1. Spirit Fanfics >
  2. Irony >
  3. Prólogo- O primeiro anjo

História Irony - Prólogo- O primeiro anjo


Escrita por: Rin_Kamui

Notas do Autor


Pra quem lê as outras fics, não me batam ><
Não tenho culpa de pensar em várias ideias, porém não ter ideia do próximo capítulo das minhas fics
Avisando que talvez eu pare de postar essa por um tempo, pq essa semana começam as minhas provas, mas farei o possível para postar <3
Beijos e curtam a fic <3

Capítulo 1 - Prólogo- O primeiro anjo


 Ano de 1939.

 Em um lugar da América do Norte, mais especificamente, nos Estados Unidos, na parte que hoje consideraríamos um subúrbio, quase perto da região interiorana, vivia a pequena Lilith, em uma casa confortável, com sua mãe, pai, irmão e avós.

 Lilith. Belo nome. A mãe, muito religiosa, escolheu esse nome, pois havia sido informada de que era um nome bíblico. E, de fato, era. Era o nome da primeira mulher de Adão, a primeira mulher criada por Deus. Um significado tão bonito, até se conhecer toda a história por trás dele. Tal nome, de acordo com os estudiosos, era do demônio feminino, a mãe de todos os demônios, a preferida de Lúcifer, possuidora de extrema beleza e incontrolável luxúria. A Rainha do Inferno.

 Talvez com essa escolha, a própria mãe selou o destino da filha ou até mesmo previu seu futuro.

 Lilith realmente era linda, assim como a original. Mesmo muito nova, chamava a atenção dos meninos e dos cavalheiros que passavam nas ruas e olhavam para a janela de sua casa, onde ela se encontrava brincando com suas bonecas ou penteando seus longos e negros cabelos. Tinha apenas 10 anos, porém já era pressionada pelas tias, que iam mensalmente à sua casa, a casar, pois, de acordo com elas, era uma” menina-moça que deveria ter seu enlace enquanto ainda era bonita, pois poderia perder a beleza ao envelhecer, e os homens não gostam de mulheres velhas e feias”.  Mas Lilith era pura demais para tais coisas.

 Certa tarde, a mãe chegou em casa, alegre e sorridente como sempre, seguida do pai, que vinha trazendo as compras. Hoje, o jantar seria especial. O pai conseguiu um emprego na indústria próxima à sua casa. Salário alto, o suficiente para, depois de um ano, comprar uma casa melhor do que a qual eles se encontravam. A família estava em festa. Os avós prepararam a mesa. O irmão foi pegar flores no jardim para enfeitar a mesa. A mãe foi até a cozinha preparar o jantar. O pai saiu mais uma vez para visitar seu local de trabalho, não sem antes receber um abraço da pequena Lilith, que desejou boa sorte ao pai, e com um beijo na bochecha, se despediu dele. Após fechar a porta da casa, foi até a sala, onde se encontrava o aparelho menos utilizado da casa: a televisão. Ela a usava como forma de entretenimento e de se manter informada sobre tudo o que acontece no mundo e em sua região. Sintonizou em um dos poucos canais existentes e começou a contemplar as imagens formadas na pequena tela. Uma das propagandas era da nova marca de refrigerante. A seguinte era de uma marca de roupas que Lilith usava. A terceira era do próprio comandante das Forças Armadas, que anunciava que seria necessário que todos os homens maiores de 18, os que já tinham se alistado e os que já haviam servido ao exército se apresentassem imediatamente à junta mais próxima. A pequena não entendia o que estava acontecendo, porém a mãe ouviu a propaganda, e correu para a sala, para se certificar de que ouviu bem. E ouviu.

