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História Ironside's Daughter - Vikings - SETE


Escrita por: I_R_R_Borba

Capítulo 7 - SETE


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A noite encontrava-se bela em sua escuridão hipnotizante, sendo interrompida apenas pela ilustre luz da grande lua. A sua volta havia nuvens cinzentas, em seu centro possuíam uma amarelada luminosidade. Uma atrás da outra em volta da grande magnitude de sua luz, dissipando-se conforme estendia-se por todo céu. Deslizava-se finos ventos gélidos por todas as direções. A neblina sorrateira prosseguia entre todas as principais passagens e becos. A genuína terra úmida e negra indubitavelmente impregnava-se nas botas de couro denso e sapatos de farrapos dos escravos e vagabundos. Apesar disso, aos olhos de seus residentes naturais a vila se tornara um lar. Mas o que faz o lugar ser um lar? Certamente a resposta para esta pergunta é simples, se assim conseguir ver. Um homem pode deixar tudo que tem para trás e seguir navegando em um barco pelos mares rumo a terras distantes e desconhecidas. O solo rochoso, o intenso inverno e a fome por conta de colheitas ruins são deixadas. Ele pode lutar pelas novas terrar de povos estranhos, pode conquistá-las e desfrutar de seus magníficos tesouros. No entanto, no mesmo homem sempre haverá o desejo de voltar para o lugar de onde veio após conseguir tais coisas. Ele as junta, volta para seu barco e navega de volta a sua casa. O que faz ele voltar? Sua família é o que faz o lugar ser um lar. Verdade seja dita que há famílias piores que os inimigos mais traiçoeiros. Ainda assim, o vínculo permanece forte, mas traçados em fios delicados. Este vínculo por mais tênue que seja é algo considerado sagrado a um homem, pois um homem de verdade protege sua família a qualquer custo e preço. E seu último pensamento sempre estará voltado para seu lar. É imediato identificar no olhar do homem que jamais se deve ameaçar ou tirar a preço de sangue sua casa. A escuridão toma seu coração de vingança, trazendo violência e decisões sem volta.

O jovem esgueirando-se sempre solitário possuía um rosto inocente, mas um cortante olhar, mais afiado que seu próprio coração e transbordava-se em intimidação e malícia ao ser visto pelos moradores de Kattegat. Por alguns era temido e por muitos subestimado, assim sendo também desprezado. Nada disto lhe importava em bons dias, Ivar apenas prosseguia por seu caminho. Em dias miseráveis de seu humor, tudo transformava-se em um grande caos. Suas palavras constantemente vislumbrava-se em raiva e ameaço. Havia uma força dentro de si que não poderia facilmente ser controlada, menos ainda a possibilidade de ser libertada por completo. Apesar de tudo, Ivar ainda era apenas um jovem rapaz, no entanto, trazendo consigo um ardente espírito selvagem. Em essência com amor, ódio e muito pesadamente com amargura.

Seus bravos braços constantemente permaneciam em movimento, um após o outro sem exitar. Quando cessavam-se, mantinham-se por um breve momento, até decidir qual direção tomar. Sem demora, eles voltavam a se locomover e com isto o resto do corpo. Mesmo arrastando-se não deixava rastro para trás, mesmo com a úmida terra negra costumeira de seu lar. Ele poderia ser ouvido se assim desejasse, caso contrário, muito louvável que não. Suas pernas mantinham-se amarradas com grossas tiras de couro para facilitar sua locomoção. Tais membros mostravam-se em total desproporção com o resto de seu corpo. Acima de suas coxas os membros do filho mais novo de Ragnar Lothbrok exibiam-se fortes e saudáveis, mas eram cobertos por sua grossa roupa de couro e linho, com objetivo de lhe proteger do frio e de qualquer terreno que fosse rastejar. Assim como suas mãos, encontrava-se com luvas costuradas em couro rígido cobrindo até metade de seus dedos.

