Naquela manhã, eu havia acordado com frio. Com muito frio. Provavelmente estava com febre. Mas eu não me importo.
A única coisa que me interessa é sobre esse jornal, que eu tenho que esperar esse porco ler para eu saber das notícias.
Pelo que parece, falava sobre um caso de assassinato. A única coisa que eu pude ouvir foram gritos. Sim, eram meus tios as vítimas.
Em um suspiro, eu sou forçado a ir até lá, e fingir estar preocupado. Ainda não tive a chance de conversar com a minha irmã sobre a gilete. Mas tenho certeza que isso dará velhas lembranças a ela.
- Que horror, eu não posso acreditar... não... isso... – Disse minha mãe com as mãos na boca.
Meu pai se manteve perplexo diante a essa notícia, ao que parece eles mal puderam ser reconhecidos. Mas, tampouco meu pai tinha um ar de intriga.
Seria ele a pessoa quem os matou? É mais do que uma hipótese. Se a polícia soubesse, ele seria um dos principais suspeitos. Mas eu não me importo.
- Mamãe... como isso pôde... – Dizia minha irmã com lagrimas escorrendo em seu rosto.
- Eu vou até lá. – Disse meu pai com um tom calmo.
- Mas, querido... eu vou com você... era sua irmã, afinal. – Dizia minha mãe com um tom triste
- Eu tenho que deixar a Alice na escola. Oh! Kyle, seja um bom garoto e me ajude, ok?
- Mamãe... isso... é verdade mesmo? Os tios... – Disse com um olhar para baixo.
- Sim, mas não há tempo para ficar triste! Eu vou cuidar de alguns assuntos. Você já é bem grandinho, pode cuidar da sua irmã enquanto eu e o papai iremos tomar responsabilidade disso? – Disse minha mãe com um sorriso no rosto.
- Ok, mamãe. Pode contar comigo. – Disse em um tom de concordância.
- Oh, que adorável, agora vá. – Disse minha mãe saindo com meu pai logo em seguida.
A porta então fechou.
- Então, o que faremos agora? – Disse minha irmã enxugando suas falsas lagrimas.
- Você vai para a escola. – Disse bocejando
- Do que você está falando? Nossos tios acabaram de morrer! – Disse Alice revoltada.
- Era o que a mamãe queria. – Disse pegando sua bolsa.
- Tudo bem... – Disse Alice suspirando.
- Um dos papeis importantíssimos é fingir estar triste. Conto com você, minha irmã, para cumprir este papel.
- Não. Geralmente quando alguém morre, você falta aula, você fica triste. – Disse olhando para os lados.
- Eu não me importo. – Disse seriamente olhando em seus olhos.
- Você não tem sentimentos mesmo. – Disse em um tom de deboche.
- Falou a garota que finge todos eles. Qual é....você é tão falsa e superficial quanto eu. Machucar a si mesmo? Isso não ajudar em merda nenhuma. Você só está fugindo do seu dom! Isso é um presente! Não somos iguais a essas outras pessoas, Alice! Você pode ser como Alice no país das maravilhas!
- Não estamos em um conto de fadas, porra! Nós somos doentes! Nós precisamos nos tratar!
- Eu não me importo. Apenas vamos acabar com isso. Eu te levarei para a escola. – Disse abrindo a porta.
- Eu não vou a porra de lugar nenhum. – Disse Alice cobrindo os braços.
- Oh, que pena, eu pensei que você iria gostar desse presente. – Disse enquanto tirava a gilete dos meus bolsos.
- V-Você... onde conseguiu ela?
- Consegui chamar sua atenção, irmã?
- M-Me d-dê... – Disse Alice suplicando.
- Lembra da última vez? A diretora viu os seus cortes, chamaram a mamãe... tudo por sua culpa.
- Kyle... por favor... me dá isso...
- Você é tão fraca assim? Depois de um ano de reabilitação você cai em tentação tão fácil.
- Isso pode ser seu, Alice. Apenas me obedeça, ok? – Disse alisando a sua cabeça.
- O que você quer? – Disse Alice desviando a atenção da gilete.
- Primeiro de tudo. Não se corte mais.
- O quê?! Eu não faria isso...
- Mentirosa. Se a mamãe pegasse isso novamente, seríamos espancados.
- Segundo, Vá para a escola e finja estar arrasada pelo assassinato. Fale com a diretora que está pensando em se matar.
- M-Mas o quê? A diretora falaria a nossa mãe do mesmo jeito!
- Sim, mas a mamãe não está com o celular no momento. – Disse segurando o celular.
- Como você conseguiu? – Disse Alice em um tom de curiosidade.
- Isso não importa. Por agora. Terceiro: diga que eu adoeci e não pude comparecer na escola hoje.
- O que diabos você está aprontando, Kyle?
- Eu vou expor todos os podres dessa família nojenta.
- .... – Alice se manteve em silêncio.
- Agora vamos, só temos cinco minutos para chegarmos na escola. Se você cumprir tudo direitinho, eu te darei isto. Caso contrário eu direi a nossa mãe que você tentou me matar com esta gilete. Eu posso até mesmo cortar minha garganta para fingir. Você voltará para o centro psiquiátrico antes que perceba. – Dei um sorrisinho.
- N-Não... o centro não...
- Estamos entendidos? – Disse enquanto apoiava meu ombro no do dela.
- P-Por favor, não me leve para o centro.... – Disse Alice gaguejando.
- Não se preocupe, você seguirá tudo o que seu irmão mandar?
- S-Sim..., mas, como eu vou dizer que quero me suicidar?
- Sei lá, use sua criatividade. Mas fale de um jeito calmo e sincero. Apenas diga que a família estaria melhor sem você. Use sua imaginação. Se você parecer muito desesperada, o centro levará você imediatamente, então cuidado, ok?
- Ok... te vejo mais tarde. – Disse Alice fechando a porta.
Ela deve ser capaz de chegar até a escola sozinha. Agora, eu vou encontrar a prova que eu preciso para incriminar aqueles idiotas.
Abri o quarto deles, tch. Não parece ter nada de útil aqui.
Depois de rodar a casa toda, eu vi um rastro de sangue que levava para o meu quarto, que diabos?
Seria possível?
Esse próximo trabalho parece muito, MUITO, interessante.
Continua...
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