1. Spirit Fanfics >
  2. Ironside's Daughter - Vikings >
  3. NOVE

História Ironside's Daughter - Vikings - NOVE


Escrita por: I_R_R_Borba

Notas do Autor


-- Obrigada pela ansiosa espera. Aproveitem! <3

Capítulo 9 - NOVE


❂❂❂❂❂❂❂❂❂❂❂❂

Ainda em vislumbres dos primeiros raios da manhã, Siggy seguia Lagertha pela vila, não muito certa para onde estava indo, mas percebeu que desde sua chegada estava formando o costume de prosseguir pela vila sem mesmo saber o real caminho a seguir. Seus olhos permaneciam em uma grande batalha para manterem-se abertos, por conta do tardio despertar. Lamentou por seguir sua avó sem mesmo questionar, deixando a aconchegante e aquecida casa de Floki para trás. No entanto nada mais ela poderia fazer, pois seguiria a única mulher que lhe criou e amou para qualquer lugar. A costumeira gélida brisa de Kattegat passou por todo seu corpo lhe trazendo lentidão em seus passos e pensamentos, com isso carregava em si mais dificuldades para ouvir o que sua avó estava a dizer enquanto caminhava rapidamente apenas centímetros em sua frente. Siggy estava começando a se familiarizar com todo o lugar, mesmo com tantas idas e vindas de pessoas diferentes por conta do grande centro de comércio que a vila tornara-se nos últimos anos. Olhando em sua volta recordou-se do que muito ouvira em Hedeby pelos viajantes relatando as boas vendas por razão da vasta variedade de fregueses que peregrinavam por Kattegat.

O cheiro da terra molhada erguia-se no ar, trazendo-lhe a lembrança de que não estava na vila que crescera em exílio. Hedeby era sim úmida, porém sempre havia um pouco de sol, mesmo que em muitas vezes mostrando-se em fracos raios para esquentar os dedos das mãos e admirar o brilho nas águas do rio que costumava capturar peixes e nadar. Agora em Kattegat, ao longe em todo o céu havia obscuras nuvens em aviso que a vila seria banhada com severa chuva. Com isso, os habitantes alertados, logo estavam muito apressados em seus afazeres. Escravos acordavam mais cedo que seus donos e eram os mais vistos indo de um lugar para outro no meio da vila, carregando baldes com água, lenha e tudo que era necessário a cada dono. Com isto, estendendo seu observar, Siggy avistou uma jovem ao longe em meio ao comércio fitando-a enquanto esperava o vendedor separar as frutas para dar-lhe. Após segundos com seu observar recordou-se da mesma na noite em que fora convidada para cear na casa do rei e também, nos estábulos com Ubbe. Soube que tratava-se de uma escrava de Aslaug e provavelmente diversão de seu jovem tio. Desviando seu olhar passou para sua avó que continuava a falar.

-- ...Se realmente quiser partir para a Inglaterra...-foi tudo que Siggy conseguira ouvir de Lagertha em repentina captação.

-- Eu irei.- retrucou Siggy com sua voz arrastada sem nem ao menos ter ouvido o inicio da conversa. Odiava acordar e imediatamente sair para andar. Tudo ao seu redor lhe irritava com grande facilidade, sem falar é claro que não teve a chance de aproveitar o desjejum que Helga havia lhe preparado. Caminhando para fora de sua casa, em um vislumbre avistou sobre a pequena mesa ao lado da oficina de Floki muitas frutas e um cesto, peixe e claro, um delicioso hidromel apenas aguardando-a. Quando teve de passar em reto gritou por dentro, incluindo seu estômago. Não lembrava-se de ter ceado, então mais uma vez lamentou por ter acompanhado sua avó para a loucura de consultar o sábio da vila.

Lagertha não sessou seu andar, mas não deixou de virar seu rosto com desgosto para sua neta que tinha os olhos apontados para o chão desanimadamente.

