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História Iridescente - Um espectro de cores


Escrita por: jinmangs

Notas do Autor


Essa fanfic se passa em um soulmate UA, onde as pessoas veem em preto e branco (e uma cor extra, que elas não escolhem) até encontrarem suas almas gêmeas.
Contém insinuação de Verkwan, JooEun e JiHan, porém o principal é JeongChan.
Nessa fanfic, eu mudei a idade de alguns. Jeonghan, Kaeun, Mingyu e Jooyeon são 94line; o Dino e a Soohyun são 98line, como o Hansol e o Seungkwan.
Como sempre, vai para a pessoa que me inspira todos os dias. ♥
Boa leitura!

Capítulo 1 - Um espectro de cores


– Noona, omma…? Tem alguém em casa? – Chan perguntou, parando no corredor e olhando para a sala.

Não tivera um dia muito divertido na escola, e agora, tudo que queria era deitar na sua cama e descansar, relaxar. Lembrava-se de ter comprado um jogo novo, e como adiantara seus deveres no começo da semana, poderia ficar no seu quarto e jogar sem preocupações; precisava de um pouco de distração.

Enquanto caminhava pela casa em direção ao seu quarto, subindo as escadas, refletia no dia que tivera. Uma garota nova entrou em sua turma, e por pura gentileza, Chan havia se oferecido para ajudá-la a ficar em dia com a matéria - até porque a garota era estrangeira, ele não tinha certeza se o conteúdo era o mesmo. Não tinha interesse nela, era apenas um ato de gentileza. Obviamente seus amigos não pensavam dessa forma. Havia desligado o celular justamente para não precisar ler as mensagens de Hansol e Seungkwan.

Ao chegar no andar de cima, ouviu uma música vindo do quarto de sua irmã, e ficou um pouco animado. Sentia falta da mais velha, pois desde que Kaeun entrara para a faculdade, tornou-se mais difícil de estarem em casa no mesmo horário, e quando estavam, geralmente queriam descansar ou estudar. Além disso, ela tinha amigos novos, e no seu tempo vago, estava fora.

– Noona? – Chan bateu na porta do quarto ao chamar a mais velha, mas a pessoa que o cumprimentou definitivamente não era Kaeun.

Ele - ou ela, não tinha certeza - tinha os cabelos longos amarrados, até pouco abaixo dos ombros, lisos e escuros, apenas uma mecha solta. Era um pouco mais alto que Chan, esguio, e tinha uma feição delicada. Aquele estranho abriu um pouco a porta, e ao olhar para o garoto, sorriu.

– Kaeun-ah, acho que seu irmão chegou. – E como se fosse a cereja do bolo, ele tinha uma voz doce, suave, que fizera com que o garoto se sentisse confortável. – Você deve ser o Chan... Sua irmã não para de falar de você.

– Você já está falando demais, Jeonghan. – Chan ouviu a voz de sua irmã se aproximando, e logo a porta estava aberta por completo. Sem hesitar, Kaeun abraçou o garoto, que correspondeu o abraço da mesma forma. – Demorou para chegar, hein?

– Eu não fui de bicicleta hoje, por isso... Aish, nem parece que você mora aqui, estava com saudades, noona. – O garoto reclamou, fazendo com que Kaeun risse.

– Eu estava justamente te esperando. O que acha de estourarmos uma pipoca e assistirmos alguma coisa na sala? – O garoto assentiu, animado. E Kaeun só desviou o olhar do mais novo para encarar Jeonghan, que assistia a cena com um sorriso no rosto, logo voltando a olhar para o mais novo. – Tem problema se ele assistir com a gente?

– Ani, claro que não. – O garoto olhou para o mais velho, que retribuiu o olhar.

E realmente, não se importava de dividir sua irmã com aquele estranho gentil. Ainda mais após a mais velha falar que estava esperando Chan para verem filme, o que significava que aquele tal de Jeonghan certamente não se incomodara de esperar o garoto chegar. O irmãozinho chato, como já ouvira alguns amigos de Kaeun falar. Sentiu uma simpatia automática por ele.

Passou o resto da noite no sofá com dois, deitado com a cabeça no colo de Kaeun. Como decidiram ver desenhos - e Jeonghan não reclamou, inclusive pareceu animado -, ocasionalmente ouvia a risada dos mais velhos, e encontrou-se prestando mais atenção na risada de Jeonghan do que nas próprias piadas feitas no momento.

Pouco antes de dormir, ali mesmo, desejou que aquele ser angelical continuasse na vida de Kaeun. Não apenas por achar que a irmã precisava de amigos melhores, mas também, porque queria ter a felicidade de encontrá-lo mais vezes em sua casa.

 

O mundo em cores era algo completamente impressionante.

Enquanto caminhava para a aula, o garoto perdia seu tempo olhando em volta. Tudo parecia tão vivo! Havia se acostumado com o azul do céu, a única cor que sabia nomear, e agora, via como existiam cores tão diferentes, mas que completavam a maravilhosa pintura que era o céu. A cor das folhas, dos troncos das árvores, da grama, até os carros que passavam pareciam vivos com aquelas cores.