Ao chegar no salão de sua casa, Ivar foi recebido com o costumeiro olhar de sua mãe, que estava na presença de seus outros três irmãos. Todos sentados em largas cadeiras diante de uma longa mesa de madeira. Havia uma farta ceia sob ela e certamente muita bebida. O familiar lugar de Ivar estava vazio, que naturalmente era ao lado direito de sua mãe, localizado na ponta da mesa. Lugar antes de Ragnar, mas com sua ausência por anos, o jovem adquiriu um hábito de estar onde o pai em sua infância permanecia. Ao lado esquerdo de Aslaug estava seu irmão Sigurd, encontrava-se a desfrutar de um cálice de hidromel e um grosso ensopado com carne de coelho jovem. Em frente a ele permanecia Hvitserk e a sua esquerda estava sentado Ubbe. Ivar voltou a se locomover, agora em direção a seu lugar na mesa. Quando finalmente conseguiu erguer-se e sentar-se com uma pequena demora, enfim encarou seus irmãos, que mantinham-se em uma humorada conversa.

-- Onde esteve?- perguntou Aslaug tendo as risadas de seus filhos ao fundo, em seguida levou seu cálice dourado a boca na espera.

Ivar sorriu muito fracamente para sua mãe, seguidamente levou seu olhar para a escrava que permanecia em pé no canto com uma grande jarra de hidromel. Bastou um simples olhar de Ivar para ela caminhar até ele e servi-lo. A jovem mantinha seus olhos verdes brilhantes longe dele, mas o mesmo não o tinha mais depositado em si.

-- Eu estava nos estábulos.- respondeu ele. -- Adoro aqueles cavalos.- completou, sarcasticamente. Sigurd repentinamente soltou uma breve risada em seu acento. Ivar levou seus olhos inexpressivos a seu irmão. -- Do que está rindo, idiota?- perguntou forçando uma voz serena. Quando se travava de seu irmão, apenas alguns meses mais velho, Ivar não conseguia manter-se paciente por muito tempo.

Sigurd lançou-lhe um olhar zombeteiro que bastou para a raiva de Ivar surgir sorrateiramente.

-- Você odeia cavalos, pois nunca poderá cavalgar em um.- respondeu Sigurd duramente. Ubbe e Hvitserk entreolharam-se, mas rapidamente o observar de ambos caminharam para Sigurd e Ivar.

-- Sigurd...- repreendeu Aslaug imediatamente. Ivar mantinha seus olhos em seu irmão, que ainda mostrava-lhe provocação. Como sempre, havia raiva rasgando-lhe o peito, mas algo dentro de si por alguma razão não deixou que ela dominasse por completo desta vez. Apertou o queixo rigidamente e engoliu o seco.

-- Por um acaso encontrou-se com Siggy?- perguntou Ubbe de repente. Ivar lentamente levou seu observar a seu irmão mais velho. -- Ela não voltou depois  de pedir que te chamasse. 

Ubbe sem nenhuma dúvida tinha o respeito de Ivar. Sempre o escutava, mesmo que muitas vezes não concordasse. Treinavam juntos e Ubbe lhe incentivava a se esforçar e melhorar. No entanto, um desgosto para com seu irmão veio quando Ivar percebeu um tom peculiar na voz de Ubbe. Se sentiu indignado e não entendeu o motivo de tal sentimento.

-- Parece muito preocupado, irmão.- zombou Hvitserk, antes de Ivar responder finalmente. -- Está apaixonado?- Rapidamente Ubbe ergueu seu braço para chegar em seu irmão com intuito de lhe acertar severamente, mas o mesmo desviou-se em risadas como sempre.

-- Como esta garota permanece viva é um grande mistério dos deuses, pois certamente para mim ela estava morta.- disse Aslaug repentinamente. Em seu semblante, parecia envolvida em vividos pensamentos. Com o olhar no vazio, mas com pequenos movimentos, ao aparentar ver algo que ninguém além dela estava a presenciar. -- Acredito que cada um de vocês ficara mais impressionados que a maioria ao vê-la viva.- continuou ela, agora espiando seus filhos um após o outro em seu redor. Todos lhe devolvendo um perdido olhar. As palavras de Aslaug soavam sombrias aos ouvidos de qualquer um que estivesse ouvindo-a. Em um estalar de tempo, ela sorriu. -- Mas é bom saber que vocês estão se dando bem, Ubbe. Já está na hora de se casar.- Todos os seus filhos a olharam com surpresa.

