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História Irresistible Desire - Noite Adentro


Escrita por: LiihAndrade

Notas do Autor


Boa Leitura! :)

Capítulo 13 - Noite Adentro


Fanfic / Fanfiction Irresistible Desire - Noite Adentro

O lago ficava a uma boa distancia da casa.

O caminho de pedras brancas seguia até o começo do bosque que determinava o começo do lago e, até chegar onde agora me encontrava sentada, era necessário seguir parte do caminho às cegas; por sorte, Benson, Jake e Nancy sabiam bem por onde ir.

Estava sozinha observando as águas calmas irem e voltarem na margem, enquanto a lua cheia iluminava vagamente as copas das árvores e a terra à minha volta. Nancy e Tyler haviam ido pegar um violão e algumas cobertas na casa dele, que não era tão longe dali segundo ele, para que fizéssemos um tipo de “luau”; Quando Benson percebeu a aproximação de Jake comigo, tratou logo de agarrá-lo e o puxou para o outro canto, e então já não conseguia mais ver os dois através das penumbras criadas entre as sombras das árvores.

Pelo que podia lembrar, nunca antes havia temido o escuro. Essa “coragem”, aliás, era motivo de orgulho quando era pequena, quando sempre me gabava por entrar em locais não muito convidativos, apenas para me mostrar aos meus colegas. 

Mas aquela noite em especial, me assustava. 

E muito.

“Não é para menos…”, Pensava enquanto arrancava alguns trevos da grama ao meu lado, “Eu estou parecendo uma das personagens sem noção de filmes… ‘Oh, claro, deixa eu ficar sozinha no meio de um bosque com um lago apavorante bem na minha frente… O que poderia dar errado?’”, Pensava sarcástica comigo mesma. 

Levantei-me com cautela e peguei o celular de meu bolso, ligando rapidamente sua lanterna. Estava esperando por eles havia mais de dez minutos, e como achava que não haviam de aparecer tão cedo, resolvi voltar para casa, ou ao menos procurar um local menos desprotegido para os esperar.

Mirei a lanterna o mais longe que pude, e encontrei um precipício que criava uma espécie de muro  gigante sobre parte do lago e que contornava o bosque, talvez aquele fosse um bom lugar para ficar sozinha: protegeria minhas costas, e teria um campo de visão contra qualquer coisa que pudesse resolver me incomodar.

Conforme eu avançava em direção ao “muro-natural”, rochas eram reveladas no lago, grandes e pontiagudas. A paisagem devia ser deslumbrante a luz do dia, e resolvi que precisava comprovar isso quando pudesse.

Prestes a chegar onde queria, parei ao ouvir passos se aproximarem de mim, olhei para trás e vi Jake correndo em minha direção. Logo que chegou, me levantou do chão de brincadeira e logo me colocou de volta, com um sorriso nos lábios, e parecendo cansado por ter corrido tanto. 

— Se eu tivesse a Benson na minha cola, eu também correria desse jeito… — Brinquei enquanto continuávamos a caminhar até o outro lado.

— Ela é… Doida. — Jake disse, soltando um suspiro cansado: — Eu retiro o que eu te disse antes sobre ela.

— Que ela é humana?

— Isso. Ela deve ser algum tipo de robô-malvado que tem o coração no lugar do cérebro.

— E isso não é bom?

— Ser um robô-malvado?

Ri do seu comentário. Jake parecia diferente naquela noite; talvez mais jovial e menos responsável, como sempre o enxergava. Parecia que estava no mais perfeito estado, podendo divertir-se sem muita preocupação… Bem diferente de como eu estava.

— Não! A parte de ter o coração no lugar do cérebro… Não é algo bom?

— Às vezes, é.

— “Às vezes”? Por quê?

— Tem pessoas que tem um bom coração, são sinceras, divertidas, mas também tem cérebro, razão, noção… Olhe só para você: uma garota bonita, legal, aparentemente sincera, engraçada. Mas se olhar por outra perspectiva, vou encontrar uma garota que também pensa, que age também pela lógica, ou calculadamente, não só pela emoção.

— Você está me chamando de calculista? — Perguntei de brincadeira, olhando-o seriamente.

— Ser calculista não é um defeito… — Jake disse, e retribuiu meu olhar com um sorriso atípico para ele, que parecia ter um pouco de malícia em seu conteúdo.