Descobriu, naquela manhã, que tinha olhos da mesma cor que troncos de árvores, e que sua pele não era cinza. Também descobriu que seu uniforme tinha uma cor alegre, com exceção das calças, que eram azuis. Teria procurado o nome de cada uma daquelas cores mais cedo, antes de sair, se já não tivesse acordado tarde.

Ao chegar à escola, descobriu que a pintura dela era realmente branca. Também descobriu que sua professora usava um batom muito bonito, uma cor que ainda não sabia nomear, mas era a mesma de uma maçã. Ao sentar-se para falar com seus amigos, notou que os cabelos deles era da mesma cor um do outro.

Falando neles, agora a conversa dos três se tornaria mais igual. Hansol e Seungkwan viam em cores desde que Chan se lembrava, e ele era o único que não. Bem, não mais.

– Por que você não respondeu nossas mensagens, Lee Chan? Nós ficamos preocupados, pensei que não tivesse chegado em casa ou algo tivesse acontecido, aonde já se v- – Seungkwan fora cortado por Hansol, que apenas sorria de lado, controlando sua risada. Achava engraçado quando o amigo começava a falar sem parar, fazendo o papel de omma do grupo - como sempre.

Você ficou preocupado, Seungkwan. Deixa o Channie, aposto que ele estava ocupado. – O sorriso de Hansol relembrou o garoto do que acontecera no dia anterior, fazendo com que Chan revirasse os olhos. – Tem algo pra nos contar?

– Não era nada disso. Mas se quer saber, tenho sim... – O garoto sorriu ao notar que a professora começara a escrever algo no quadro, dando a chance a Chan de deixar os amigos curiosos. – Eu gosto da cor do nosso uniforme. Mas prefiro a cor do seu estojo. Ou do batom da senhora Kim.

Hansol e Seungkwan demoraram alguns segundos para entender o que aquilo significava, e quando entenderam, Chan sorriu para eles, virando-se para frente. Agora, sim, estava satisfeito.

 

A segunda vez que encontrou com aquele ser angelical foi pouco mais de uma semana após o primeiro encontro. As circunstâncias eram as mesmas - havia chegado da escola, um tanto desanimado e confuso -, mas não precisou subir as escadas para encontrar Jeonghan.

No exato momento em que Chan estava atravessando o corredor e passando pela cozinha, Jeonghan estava rindo e soltando seus cabelos, enquanto falava algo para Kaeun, que também ria. Naquele momento, o garoto sentiu suas bochechas queimarem - agora, sabia que elas ficavam rosadas quando isso acontecia -, parando aonde estava.

Se monocromático Jeonghan era bonito, em cores ele era simplesmente a perfeição. Havia aprendido o nome de algumas cores, mas precisaria de uma vida inteira para nomear as cores de Jeonghan. Castanho - ou marrom, pois ainda não sabia qual usar - era sem graça para descrever a cor de seus cabelos, e aquele tom de sua pele também precisava de um nome novo. O tom rosado de seus lábios, o castanho de seus olhos, até o branco de seus dentes; era como se visse todas as cores pela primeira vez, e Jeonghan fosse a fonte delas.

– Boa noite, Chan. Se lembra de mim? – Jeonghan se manifestou ao notar a presença do garoto, e Kaeun, que estava de costas, virou-se para o irmão.

De repente, ao ter a atenção dele sobre si, sentiu borboletas voando em seu estômago. O que era aquilo? Era tímido, mas Jeonghan não era uma pessoa nova mais, não deveria se sentir ansioso assim com ele.

– Lembro... Boa tarde, Jeonghan-ssi, Kaeun-ah... E-Eu vou subir, preciso ir no meu quarto.

Repreendendo a si mesmo por gaguejar, o garoto deu de costas para os dois, seguindo para a escada. E ignorou a forma com que seu coração pulou no peito ao ouvir a irmã falando que fariam o jantar juntos, e a voz de Jeonghan confirmando logo em seguida.

Talvez, o que o mais assustava é que aquela era uma situação normal, nada importante, e estava ansioso, sem saber como agir. Mas ao chamar Soohyun para saírem juntos uma hora antes de encontrar Jeonghan, não sentiu borboleta alguma.

 

A presença do mais velho estava se tornando frequente, de forma com que logo acostumou-se a ter Jeonghan em sua casa ao voltar da aula e nos finais de semana. Ele sempre ia embora antes de seus pais chegarem, e durante alguns finais de semana, ele chegou a dormir ali. Não demorou muito para que começasse a chamá-lo de hyung e acabasse sabendo mais dele.

Sabia que o aniversário dele era quatro de outubro - o que confirmava sua hipótese de Jeonghan, na verdade, ser um anjo -, estava na mesma turma que sua irmã na faculdade, gostava de cantar, jogar basquete e sabia tocar violão. Ele teve uma banda na adolescência chamada Tweenties, e ainda era muito amigo dos antigos membros, especialmente de um tal de Jisoo, e Jeonghan não gostava muito de doces.

Além dessas coisas, aprendeu que ele gostava de fazer brincadeiras ao criar intimidade com as pessoas, e chegaram a esconder algumas coisas de Kaeun juntos. Também aprendeu que ele gostava de que mexessem no seu cabelo, e que não ligava de parecer feminino, pois o importante era que se sentisse bonito. Quando ouviu aquilo, Chan teve de se controlar para não se denunciar e dizer o quanto ele era lindo.