-- Quero que pense bem antes de partir e me deixar aqui quando mais preciso de você.- seu tom severo não convenceu Siggy, pois ela sabia do que mais estava por vir de seus lábios. -- Talvez tenha sido um erro ensiná-la a lutar.- Siggy rolou seus olhos para a esquerda em fastio. -- Devia tê-la mostrado como tecer melhor. Sabe que é péssima nisto. E também ser boa cozinheira, você também é terrivelmente desastrosa quando se trata deste assunto. Por minha culpa você provavelmente matará seu marido e filhos  envenenados com um pedaço de veado vermelho mal cozido.

Siggy rolou seus olhos mais uma vez, em seguida levou-os para as costas de Lagertha. Sua avó tinha desenvolvido uma desagradável mania que, ao ficar chateada com ela tagarelava sem parar em lamentos, sempre apontando os grande defeitos de Siggy em tarefas domésticas, que infelizmente ela concordava com Lagertha. Sempre fora péssima em pontos de costura, cozinhar e também em deixar toda a casa em ordem. Levando sua avó a chateação por sempre deixar tudo para trás correndo para aventurar-se pelos vales em busca de emoção em suas brincadeiras, que geralmente enfrentava-as muito solitariamente.

-- Talvez eu não tenha filhos.- disse Siggy em provocação. Lagertha virou seu pescoço a ela bruscamente semicerrando os olhos. Foi tudo que Siggy queria para continuar sua zombaria. -- Talvez eu vire uma mercenária. Sabe, vivendo a vida matando gente por algum ouro e conhecendo terras diferentes. O que acha mãe?

Lagertha solta um suspiro encarando Siggy, mas rapidamente deixara escapar um pequeno sorriso, mesmo que muito breve.

-- Não gaste tanta energia falando bobagens, é claro que terá filhos.- disse virando-se de volta a frente. -- Oh, e esta pode ser uma boa pergunta ao sábio.- afirmou Lagertha agora em tom descontraído, quase animada.

-- Não quero saber sobre essas coisas.- relutou Siggy.

-- O que isto lhe custará? Pergunte se terá muitos filhos.- orientou Lagertha contando cada dito com um dedo. -- Não se importe com os homens, você terá muitos.

Siggy leva suas mãos ao rosto balançando sua cabeça em negação. Era óbvio que sua avó não perderia tempo em querer saber sobre filhos. Jamais passou pelos pensamentos de Siggy que tipo de homem teria ao seu lado ou se realmente deveria ter filhos. Para ela tudo lhe poderia ser tirado rapidamente assim como vira na vida de sua avó. Pouco a pouco os amores e grande razões lhe fora perdido. Os deuses têm seu destino em mãos, isto era indiscutível para Siggy, por isso teria grande receio de querer algo que pudesse perder fazendo-a sofrer mais do que já tem sofrido.

-- Você não sente falta da época em que era uma simples fazendeira?- perguntou Siggy. Lagertha não virou-se, deixou um silencio no ar quase sufocante, mas logo sua neta ouvira mais um de seus costumeiros suspiros para ela.

-- Não se trata de mim agora, teremos toda a atenção em você e no seu futuro. O meu passado está lá e o que foi feito não pode se desfazer.

Vendo que trouxe a sua avó tristes lembranças, Siggy decide voltar ao rumo que estavam.

-- Acho que não devo gastar minhas perguntas ao vidente sobre quantas crianças irão sair de mim.-afirmou ela em desgosto. Havia em si um perturbador sentimento em relação a tal decisão de consultar o vidente de Kattegat. Particularmente não sabia ao certo se queria saber de seu destino ou que pergunta realmente deveria fazer. Em seus pensamento vagava a possibilidade do sábio lhe dizer que sua vida seria uma grande decepção, vivendo pela sombra de sua avó e sendo apenas a rejeitada filha de Bjorn Ironside.

-- Vamos em frente.- disse Lagertha, apenas.