Fixei meus olhos nos seus por alguns segundos, perdendo toda a minha linha de raciocínio subitamente. Por um instante, temi que minha memória mais uma vez falhasse comigo, como acontecia logo no começo de minha recuperação, mas depois de virar meu olhar para o chão, recuperei o que estava pensando antes de olhar para Jake:

— E o que tem de errado ter apenas coração?

— A pessoa perde um pouco da graça. Gabriela Benson, como disse, só tem coração… Mas ela não é engraçada, ou legal como você… Ela é apenas irreverente, desequilibrada. 

— Como quando ela me empurrou na escola?

— Exatamente. Às vezes ela consegue ser engraçada, mas não de uma boa forma…

Percebendo que estávamos chegando próximos ao paredão, diminuímos nossos passos, querendo demorar até termos de parar em algum lugar; estava divertido conversar com Jake, e naquela noite, parecia mais curiosa do que em outras, e mais íntima para perguntar também.

— Então por que você deixou ela te puxar para o bosque?

Seus olhos da cor do gelo me olharam curiosamente, parecia surpreso também por conversarmos tão íntimos.

— Hoje é a noite das perguntas?

— …Talvez? — Respondi rindo, esperando ansiosamente por sua resposta.

— Então responda a minha: Por que você parece sempre me evitar?

— Você sabe que está evitando responder a minha pergunta, não sabe? — Respondi, mas quando percebi que ele realmente queria uma resposta para a sua pergunta, rendi-me a ele: — É difícil responder a sua pergunta… Você não pode fazer outra?

Paramos de frente um para o outro logo que chegamos no final de nosso destino. Próximos como estávamos, conseguia sentir a sua respiração, enquanto a ponta de nossos calçados também se tocavam.

A mão de Jake foi de meu braço até meu pescoço, suave e lentamente. Seus dedos afastaram meu cabelo, e então colocou sua mão contra a minha nuca, massageando-a carinhosamente. Seus olhos passaram dos meus para os meus lábios, e senti o calor se apossar tortuosamente de meu corpo. Afastando seus lábios quase como calculadamente, sussurrou com um sorriso:

— Por que você não me beija?

Eu poderia dizer que Nancy e Tyler chegaram antes e interromperam nosso momento, ou que Benson chegou como louca me puxando pelos cabelos e nada aconteceu. 

Mas algo aconteceu. 

Jake me puxou para si, e os nossos lábios, por um momento, se encostaram; Por um momento, nos beijamos. Por um momento Nancy e Tyler não estavam ali, mas quando abri os olhos e olhei para o lado, lá estavam eles, quase tão chocados quanto eu. E Benson, logo atrás deles, parecia quase tão furiosa quanto Jake, a diferença é que ela estava furiosa com o momento, e Jake com sua interrupção.

— Jake e Caitlin, sentados em uma árvore… Se B-E-I-… 

— Tyler! Cala boca…! — Nancy sussurrou alto, como se sentisse a minha vergonha.

Os dois me olhavam avidamente, como se estivessem presenciando algo surreal; o que, na verdade, não havia passado de um mero beijo, quase como um não-beijo. Mas Gabriela não olhava para mim, ela fuzilava Jake com os olhos, e percebi que o que Jake havia diagnosticado sobre sua personalidade era a mais pura verdade.

Abri um sorriso despojado, tentando fazer pouco caso da cena, como deveria ser.

— O que? Foi só… Um beijo. — Disse olhando para o Tyler, que também deu de ombros, concordando que não era nada demais; enquanto os outros continuavam como se perplexos: — Conseguiram achar o violão?

— Ah, não… Eu pensei que tinha um violão, mas aí lembrei que meu pai vendeu ele para se livrar aos poucos de mim já que vou para a faculdade ano que vem… — Disse ele, tentando fazer com que alguém risse, mas não conseguiu: — É… Ele não é um pai muito bom.  De qualquer jeito, pegamos alguns cobertores e comida… E vocês se pegaram…

— Tyler! — Nancy gritou de novo, agora dando um tapa em seu braço para que não falasse mais.

O clima entre Gabriela, Nancy e Jake era inexplicável. Meus lábios mal haviam encostado nos de Jake, e nosso beijo mal poderia ser chamado propriamente de “beijo”; Então por que estavam se olhando tão acirradamente? Benson, sem dúvidas, estava com ciúmes; Nancy, confusa; e Jake, desapontado e ao mesmo tempo furioso, provavelmente com o olhar de Gabriela. Mas por que tanto silêncio?

— O que deu em vocês?! — Gritei de repente, e percebi que uma irritação crescente estava se alastrando pelo meu corpo.