Ubbe recostou-se na cadeira com suas sobrancelhas ressaltadas ao ouvir o comentário de sua mãe.

-- Do que está falando? Ela é minha sobrinha, filha de Bjorn.- disse ele. Repentinamente todos a mesa estavam em absoluto silencio. Seus olhos alternavam-se entre si e Aslaug. A mesma rolou seus olhos em fastio.

-- Somos pagãos, não cristãos. Siggy é jovem, muito bonita e pelo que ouvi por ai, já liderou homens em combates por Lagertha. Com toda a certeza ela lhe dará muitos filhos fortes. Desapegue-se de suas diversões sem futuro e tenha filhos legítimos.

Ubbe pareceu refletir sobre o dito, assim como Sigurd e Hvitserk. Ivar encontrava-se com um duro olhar em suas mãos sob a mesa.

-- A mãe tem razão.- disse Sigurd. -- Quem melhor que você para se casar com a filha de nosso irmão Bjorn?!- Ivar soltou um repentino e desdenhoso riso silencioso. Levou seu cálice a boca e tomou um longo gole do hidromel. -- E sabemos que você não considera tão absurdo assim.- Ubbe revirou seus olhos ao ouvir Sigurd. -- Você a desejou no mesmo instante que a viu.- ele apontou para Hvitserk que tinha sua boca cheia de batatas cozidas. -- Só que fora mais discreto que este tonto.

Hvitserk abriu um largo sorriso jocoso e deu de ombros, então voltou a comer. A jovem escrava aproximou-se de Ivar lentamente com uma pequena bandeja dourada, onde nela havia frutas frescas. Ele apenas a empurrou para o lado vagarosamente, mantendo seus olhos com furor em Aslaug, que a mesma lhe entregou um confuso olhar.

-- Achei que detestasse Lagertha.- disse Ubbe a sua mãe. Aslaug desviou-se de Ivar para ele. -- Agora está me dizendo que apoia uma união minha com a também neta dela?- ele firmou seu olhar e inclinou-se para frente. -- Alguém que carrega o mesmo sangue que ela?

Aslaug suspirou, ouvir o nome de Lagertha era certo que muito lhe desagradava, mas o tom de Ubbe claramente era de provocação.

-- Eu não a odeio, tampouco sua existência é relevante para mim. Ela me odeia, acha que roubei o seu marido e posição. Bom, ainda assim, é um sacrifício que devo fazer para que meu filho tenha uma boa descendência. Querendo ou não, Siggy é uma candidata perfeita.- ela desviou seu olhar de Ubbe para a escrava receosa ao lado de Ivar. -- Ou prefere casar-se com um escrava assim como a mãe dela fora?- a jovem escrava abaixou seus olhos constrangidos, assim como Ubbe e Sigurd. Ivar a encarou com seu costumeiro sorriso travesso e cruel. Ao desviar-se dela, voltou sua atenção a Ubbe e sua mãe.

-- Mãe, não vê que possuí outros filhos? Por qual motivo empurra nossa sobrinha apenas a Ubbe?- perguntou Ivar com sua voz em uma sombria zombaria.

-- O que, acha que ela desejaria você ao invés de Ubbe?- perguntou Sigurd transbordando arrogância. -- Você a viu direito?- ao ouvi-lo, Ivar não pode mais segurar-se. Sua respiração acelerou-se irradiando seu ódio. -- Uma mulher como ela não perderia seu tempo com o Ivar-O-Sem-Ossos.- Ubbe e Hvitserk imediatamente olharam para seu irmão mais novo que tinha em seus olhos um sombrio ar. Sigurd não pareceu importar-se com o feroz encarada depositado em si. -- Para uma mulher lhe aceitar teria de ser abaixo de pena.

-- Sigurd...- vociferou Aslaug. Sigurd apenas lhe ignorou voltando- se a comer.

