra nossas casas.

-Te vejo de noite.- Falei. Daryl assentiu e entrou em casa. Segui pra minha.

Era quase meia noite e Dakota e Carl não voltaram, ficou decidido que daremos mais um dia pra ver se eles voltavam. Eu achava que eles com certeza estavam muito encrencados, mas era melhor me concentrar em proteger Oliver e manter Trevor bem.

Como não consegui dormir, de novo, resolvi dar uma volta. Andei até o pequeno lago e me sentei perto da margem.

O que Dakota tinha na cabeça? E o Carl? Eles não podem simplesmente resolver que vão sair sem falar com ninguém e deixar todo mundo preocupado. Me joguei pra trás deitando no chão.

-Você precisa dormir.- Olhei na direção da voz vendo Spencer em pé sorrindo.

-Não consigo. Não consigo relaxar por nada.

-Se quiser posso te fazer uma massagem nos ombros.- Falou se sentando. Bem que não seria nada ruim.

-Não sei..

-Prometo ser só a massagem, só pra te ajudar a relaxar.- Encarei ele, que levantou uma sobrancelha. Revirei os olhos me sentando.

-Ta bom.- Me virei. Spencer começou a massagear meus ombros.

-Você ta muito tensa.

-Bom, isso o que viver anos nesse mundo tendo que ficar alerta o tempo todo faz. Não tem como tirar folga do Apocalipse né.

-É. Eu não sabia que a coisa tava tão ruim até o grupo do Rick chegar. Sabe, ele, Michonne, Daryl e os outros que acho que você já percebeu que são meio que uma família. Tinha a Carol também, mas ela foi embora.

-Que pena. Foi embora pra onde?

-Ninguém sabe. Ela só foi, o Morgan foi atrás dela.

-Entendi.

-Acha que sua irmã fez isso?

-Fugiu?- Perguntei me virando fazendo ele parar com a massagem.

-É.

-Não acho que fugiu. Mas acho que ta tentando mostrar pra mim e pro Trevor que ela sabe se virar.

-E você acha que ela sabe?

-Eu sei que sabe. Mas eu sou mais velha, e sempre vou ver ela como a garotinha que corria de pijama pela casa arrastando o cobertor. Eu não quero que ela precise se proteger sozinha, porque eu e Trevor podemos defender ela.

-Meu irmão morreu. Foi numa busca lá fora faz pouco tempo até, e acabou morrendo.

-Sinto muito.

-Tudo bem, acho que agora as pessoas de Alexandria são minha família.- Sorri.

-É, acho que vou começar a ver todos assim também.

-Que bom.- Ele falou com um brilho diferente nos olhos.

-Acho que já vou indo, amanhã eu…- Fui interrompida pela boca de Spencer na minha. Arregalei os olhos e o afastei devagar. Spencer me encarou e eu pigarreei me sentindo desconfortável.

-Quis fazer isso desde o dia que você chegou aqui.- Falou me olhando.

-Eu…- Comecei constrangida. -Spencer olha..- Olhei pro lado e Daryl estava parado na rua me encarando. Merda. Ele estava com as mãos em punho e se virou andando com passos firmes.

-Você não queria isso.- Spencer falou.

-Não. Eu meio que já tô me envolvendo com alguém. Eu acho, quer dizer..mais ou menos né, foi só um beijo mas..espero que entenda.

-Entendo. Me desculpa.- Falou se levantando, me ergui também. -Esse cara tem sorte.

-Acho que ele não ta pensando assim agora. Vou indo.- Acenei seguindo pra onde Daryl tinha ido.

Andei um pouco e encontrei ele sentado na varanda de uma casa que ninguém usava.

Subi os degraus, ele continuou olhando pro nada.

-Daryl..

-Você me enganou direitinho.

-O que? Eu não..

-Acho que na verdade eu fui a única opção no seu momento carente, então você não perdeu tempo.- Falou agora me olhando.

-Olha só, eu não te enganei coisa nenhuma. Até porque, pra ter te enganado eu teria que ter alguma coisa com você. E até onde eu sei nós só nos beijamos.

-E não passou nem um dia você já tava lá beijando outro.- Falou com raiva se levantando. Mas que imbecil.

-Você viu tudo mesmo? Ou só viu a parte que te deixou que nem uma garotinha de tpm?

-Vi o Spencer com a boca na sua, isso que eu vi.