Na teoria, a convivência com Jeonghan faria com que as borboletas sumissem, mas o que acontecia era exatamente o contrário; quanto mais tempo passava perto do mais velho, mais ansioso se sentia. Ansiava por seus sorrisos, ao mesmo tempo em que admirava suas cores. Se perguntava se tinha como gostar mais ainda do mais velho, e descobriu que sim quando ele e Kaeun discutiam sobre quem tinha mais afeição do garoto.

– Ele é meu irmão, claro que vai preferir a noona. – A voz de Kaeun veio da cozinha, chegando a soar engraçada de tanta certeza que ela tinha. – É o bebezinho da Kaeun noona.

– Yah, eu ainda estou aqui, sabiam? – O garoto se manifestou, fingindo irritação, e os dois mais velhos riram, divertidos. Jeonghan, que havia deitado a cabeça no colo de Chan - que, diga-se de passagem, havia descoberto que amava mexer no cabelo do mais velho - olhou para o garoto, sorrindo minimamente.

– Vamos perguntar pra ele, Kaeunie. – Jeonghan abriu mais o sorriso, fazendo com que as bochechas de Chan corarem um pouco. – Channie-ah, você é o bebê de quem?

Na mesma hora, um sorriso enorme surgiu no rosto do garoto, que apesar de ter ficado sem jeito com a pergunta, não hesitou em respondê-la, para a irritação de Kaeun.

– Do Jeonghan hyung.

As borboletas se transformaram em um tufão, e sentia a iridescência de Jeonghan refletir em seu coração.

 

– Eu preciso ir, vou encontrar a Dahyun no cinema. Até segunda-feira! – Hansol se despediu, hesitando um pouco ao encarar Seungkwan.

Algo estranho sempre acontecia quando Hansol se interessava por alguma garota. Ele e Seungkwan sempre foram muito próximos, mas era como se uma parede invisível nascesse entre eles nessas situações; começavam a se evitar, Seungkwan ficava calado e facilmente irritável, enquanto Hansol se tornava distante e cauteloso demais.

Quando Chan se tornou amigo deles, os dois já se conheciam há algum tempo, e aquela amizade entre eles nunca pareceu ter algum problema. Talvez Seungkwan tivesse medo de Hansol entrar em um relacionamento e esquecer dos dois, talvez até um pouco de ciúme, mas o amigo não era daquele jeito. Durante aquelas breves semanas no qual namorou Eunbi, ele continuou presente na vida de Chan, pois quem o afastou na época fora Seungkwan.

Não entendia o que acontecia com o amigo, até que, após longos minutos que Hansol já havia partido, sentiu a manga de sua blusa um pouco molhada, só então notou que o outro chorava silenciosamente.

– Seungkwanie... Você quer me falar o que está acontecendo? – O garoto se manifestou, mutando a televisão e se virando de frente para o amigo.

– Eu não aguento mais como o Hansol é cego, ou burro. Ou só teimoso. – Era engraçado, apesar de Chan não ser insensível o bastante pra falar isso, quando Seungkwan chorava, ele parecia mais dramático do que realmente era, como se fosse a cena de algum dorama. – Ele continua saindo com as garotas da nossa turma e não percebe que sou eu quem ele está procurando.

– Do que você está falando? – Chan realmente parecia confuso, deixando Seungkwan da mesma forma. O maior se sentou, olhando intrigado para o outro. – O que foi?

– Como assim você não sabe do que eu estou falando, Chan? – Seungkwan alteou uma sobrancelha, parecendo um tanto incrédulo. – Você vê em cores. Realmente não sabe o que é isso?

– O que isso tem a ver? – Seungkwan, que tinha o nariz avermelhado pelo choro, riu, revirando os olhos um tanto divertido.

– Chan, seus pais não te contaram de onde vem as cores, é? Então... – O garoto se aproximou do outro, agora, já parecendo um tanto mais animado. – Você nasce vendo preto, branco e vários tons de cinza - sem piadinhas. Mas quando encontramos nossa alma gêmea, a nossa vida ganha cores. E isso pode acontecer com qualquer pessoa, seja ela mais velha, nova, do mesmo sexo ou não. No dia seguinte ao seu encontro com a pessoa, você acorda vendo cores.

Agora, as coisas pareciam fazer sentido para Chan. Exceto pelo fato de que tinha conhecido duas pessoas no mesmo dia.

– Você conheceu a Soohyun, e no outro dia, viu como o mundo era bonito com cores nele. Ao menos você sabe quem é a sua alma gêmea. – Seungkwan sorriu, enxugando as pequenas lágrimas que voltavam a cair. – O Hansol foi a única pessoa nova que eu conheci, vivi nessa escola a minha vida toda. E no dia seguinte, aconteceu comigo. Com ele também, mas ele veio de fora, e você sabe como as meninas são com os estrangeiros da turma.

– Ele está procurando a alma gêmea dele? – Seungkwan assentiu, tentando abafar um soluço. – E por que você não fala que é você?

