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História Invincible - Capítulo Único


Escrita por: wjsngon

Notas do Autor


Perdoem eu ser a louca do Muse (e não saber fazer capa)
Recomendo ouvir enquanto lê, heheh
Achei que meus filhos iriam representar bem uma das minhas músicas favoritas do mundo. E não, não tem nada de mais aqui! Eles são bebês, duh.

Boa leitura ♡

Capítulo 1 - Capítulo Único


Minha visão estava totalmente embaçada. Meu rosto ardia em vários pontos diferentes, e eu me sentia dolorido e miserável demais para levantar do chão frio no fundo daquele corredor escuro. Na verdade, eu me sentia seguro no frio e no escuro. O frio minimiza minhas dores, e no escuro eu me sinto invisível. Tudo seria mais fácil se ninguém me visse naquela maldita escola.

Sempre corria naquela mesma direção sabendo que haveria menos pessoas para testemunhar minha desgraça recorrente. As lâmpadas são quase todas queimadas naquela parte do fim do corredor, e além da portinha onde são guardados os utensílios de limpeza, a única sala usada por ali é a de música, já que o som dos instrumentos atrapalha qualquer outra aula ao redor. O que é perfeito, pois eu uso o fundo desse corredor de esconderijo toda vez que o grupo de garotos que me persegue resolve, por diversão, me machucar.

É mais comum do que eu gostaria voltar para casa com um olho roxo, arranhões e roupas rasgadas e sujas, porque eles me batem, e já me puseram em diversas situações ridículas como me largar em latas de lixo dizendo "é aqui o lugar de gente como você!" e me arrastar pelo gramado da escola, porque, segundo eles, eu seria menos "veadinho" se jogasse futebol ali como todos os garotos normais. E meus pais fingem que não vêem meus hematomas e feridas, no máximo perguntam se estou bem, e eu digo que sim, mentindo. Provavelmente acham que eu deveria me cuidar melhor sozinho, me virar para sobreviver e ter uma vida escolar normal.

Mas ninguém me perguntou se era o que eu queria.  

Ninguém me perguntou o que era normal para mim.

Eu era só mais um garoto azarado, que não fazia nada naquela escola além de estudar, existir, e nas horas vagas, cantava e desenhava. Não falava com ninguém, a não ser que fosse absolutamente necessário. Eu me perguntava se a minha existência ofendia tanto assim. Eu preferia não existir, não ser visto… eu sou mais de observar. Eu apenas observo e passo minhas percepções do mundo para o papel, e apenas isso.

E falando no meu azar e nos meus desenhos, parecia que nada naquele havia sido predestinado a dar certo mesmo, já que o meu desenho mais recorrente acabara de sair da sala de música; ou melhor, a inspiração para a maioria deles.

Mark Lee.

O garoto estrangeiro é tão cheio de talentos. Já o observei na aula de música, que eu também faço, mas naquele dia faltei por motivos de força maior: estava muito ocupado levando socos e chutes no chão do pátio. Mas voltando ao que é realmente importante: Mark sabe tocar vários instrumentos, cantar e fazer rap. Ele não conseguiu ser bom em uma única coisa, e resolveu ser bom em tudo. Tinha um futuro impressionante pela frente, além de ser a pessoa mais bonita que já vi na escola. É claro que ele não deve nem saber meu nome, pensei.

Me encostei na parede, com medo de ser visto por ele naquele estado. Mas como já deu para perceber, definitivamente não estava sendo um dia de sorte, e um bottom se soltou da minha mochila e rolou até os pés dele.

Me encolhi mais ainda atrás do fino armário no fim do corredor, mas minhas pernas compridas denunciaram minha presença ali.

— Quem está aí?

Droga. Ele estava se aproximando.

Me olhou boquiaberto quando me descobriu. Seus olhos me esquadrinharam por inteiro e eu quis muito ter um super-poder que me tornasse invisível.

— Ah, meu deus, o que fizeram com você?