 A mãe começou a chorar copiosamente, e abraçou a filha, que ainda não entendia a gravidade da situação. A matriarca explicou tudo para a menina, que, após a mais velha terminar, chorou baixinho, para que a mãe não se preocupasse ainda mais. Acontece que o pai havia servido no exército, e o irmão tinha completado 18 no começo daquele ano. Depois de um tempo, o pai chegou, desesperado com a notícia, e encontrou as duas abraçadas no chão. Os avós choraram ao ver aquela cena e chamaram o irmão de Lilith, que ainda estava colhendo as flores e não estava a par da situação. O adolescente ficou assustado com todas aquelas pessoas chorando. Os avós, com pesar, disseram à ele o motivo de tamanha tristeza, tendo recebido como resposta, um baque surdo de seus joelhos no chão. O menino agarrou as mãos dos avós com força, como se fosse a última vez que os tocaria.

 A Segunda Guerra Mundial havia começado.

 Na madrugada do dia seguinte, Lilith foi acordada às pressas pelo pai. Ainda estava sonolenta, o que dificultou o trabalho do patriarca, que a carregou para fora do quarto e a entregou à mãe. A mulher a deixou no sofá da sala, para ir para a cozinha. Lilith mais uma vez não sabia o que estava acontecendo, e sua mente sonolenta dificultava seu raciocínio. A matriarca recolhia toda a comida presente nos armários e guardava em uma mala, sendo ajudada pela avó. O irmão e o pai estavam no andar de cima da casa, recolhendo todas as roupas, sapatos, documentos e dinheiro que a família tinha. Após acabarem de juntar todos os seus pertences, saíram da casa. Não havia como o pai e o irmão irem para o exército. Quem iria sustentar a família? Quem iria garantir à pequena Lilith uma boa educação? E se não voltassem mais?

 Nessa situação de desespero, a melhor saída foi fugir.

 A menina estava sendo carregada pela mãe, seguida do pai levando duas malas, dos avós, e, por último, do irmão que se mantinha atento a qualquer movimento ou pessoa que denunciasse a fuga da família. Não sabiam onde se refugiar. Em todos os lugares estavam procurando homens para se alistar. Nem mesmo os veteranos de guerra estavam sendo poupados. Valia ao menos tentar. E conseguiram.

 Perto do alvorecer, após muito caminhar, entre as árvores, longe do subúrbio, o pai encontrou uma cabana abandonada, e se estabeleceram lá. Não era comparado ao conforto da antiga casa, mas era melhor do que viver sem o pai e o irmão. Passadas duas semanas após o aviso de alistamento, a família ainda se encontrava em paz. Porém, em um lugar longe dali, algo estava muito errado. Na lista de cidadãos americanos que deveriam se alistar, duas pessoas estavam faltando. O pai e o irmão de Lilith. Era necessário que todos os homens fossem para a guerra, e aqueles homens não se encontravam doentes ou mortos segundo a lista, portanto, foram organizadas equipes de busca para encontrar os dois homens restantes. Certa noite, uma das equipes passou perto do refúgio da família de Lilith, que por sorte, estava com as velas apagadas, portanto, passou despercebido. O pai ficou alarmado, e, com medo de ser encontrado ou até mesmo preso por fugir de seus deveres como cidadão, construiu um abrigo debaixo da terra. Na noite seguinte, a equipe de busca encontrou a cabana. Minutos antes, o pai havia colocado todos os pertences da família no abrigo, e chamou os membros para se esconderem. Felizmente, o patriarca fez isso a tempo dos integrantes da equipe chegarem na cabana, onde não encontraram nem vestígios de moradores antigos. Lilith ficou desesperada, e nessa noite, chorou tanto que apenas o colo do pai e as mãos quentes do irmão segurando as suas lhe acalmaram. Tal acontecimento se repetiu por mais duas noites. E, Lilith, mesmo que sua família tenha saído ilesa por três vezes seguidas, temia que na próxima fosse diferente.

 Então, pela primeira vez desde que saiu de casa, rezou.

 Rezou baixinho, para não acordar a mãe que dormia a seu lado, mas rezou com fervor. Rezou para que qualquer anjo que estivesse ali perto pudesse ajudá-la, para que qualquer ser, divindade pudesse vir em seu auxílio.