– Conhecendo o Hansol como nós dois conhecemos, você acha que ele vai acreditar nisso? – Não precisava de uma resposta; Hansol realmente não acreditaria. – Ele está saindo com cada uma das meninas que conheceu naquele dia, acreditando que é uma delas. Ele realmente acredita que é a Dahyun, por causa das cores que ela pintou o cabelo. Mas não vamos falar mais sobre isso... É melhor deixar pra lá.

Chan não o questionou quanto a isso. Até porque, agora estava refletindo sobre o seu caso. Qual dos dois seria sua alma gêmea?

 

Não demorou muito para que Chan tivesse a sua resposta. Em um sábado pela manhã, ouviu Jeonghan - que havia dormido em sua casa no dia anterior - conversando com Kaeun na cozinha. Pretendia assustá-los, então estava caminhando silenciosamente, com um sorriso no rosto.

– Já pensou o que vai dar para o Jisoo? – Ouviu sua irmã o perguntar, e então, parou no meio do caminho para ouvir a conversa dos dois, se sentindo um pouco culpado, mas curioso. – Três anos já, tem que ser alguma coisa especial.

– Eu não sei... A única coisa que eu sei é que ele vem para a Coreia semana que vem, para comemorarmos juntos. Estamos estranhos um com o outro.

– Vai ver é a distância. Relacionamentos à distância esfriam um pouco, mas nada que você não possa apimentar...

Naquele momento, Chan se recusou a ouvir qualquer outra coisa. Agora, era como se os reflexos coloridos de Jeonghan queimassem seu coração. Tomou cuidado ao subir as escadas, procurando ser silencioso o bastante para que os dois não o escutassem. Ao chegar em seu quarto, pegou o celular, discando o número de Soohyun, decidido a resolver aquele assunto, e não ser como Hansol; se aquela garota era sua alma gêmea, ela deveria saber.

Mas se era ela, então por que se sentia tão triste e decepcionado por não ser Jeonghan?

 

– Aonde vamos? – Soohyun o perguntou, um pouco curiosa. Os dois caminhavam lado a lado na calçada, e aquela foi a primeira vez que um dos dois falou durante o caminho.

– Não sei. Só queria te ver. – Chan falou, sentindo que suas palavras eram forçadas. O fato de segurar a mão da garota, também, lhe parecia forçado.

Pensava em como contar para a garota que ela era sua alma gêmea e que estavam destinados a ficar juntos, mas algo o fazia pensar que aquela não era a melhor abordagem. Durante os meses que se passaram desde que conheceu Soohyun, saíam juntos com frequência, e criaram uma certa amizade, apesar de, algumas horas, ainda agirem estranhos um com o outro.

Aquela era a primeira vez que andavam de mãos dadas, e aquilo não fazia com que se sentisse confortável. Na verdade, queria fugir, aquilo lhe parecia errado. Ao passar por um parque aberto, seguiu com a garota para lá, procurando um banco para que pudessem se sentar, e ele pudesse pensar em algo para fazer.

Havia perguntado para seus amigos o que deveria fazer. Seungkwan o disse para fazer com que a garota se sentisse bem, e fosse um cavalheiro - como nos doramas que ele via -, mas não tinha ideia de como o fazer. Já Hansol, ele o disse para beijá-la. Que assim, ele poderia demonstrar seus sentimentos sem precisar usar palavras, e ela entenderia.

– Você está estranho hoje, Chan. Tem algo de errado? – A garota o perguntou, parecendo um pouco preocupada.

Pensou, novamente, em falar para ela seus pensamentos, mas não conseguia juntar palavras para tal. Virou seu rosto para o lado, encarando a garota por alguns segundos antes de tomar uma atitude, e unir seus lábios aos dela.

Não tinha o costume de ler coisas românticas, mas nos livros e histórias que lera na internet, era como se um ímã atraísse seus lábios aos da pessoa, e fogos de artifício fossem soltos. Naquele instante, se ambos eram um ímã, sabia que eram da mesma polaridade, pois era como se fosse repelido. Afastou-se logo dela, e Soohyun parecia tão assustada - e impressionada - quanto Chan.

– Eu... Chan, eu não acho que deveríamos fazer isso. – Ela se manifestou, parecendo tomar cuidado com as palavras que escolhia. – Quer dizer, eu gosto de você. Mas eu nos vejo como amigos, sabe?

E ele não entendia. Eles eram almas gêmeas, como que ela só o via como amigo? Será que almas gêmeas poderiam ser apenas amigos ou algo do tipo?

– Eu não entendo. Nada...? – O garoto hesitou, sem saber como a perguntar. Porém, para sua sorte, Soohyun pareceu entender, pois riu da confusão do garoto.

– Nada mudou depois que eu te conheci. Tudo continua... assim, normal. – Quanto àquilo, Chan não teve como esconder seu alívio. Não era ela. Na mesma hora, sentiu-se relaxando, se preocupando menos quanto a se forçar a gostar dela. – Vamos continuar sendo amigos, certo?

– Claro! – Ele a respondeu, sorrindo. – Na verdade, eu estou aliviado. Eu só precisava ter certeza, Soohyunie. – Ambos sorriram, e Chan estendeu a mão para ela. – Amigos?