A sensação de esquecimento voltou a tona em minha mente, e a cena começou a se transformar em um borrão. Senti meus membros começarem a formigar, até mesmo minha nuca parecia pender em meu corpo, e percebi que minha pressão estava caindo. 

Esfreguei as palmas de minhas mãos nos olhos, tentando de alguma forma clarear minha visão novamente, porém quanto mais insistia em ver, menos conseguia enxergar. E a situação me irritava de uma forma que mal conseguia pensar racionalmente.

— Caitlin, você está bem? — Nancy perguntou, sem deixar de trocar olhares com Gabriela e Jake.

— Eu estou um pouco confusa… — Confessei, tentando controlar a dor de cabeça que começava a ter: — Olha, eu vou para casa… Vocês que se resolvam.

— Eu também vou.

Todos olhamos confusos para Tyler, até que ele se explicou:

— O que? Eu também não tenho nada a ver com o que está acontecendo. — Pensei que ele realmente estava falando serio, até que ele falou em tom divertido: — E de repente eu tento a sorte com você, Caity…

Ri de sua brincadeira e agradeci mentalmente por Tyler ter quebrado um pouco do clima estranho que havia se instaurado ao nosso redor. Fui ao seu lado e começamos a caminhar em direção ao bosque.

— Caitlin — Ouvi a voz de Jake me chamar, e parei para olhar em seus olhos, agora um pouco mais calmos: — A gente pode conversar depois? Só… Eu e você?

Olhei para Gabriela, que me olhava como se querendo me matar. Não sabia porque ela agia daquele jeito, afinal Jake havia literalmente fugido dela havia poucos minutos; Então por que ela parecia tão incomodada com a situação? Eu conseguia entender que talvez gostasse de Jake, mas isso não dava o direito de tê-lo apenas para ela.

Subitamente, a lembrança de Heath na festa de boas vindas veio à minha mente, como se me alertasse novamente: “Se você não pode confiar em mim, não confie em Jake também. Por favor.”. 

Aquela sua frase começava a me preocupar de verdade.

— Eu não sei, Jake. Acho que primeiro você precisa conversar com ela… — E olhei para Benson, tentando não me intimidar com sua postura agressiva: — Não quero me envolver no que está acontecendo entre vocês dois.

Com isso, eu e Tyler começamos a caminhar em direção ao bosque. A escuridão se tornava mais profunda, e tivemos dificuldade em achar os primeiros caminhos corretos. Após alguns minutos, ouvimos galhos se quebrando atrás de nós, e Nancy apareceu correndo exausta, tentando nos alcançar.

— Hei, posso ir com vocês dois? — Ela perguntou unindo-se a nós, assustada com a escuridão.

— Claro, vem cá… — Disse pegando em sua mão, já que havíamos formado uma corrente com nossos braços para que não nos perdêssemos um do outro.

— O.K., Caitlin, agora que o Jake e a Benson estão longe você pode admitir… — Tyler começou  a falar depois de quase bater o rosto contra uma árvore, camuflada na escuridão: — O Jake beija bem? Melhor que eu?

— Eu não sei… Nunca te beijei.

— Nós podemos mudar isso agora. — Ele brincou, e Nancy deu um tapa em seu ombro: — Au! O.k., já entendi. Sem brincadeiras, sem pegadinhas ou pegações… Cara, eu esperava bem mais dessa noite.

Ri de seu comentário, enquanto Nancy se assustava com o barulho que os galhos faziam quando pisávamos neles, parecendo que havia mais alguém conosco. Entretanto, estávamos sozinhos, e conseguimos chegar na rua de minha casa sem muitos problemas, senão alguns galhos que haviam feito pequenos cortes em nossas peles.

Ao passarmos pelas primeiras casas da vizinhança, senti meu celular vibrar com uma nova mensagem, e logo o peguei para ver se era meu pai, precisando de algo importante e urgente para a tal festa, que já devia estar em seu fim. Mas quando a abri, algo em mim se sobressaltou com seu conteúdo. De um número desconhecido.

“As coisas estão começando a ficar interessantes… Cuidado."


Notas Finais


Finalmente consegui postar, tive muitos vestibulares neste final de ano e agora parei para viajar e aproveitar para escrever :)
Espero que entendam minha ausência e que tenham gostado desse capítulo! Desculpem a falta de atualização, e agradeço muito todo o carinho que tenho recebido nas mensagens e comentários!
Críticas, elogios ou reclamações serão muito bem aceitos e amados :)


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