Ambas seguiram em estreita estrada que as levara próximo de um pequeno bosque, um dos muitos que rodeavam Kattegat. Ao longe avistou uma simples cabana, onde havia tochas erguidas em sua entrada, mas todas estavam apagadas. Toda a moradia aparentava ter muitos anos, quase em total descaso. Siggy sentiu um certo receio em entrar, pensando na possibilidade de tudo desabar acima de sua cabeça, pois lhe dava a impressão de estar abandonada há tempos. Lagertha estendeu sua mão para porta de madeira escura em podridão nas suas beiradas, então a empurrou sem demora. O ranger seco de maneira trouxe em Siggy um profundo arrepio. Sua avó passou em sua frente e então ela a seguiu lentamente, passo por passo e quando o ultimo foi dado trazendo Siggy para dentro da cabana, sentiu um leve choque em seu rosto. Ela deixou isto para trás e seguiu sua avó que já estava mais envolvida pelo lugar. Rapidamente seus olhos vagaram pela cabana que muito pouco era iluminada, porem havia camadas grossas de velas derretidas em todo lugar que podia ver. Pelo teto apresentava-se pendurados esqueletos e outras apenas partes de ossos de animais, alguns Siggy conseguia identificar como de javalis, veados e bodes, mas outros não vieram em seu entendimento. Podia-se sentir o cheiro de muitas ervas, também penduradas por todos os cantos das paredes. A chama de uma pequena fogueira que havia uma panela erguida em ferros era muito fraca. Nem de perto o lugar deixava um ar aquecido como uma casa deveria ser em tempos de severo frio. Todo luga havia coisas peculiares e particularmente nada bonitas enfeitando-o. Um forte odor de incenso invadiu as narinas de Siggy fazendo-a transformar seu rosto em uma terrível careta, mas não se comparou quando ela avistou o vidente sentado em beira centro da casa. Jamais vira um vidente em toda vida e quando seus olhos encontraram a figura com um negro sorriso diretamente em ambas, engoliu o seco e novamente arrependeu-se de ter seguido Lagertha.

Era certo que o vidente era um homem velho, seus olhos eram cobertos por uma grossa camada de pele, não deixando sequer uma fina fixura em seus olhos. Os lábios tinham sobre si uma negra pintura. A imagem do sábio não era algo agradável de ver, pensou ela. Ele estava com um longo capuz negro ligado de uma capa com tecido maltrapilho. Em volta de seu pescoço havia uma grossa argola de ferro que em frente ao peito estava presa a outra menor. Em sua mão direita tinha um alto cajado moldado de chifres.

Lagertha aproximou-se mais agachando-se para que sua face ficasse no mesmo nível do vidente. Porém Siggy permanecia em pé paralisada. Seus olhos tentavam captar cada parte assustadora do homem. Sua figura lhe lembrava terríveis histórias para crianças sobre moradores sombrios dos bosques que peregrinavam até as vilas durante as noites para pegá-las.

-- Quer saber mais sobre você ou desta vez trouxe a garota para saber?- perguntou o sábio a Lagertha. A voz do homem realmente demostrava que havia muitos anos acima de suas costas.

Lagertha virou-se para Siggy que ainda encarava o vidente com seus olhos azuis enormes.

-- Siggy quer saber o que os deuses desejam dela.-disse Lagertha puxando sua cabeça em direção ao vidente, indicando a sua neta par aproximar-se. O sábio levantou levemente sua cabeça para o lado onde Siggy se encontrava parada. Ela estava com sua capa com capuz negro que Lagertha havia lhe trazido. Parte do tecido lhe cobria levemente o rosto, sendo desta forma, ela o abaixou e aproximou-se juntando-se para com sua avó.

-- Faça sua pergunta, Siggy Bjornsdottir.- encorajou ele, apresentando-lhe um sorriso.