– Amigos! – A garota o respondeu, apertando sua mão sem hesitar.

 

– Eu terminei com o Jisoo. – Jeonghan se manifestou, olhando fixamente para o caderno. Kaeun, Mingyu e Jooyeon estavam sentados em volta da mesa, e quando ele levantou o olhar, os três o encaravam curiosos. – Sim, eu estou bem. Eu só... Não queria continuar com aquela enganação.

– Pensei que vocês fossem almas gêmeas. – Jooyeon o respondeu, fechando o caderno e o deixando de lado.

– É, quer dizer, foi com ele que as coisas mudaram, não? – Pela hesitação de Jeonghan para responder aquela resposta, todos já imaginavam qual era a resposta.

– Eu só comecei a enxergar diferente alguns meses atrás... Foi quando as coisas com ele começaram a ficar estranhas. – Jeonghan hesitou novamente, pois não sabia ao certo com quem as coisas haviam mudado. Tinha uma ideia de quem era, mas não poderia dizer para eles, principalmente para Kaeun. – Ele notou, e então, eu contei para ele. Desde então, eu e Jisoo nos afastamos muito. Eu não tive culpa, quer dizer, isso ia acontecer, uma hora ou outra. Ele foi bem compreensivo, no final das contas.

– E quem é a pessoa sortuda? Eu realmente espero que seja homem, porque uma menina e você disputariam pra ver quem tem o melhor cabelo. – Os três riram com aquele comentário de Kaeun, que agora, olhava curiosa para o amigo. O seu irmão, ele pensou em dizer.

No mesmo dia que conheceu Chan, um pouco mais cedo, Jeonghan havia cuidado da loja de sua mãe, conhecendo pessoas novas. Uma garota com o cabelo rosa - qual era seu nome mesmo? Sana? - havia chegado do Japão naquele dia, e gostou dela automaticamente, mas não sentiu vontade de vê-la de novo. Além do mais, o rosa dos cabelos dela era lindo, mas preferiu o das bochechas de Chan ao se conhecerem.

Sentia-se culpado por dois motivos. O primeiro era que Chan era o irmãozinho de Kaeun, que ela tanto protegia do mundo. Desde que Jisoo se mudou para os Estados Unidos, Kaeun tinha decidido inserir Jeonghan em seu grupo de amigos, não deixando que ele ficasse sozinho mais; ela era sua melhor amiga, não queria correr o risco de decepcioná-la. O segundo era a diferença de idade, pois Chan ainda não tivera seu coming age - mal havia completado 19 anos -, e não sentia que era certo se envolver com um adolescente.

– Eu não sei. – Jeonghan a respondeu, desviando o olhar para o caderno. – Mas tudo bem, não é como se eu estivesse com pressa para descobrir quem é. – Com a intenção de mudar o foco do assunto, ao notar que Mingyu tinha o celular em mãos, Jeonghan resolveu usar o maior como alvo. – Yah, e você, Mingyu? Quando vai encontrar com seu namorado digital pra poder discutir sobre pinturas e maquiagem com a gente?

Seguido de risadas por parte de Jooyeon e comentários de Kaeun, Jeonghan conseguiu jogar a atenção para Mingyu. Mas em sua mente, só conseguia pensar no mais novo.

 

A presença de Jeonghan já era uma constante na vida de Chan, e ele procurava uma forma de se afastar sem se afastar. Pelo que Seungkwan havia lhe contado, parecia possível que almas gêmeas não retribuíssem seus sentimentos, e o pior que a ideia da rejeição era o ato em si. Sendo assim, procurava chamar seus amigos quando sabia que Jeonghan estava a caminho de casa, ou então se trancava no quarto, afirmando que estava estudando.

Aquilo não havia ajudado muito, para falar a verdade.

Agora, via um pouco menos Jeonghan. Mas o destino parecia saber a hora certa de agir, e quando o garoto saía do quarto para fazer alguma coisa - fosse comer, ir no banheiro ou só esticar as pernas -, quase sempre encontrava o mais velho. E percebia que a distância não havia ajudado quando, naqueles poucos minutos que permanecia perto do mais velho, ou só de ver o seu sorriso, sentia seu coração acelerar, e as borboletas renascerem. Era como se apaixonasse novamente por Jeonghan cada vez que o via. Não queria dar nome àquele sentimento, mas ele era o que era.

Seungkwan era completamente contra o que Chan estava fazendo. Acabou contando para ele e Hansol o que havia acontecido entre ele e Soohyun, mas apenas Seungkwan sabia quem realmente era a alma gêmea de Chan; achava justo, uma vez que o amigo também se abrira quanto a Hansol. Dizia que um sentimento enterrado vivo nunca morreria, e que seria melhor se ele se abrisse com Jeonghan. Chan rebatia dizendo que Seungkwan não seguia os próprios conselhos, e a conversa terminava ali.

Pretendia manter em segredo entre seus amigos, mas não demorou muito para que Kaeun descobrisse.

– Onde está a omma, Channie? – A mais velha o perguntou, prendendo o cabelo em um coque bagunçado enquanto caminhava até a geladeira.