Aslaug olhou Ivar com suplica, sabendo que seu filho mais novo estava prestes a romper-se em fúria. Ivar manteve seus olhos firmes em Sigurd, que o mesmo não deixou-se intimidar, ainda que mantivesse certa cautela. Ubbe e Hvitserk depositaram seus olhares para Sigurd que encontrava-se com um imodesto sorriso nos lábios. Ele aprumou-se em sua cadeira e encarou Ivar desdenhosamente.

-- Ora, vamos mãe. Ele é aleijado, não burro.- O pesado suspiro de Ubbe fora ouvido por todos, ele lançou um advertido olhar a Sigurd, mas sabia que o irmão prosseguiria.

-- O que há de errado com você?- ousou perguntar Hvitserk.

Sigurd o olhou com falsa inocência no olhar para seu outro irmão.

-- Não há nada de errado comigo.- respondeu ele para Hvitserk, então desviou-se para Ivar. -- A verdade é que todos nós temos pena de você. E muitas vezes queríamos que nossa mãe o tivesse deixado aos lobos. Se ela realmente o amasse de toda a certeza teria feito isso.

-- Sigurd!- disse Aslaug novamente com furor.

Mais uma vez a mesa estava em total silencio, ninguém se atrevia a mover ou voltar a comer. Ivar visivelmente tomado de raiva, mas manteve-se sentado. Com isto, Sigurd lhe lançou seu largo sorriso de vitoria. Quando Ivar lhe virou a face, ele voltou sua atenção a tigela do ensopado. Antes que pudesse pegar em sua colher de ferro, uma fina faca lhe parou, cravada entre a pequena abertura de sua mão. Seus olhos arregalaram-se e seguiram até a ponta da mesa onde Ivar lhe observava feito um feroz lobo sedento.

-- Se eu fosse você seria mais cuidadoso com as palavras. Em vez de uma simples faca de carne entre sua mão, poderá ser um machado partindo seu cranio. - começou Ivar ameaçador. -- Você é meu irmão, mas não pense que irei exitar em matá-lo se me disser isto outra vez.- ele pegou seu cálice e inclinou-se para frente com os olhos em Sigurd. -- Eu tenho estas pernas frágeis.- seus olhos desviaram lentamente de seu irmão até a jovem escava ao seu lado. -- No entanto minhas mãos são competentes o suficiente para estrangular a bela escrava Margrethe até a morte.- Ivar voltou-se a Sigurd com seu cruel sorriso outra vez. -- Gostaria de ver sua escrava favorita morta em sua cama, irmão?

Os olhos de Margrethe arregalaram-se em temor. Sigurd Imediatamente levantou-se carregado de raiva afastando sua cadeira em um sonoro baque. Aslaug levantou-se rapidamente ficando entre os dois irmãos, temerosa por uma violenta briga. Levou sua mão lentamente ao peito de Sigurd para acalmá-lo.

-- Parem com esta besteira, terminem de comer.- interrompeu Hvitserk. -- Bjorn quer falar conosco antes da reunião com os guerreiros amanhã. Poderão se matar mais tarde, idiotas.

Sigurd manteve seus olhos enfurecidos sobre Ivar em breve momento, mas então virou-se para a porta e caminhou a passos pesados.

-- Que seja.- disse rispidamente antes de ausentar-se do salão.

Aslaug sentou-se levemente aliviada, entregando a Hvitserk um agradecido sorriso. Ivar franziu sua testa com a atitude de seu irmão, seguidamente levou seu cálice a boca e tomou um longo gole de sua bebida. Sentiu sua raiva desfazendo-se, com isso pode sentir a espanto de sua mãe ao olhá-la. Estava estampado no rosto de Aslaug que jamais pensaria que Ivar manteria sua fúria diante de Sigurd. Desde pequeno sempre fora o mais impulsivo dos irmão e em tempo algum deixara seu irmão safar-se de suas duras provocações. Ele mesmo teve de admitir a surpresa que sentiu ao se reprimir. Quando a calma completa lhe atingiu um desprazer lhe veio, algo incomodava sua mente mais que seu próprio odiado irmão. Pensou em Siggy e principalmente em suas palavras ditas a ela. Sentiu sua frustração voltar assim quando a seguira até os estábulos e acovardou-se em lhe falar o que muito queria dizer. Sentira uma profunda raiva ao vê-la com o jovem Olaf, o qual sempre lhe desagradou. Então um sentimento de dor ascendeu-se em seu coração. Ao reconhecê-lo quis arrancar de si a todo custo, mas era impossível. Já se fazia muitas luas desde a ultima vez que sentira tal coisa, mas ele estava agora muito presente lhe abalando.