Quando finalmente chegou a hora de saber sobre seu destino, Siggy simplesmente encontrava-se com sua mente em branco. Nenhuma pergunta lhe vinha, pois havia tantas e nenhuma. Olhou rapidamente para Lagertha que lhe encarava assim como o vidente aguardando sua pergunta. Engoliu o seco e pensou em uma pegunta certa. 

-- O que os deuses visam para mim?- perguntou finalmente. 

O vidente sessou seu sorriso e ficou em silêncio. Sua cabeça lentamente movimentava-se de um lado para outro. Sua respiração pesava, Siggy pôde sentir, pois era a única coisa que se ouvia na velha cabana além de pequenos ruídos das árvores fora dela.

-- Os deuses têm boas coisas para você, a menina jogada para uma morte fria em pleno cerúleo. -respondeu ele finalmente voltando com seu sorriso. -- No entanto vejo o mar correndo pelas bocas das serpentes. E em novas primaveras haverá também sangue por todo seu corpo, da ponta dos pés até o mais fino fio dourado de sua cabeça. O destino que os deuses prepararam para você dependerá das suas decisões, mas cada passagem de geada de sua vida será uma batalha em inclinado monte.

Siggy piscara seus olhos rapidamente com o rosto em total surpresa, mas não mais que Lagertha. Ouvir que algo bom poderia lhe acontecer foi agradável aos seus ouvidos, porém parte do dito lhe incomodava e mais outra parte ainda não lhe fazia sentido.

-- Está me dizendo que terei dificuldades, mas boas recompensas se tomar as decisões certas?- perguntou Siggy. Olhou para Lagertha ao seu lado, mas a mesma tinha seus olhos no vidente e não lhe retribuiu o observar.

-- Boas coisas será aos seus olhos, devo dizer. Uma vida repleta de sofrimentos e alegrias preciosas.- disse por fim. 

Uma densa nevoa de incompreensão veio em Siggy, não vendo sentido em parte que ouvira. De certo era que sua vida carregaria muitas infelicidades incluindo as já presentes. Por um momento achara que realmente teria uma chance de obter um pouco de felicidade sem que tivesse de passar por mais prostrações. 

-- Certo...-sussurrou ela após engolir o seco que desceu em sua garganta apertada. Sentia-se indignada com os deuses por tê-la feito achar que após tantos eventos que enfrentara até aqui seria enfim recompensada. O semblante de curiosidade que carregava se desfez, dando lugar ao esmorecido. 

-- Pergunte mais.- começou o vidente. -- Há mais para você ouvir. 

E se eu não quiser mais ouvir?

Lagertha tocou levemente o braço de Siggy encorajando-a a perguntar o que ela muito queria saber sobre o futuro de sua neta. A jovem não tinha a menor intenção de continuar com tal consulta, não sabia se aguentaria mais más noticias. Siggy teria sim algo bom em seu destino, mas perguntou-se sobre o preço que teria de pagar antes. Ela arrastou seus olhos para sua avó que mantinha seu braço em mão. 

-- Terei..- ela solta um breve suspiro. -- muitos filhos? -pergunta Siggy desanimadamente sentindo-se idiota. Lagertha lhe ofereceu um pequeno sorriso, mesmo não sendo exatamente a pergunta da qual queria ouvir. Então Siggy virou-se de volta ao sábio ainda que temendo sua resposta. 

-- Os deuses permitirão que você tenha o suficiente - respondeu ele sem cerimonia. -- Você gerará após muitas noites de prantos.- continuou o sábio lentamente. -- Vejo tanta dor, mas não sendo a de seu desprenhar.

Lagertha levou seu encontrar a  sua neta com tentativa de consola-la, mas Siggy tinha seu ver diretamente no vidente em plena indignação. 

-- Talvez eu não devesse ter filhos, então.- expressou Siggy com desgosto. 

De repente o homem solta um sombrio riso levando-as para a total incompreensão. Quando a risada sessou, o vidente aprumou-se em sua cadeira e inclinando-se para frente alargando seu sorriso negro a Siggy. 