– Ela foi tomar um banho, parece que deu problema no hospital hoje, ela está meio irritada. O appa está de plantão hoje, então é só a gente mesmo. – O garoto a respondeu, ficando na ponta dos pés para pegar um prato.

– O jantar está em qual vasilha? – Kaeun o questionou, se abaixando um pouco para olhar na geladeira.

– Na verde, do lado do suco. – A garota pegou a vasilha, mas ao se levantar e encarar o garoto, ela tinha um olhar curioso, e até divertido. – O que foi?

– Desde quando você sabe o que é verde, Lee Chan? – Um sorriso, que deixaria o gato de Cheshire com inveja, surgiu no rosto de Kaeun. Ela colocou a vasilha na bancada, se apoiando e olhando fixamente para o irmão, esperando a resposta dele.

O garoto hesitou por alguns segundos, pensando no que fazer, até que acabou rindo, desistindo de manter o segredo da irmã.

– Há alguns meses... Mas não fique tão feliz, eu não sei quem é. – Ao respondê-la, um clique surgiu em seu cérebro. Lembrava-se que a irmã gostava de uvas, pois roxo era a cor dela. Isso queria dizer que... – E desde quando você sabe o que é verde, noona?

Foi a vez de Kaeun corar, e rir junto do mais novo. Ele era esperto, havia ensinado direitinho seu irmão.

– Há alguns anos. E pode ficar feliz, eu sei quem é. Algum dia, eu te apresento. – Ela o respondeu, se levantando da bancada e indo pegar talheres.

Na mente de Kaeun, ela começava a ligar alguns pontos soltos. Jeonghan dizia não saber quem era, mas sempre que ele falava isso, evitava de olhar para Kaeun, como se estivesse mentindo. E Chan... Ele nunca foi de namorar, não se lembrava de, alguma vez, ter conhecido alguma namorada do irmão, ou sequer ouvir histórias dele com alguém. Lembrava-se de como foi quando conheceu Jooyeon, e agora que pensava no assunto, conseguia ver como as cores de Chan e Jeonghan pareciam brilhar quando estavam próximos.

Será que havia ajudado duas almas gêmeas a se encontrar?

 

O tempo não poderia esperar para que eles descobrissem o que eram um do outro, e nem que eles se resolvessem. Verão se tornou outono, e as preocupações de Chan e seus amigos eram direcionadas ao exame escolar que prestariam. Agora, realmente não via Jeonghan, com exceção de quando comemoraram o aniversário do mais velho, e só sabia que nada havia mudado na manhã de seu exame, quando acordou e encontrou um chaveiro de anjinho, com um post-it colado nele. "Você vai se sair bem! Mesmo na faculdade, continua sendo meu bebê. -YJH". Sabia que seus pais e sua irmã estariam torcendo por ele, mas saber que Jeonghan se importava fazia com que o garoto se sentisse especial. Ao chegar em casa mais tarde, naquele dia, sentiu-se contente de encontrar sua família e Jeonghan o esperando, acabando por dormir com a cabeça no colo do mais velho.

Durante os feriados de final de ano, procurou passar mais tempo com a família, e puderam comemorar juntos as notas excelentes do garoto; poderia entrar em qualquer faculdade que escolhesse, e isso deixou seus pais orgulhosos de si. No Natal, dentre os presentes de sua irmã, encontrou um embrulho extra. Dentre os cds e roupas novas, havia um dinossauro de pelúcia. E como o chaveiro, havia um post-it colado nele: "Você é o bebê de quem, Lee Chan-ah?". Não precisava de assinaturas. O presente que o dera foi um chaveiro com asas, com um post-it colado; "É a única coisa que te falta, cheonsa hyung" escrito no post-it.

Em janeiro, sentiu-se um pouco mais sozinho do que de costume. Suas aulas voltaram, e foi o último mês de Kaeun morando em casa. Ela estava se mudando para um apartamento perto da universidade, e o dividiria com sua namorada - a conheceu brevemente enquanto ajudava a irmã a embrulhar seus pertences, tal como os outros amigos de Kaeun. Jeonghan estava lá naquele dia, e pela primeira vez em alguns meses, passou mais que alguns minutos perto do mais velho.

Foi no último mês de inverno que Lee Chan tornou-se um adulto, apesar de ainda não se sentir assim. Gostava do termo "jovem adulto". Havia escolhido seu curso, e esperava março para que começassem as aulas. Formou-se no meio de fevereiro, e aproveitava o final do inverno, na maioria do tempo, em casa.

Durante Março e Abril, via seus amigos apenas nos finais de semana, e conheceu pessoas novas na universidade. Descobriu, após a primeira semana de aula, que estava no mesmo campus de Jeonghan, sendo assim, algumas vezes, arranjavam tempo para que pudessem tomar café juntos. Seu coming age já estava chegando, mas o mais velho ainda insistia em chamá-lo de bebê.

– Daqui há alguns anos eu vou estar casado, com filhos e você ainda vai me chamar assim, hyung. – O garoto comentou, rindo logo em seguida. Um sorriso tomou conta do rosto de Jeonghan, que apenas assentiu, divertido.