❂❂❂❂❂❂

As chamas ardiam nas brasas iluminando ao redor da grande árvore em meio a noite densa dos arredores de Kattegat. Siggy mantinha seus olhos fixos em suas mãos, aguardando. Ao seu redor estava silencioso mesmo tendo companhia. No entanto, ouvia-se o uivo de lobos distantes e o chilrear de corujas trazido pelo vento, que constantemente abalavam as chamas da pequena fogueira em um lento dançar. Ainda que tivesse um pouco de calor diante de si, o frio da noite era rigoroso e Siggy encontrava-se sem suas peles, pois estavam aquecendo o velho homem ao seu lado adormecido. Sendo assim, ela apenas mantinha-se encolhida perto da fogueira. Após um longo momento, Siggy virou-se para o lado onde o homem estava e deu-lhe um abafado tapa em uma de suas pernas. O homem não se mexia, mas Siggy podia ver seu respirar fazendo seu corpo subir e descer em ritmo constante.

-- Você não está morto, então levante-se.- disse ela desapontada.

Muito relutante, ele enfim se moveu, não antes de soltar um pesado suspiro que claramente mostrava sua total indignação. Ragnar sentou-se e fitou a fogueira em silencio. Siggy apenas observou mais além da fumaça das chamas indo para o céu ao distante. Ambos mantiveram-se em absoluto silencio por um breve momento, até que o velho homem virou-se para sua neta em desgosto embebedado com confusão em seu semblante. Coçou sua cabeça escalvada impacientemente até que teve a atenção de Siggy.

-- Não devia ter feito. - disse Ragnar lentamente. -- Que maldito direito achara que teve de cortar a corda?- seus olhos brandia-se rapidamente cheios de insanidade. O rosto de Siggy contorceu-se em incredulidade. Seus olhos piscaram repetidas vezes com um observar intenso diante a Ragnar.

Pensou na decepção que sentira ao vê-lo caído em frente a árvore com uma corda em volta de seu pescoço cortada. Perguntou-se se este mesmo seria seu avô que o nome vagara por terras trazendo respeito, temor e admiração em muitos. Não havia um lugar que fosse onde não se ouvira o nome Ragnar Lothbrok. Suas conquistas são contadas nas noites agitadas de fartas festas, nas vozes das mães sentadas ao lado das camas de suas crianças antes de adormecerem e pairavam em canções alegres. Agora em sua frente havia um velho homem, vestido quase em farrapos, com uma longa espada em seu cinto gasto. Semelhando-se a um vagabundo de beira estrada. Em nada se parecia a figura das histórias nas canções.

-- Prefere morrer assim, sem honra e longe de Valhala?- Os olhos de Ragnar quedou-se para as chamas da fogueira.  Quando voltou-se para Siggy havia uma solitária lagrima percorrendo seu rosto. -- O sangue que carrego em mim é o mesmo que o seu. Jamais ficaria parada vendo você pedir por uma morte covarde. Você é Ragmar Lothbrok, se realmente quer morrer que seja com honra.- disse por fim, com sua voz em um fino vacilo. Secando a lágrima ignorou o profundo olhar de Ragnar em si. Sentiu-se uma tola e mais uma vez amaldiçoou o dia que saira de Hedeby. Jamais teria conhecido Ivar e gostado de seu sorriso traiçoeiro. Jamais teria visto Bjorn e sua nova família. E claro, jamais presenciaria seu avô que sempre quisera conhecer, tentar contra a própria vida feito um covarde. Kattegat estava longe de ser considerado seu lar. O desejo de voltar para casa lhe veio. Retornar as suas caças, subir nas arvores e tomar longos banhos de rio. Mas o sentimento de não ter mais um lugar no mundo lhe apareceu. Tudo que carregaria de volta seria apenas mais tristeza e decepções.