-É muito difícil conversar contigo, porque você é muito cabeça dura.- Cuspi fechando os punhos. -A parte que você não viu, foi o Spencer me beijando e eu dispensando ele porque achava que tava me envolvendo com você. Porque pra mim aquele beijo foi tão…- Parei e fechei os olhos respirando fundo. -E de qualquer forma, eu posso beijar quem eu quiser porque eu e você não é exatamente eu e você.- Daryl me olhava muito sério. -Quer saber? Eu não vou ficar me explicando pra você, não devo isso e problema seu se não acredita em mim.- Falei erguendo minhas mãos. -Não tenho tempo pra drama Dixon, dois irmãos meus estão correndo perigo.

Me virei pra sair dali, não ia ficar tentando convencer ele.

Senti a mão dele no meu braço antes de começar a descer a escada, Daryl deslizou a mão pelo meu braço até segurar minha mão.

-Fica.- Falou baixo. Eu respirei fundo.

-Não pode ficar me encarando, me beijar e depois achar que to brincando com você.- Falei entrelaçando minha mão na dele.

-Não sei sentir esse tipo de coisa.- Disse colocando uma mão na minha cintura.

-Que tipo de coisa?

-Ciúme. Eu não sou assim. Isso significa que o que eu sinto não é só desejo.- Daryl me fez virar de frente pra ele, segurou minha mão esquerda e colocou a mão livre na minha nuca. Encostou a testa na minha, fechei meus olhos. -Ver ele te beijando me fez ter medo de nunca mais beijar você, e raiva, porque to com medo de perder você. Mas isso é uma merda, porque eu não devia sentir isso, não devia sentir ciúme ou te querer o tempo todo.

-E por que não?- Perguntei abrindo os olhos, o encarando.

-Porque eu não sou bom pra você. Você é tão linda, e eu..

-Para. Você é um idiota.- Peguei a mão dele e coloquei no meu peito, no coração. -Ta sentindo isso? Eu achei que nunca mais ia sentir nada igual. Mas é muito mais intenso do que tudo que já senti.- Ele me olhava sem piscar. -Isso me dá tanto medo, e ta acontecendo tão rápido. Só de ficar perto de você eu já começo a ficar nervosa. Então não diz que não é bom pra mim, porque quem decide isso sou eu Dixon.- Ele se inclinou e tomou meus lábios.

Era uma mistura tão maluca de sentimentos, me fazendo ficar tão confusa. Era raiva, medo, luxúria, ternura, tudo. Era tudo e era nada. Me sentia em uma dimensão que nada dessa merda toda a minha volta existia. Nada de Negan, nem meus irmãos longe, nada dos monstros que me machucaram, e nada de walkers. Era eu e ele, só.

Envolvi o pescoço dele com meus braços e o puxei mais pra mim. Daryl suspirou e colocou as mãos na minha cintura me pressionando. Ele andou um pouco me virando, me encostando na parede da casa. Gemi quando ele pressionou a pélvis na minha, o que me fez sentir que ele estava no mesmo estado que eu. Meu corpo todo esquentou quando ele soltou meio que um grunhido entre o beijo e colocou minhas mãos presas acima da minha cabeça.

Paramos de nos beijar e ficamos nos encarando.

-Eu desisto. Me rendo.- Ele falou. E mesmo no escuro pude ver seus olhos nublados pelo desejo.

Não precisou dizer mais nada, eu entendi. Ele tinha se rendido ao sentimento e desejo que nos envolvia e me deixava zonza. Desistiu de lutar contra ou tentar entender.

Mais uma vez ele avançou em mim e me beijou. Me inclinei querendo mais contato, mais dele. Os beijos dele desceram pro meu pescoço, e onde beijava ardia e me fazia arrepiar ainda mais. Suspirava a cada beijo dele em mim, queria descer minhas mãos e agarrar os cabelos dele mas Daryl me segurava com força. Não que eu me importasse muito, eu estava totalmente a mercê dele. Voltou os beijou pelo meu pescoço e soltou o ar no meu ouvido.

-Não podemos.- Falou e eu o olhei com raiva. -Não aqui, nem agora.- Abri a boca pra contestar mas ele me calou com os lábios.

-Podemos entrar na casa.- Falei tentando não socar a cara dele. Daryl sorriu de lado.

-Eu quero isso, quero tanto. Mas não podemos ainda.

Ele quis dizer que era meio cedo. Quis socar ele, e apertar ao mesmo tempo. Não era possível um homem bruto daquele pensar de um jeito tão fofo.