– Você sempre vai ser o meu bebê, Lee Chan.

 

15 de maio. Aquele dia estava circulado no calendário de Chan, com coraçõezinhos, carinhas felizes e estrelas em volta. Ao acordar na manhã daquela segunda, o garoto pegou o celular, já preparado para mandar mensagem para seus amigos; pretendia comemorar seu coming of age com eles. Mas a primeira coisa que viu foi uma mensagem de Jeonghan, convidando-o para que passassem o dia juntos. Não hesitou em respondê-lo confirmando, já informando o horário que suas aulas acabariam.

Nunca um dia de aula demorou tanto para passar. Era a primeira vez, desde que havia decidido por manter a distância de Jeonghan, que o mais velho o convidava para que passasem um dia juntos. Geralmente, Kaeun estava junto, mas ao olhar seu celular no horário de almoço, as borboletas renasceram; ela não poderia ir, então seriam os dois. Pela primeira vez, ficaria sozinho com seu hyung.

Não queria se iludir, achando que algo aconteceria, mas com aquela distância, seus sentimentos tomaram caminhos inesperados. Pensou que conseguiria se resolver, quem sabe tornar aquela paixonite apenas um sentimento fraterno, de amizade, mas não; sabia que seu coração ainda queria o mais velho, e não via como poderia ser diferente daquilo. Não poderia se chamar de adulto com sentimentos de uma criança. Não era maduro corar só de pensar no mais velho, ou perder minutos olhando para aquele chaveiro, ou dormir abraçado a um bicho de pelúcia, apenas por ele vir da sua pessoa especial.

Talvez, realmente não tivesse maturidade o bastante de pessoas adultas, a coragem de revelar seus sentimentos para Jeonghan ou de contar para seus pais que sua alma gêmea era outro homem, mas tinha maturidade e certeza para saber o que sentia. Amava Jeonghan. Aquela distância segura já não era mais necessária, havia acabado com ela desde que começara a se encontrar com o mais velho. Talvez não fosse o amor de Jeonghan, talvez eles seriam como Seungkwan e Hansol, que ainda não haviam se resolvido, mas sabia que estar ao lado do mais velho era o bastante para si. Contanto que pudesse vê-lo sorrir e docemente ser chamado de aegi, não se importaria em continuar com aquela dinâmica entre eles por mais alguns anos.

– Você não me parece mais velho, mais adulto ou responsável. – Jeonghan disse ao encontrar o mais novo, segurando uma sacola de papel em suas mãos, rindo pela reação dele; uma careta um tanto que engraçada. – Só um pouco mais cansado, talvez.

– É a responsabilidade da faculdade, hyung. – Chan o respondeu, coçando a nuca distraidamente. – Aonde vamos?

– Tem algum lugar específico que você queira ir? Um lugar bonito, por favor. – O garoto pensou um pouco, então se lembrou de um lugar que queria ir.

– Tem um parque aqui perto. Vamos? – O mais velho assentiu, passando a caminhar lado a lado com o mais novo.

Estavam em um silêncio confortável, não precisando de small talk ou o que fosse para preencher o momento; apenas a presença deles ali era o bastante para isso. Como quando conhecera o mais velho, ele tinha os cabelos amarrados, e apenas uma mecha solta em seu rosto. Era primavera, e ao chegarem no parque, os jardins estavam cheio de cores, enfeitando o caminho pelo qual passavam.

Aquele lugar trazia um sentimento bom ao mais novo. Fora ali que, alguns meses atrás, dera o seu primeiro beijo, o que não foi tão importante para si, mas só através dele que entendeu quem era realmente a sua alma gêmea - algo que demorou para aceitar, mas ali estava. Foi naquele lugar que entendeu que estava apaixonado pelo seu hyung, e tê-lo ali consigo, em uma data importante na sua vida, tornava o lugar ainda mais especial.

– Por que aqui, Chan? – O mais velho o questionou, seguindo para a grama com o garoto.

– É um lugar especial pra mim, hyung. – O menor o respondeu, apertando suas mãos em punho no bolso de sua blusa.

– E por me trazer aqui, eu imagino que eu também seja especial para você. – Aquilo foi inesperado, fazendo com que Chan corasse, mas não negou; apenas olhou para o mais velho por alguns segundos, sorrindo, antes que voltasse a olhar para um pequeno lago artificial, no meio do parque. – Faz mais de um ano desde a última vez que vim aqui. E sabe o que eu mais gosto desse lugar, vendo como eu vejo agora?

– Hum? – O garoto o incentivou a falar, encarando novamente o mais velho.

– Das cores. – Jeonghan sorriu, e Chan poderia jurar que sentiu seu coração falhar brevemente, mesmo que por um milésimo de segundo. – Quer dizer... – O maior quebrou o contato visual, olhando em volta, como que para ilustrar o que falava. – Olha isso. Até um ano atrás, eu só conseguia ver a cor de algumas flores, e só suas pétalas. Agora tudo parece mais...

– ...vivo. – Chan completou a frase do mais velho, conseguindo novamente os olhos de Jeonghan sobre si. – É como se até as coisas inanimadas tivessem vida, e você pudesse sentir isso.