-- Você tentará, mas não terá êxito.- então ele solta uma pequena risada seca. 

-- Serei forçada a ter filhos?- o vidente continuou em silencio. -- Sim ou não?- insistiu ela. 

-- Isto é tudo, garota.

Após dizer isso, o vidente estende sua magra e cumprida mão a Siggy.  Ela a observa diante de si com um confuso olhar beirando ao enraivecido, em seguida olha para Lagertha pedindo aconselhamento. Ao ver o movimento dos lábios de sua avó formando a palavra não conseguiu acreditar. Seu rosto contorceu-se em desagrado. Virou-se para o vidente e lentamente com completo receio apoiou a palpa de sua mão na dele levando mais próximo de seu rosto. Ela encara a mão do homem, então finalmente coragem lhe vem fazendo-a passar sua língua por toda ela rapidamente. Siggy se afasta do vidente voltando-se para o lado de Lagertha. 

O vidente mais uma vez oferece seu sorriso a Siggy. Ela sente o toque de sua avó em seu braço puxando-a delicadamente. Elas então seguem para fora da cabana do vidente parando em frente a mesma. Siggy simplesmente permanece em silencio remoendo tudo que fora lhe dito, enquanto Lagertha puxa o capuz negro de volta a sua cabeça com bondosidade. 

-- Você pode voltar ainda conversarei com o sábio.- Siggy apenas concordou lentamente com sua cabeça. -- Helga disse-me que você é mais que bem vinda para ficar em sua casa, então mandei que suas coisas fossem carregadas para lá.- Antes mesmo que Lagertha continuasse a falar,  Siggy afastou-se dela percebendo seu semblante de consolo que no momento não o queria. 

-- Obrigada.- disse apenas. 

Ela seguiu o caminho pela vila para voltar a casa de Floki desanimadamente. Após um fugaz tempo, reparou que as pessoas estavam com seus olhares diretamente nela e em seguida cochichavam, conforme fora andando, alguns não se contentavam em encaradas, então apenas falavam de como fora rejeitada por Bjorn e expulsa de sua casa aos gritos. Ela continuou seu andar, mas sua garganta estava lhe apertando. A vontade em seu coração era de simplesmente desaparecer, pois tal fardo já estava pesado de carregar. Siggy caminhava rapidamente em passos duros, tentando não olhar a todos em seu redor e passagem, tinha  o desejo de chegar a casa de Floki e Helga o mais ligeiro possível.  
Andando desenfreadamente, sentiu um bruto puxo em seu braço, tão forte que lhe fez girar voltado-se para a direção contraria de que ia. Seus olhos arregalados em surpresa vislumbraram até que identificou Ragnar que tinha em posse seu braço. Contudo, seu observar deslizou para abaixo dele, encontrando Ivar encarando-a com seu costumeiro severo semblante. Siggy vê Ragnar sorrir para ela rapidamente, mas ela não conseguira retribuir relembrando-se do confronto com o jovem Ivar. Ela virou-se para seu avô que agora lhe tinha um frenético olhar.

-- Venha conosco.- foi tudo o que ele disse. 

❂❂❂❂❂

A terra macia abaixo de seus pés fazia com que suas botas de couro afundasse meramente poucos centímetros em rasa profundidade. O som das ondas em choque com as rochas soava enquanto o vento lhe balançava os cabelos. Siggy observava Ragnar cavar acima do precipício, assim como Ivar ao seu lado tendo o mesmo semblante que o dela. Ambos estavam indispostos com o que Ragnar estava fazendo. Terra jorrava de suas mãos a cada escavada. Já tinha se passado algum tempo e muitos baús fechados e pesados estavam ali, banhados em terra negra. Siggy seguia um tanto irritadiça com o que continuava a ver. Para qualquer um o que Ragnar estava fazendo era loucura.  

