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História Irresistible Desire - Ao Anoitecer: parte 1


Escrita por: LiihAndrade

Notas do Autor


Boa leitura :)

Capítulo 3 - Ao Anoitecer: parte 1


Fanfic / Fanfiction Irresistible Desire - Ao Anoitecer: parte 1

Havia se passado dois dias. Dois dias calmos, sem empurrões repentinos na escola ou visões embaçadas na janela vizinha.

As coisas pareciam finalmente se acertar. Até mesmo meu cabelo, que andava mais armado que o usual por causa do clima, parecia aceitar sua nova condição. Meu novo quarto já estava um pouco bagunçado, o que me deixava feliz, afinal, um quarto meu não era um quarto arrumado. Joe parecia menos afoito, até mesmo me dava atenção de vez em quando, como na noite passada, em que pediu o meu sabor predileto de pizza e jantamos juntos. Nancy se tornou para mim um tipo de guia. Havia me apresentado alguns cafés e lojas por perto da escola, assim como também me alertou sobre quais garçons batizavam os pratos se você reclamasse da demora. Apesar de passarmos algum tempo juntas, não conseguia vê-la como uma verdadeira amiga, nossos gostos não batiam exatamente e sempre que tentava fazer alguma piada boba, Nancy parecia só ignorar e franzir o cenho. Portanto, sem piadas dali a diante.

Jake, aquele dos olhos azuis, encontrou-me mais duas vezes: uma no refeitório, onde me chamou para sentar com ele e seus amigos, mas, por eu ser a única garota e por causa de Nancy, que estava me esperando em outra mesa, falei um “Quem sabe outro dia, não é? Obrigada..” mais vermelha que um tomate. A outra vez foi no estacionamento atrás do colégio, no qual, ao me ver indo a pé para casa, Jake me ofereceu uma carona. Nem eu mesma sei por quê, mas recusei a oferta e apressei meu passo.

“Eu realmente devia parar de recusar as ofertas de Jake… Parece até mesmo que eu estou fugindo dele! E eu não sei porque faria isso… Ele é lindo!” Pensava agora, me dando um tapa na testa: “Da próxima vez que ele me convidar para fazer qualquer coisa, eu tenho que aceitar…”.

Aconcheguei-me melhor no sofá, quase deixando meu caderno cair do meu colo.

Estava ali, deitada no sofá da sala há quase 3 horas, tentando planejar a capa para as notícias do jornal, já que Nancy havia falado sério quando falou que conseguia me encaixar em uma vaga na equipe do jornal do colégio. Meu pai saíra depois do almoço e desde então estava sozinha naquela gigantesca casa. Tentei ficar no meu quarto a princípio, mas depois me senti mais confortável na sala. Para inibir um pouco o barulho do vento, que naquele finalzinho de tarde estava espantosamente revoltado, liguei o rádio na mesa de centro e fiquei ali desenhando.

Fazia tempo que não me sentia tão… Revigorada e livre.

Apesar da sensação de tranquilidade, precisava terminar o trabalho rapidamente, afinal tinha combinado com Nancy de ela passar na minha casa para pegar a capa e saírmos para tomar alguma coisa em algum lugar diferente. Mas não estava assim tão preocupada com o tempo; o desenho já estava praticamente pronto, faltava apenas uma endireitada ou outra para satisfazer o gosto peculiar e reprovador de Nancy.

No rádio, tocava “Happy Together” - Turtles, fazia uma infinidade que não escutava aquela música. Fechei meus olhos e fiquei apenas escutando-a, enquanto alguns trovões lá fora traziam a chuva. A música misturada ao vento inundava o meu ouvido e minha mente. Aos poucos , fui me mexendo conforme a batida da música e sibilando algumas partes da letra. Depois de algum tempo, o som criou uma ampla sensação de solidão. O eco da música preenchia a casa: percebi que não conseguia ouvir muita coisa senão ela. Meu corpo começou a ficar tenso, enquanto começava a sentir aquela estranha sensação de estar sendo observada. Tentei forçar minha audição a escutar algo, porém quanto mais tentava, mais minha mente me assustava com a ilusão de que alguém talvez estivesse realmente ali e eu não conseguisse ouví-la.