-Você é inacreditável.- Falei sorrindo. -De um jeito bom.- Continuei quando vi ele desfazer o sorriso.

-Não sou não.

-É sim. Que tipo de homem pararia agora, porque não acha que ta na hora pra isso?

-Só acho que você merece alguma coisa direita. Não depois de uma quase briga.- Sorri e abracei ele. Daryl pareceu meio surpreso e sem jeito, mas me envolveu.

Dei um beijo no maxilar dele e sussurrei.

-Bom, isso só colabora pra me deixar com mais vontade de você ainda Dixon.- Dei um beijo na orelha dele e deslizei pra sair dali. Daryl respirou fundo e me olhou estreitando os olhos. Sorri mordendo o lábio e fui pra casa deixando um Daryl muito duro e estático pra trás.

POV Dakota

-Ta melhor?- Carl me perguntou pela milésima vez. Eu tinha caído quando fugimos de uns walkers e torcido o pé.

-Tô sim. Fica tranquilo.- Ele estava de vigia na janela de uma casa que entramos pra passar a noite passada.

-Precisamos voltar, e falar pra eles o que achamos antes que outra pessoa ache e leve tudo. Consegue andar?

-Acho que sim.- Tentei levantar. Meu pé doía mas dava pra seguir. Não estávamos longe.

-Vem, eu te ajudo.- Passou meu braço pelo ombro e seguimos pra fora da casa.

-Como acha que vão nos receber?- Perguntei olhando o perfil dele.

-Acho que vão ficar aliviados e com raiva.

-Minha irmã vai querer me matar.- Falei pensando no quanto Nana devia estava furiosa. Mas eu fiquei um dia só fora. Era pra ter voltado no mesmo dia, mas torci meu pé.

-Quando a gente falar pra eles o lugar que encontramos vão se acalmar.

-Tomara.- Respondi pensando na cara dos meus irmãos. Trevor também não ia estar muito tranquilo, tenho certeza.

Carl e eu acabamos achando muita coisa, além disso tinha sido bem legal. Logo logo estaríamos em casa, e ia ficar tudo bem. Pelo menos eu espero.

POV Arizona

Onze horas da manhã e nada de Dakota ainda. Eu estava furiosa, andando de um lado pro outro na sala. Oliver e Trevor sentados no sofá entediados me olhando.

-Nana você vai acabar furando o chão.- Oliver falou apoiando a cabeça na mão.

-Eu não consigo ficar quieta, parece que tem formiga no meu corpo todo.

-To com pena da Doda, ela vai escutar tanto de você que os ouvidos dela vão explodir.

-Ah pode ter certeza que ela vai escutar muito mesmo.- Olhei pra Trevor, ele encarava o nada. Mesmo eu conversando com ele, ele se culpa pelo Connor ter sido levado e não para de pensar nisso.

Respirei fundo e olhei pela janela, tínhamos uma visão da rua do portão, nada.

-Vou pra plataforma de vigia, esperar de lá.- Oliver assentiu e suspirou. -Trevor, me ouviu?

-Ouvi, toma cuidado.

-Vigia o Oliver.

-Mais fácil eu vigiar ele.- Oliver falou rolando os olhos, ri.

-Fica do lado do Trevor, ta bom Oggy? Não sai do lado dele. Chamo vocês se ela chegar.

Peguei minhas armas e segui pro portão.

Subi na plataforma encontrando Michonne, sorri pra ela.

-Parece nervosa.- Falei vendo que ela observava meio ansiosa a rua.

-Estou preocupada.

-Sei como se sente. Só quero que Dakota volte logo.- Ela suspirou. -Você gosta muito do Carl.

-Ele é um garoto incrível.

-Acho que Dakota acha o mesmo.- Michonne sorriu. -Ela fala muito dele quando a gente ta comendo.

-Isso é bom, porque Carl também fala dela.- Sorri de lado. Eu posso estava com raiva dela, mas no fundo tô feliz que ela achou alguém da idade. Minha menininha ta crescendo rápido demais.

Duas da tarde, o tempo tava se arrastando. Eu olhava atenta pra rua, torcendo pra qualquer sinal da minha irmã.

Duas pessoas se aproximavam ao longe, peguei o binóculos e vi que eram Dakota e Carl, ela mancava. Respirei aliviada.

-Eles chegaram!- Gritei. Michonne tinha descido da plataforma pra falar com Rick. Eles me olharam e sorriram.