 E ele veio.

 Não era uma classe de anjo que deveria estar vagando pela terra. Era um Arcanjo, que, pela sua classe, deveria estar comandando os exércitos divinos. Estava ali pelo simples motivo de haver uma guerra. E, durante guerras, os demônios vêm à Terra, pois há criaturas desacreditadas, sem nenhuma crença, sem nenhum fio de esperança a que se possa agarrar.

 Sem fé.

 E por isso, em tempos de guerra, os humanos fazem pactos com demônios na última tentativa de salvar sua vida ou a vida de seus familiares. Os Arcanjos combatem esses demônios, na esperança de salvar a alma das criações de Deus. Criaturas puras como Lilith estavam escassas, o que chamou a atenção do Arcanjo que passava por ali.

 A menina olhava assustada para o ser de luz em sua frente, e ao mesmo tempo, maravilhada e agradecida. Maravilhada nós podemos entender porquê. As asas do anjo emanavam uma luz dourada, fazendo com que suas vestes brancas e seu cabelo negro adquirissem tons de amarelo. Os olhos da criatura eram verdes-azulados, também com um tom de dourado. O ser também olhava para a pequena, maravilhado pela pureza que Lilith emanava. Maravilhado pela beleza de Lilith.

 - Olá. Você é o anjo que veio me ajudar?

 - Sim. O que você deseja?

 - Por favor, salve minha família da guerra. Salve minha família desse mundo...- a pequena começou a chorar.

 - Não chore, por favor. Existe um jeito de fazer isso. Porém, você deverá alertar os membros de sua família para quando o momento chegar. Mesmo que eles não acreditem, você será o elo de fé existente entre Deus e sua família.

 - Farei qualquer coisa. Mas, o que você irá fazer?

 - Levarei dois membros de sua família para o Céu a cada ano. Não se preocupe, eles não sentirão dor.

 - Mas meu pai e irmão correm o risco de serem mandados para a guerra antes mesmo de você os levar.

 - Não se preocupe. Me assegurarei de que eles sejam levados antes de serem recrutados. Por último, levarei você, já que é a solicitante.

 - Muito obrigada. Qual é o nome do meu anjo?

 - Ariel. E qual é o nome da minha protegida?

 - Lilith- a menina respondeu com um sorriso no rosto.

 - Hoje, levarei seu pai e avô. Alerte à seus familiares que tudo faz parte da obra divina.

 (1 ano depois)

 A Alemanha invadia a França, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo em maio de 1940. Os Estados Unidos tomou medidas para ajudar os Aliados Ocidentais. O tamanho da Marinha Americana aumentou significativamente, devido ao número enorme de homens alistados. Lilith estava agora com 11 anos. No ano passado, o pai e o avô da menina haviam falecido. As pessoas que viviam na cabana choraram a perda dos patriarcas durante uma semana, menos Lilith, que se encontrava feliz pelo fato do anjo ter atendido seu pedido. Passada a semana de luto, a menina disse aos familiares que, devido à um pedido que ela fez, a cada ano, uma pessoa da família iria ser levada por um anjo, até o Céu. A avó, ainda abalada, achara que a menina estava ficando louca, mas a mãe, muito religiosa, acreditou na pequena e perguntou quando seria a vez dela. A menina disse que seria hoje.

Desde o ano passado, Ariel vinha visitando Lilith a cada semana. Ensinava várias orações que os humanos não conheciam e contava detalhes do Céu à ela, que se mantinha curiosa até a próxima semana. Nas noites em que Ariel ficava até ela dormir, ele acariciava suas bochechas e lábios, fazendo a menina sorrir em meio ao seu sono.

 Hoje, antes de ir visitar Lilith, levou a mãe e o irmão para o céu. E passou mais uma noite com a pequena, deixando de lado até seu dever de proteger os seres humanos quase corrompidos.