-- Para quê está desenterrando sua horda?- perguntou Ivar impaciente. -- Huh?- nada Ragnar respondeu, deixando Siggy inconformada. -- Tudo que guardou para gastar depois de sua morte.- Ragnar continuava a cavar deixando escapar um fino soltar de terra até o rosto de Ivar. Ele cuspiu o que lhe invadiu a boca e ouviu um pequeno riso vindo de Siggy. Ele imediatamente lhe responde com seu olhar furioso, em seguida o leva a cada ponta de Siggy.  -- O mais importante.- começou ele fitando Siggy agora de volta a seu rosto. -- Por que ela está aqui?- sua voz carregava uma grande aversão.

Siggy solta um aborrecido suspiro cruzando seus braços em frente a seu peito. Ela vira-se para Ivar que ainda a encarava sem sessar apenas esperando-a. 

-- Sou neta dele.- disparou ela. 

-- E quem se importa?- retrucou o jovem Ivar semicerrando seus olhos para ela. 

-- Não acredito que virá conosco. Por que não está com seus irmãos?- perguntou Siggy com grande provocação em seu tom. -- Oh, deixe-me adivinhar...

-- O que, vai dizer que não me quiseram por eu ser o irmão aleijado?- perguntou Ivar interrompendo Siggy já com sua costumeira irritação. -- Nada vindo de você ou qualquer um me surpreenderá.- Ele estende sua mão com um sorriso sarcástico não ocultando sua raiva para Siggy. -- Continue, sobrinha. 

Ela o fixa seu olhar intenso no rosto de Ivar. A tom para anunciar a palavra "sobrinha" incontestavelmente fora usada por ele para afrontar Siggy, querendo lhe mostrar que ela estava abaixo dele no vinculo de sangue. A garota sabia que estava prestes a estourar sua frustração de todo o dia que tivera com Lagertha e o vidente da vila. Tudo que ela não queria no momento era discutir mais uma vez com Ivar, mas o jovem tio parecia ter o grande dom de deixar qualquer um em grande enfurecimento. 

-- Quem dera esse fosse seu problema.- disse ela. Ivar teve uma mudança em seu semblante quase que instantâneo com o dito de Siggy. -- Você é um insuportável!- proferiu, quase que cuspindo cada palavra.

Ofendido, Ivar leva uma de suas mãos até a terra abaixo de si, e é onde ele forma uma concha e agarra um bocado lançando em direção a Siggy furiosamente. A mesma desvia rapidamente o rosto para que não fosse atingido os olhos. Em feroz indignação, ela avança um passo para Ivar e chuta um pequeno morro de terra em sua frente, toda ela é lançada para o rosto do rapaz. Enfurecido, ele olha em seu redor e pega em mãos mais terra, quando ergue-a para jogar Siggy já encontrava-se preparada para mais uma provocação. 

-- Chega!- grita Ragnar com grande furor. Siggy se sessa, mas leva seus olhos a Ivar beirando em fúria, assim como ele. Ragnar observa a cena e lança um suspiro pesado. -- Se esse tipo de coisa acontecer por toda a viagem a Inglaterra, jogarei ambos no mar e então poderão discutir ou se matar com os peixes.- Siggy e Ivar voltam com suas posturas e olham para Ragnar com carranca semelhante a de crianças pequenas repreendidas por seu pai. -- Sobre minha horda...- voltou ele a escavar a terra com suas mãos. -- Eu não tenho escolha. Tenho que subornar as pessoas para navegarem comigo. 

Ivar solta um riso insatisfeito. Ele observa seu pai e gesticula abrindo seus braços. 

-- Você é um perdedor.

Ragnar suspira cansadamente, seguido de um olhar para seu filho. 

-- Por que não vem me ajudar a levantar garoto aleijado?- pergunta Ragnar em provocação. Ivar suspira inconformado, mas rasteja mais para perto de Ragnar e estende seu braço ajudando-o a puxar mais um baú de um buraco. Ragnar bate levemente em sua cabeça em graça. -- Bom garoto. 