Mark se ajoelhou à minha frente com uma expressão preocupada. Só consegui abaixar os olhos e focar nas lágrimas que precisava refrear.

— Acharam que era um dia bonito para bater em alguém. — Ri forçado, não estava achando graça nenhuma naquilo. Mas quando você faz piada da própria desgraça, as coisas se tornam um pouco mais fáceis de suportar quando se é sozinho como eu.

— É sério, Donghyuck, quem fez isso com você? — Ele perguntou, indignado.

— Como você sabe meu nome? — Franzi o nariz com a pergunta, confuso. Estava acostumado com o fato de que ninguém sabia meu nome. Ainda mais ele? Eu nunca imaginaria.

— Eu faço aula de música com você. Achei estranho você não ter aparecido hoje. Sua voz é muito bonita.

Rapaz, a sua existência é muito bonita. A minha voz nem se compara.

— Obrigado. — respondi, corando e sorrindo sem graça.

— Mas falando sério, você precisa fazer isso parar. Não é a primeira vez que vejo você machucado.

Ele reparou em mim mais de uma vez? O olhar dele parecia genuinamente preocupado. Mas espera aí…

— Parar como? O que você quer que eu faça?

— Você precisa ir até a diretoria, oras.

— Esse povo vai me comer vivo se eu fizer qualquer coisa! Eu não posso! Mark hyung, não quero ir, não me leva lá, por favor!

— Ei, por que ficou surpreso por eu saber seu nome, se você também sabe o meu?

— Porque ninguém nunca sabe quem sou eu, cara. Deveria ter percebido isso quando me viu aqui, nesse estado. Só ouço meu nome nesse lugar se for na mesma frase que uma ofensa. — falei, tristonho, e ele rolou os olhos.

— Noventa por cento das pessoas desse lugar são imbecis e narcisistas. Mas enfim, já podemos dispensar as apresentações. Você vem comigo, vou cuidar desses machucados. — Me pegou pela mão, fazendo força para me levantar do chão.

— Mas… — eu corava furiosamente enquanto o encarava, boquiaberto com a situação. Ele não podia estar falando sério. Ninguém nunca fez aquilo por mim.

— Deixa eu te ajudar!

— Não precisa, hyung. — Choraminguei. Não queria ser um incômodo, mas no fundo, queria que ele insistisse em me ajudar. Não queria admitir, mas realmente precisava de ajuda, mesmo que fosse só alguém para me fazer companhia.

— Mas eu quero, Donghyuck. Não vou ficar bem se deixar você aqui desse jeito, se deixar você ir pra casa assim… Por favor...

Eu não conseguiria negar nada depois daquele olhar afetuoso.

Mark me remendou. Limpou meus machucados do rosto; passou remédios que ardiam, mas segundo ele, deixariam tudo limpinho e cicatrizaria rápido; e colocou band-aids nos meus joelhos ralados. Mas também me remendou por dentro, me dando a atenção que nunca achei que merecia, o carinho que nunca achei que precisasse, e a força que nunca achei que existisse em mim. Eu o admiro ainda mais depois de tudo isso. Me sinto seguro com ele. Me sinto vivo. Sinto que há motivos para existir naquela escola, apesar de todo o resto. Mark me salvou de maneiras que jamais imaginou que me salvaria. Ele conseguiu ver além do garoto invisível ou esquisito que todos os outros enxergam.

— Você gosta muito mesmo de música, não é? Nunca imaginei que você tivesse tantos instrumentos em casa. — Observei seu quarto enorme e cheio de instrumentos enquanto ele passava algum remédio em meu joelho, antes de cobrir o ralado com um band-aid decorado com vários planetas.

— Sim, sempre gostei. Meus pais notaram isso desde que eu era bem pequeno, e nunca deixaram de me incentivar. Quer ouvir uma música que eu andei treinando? — seus olhos se iluminaram, ele parecia animado; e eu obviamente queria ouvir, e olhar. Ver a paixão dele pela música era uma das coisas que mais me inspiravam a desenhar.