 (1 ano depois)

 Os Estados Unidos, o Reino Unido, a China, a Austrália e vários outros países emitiram uma declaração de guerra formal contra o Japão, devido ao ataque à Pearl Harbor.  A menina agora tinha 12 anos. Como a mãe e o pai não estavam mais ali, ela e a avó, que agora acreditava nela, resolveram sair da cabana e voltar para seu antigo lar. Porém, quando chegaram, ele havia sido comprado por outra família. Lilith não se abalou e foi até a casa de uma de suas tias, a próxima que iria falecer, e ela ofereceu abrigo para as duas.

 Mais uma vez, antes de visitar Lilith, Ariel executou sua missão e levou a avó e a tia para o Céu. Mais uma vez, não executou a tarefa dada por Deus.

 (1 ano depois)

 Em agosto de 1942, os Aliados conseguiram repelir um segundo ataque contra El Alamein, no Egito. Lilith tinha 13 anos. Depois de inúmeras visitas do arcanjo, a menina estava começando a ver algo além do anjo protetor que Ariel era. Lilith via alguém para amar.

 Nesse ano, as tias restantes da família de Lilith foram levadas.

 (1 ano depois)

 A garota tinha 14 anos. Já chamava ainda mais atenção dos homens, em especial do que vivia em sua casa, marido da tia falecida a dois anos atrás. Na noite em que Ariel viria visitar a menina, o tio chegou antes do anjo e tentou abusar da garota, porém o arcanjo ouviu os gritos de Lilith, e correu em seu socorro. Chegando lá, encontrou o tio beijando a menina, que se debatia debaixo dele. Ariel não pensou duas vezes antes de matar o homem.

 Nesse ano, Ariel levou o marido da tia que morreu no ano anterior para o Céu e jogou o homem que tentou abusar de Lilith no Inferno.

 (1 ano depois)

 A guerra estava quase acabando. A adolescente agora estava com 15 anos. Sua hora de ir para o Céu se reencontrar com a família havia chegado, e ela estava ansiosa. Nesse dia, Lilith tinha certeza de que amava Ariel, e que esse amor era correspondido. Ela estava determinada a se declarar para o anjo.

 Nesse dia, Ariel chegou mais lindo do que nunca. Sua aura dourada estava mais forte. Seu coração batia mais forte. Tudo por Lilith.

 E naquela noite os dois se tornaram um só.

 Lilith dormiu sob o conforto das asas de Ariel e esperou sua hora chegar.

 Porém ela acordou no outro dia.

 E nas outras semanas, Ariel não voltou a aparecer.

(1 ano depois)

 A guerra acabou. Os Aliados venceram. A América inteira comemorava.

Mas o mundo de Lilith era ódio, desespero, rancor. Todos os sentimentos ruins.

 Agora, com 16 anos, sozinha e nenhuma crença ou esperança, ela pede para que a única entidade que ela poderia acreditar ainda viesse em seu auxílio.

 E ele veio.

 Um demônio de pele acinzentada e aparência humanoide apareceu para Lilith. Ela disse seu desejo.

 - Me leve para o Inferno.

 - Isso não é tão simples, garotinha. O Inferno é o lugar onde os mais perversos moram. Os verdadeiros monstros estão lá. Portanto criaturas puras não podem entrar. Temos que corromper sua alma primeiro. Sendo assim, venda-me sua alma.

 - Tenho certeza de que já estou corrompida o suficiente.

 - Não me faça perder meu tempo, garota. Óbvio que você não...- o demônio colocou uma das mãos no coração de Lilith, olhando dentro de sua alma e no próprio coração. Um coração magoado, cheio de rancor e sede de vingança.

Cheio de maldade.

 Se até um demônio se assustou com a maldade existente em Lilith, ela servia para ser um demônio.


Notas Finais


Demorei duzentos anos pra fazer esse cap, pq ele é longo, então espero que gostem <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...