No refrão, de repente, o rádio começou a falhar e a música começou a sair entrecortada. Sentei-me no sofá e fiquei olhando para o rádio, esperando que a transmissão voltasse a ficar clara. Foi quando as lâmpadas no teto começaram a piscar, o rádio parou de tocar a música e apenas seu chiado podia ser escutado junto aos trovões.

Meu coração começou a acelerar, enquanto o calor do meu corpo abaixava. Estava com a minha atenção máxima para qualquer detalhe e movimento que pudessem surgir na sala. Estava pronta para sair correndo imediatamente dali se fosse preciso.

As luzes voltaram a se acender, e fiquei ali no completo silêncio, tentando ouvir além do que era possível: tentando ouvir se havia alguém ali. 

Levei um susto quando a música começou a tocar novamente, só que, dessa vez, a música estava em uma velocidade muito mais lenta que a original. Assustada, a letra da canção parecia se alojar no meu coração:


Me and you 
(Eu e você)
And you and me 
(E você e eu)
No matter how they tossed the dice 
(Não importa como eles joguem os dados)
It had to be 
(Tinha que ser assim)
The only one for me is you 
(A única para mim é você)
And you for me 
(E você para mim)
So happy together
(Tão felizes juntos)
So happy together 
(Tão felizes juntos)

Mais uma falha na música, até que ela voltou ainda mais lentamente:


How is the weather? 
(Como está o clima?)

Foi então que a porta para o quintal, que era dupla de vidro, se abriu e atingiu com tudo a parede.

O vento forte entrou na casa, derrubando alguns porta-retratos e quadros das paredes. A chuva que caíra de repente, respingava e era levada pelo vento, atingindo até mesmo à mim. Para completar, a energia de repente caiu e tudo ficou na completa escuridão.

Tentei gritar, porém o pavor era tanto que um nó se formou na minha garganta.

Tinha que sair logo dali.

Corri para a porta de entrada, quase tropeçando no meio do caminho. Agarrei a maçaneta e tentei girá-la, porém parecia estar petrificada. Comecei a bater na porta e quase quebrei a maçaneta, não sabia porque, mas a porta simplesmente não abria! Parecia até mesmo que alguém a segurava. Mais uma, duas, três tentativas desesperadas, e na quarta a porta se abriu como se fosse feita de papel. Por estar apoiada nela, quase caí no chão quando esta se abriu, se não fosse por alguém ter me segurado.

Olhei para cima assustada, pensando que podia ser quem estava me observando dentro de casa, e vi Jake me olhando confuso. Agarrei-me a ele como instinto e, desesperada, comecei a gritar tentando puxar ele:

— Jake! Temos que ir embora! Tem…. Tem… Al-alguém!

Ele me segurou e resistiu às minhas tentativas de empurrar ele para longe, fechando-me em seus braços e pedindo para que eu me acalmasse. O vento forte empurrava algumas gotículas na varanda e, depois de algum tempo, eu finalmente parei de resistir. Claro, ainda estava muito assustada, mas o desespero já havia passado.

— O que aconteceu? — Jake me perguntou, segurando meu rosto para que eu olhasse para ele.

— Tinha alguém na minha casa… — Respondi, colocando as mãos em meu rosto para tentar recuperar um pouco de calor — Eu estava ouvindo o rádio, quando de repente ele parou… A porta do quintal… Abriu de repente! Alguém a abriu…

Jake me apertou mais uma vez em seu abraço e dessa vez eu retribui, passando meus braços por suas costas.

— Deve ter sido só o vento, Caitlin. Eu vou lá ver, que tal?

Ele já estava indo. Tentei puxá-lo de volta e fiquei pedindo encarecidamente para que ele não fosse, mas não adiantou. Jake entrou na sala e acendeu as luzes — parecia que a energia havia voltado. Fiquei espiando de longe, afinal estava com muito medo ainda para entrar, e depois de alguns minutos Jake voltou à varanda, são e salvo.

— Parece que a porta do quintal não estava trancada… Foi só o vento — Disse com um sorriso, parecendo achar graça no meu medo.