Olhei de volta pros dois que com certeza iam levar uma bronca enorme e arregalei os olhos. Walkers cercavam eles, vários. Carl apontava uma arma mas ainda não disparava, Dakota tinha uma das katanas pequenas dela erguidas.

-Rick, eles estão com problemas.- Gritei descendo desesperada. -Abram essa merda.- O portão foi aberto e eu saí correndo com Rick, Michonne e Abraham na direção deles.

Eles dois estavam há quinhentos metros da entrada de Alexandria, e ficavam cada vez mais cercados. Carl atirou em alguns walkers e eu vi Dakota se desequilibrando.

Corri o mais rápido que conseguia e parei uns dez metros começando a flechar os walkers mais próximos deles. Dakota olhou pra mim e sorriu aliviada. Os outros chegaram mais perto e cravaram facas nos crânios podres. Quando o último walker caiu eu olhei pra minha irmã e fechei a cara.

-Mas que porra você tem na cabeça Dakota?- Esbravejei me aproximando. -Connor preso e você resolve dar uma volta?

-Nana, eu fui fazer uma ronda com o Carl e..

-Você quase me matou do coração, sua desmiolada. Que merda Dakota.- Falei dando um tapa no braço dela e a puxando pra abraçar.

-Nana, desculpa. Mas eu realmente só queria ajudar.- Olhei pra Carl e ele levava bronca de Rick também.

-Você não pode sair assim escondido Carl, principalmente agora.

-Pai, nós achamos suprimentos.- Rick parou de falar, soltei Dakota e prestei atenção.

-Muitos.- Dakota falou com aquele sorriso radiante.

-Onde?- Michonne perguntou.

-Um bunker.- Dakota respondeu.

-Vocês acharam um bunker?- Perguntei surpresa.

-Aham, alguns quilômetros ao leste.- Carl disse. Olhei pros outros adultos e sorri de lado impressionada.

-Tem suprimento o bastante pra nós e pra eles. Por pelo menos um mês e pouco.- Dakota disse se apoiando em Carl.

-Minha nossa! Isso é muito bom.- Michonne falou.

-É ótimo, mas mesmo assim vocês dois não deviam ter saído assim sem avisar.- Rick disse e começamos a pra Alexandria.

-Dakota, como machucou o pé?- Perguntei.

-Fugindo de uns walkers, ela caiu e torceu o pé.

-Então chegando vamos direto pra enfermaria.- Ela concordou.

Entramos em Alexandria e Carl levou Dakota pra enfermaria. Rick disse que o esperaria em casa pra saber a localização certa do bunker, iríamos montar um grupo pra ir buscar as coisas.

Terminei o improviso de tala e respirei fundo olhando pra Dakota.

-O que você fez foi perigoso.

-Eu sei Nana.

-Mas tô orgulhosa que sua missão deu certo.- Sorri. Ela me olhou confusa, mas sorriu.

-Orgulhosa?

-Aham. Não me faz repetir isso.- Ela sorriu ainda mais.

-Isso é incrível Nana.

-Só toma cuidado Dakota. Não faz mais isso, quando for sair avisa e vão mais pessoas com vocês. Só você e o Carl, se arriscando lá fora..não é muito inteligente.

-Foi até bem legal, o Carl foi maravilhoso.- Dakota corou um pouco.

-Você ta gostando dele né?

-Que? Eu não, claro que não. Só tô gostando de ter alguém da minha idade.

-Enid também é.

-Ah Nana, você entendeu.- Ri de como ela se atrapalhava.

-Não precisa mentir pra mim meu amor, mas quando perceber e estiver pronta pode conversar comigo.

-Ta bom.- Ela falou levantando da cama. -Mas e você o Daryl?

-Eu e o Daryl? Como assim?

-Nana, qual é! Eu já vi como ele te olha.

-Nos beijamos.- Ela arregalou os olhos.

-Que?

-Pois é, você perdeu algumas coisas enquanto dava uma de rebelde.- Rimos.

-Quero saber de tudo.

-Tem coisa que você não precisa saber irmãzinha.

-E por que não?- Me perguntou colocando as mãos na cintura. Revirei os olhos.

-Vem, vamos pra casa.

Apoiei ela de um lado e fomos andando pra casa, com ela obviamente querendo saber mais.

Essa menina tava se mostrando cada dia mais parecida comigo, e era isso que eu temia.

Dakota e Carl de volta, menos uma preocupação. Agora era me concentrar na missão pra ter Connor de volta seguro e depois arrumar um jeito de derrotar aquele desgraçado.