-- Eles não me seguiriam em mais uma ida a Inglaterra, não depois de saber que ocultei o massacre do assentamento.- disse Ragnar finalmente. Siggy virou-se para ele vagarosamente. -- Bom, se fosse eles também não me seguiria. Que tipo de rei abandona seu povo? Que tipo de pai abandona seus filhos?- ele tocou com ternura o ombro de Siggy e suspirou. Seus olhos traziam um singelo arrependimento. -- Que tipo de avô abandona sua neta?- Um grande nó formou-se na garganta de Siggy, forçando-a liberar suas lágrimas. Com muita razão poderiam vir, após este dia amaldiçoado. Mas ainda assim, segurou-as em uma difícil luta. Era certo que não se perdoaria se chorasse em frente a Ragnar feito uma pequena menina. Engoliu o seco e encarou seu avô que lhe mostrava um afetuoso sorriso. -- Estive ausente no momento em que se tornara uma guerreira. A vi mais cedo, você possui o mesmo espirito que eu carregava quando mais novo, até mesmo quando parti para as terras da Inglaterra.- Ragnar aproximou-se de Siggy deixando uma curta distancia entre seus rostos. -- Sabe o que virá agora?- perguntou, com seu semblante transbordando deslumbramento. -- Tentarão lhe controlar, fazer com que desacredite de você mesma e de tudo que virá a acreditar.

-- E o que devo fazer?- perguntou ela. Siggy sempre achara que velhos guerreiros carregavam conhecimento sobre o mundo, mas também arrogância. Admiravelmente, não vira isto em eu avô. Sabia que Ragnar carregava uma vasta sabedoria, mesmo com os erros que cometeu. Ainda assim, aos olhos de Siggy o homem em sua frente merecia seu respeito que dificilmente era dado por ela.

-- Passe por cima de todos.- respondeu ele formando um sorriso travesso. -- De preferencia com um barco.

Siggy sentiu que seu coração estava livre de duvida, agora tinha uma direção. Um caminho certo a ser seguido sem medo ou tristeza. Um desejo começou a ganhar vida em seu interior, quase como um animal selvagem que acabara de escapar de sua armadilha. encontrou uma grande determinação e chegou finalmente em um único pensamento.

-- Eu o seguirei. pronunciou Siggy. -- Se assim quiser.

Os olhos azuis peculiares de Ragnar pareceram vislumbrar um especial brilho ao ouvi-la. Repentinamente ele puxa contra seu corpo em um brusco movimento. Ragnar envolve seus braços em sua neta calorosamente beijando o topo de sua cabeça. Ele afaga o longo cabelo de Siggy por um breve momento. A garota então permite-se aconchegar no calor acolhedor de Ragnar. Sentiu-se querida e segura, não conseguindo imaginar melhor lugar para se estar. Então, ele afasta-se apenas alguns centímetro para olhá-la firmemente em seus olhos.

-- Está decidido, iremos a Inglaterra- na voz de Ragnar havia ânimo e orgulho. -- Agora levante-se.- disse ele erguendo-se rapidamente. Siggy lhe olhou atordoada. -- Vamos a casa de um velho amigo e no caminho você me contará onde conseguiu este maldito roxo em seu rosto.
Ela também ergueu-se e tratou de tirar a terra impregnada em sua roupa.

-- Eu tropecei e caí.- disse Siggy em zombaria.

-- Mais parece que o chão caiu em você, menina.- respondeu Ragnar com um sorriso sagaz. -- Pelo menos umas cinco vezes.

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Notas Finais


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-- Obrigada pelo carinho e o grande incentivo de vocês. ♥ Eu sei que esperam ferrenhamente por um novo capítulo e agradeço a paciência e amo a ansiedade de muitos. Não será descartada a possibilidade de dois capítulos por mês. :D


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