— Você jura? — Perguntei aliviada por ter sido apenas o vento, ao mesmo tempo em que estava desconfiada se ele queria apenas me acalmar.

— Juro. Não precisa se preocupar com isso… — Disse me puxando para um abraço, logo depois me afastou para mostrar o meu trabalho que havia resgatado na sala — Você só precisa se preocupar com a reação da Nancy na segunda por ver a capa do jornal toda molhada…

Olhei arrasada para o pedaço de papel, que estava todo enrugado e úmido. Mas não resisti e acabei rindo junto com Jake. Foi então que eu percebi que Nancy já devia estar chegando.

— É melhor eu arrumar isso, Nancy já está chegando e… Nossa, quando ela souber… 

— Nós podemos resolver isso em outro lugar — Jake disse, como se me convidando para sair e então se explicou — Foi Nancy que me pediu para vir pegar a capa com você.

— Você faz parte da equipe do jornal? — Perguntei surpresa.

— De vez em quando… Quando precisam de mim... — Disse com um sorriso despojado e, bagunçando meu cabelo, continuou — Especialmente quando uma participante da equipe quase morre sendo atacada pelo vento em sua casa.

Soltei um “Há-há” para a sua provocação, ficando sem saber o que fazer ou falar logo em seguida, então apenas ficamos em silêncio por um pequeno instante.

— Que tal irmos em algum lugar para resolvermos isso? — Jake perguntou apontando para a capa.

Um “acho melhor não” estava quase escapulindo pela minha boca. Apesar de Jake ser um cara legal, divertido e aparentemente confiável, de alguma forma eu me sentia um pouco inibida à aceitar suas propostas, por mais simples que fossem. Engoli a palavra “não" de volta, e com esforço inclui um “por que” em sua frente:

— Por que não? — Respondi com um sorriso, que foi correspondido logo em seguida — Só preciso pegar a minha jaqueta…

Deixei Jake na varanda e entrei na sala, tentando ignorar o medo e lembrar de que fora apenas o vento que havia invadido a minha casa. Subi as escadas, as vezes olhando para trás e confirmando que estava tudo no mais perfeito estado. Ao chegar em meu quarto, passei rapidamente um batom não muito chamativo em meus lábios, apenas para parecer razoável. Quando estava quase saindo do quarto com a minha jaqueta, ouço o toque de mensagem do meu celular, que estava sobre a minha cama.

A mensagem era de um número desconhecido. Abri-a e, em seu conteúdo, estava:

“'Imagine me and you… I do. I think about you day and night…'

 Tenha uma boa noite.

Ps.: Estou começando a ficar com ciúmes, Cait.”.

Olhei através da janela o quarto de Heath. Parecia que ninguém estava em casa. 

Tudo bem, eu estava acusando-o de ter mandado a mensagem sem saber se havia sido realmente ele, porém, quem mais me chamaria de “Cait”, senão Heath? E o mais estranho: Como ele sabia o que eu ia fazer naquela noite?

— Caitlin? Está tudo bem? — Ouvi a voz de Jake me chamar lá de baixo.

— Já estou indo! — Respondi alto para que ele conseguisse me ouvir.

Desliguei meu celular e o joguei de volta à cama. Quem quer que fosse, não iria mais me incomodar pelo resto da noite. Desci as escadas rapidamente e encontrei Jake apoiado no batente da porta de entrada. Ele passou seu braço pela minha cintura e me levou até o seu carro, um Audi Q3 preto.

Quando já estávamos lado a lado no carro, ele me perguntou, com uma mão no volante e a outra afastando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.

— Você já foi no John’s? 

— Não faço a mínima ideia do que seja isso — Respondi francamente, com um sorriso envergonhado.

— Você vai adorar — Disse Jake, ligando o carro e deixando para trás a minha rua.


Notas Finais


Se vocês quiserem ouvir a música que é citada neste capítulo, aqui está o link: https://www.youtube.com/watch?v=NOZ0SVwVCgc
Me digam o que estão achando! Críticas, elogios ou reclamações serão muito bem aceitos e amados :)


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