-- Você conseguiu barcos?- perguntou Siggy. -- Precisamos de..

-- Barco. respondeu Ragnar enquanto aprumava-se em uma pedra por conta do cansaço. -- Consegui apenas um, com seu pai. 

A noticia da caridade de Bjorn muito desagradou Siggy, mas nada se podia fazer visto que não teria um jeito de pedir ajuda a Lagertha. Mesmo que seu plano de tomada estivesse acima disto, era certo que sua avó não investiria em sua ida para a Inglaterra, já sendo completamente contra sua decisão. 

-- Eu não tenho um.- disse Siggy com indiferença. 

-- Um barco?- perguntou Ivar voltando com seu tom provocador. Siggy lhe responde com rolar de olhos. Ela se senta pelo chão ao lado de um dos muitos grandes baús que estavam em sua volta. -- Não fique assim, eu também achei por muito tempo que não tivesse um, mas qui está ele.- disse apontando para Ragnar. -- Velho e louco. 

Ragnar encarava o horizonte após ouvir o som de tambores e uma ressonante trompeta de chifre avisando a chegada de mais barcos em Kattegat. Era certo que Bjorn estava preparando uma grande expedição, com ajuda de Floki e o rei Harald juntamente com seu irmão. Siggy jamais o vira pessoalmente, mas sabia o que muitos comentavam. Ele estava em uma grande jornada em conquista de toda a Noruega, tendo a morte de muitos earls e pequenos reis por toda a extensão do país. Porém havia apenas uma coroa ainda de pé que lhe impedia de ser o único rei da Noruega e esta coroa pertencia a Ragnar Lothbrok. 

-- Hoje a noite realizarão um ritual em sacrifício.- disse Ivar abrindo uma pequena caixa toda incrustada em pedras preciosas. -- Partirão pela manhã.- Ragnar tinha um severo olhar no mais além. -- Não se preocupe, eles são a escória, nada.- consolou por fim sorrindo para seu pai que fora recompensado com um retribuo.  

-- E quando nós partiremos?- perguntou Siggy a Ragnar. Ele desviou seus olhos de suas mãos e levou-os para sua neta. 

-- Logo, assim que conseguir homens.

Ela assente sem muita emoção. Seus olhos deslizam para Ivar que encarava dentro da caixa por um momento. Em meio a muitas ele pesca uma moeda e leva mais próximo de seus olhos um tanto curioso. Nela ele vê o desenho de um homem com um coroa em sua cabeça. Ivar inclina a moeda para Ragnar.

-- Quem é este?- pergunta ele. Ragnar aproxima-se para mais perto da mão de Ivar onde a  moeda se encontra entre seu dedo indicador e polegar. 

-- Esse é o Rei Ecbert.- responde Ragnar, em seguida oferece um olhar para Ivar com um sorriso, assim também faz em direção a Siggy. 

-- Posso ficar com isto?- perguntas Ivar após um observar na moeda.- Ragnar lança um curioso olhar, então envolve sua mão na de Ivar junto com a moeda afetuosamente. 

Siggy contempla discretamente pai e filho, sentindo-se um pouco feliz por Ivar. Mesmo sendo tão desagradável com ela, era certo que ele merecia algo de bom para lembrar-se de seu pai. Todo jovem garoto precisa de seu pai. O pensamento lhe trouxe de volta suas tristezas, mas decidiu deixá-las de lado. 

O jovem Ivar pesca mais uma moeda da caixa e joga para Siggy, a mesma a pega no ar imediatamente. Ela a observa no meio de sua mão, redonda com um dourado velho. O desenho do homem com a coroa estava lá, entre símbolos a sua volta. 

-- Egberto de Wessex.- lera Siggy a moeda na língua dos ingleses. 

Ragnar e Ivar a olham no mesmo instante, ambos com espanto em seus rostos. 

-- O que você disse?

  ❂❂❂❂❂❂❂❂❂❂❂❂  



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...