— Se não for dar muito trabalho… Quero, sim. — mostrei um dos meus melhores sorrisos, para que não houvesse dúvidas do quanto eu adoraria ouvi-lo. Eu sempre adorava. Qualquer música que viesse dele se tornava minha favorita.

Depois que eu estava quase que inteiramente coberto de band-aids de planetas pelo mais velho, sentei-me de pernas cruzadas na cama, e o observei pegar a guitarra, testando-a antes de começar a tocar os acordes da música, de pé, no meio do quarto.

 

Follow through, make your dreams come true

Don’t give up the fight, you will be alright

Cause there’s no one like you in the universe

 

Eu entendo inglês, então prestei atenção na letra, e o sorriso dele para mim na última frase me fez prestar mais atenção ainda: ele estava cantando para mim, e não era só para que eu o ouvisse cantar e tocar, como sempre; ele cantava como se a música tivesse sido feita para mim. Coloquei as mãos sob o queixo e o olhei sorrindo de volta, com medo até de piscar e perder algo. Eu queria lembrar de cada detalhe dessa cena para desenhar depois. Talvez até mostrasse meus desenhos a ele, um dia.

 

Don’t be afraid of what your mind conceives

You should make a stand, stand up for what you believe

And tonight, we can truly say

Together we’re invincible

 

During the struggle, they will pull us down

But please, please let’s use this chance to turn things around

And tonight, we can truly say

Together we’re invincible… — Donghyuck!

 

Foi só depois de ouvir meu nome cortando a música que eu notei que estava chorando.

Ele deixou a guitarra de lado e se ajoelhou em minha frente, segurando meu rosto com as duas mãos, como se eu fosse algo frágil que ele não poderia deixar cair nunca. E eu realmente era, mas não naquela hora, pois entre os rastros de lágrimas em minhas bochechas brotou um sorriso enorme. E então, vi a preocupação sumir de seus olhos e dar lugar ao mesmo sentimento que eu.

Invincibilidade.

Me senti a pessoa mais corajosa do mundo olhando bem fundo nas orbes de Mark, e nossos rostos, que já estavam próximos, se juntaram de vez. Nos beijamos ao mesmo tempo, e eu me senti como se estivesse desmanchando. Todo o peso de existir que sentia em meus ombros de repente sumiu, só havia eu, ele, e o contato suave entre nós dois. Eu tinha vontade de existir para sempre, de passar a eternidade naquele momento. De repente, ele se afastou.

— Calma, eu ainda não cheguei na melhor parte da música. — ele riu de si próprio, e eu dele. O encorajei, sorrindo:

— Continua, então. Eu gostei da música.

Ele beijou minha testa e foi até a guitarra.

 

Do it on your own, it makes no difference to me

What you leave behind, what you choose to be

And whatever they say, your soul’s unbreakable

 

Eu já havia decorado o refrão pois as palavras me atingiram em cheio, então cantei junto com ele:

 

During the struggle, they will pull us down

But please, please let’s use this chance to turn things around

And tonight, we can truly say

Together we’re invincible

Ficou tarde, e eu acabei não voltando para casa. Avisei meus pais que dormiria na casa de um amigo, e naquela noite, eu dormi de mãos dadas com Mark. Naquela noite, uma parte de mim passou a ter esperança em mim mesmo, em quem eu realmente era.

Dali em diante, minha alma se tornou inquebrável. Mesmo que ainda houvessem aqueles que queriam me diminuir, eu não deixaria mais ninguém me dizer o que eu deveria ser ou fazer. Eu continuaria de pé. E mesmo que às vezes alguém conseguisse me fazer sentir mal ou chorar, eu tinha Mark comigo para me acalmar, dizer que estava tudo bem e que eu era único no universo. Único aos olhos dele.

Naquela noite, eu pude realmente dizer, antes de fechar os olhos sentindo os dedos longos do mais velho entrelaçados aos meus: Juntos, nós somos invencíveis.


Notas Finais


Eu não sei o que tô fazendo com a minha vida

Obrigada por ler ♡


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