– Será que os sentimentos tem uma cor própria, Chan? – Jeonghan o questionou, não se importando se parecia insano com aquela pergunta.

Se pudesse respondê-lo como queria, diria que sim, mas não apenas uma cor. Jeonghan tinha uma paleta de cores que poderia definir todos os sentimentos que nutria, todos aqueles sentimentos positivos, e ainda assim, não conseguiria dizer se era o bastante.

– Talvez. Na língua inglesa, falar que alguém é ou está azul é dizer que ela é triste. Era a minha cor, sabia? – O garoto se manifestou, sorrindo para o mais velho antes de se sentar na grama. Logo Jeonghan estava ao seu lado, olhando para o lado com o mais novo.

O silêncio entre eles permaneceu por alguns minutos, onde ambos refletiram sobre o rumo daquela conversa. Jeonghan havia prometido a si mesmo - e a Kaeun - que tomaria uma atitude quanto ao garoto, mas apenas quando ele já fosse um adulto. Mas ali estava, não fazendo ideia de como assumir que o amava. Pois aquela era a verdade, amava Chan, e não sabia como dizer para ele algo que já fazia parte de si. Não sabia dizer desde quando tinha aquele sentimento em si, mas surgiu naturalmente, e quando Kaeun o pediu para cuidar de Chan pois certamente eram almas gêmeas, percebeu que essa era a sua maior vontade.

Silenciosamente, Jeonghan aproximou-se do garoto, deitando a cabeça em seu ombro e respirando fundo. Sentiu o menor se encolher onde estava, congelando, e um sorriso tomou conta de seu rosto; aquele garoto, mesmo que já fosse um adulto legalmente, continuava sendo sua criança.

– Já me disseram que a cor do amor é vermelho, mas eu discordo. Quando você junta todas as cores, você tem branco. Acho que essa é a verdadeira cor do amor. – O mais velho se manifestou após algum tempo, mordiscando um pouco o lábio inferior antes de continuar. – Vermelho pode ser a paixão. Azul, talvez, a tristeza de estarem afastados, ou as dificuldades que podem vir em uma relação. Rosa é a ingenuidade de quando duas pessoas se gostam, e talvez fujam da possibilidade de ficarem juntos. Laranja e o amarelo, felicidade. E existem muito mais cores que eu não sei nomear ainda, que podem significar uma infinidade de coisas... Um universo dentro de uma simples cor, pois se as juntarmos, teremos o branco.

Jeonghan afastou-se um pouco, olhando para o garoto, que retribuiu o olhar. Não conseguia controlar o sorriso que tomava conta de seu rosto toda vez que estava perto daquele garoto, e agora que ele parecia saber para onde estava indo, não hesitou em continuar.

– E as cores, por sua vez, são luzes, é um reflexo da luz. Sem a luz, não podemos ver as cores. E você trouxe cores ao meu mundo, Lee Chan.

O mais novo não parecia acreditar no que ouvia. Abriu o sorriso, tanto que seu rosto parecia não ser o bastante para contê-lo, e acabou rindo baixinho, breve, incrédulo. Uma das mãos de Jeonghan foi até a do garoto, segurando-a e entrelaçando seus dedos.

– Desde que você apareceu na minha vida, eu aprendi a gostar de cada uma dessas cores, e viver elas. Eu amo as cores que eu vejo agora, mas você... – O mais velho riu, desvencilhando-se por um momento apenas para pegar algo de dentro da sacola - com cuidado, tanto para não estragar aquele presente quanto para não soltar a mão do mais novo. Ao virar-se, segurava uma rosa em botão, branca, em sua mão. Aproximou o rosto do alheio, encostando suas testas. – Você é a união de todas elas. Você é o meu branco.

O mais novo voltou a rir, baixinho e discretamente. Não sabia como reagir, então a primeira coisa que fez foi segurar a rosa pelo caule, e logo que o fez, aquela mão de Jeonghan foi para seu queixo, fazendo com que erguesse o rosto.

– Eu te amo, aegi. E agora que eu não corro mais o risco de ser preso dizendo isso, eu quero ficar ao seu lado.

– Eu não teria problemas em te visitar na prisão, hyung.

O garoto o respondeu da única forma que conseguiu, abaixando novamente o olhar para olhar aquela rosa. Chegou a fechar os olhos para sentir o perfume dela, lembrando-se de uma tradição. Suas bochechas coraram mais um pouco ao abrir os olhos, não ousando em levantá-los.

– Sabe, hyung. Eu já ganhei a minha flor e o perfume, que já veio nela... Falta uma coisa ainda. – Sua voz foi diminuindo conforme falava, erguendo um pouco o olhar para que pudesse ver a reação do mais velho.

Jeonghan voltou a elevar o rosto do garoto, sorrindo minimamente para ele. Estavam próximos, então ambos apenas fecharam seus olhos, unindo os lábios em um ósculo casto, porém não tiveram pressa em se afastar.

Daquela vez, sim, Chan sentia o ímã e as borboletas. E ao fechar os olhos, viu que Jeonghan tinha razão; o amor nunca fora vermelho, pois a única coisa que via era o branco, a união das cores que ele trouxera à sua vida. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado!


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